domingo, 21 de junho de 2015

Aula 19/2015 - (DES)Respeito & (IN)Tolerância – Religiosidade em questão







MATERIAL DA AULA


TEXTO 1 – Notícia Motivadora - Vítima de intolerância religiosa, menina de 11 anos é apedrejada na cabeça
O ódio e a intolerância contra religiões afro-brasileiras fizeram mais uma vítima no Rio: uma menina de 11 anos, que levou uma pedrada na cabeça. O caso ocorreu no domingo à noite, na Avenida Meriti, na Vila da Penha, Zona Norte da cidade. Por volta das 18h30, após uma festa em um barracão, um grupo de oito religiosos, vestidos com trajes brancos do Candomblé, caminhava de volta para casa. Na altura do número 3.318, dois homens em um ponto de ônibus do outro lado da via começaram a insultá-los.
- Quando viram várias pessoas vestidas de branco, começaram a insultar, gritando que a gente ia “queimar no inferno” por ser “macumbeiro” - lembra a avó, uma pesquisadora de 53 anos.
Até que, em determinado momento, um dos homens jogou uma pedra na direção ao grupo, que bateu num poste e atingiu a neta da pesquisadora, de 11 anos. De acordo com a avó, após a agressão e mais alguns insultos os suspeitos fugiram embarcando num ônibus.
- Ficamos todos muito nervosos, a gente não sabia o que tinha acontecido, só escutamos o estrondo. Minha neta sangrou muito, chegou a desmaiar. Não reagimos em nenhum momento, a prioridade era socorrer - lembra a avó.

TEXTO 2 – E o Brasil, é preconceituoso?
Formalmente, o Brasil é visto como um país de paz religiosa. Este consenso ideológico, no entanto, é desafiado quando observamos religiões sendo, cotidianamente, discriminadas por adeptos de outros grupos religiosos e excluídas das políticas públicas do Estado. Neste contexto, religiões de ancestralidades africanas são os mais frequentes alvos, indicando que a intolerância religiosa é, sim, uma questão a enfrentar grandes desafios na sociedade brasileira.
País mestiço de partida, o Brasil abriga religiões cujas fronteiras se tocam e avançam umas sobre as outras, num notório sincretismo entre doutrinas, tradições e ritos. Neste caldo cultural e religioso, diversos conflitos de poder se instalam, cujos principais agentes ativos de ataques e enfrentamentos são religiosos de referências neopentecostais, aderindo a práticas de exorcismo e tipificações do mal como demoníacas.
Para discutir o assunto, a Adital entrevistou, com exclusividade, o psicólogo Rafael Oliveira Soares, doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), pesquisador das populações afro-brasileiras. Ele é também diretor-executivo da Koinonia, entidade ecumênica que presta serviços aos movimentos sociais e é composta por pessoas de diferentes tradições religiosas.
O cientista social destaca que é um movimento comum no convívio entre culturas as migrações de pessoas entre grupos, religiosos ou não, gerando novas visões e expressões de sua fé. Porém, práticas religiosas fundamentalistas imporiam, pelo medo ou pela lógica de resultados, que há migrações incompatíveis, negando a cultura. Isto deságua, primordialmente, em religiões nascidas da mescla com elementos da África. De acordo com Rafael, aos embates de contexto religioso, associam-se o racismo e o preconceito, que figurariam como "instrumentos sociais de segregação de toda a sorte, especialmente da contínua redução das religiosidades dos negros e de suas herdeiras em ações do mal, 'negras' na magia, nas intenções e na fé”.

TEXTO 3 – Cristofobia
Cristofobia, que mata 100 mil cristãos por ano, ataca quatro igrejas e uma escola brasileiras no Níger. E o que dizem os tais “intelectuais”? Ora, nada!
No dia 16 de agosto de 2013, escrevi aqui no meu blog um post cujo primeiro parágrafo dizia o seguinte:
“No ano passado — portanto, em 2012 —, pelo menos 105 mil pessoas foram assassinadas no mundo por um único motivo: eram cristãs. O número foi anunciado pelo sociólogo Maximo Introvigne, coordenador do Observatório de Liberdade Religiosa, da Itália. E, como é sabido, isso não gerou indignação, protestos, nada. Segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), 75% dos ataques motivados por intolerância religiosa têm como alvos os… cristãos. Mundo afora, no entanto, o tema quente, o tema da hora — e não é diferente na imprensa brasileira —, é a chamada ‘islamofobia’”.
Pois é… Logo depois dos ataques facinorosos ocorridos em Paris, teve início o debate sobre a, quem diria?, “islamofobia”. E, é evidente, não foi diferente nas terras brasileiras. Que coisa! Leandro Colon informa na Folha que duas igrejas protestantes brasileiras, presbiterianas, foram atacadas no Níger, no Norte da África, em manifestações de protesto contra a publicação da charge de Maomé pelo jorna francês “Charlie Hebdo”. Outras duas igrejas protestantes e uma escola, também comandadas por brasileiros, foram atacadas. As agressões aconteceram em Niamey, capital do país.
Dez cristãos já foram assassinados no Níger desde sexta-feira, e 20 templos, depredados. “Estou em estado de choque. Moro aqui desde 2009; na África, há 14 anos, e nunca vi algo parecido. A relação com os muçulmanos sempre foi tranquila. Só pode ser coisa do satanás”, afirmou o pastor Roberto Gomes, que pertence à Igreja Presbiteriana Viva, com sede em Volta Redonda, no Estado do Rio.


TEXTO 4 – Algumas imagens



TEXTO 5 – Ato contra intolerância religiosa reúne 400 no Rio
Católicos, evangélicos, adeptos do candomblé, da umbanda e de outras religiões se reuniram em um ato contra a intolerância religiosa na manhã deste domingo (21), no largo do Bicão, na Vila da Penha, zona norte do Rio.
A manifestação ocorre uma semana depois de a estudante Kayllane Campos, de 11 anos, ter levado uma pedrada na cabeça quando voltava de uma festividade do candomblé. Cerca de 400 pessoas participam do ato neste domingo.
Kayllane, presente ao ato, disse se sentir "muito feliz e muito agradecida por tudo isso que está acontecendo".
A avó da menina, a mãe de santo Kátia Marinho, se surpreendeu com a quantidade de segmentos religiosos que aderiram à manifestação. "Isso prova que todos somos irmãos, cada um na sua fé. Todo mundo sofre com a intolerância e temos que ter amor no coração", disse. A família de Kayllane, cuja mãe é evangélica, é um exemplo de convivência pacífica entre religiões. "Nossa convivência é ótima, eu nunca renegaria a minha família", afirmou a menina.
Durante o ato, representantes de cada religião se revezam ao microfone de um carro de som, entoando cantos de seus respectivos credos.
No domingo passado, Kayllane e outras sete pessoas voltavam de um evento religioso caminhando pela avenida Meriti, na Vila da Penha, quando dois homens que estavam em um ponto de ônibus do outro lado da rua começaram a insultar o grupo.
Com Bíblias sob os braços, os agressores gritavam "Sai demônio, vão queimar no inferno, macumbeiros" e lançaram a pedra contra o grupo, segundo Kátia Marinho. A pedra bateu em um poste antes de atingir Kayllane, que chegou a desmaiar. Os dois agressores fugiram de ônibus.
O Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro (Conic-Rio) divulgou uma nota de repúdio contra o ocorrido com Kayllane.
"A violência destes homens é repugnante e não guarda nenhuma aproximação ou semelhança com um comportamento religioso ou cristão. Pessoas que praticam a violência em nome de Cristo não compreendem o evangelho e não merecem ser chamadas de cristãs", diz a nota.

TEXTO 6 – Perseguição no Mundo

























Aula 18/2015 - Artigo 5º. Iguais perante a lei?



Todos os dias, pelos mais diversos motivos, lamento a nossa falta de compromisso no cumprimento das leis, mas principalmente sinto-me perturbado pelo artigo 5º da Constituição Federal de 1988: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”

Beira a indecência a gente ter essa afirmação entre os princípios fundamentais e tolerar as diferenças diariamente estampadas na nossa cara. Quem quiser um exemplo pode dar um pulo na nossa Assembleia Legislativa e comparar a diferença de sonhos e reivindicações entre pessoas que estão debaixo do mesmo guarda-chuva – o serviço público.

Vejamos o caso da profissão de jornalista. Dependendo de onde ele trabalha, é o tamanho do salário. Não faz muito tempo, foi que uma assessora do Ministério Público ganha mais de R$ 34 mil por mês. Por outro lado, nos últimos dias, dez dos 37 jornalistas da Imprensa Oficial estão fazendo vigília na Assembleia para tentar emplacar uma emenda ao projeto que o governo mandou para ajustar carreiras. Sabe o que eles querem? Que os jornalistas encarregados de redigir o Diário Oficial do Estado possam trabalhar 40 horas por semana e não as 30 atuais. Se conseguirem, a partir do ano que vem, vão ganhar não apenas pouco mais de R$ 1 mil, mas poderão sonhar com o dobro...

É isso. No mesmo serviço público, pago com o mesmo imposto nosso, tem gente ganhando R$ 34 mil e outros sonhando com R$ 2 mil por mês. Fazendo o mesmo serviço. E se algum de nós for questionar a colega que ganha muito, ela dirá que está dentro da lei. E é verdade. O que me machuca é: quando vamos corrigir isso? Que governante terá coragem de enfrentar a desumana desigualdade?


E isso se aplica em diversas outras profissões e situações.



MATERIAL DA AULA


TEXTO 1 – Artigo 5º da Constituição - Texto promulgado em 05 de outubro de 1988
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
        I -  homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
        II -  ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se não em virtude de lei;
        III -  ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
        IV -  é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
        V -  é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
        VI -  é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
        VII -  é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
        VIII -  ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
        IX -  é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
        X -  são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
        XI -  a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
        XII -  é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
      ......

TEXTO 2 – Mesmo crime, análises diferenciadas
             

     
TEXTO 3 – Minha ofensa sua ofensa...
   




TEXTO 4 – Iguais perante a lei... e quanto ao salário?
Mulher ganha 81% do salário do homem em SP; diferença é a menor em 30 anos
A diferença entre os salários por hora de homens e mulheres na região metropolitana de São Paulo diminuiu em 2014, chegando ao menor nível desde 1985, quando começou a Pesquisa de Emprego e Desemprego do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (5/3/2015).
As mulheres receberam, em média, R$ 9,80 por hora de trabalho em 2014, aumento de 5,3% em relação ao ano anterior. O rendimento por hora dos homens foi de R$ 12,04, leve queda de 0,2%, ficando praticamente estável.
Isso significa que o salário das mulheres em 2014 representou 81,4% em comparação ao dos homens. Em 2013, esse valor era de 77,1%.
O salário médio mensal das mulheres foi de R$ 1,594, representando 71,96% do rendimento dos homens, que chegou a R$ 2.215.
Segundo a pesquisa, porém, a melhor medida é o salário por hora, porque o tempo médio de trabalho por semana das mulheres é de 38 horas, menor que o dos homens, de 43 horas.
TEXTO 5 – Igualdade e Discriminação
A Constituição Federal declara que "todos são iguais perante a lei", mas a desigualdade social é histórica e a discriminação social é permanente, pois faz parte da atual realidade brasileira, que exige medidas compensatórias e ações afirmativas.
A Constituição Federal declara que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...] (art. 5º caput)”. Então, por quê falar em discriminação? - Infelizmente a discriminação é histórica e sempre existiu, sendo praticada pelos indivíduos, pelos governos e pela própria sociedade. Todavia, hoje, observamos que as nações, inclusive o Brasil, têm o deve de diminui as desigualdades e contribuir para a inclusão social. Afinal, igualdade formal e igualdade real significam a mesma coisa? O quê é discriminação? Preconceito, discriminação e racismo significam a mesma coisa? E o estereotipo? Ação afirmativa e cotas significam a mesma coisa? Toda discriminação é negativa? Para responder essas indagações precisamos fazer algumas reflexões conceituais, legais, ou seja, com base na lei e sobre a realidade brasileira, no que diz respeito à igualdade e a discriminação. No entanto, os objetivos destas reflexões, como veremos, é contribuir para eliminação gradativa da discriminação e a promoção da igualdade, para provocar uma mudança de comportamento.
Preconceito – É um julgamento prévio ou pré-julgamento de uma pessoa com base em estereótipos, ou seja, simples carimbo. Este conceito prévio nada mais é do que preconceito. “Trata-se de umas atitudes negativas, desfavoráveis, para com um grupo ou seus componentes individuais.
Racismo – É um doutrina ou ideologia que defende a existência de hierarquia entre grupos humanos, ou seja, algumas raças são superiores a outras, assim os superiores teriam o direito de explorar e dominar os inferiores. As teorias racistas surgem na Europa, em meados do século XIX, preconizando superioridade do povo europeu em contrapartida à inferioridade dos povos não-europeus.
Estereotipo – O termo deve ser claramente distinguido do preconceito, pois pertence à categoria das convicções, ou seja, de um fato estabelecido. Uma vez “carimbados” os membros de determinado grupo como possuidores deste ou daquele “atributo”, as pessoas deixam de avaliar os membros desses grupos pelas suas reais qualidades e passam a julgá-los pelo carimbo. Exemplo: todo judeu é sovina; todo português é burro; todo negro é ladrão; toda mulher não sabe dirigir.
Discriminação – Diferentemente do preconceito, a discriminação depende de uma conduta ou ato (ação ou omissão), que resulta em viola direitos com base na raça, sexo, idade, estado civil, deficiência física ou mental, opção religiosa e outros. A Carta Constitucional de 1988 alargou as medidas proibitivas de práticas discriminatórias no país. Algumas delas como, por exemplo, discriminação contra a mulher, discriminação contra a criança e o adolescente, discriminação contra o portador de deficiência, discriminação em razão da idade, ou seja, a discriminação contra o idoso, discriminação em razão de credo religioso, discriminação em virtude de convicções filosóficas e políticas, discriminação em função do tipo de trabalho, discriminação contra o estrangeiro e prática da discriminação, preconceito e racismo.

TEXTO 6 – Algumas charges



                http://i.ytimg.com/vi/EAqKWW0t5o8/hqdefault.jpg (adaptado)
               
TEXTO 6 – Alguns dados



































domingo, 7 de junho de 2015

Aula 17/2015 - A homofobia em questão



Respeito é bom e todos gostam!
Você sabe o que significa homofobia? Homofobia é o preconceito contra aqueles que amam pessoas do mesmo sexo. É o preconceito contra pessoas que tem sentimentos, anseios, necessidades e esperança como qualquer outro humano. E o que há de errado nisso? Nada. Não devem existir regras para o amor, ele deve seguir apenas o respeito e a liberdade.


Temas da aula

TEXTO 1 – Notícia motivadora - Propaganda de O Boticário com gays gera polêmica e chega ao Conar
A campanha de Dia dos Namorados do Boticário que mostra diferentes tipos de casais, heterossexuais e homossexuais, trocando presentes, virou alvo de protestos e ameaça de boicote à marca nas redes sociais e até de denúncia ao Conar (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária).
O órgão informou nesta terça-feira (2/6) que abriu um processo para julgar a propaganda após receber mais de 20 reclamações de consumidores que consideraram a peça "desrespeitosa à sociedade e à família". Ainda não há data para o julgamento.
Procurada pelo G1, O Boticário informou que "não recebeu, até o momento, nenhuma notificação do Conar em referência à campanha “Casais” para o Dia dos Namorados". A página da marca de cosméticos no Facebook também recebeu uma enxurrada de manifestações, incluindo mensagens de teor homofóbico, mas também muitos elogios à propaganda. No YouTube, acabou se instalando uma espécie de "competição" para ver se o comercial ganhava mais aprovações ou reprovações. Na tarde desta terça-feira, por volta das 17h, os "likes" ultrapassaram os "dislikes", com número de 172.833 contra 149.622.
Vários internautas chegaram também a registrar seus protestos no Reclame Aqui, site de reclamações sobre atendimento compra e venda de produtos e serviço.
"O Boticário perdeu a noção da realidade, empurrando essa propaganda que desrespeita a família brasileira. Não tenho preconceito mas acho que a propaganda á inapropriada para a TV aberta, a partir de hoje não compro mais nem um só sabonete lá e eu era cliente", escreveu um consumidor.
Segundo o Reclame Aqui, desde o dia 25 de maio, quando o vídeo foi lançado, até o dia 1º de junho, foram 90 reclamações abertas, sendo 84 delas contra e 6 a favor da propaganda.
A marca anunciou o lançamento do comercial como uma defesa da "diversidade do amor", "além das convenções". "O Boticário esclarece que acredita na beleza das relações, presente em toda sua comunicação. A proposta da campanha “Casais”, que estreou na TV aberta no dia 24 de maio, é abordar, com respeito e sensibilidade, a ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor - independentemente de idade, raça, gênero ou orientação sexual - representadas pelo prazer em presentear a pessoa amada no Dia dos Namorados. O Boticário reitera, ainda, que valoriza a tolerância e respeita a diversidade de escolhas e pontos de vista.”

TEXTO 2 – Enquanto isso no Tocantins... Deputado se manifesta contra implantação do “KIT Gay” em escolas do Tocantins
O deputado estadual, Eli Borges, condena o  tópico 12.6 do Documento Referência do Plano Estadual de Educação do Tocantins onde no Documento Referencia, propõe inserir nas escolas públicas, a Ideologia de Gênero.
“Todos que se opõem, eles chamam de homofóbico, preconceituosos, pessoas capazes de discriminar e ausentes de sentimento, de amor e misericórdia. Em outros aspectos, trilhando os caminhos das leis, sobretudo, daquelas que tratam da grade curricular das escolas. O Plano Nacional retirou esse novo conceito de família, retirou a Ideologia de Gênero, retirou a possibilidade de doutrinação de material pedagógico, que é o KIT GAY”, considera do deputado.
O tópico   12.6  questionado pelo deputado tem a seguinte redação: “Garantir condições institucionais para o debate e a promoção da diversidade ético-racial, de gênero, diversidade sexual e religiosa, por meio de políticas pedagógicas e de gestão especificas para esse fim”.
O deputado mostra-se preocupado com a possibilidade dos 139 municípios do Tocantins aprovarem os Planos Municipais de Educação nas Câmaras Municipais. Para isso, ele afirma que tem despertado sobre a frase ‘expressões como a Ideologia de Gênero’, pois o Plano Nacional da Educação determina que os planos sejam votados até o dia 25 de junho.
TEXTO 3 – Homofobia na escola
A homo e a bissexualidade ainda são assuntos delicados no ambiente escolar. O preconceito por parte dos estudantes e professores, e a falta de técnicas pedagógicas adequadas para lidar com a diversidade sexual fazem com que a homofobia seja um problema recorrente nas salas de aula. Um estudo divulgado em 2014 pela Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) revelou que quase 40% dos alunos entrevistados não gostariam de ter homossexuais como colegas, e mais de 35% dos pais prefeririam que estes não fossem amigos dos filhos. A pesquisa levou em conta as respostas de mais de 16 mil estudantes de escolas públicas de treze capitais brasileiras. Até pouco tempo, o termo ‘heteronormatividade’ era usado para classificar a suposta sexualidade natural das crianças e adolescentes. Nesse cenário, a homo e a bissexualidade seriam considerados desvios de conduta.
O tema ganhou notoriedade na mídia com o caso de Paulo, um menino de 14 anos que foi ameaçado de expulsão em uma escola particular de São Paulo, por ter se declarado para um colega. A história de Paulo foi contada em uma matéria do caderno Folhateen, do jornal Folha de São Paulo, em 2009. Na ocasião, a direção da escola negou tratar-se de “preconceito”, mas de uma “situação insustentável” causada pelo “constrangimento” entre os alunos. Depois da reportagem, o garoto foi ameaçado pelos próprios colegas. A Folha de São Paulo recebeu um abaixo-assinado de 270 estudantes que apoiavam a expulsão, afirmando que a instituição não era “preconceituosa, e sim, conservadora”. O episódio gerou tanta polêmica que o então deputado Nilmário Miranda (PT/MG) apresentou um projeto de lei que definia a descriminação por orientação sexual como crime.
O caso é apenas uma amostra do cotidiano em algumas escolas brasileiras. De xingamentos à agressão física, o preconceito tem várias formas de manifestação entre as crianças e adolescentes. “Presencio muitas brincadeiras, principalmente por parte dos meninos, que chamam os colegas de viado, frutinha, gay”, conta a coordenadora pedagógica de um colégio particular de Florianópolis, Ana Maria Máximo. Mas, nem sempre, as agressões são apenas verbais. No dia 28 de junho, um aluno do ensino médio de uma escola pública de São José, na Grande Florianópolis, foi apedrejado na rua por membros da comunidade onde mora – uma das mais pobres do município. O jovem havia se assumido como homossexual e era frequentemente ofendido pelos colegas de sala de aula.
C. cursa o ensino fundamental em uma escola pública da capital e diz que os xingamentos são rotina na sala de aula.  “Tem um menino na minha sala que fala fino e tem um jeito delicado, mas diz que não é gay. Os meninos o chamam de “gayzão””. Ela conta que os professores não sabem como lidar com a situação e a escola não tem nenhum trabalho de orientação sexual “Eles não sabem como atuar, ficam meio sem jeito. Ninguém vem na sala para falar sobre as brincadeiras”, completa.
O comportamento homofóbico pode ter muitas origens. A família, porém, ganha destaque nesse contexto. Desde pequenas, a maioria das crianças são orientadas pelos pais a distinguir os brinquedos de menino dos de menina. “O ambiente familiar às vezes é muito repressor em relação à formação da identidade sexual do jovem. Ao dizer ‘Isso é de mulherzinha’ ou ‘Não faz isso, você parece um homem’, os pais acham que estão ajudando na formação dos filhos quando, na verdade, podem estar influenciando um olhar preconceituoso”, explica Máximo. “Os pais recusam a orientação sexual do filho com medo de que ele sofra”, completa. Eles também podem dificultar o desenvolvimento das discussões sobre homossexualidade dentro da escola, alegando que estas estariam estimulando a conduta gay. Mas, isso não é uma regra. A psicóloga Carol Rutz conta que assim como há pais que renegam as orientações sexuais diferentes, há aqueles que aceitam cada opção.
Então, de que forma a homossexualidade deve ser discutida dentro da escola? Para Carol Rutz é preciso que haja um vínculo entre profissionais da educação e estudantes, para que ambos se sintam à vontade ao tratar da temática e para expressar que as orientações sejam assimiladas. “É preciso ouvir os dois lados e saber balancear a situação. Não existe fórmula pronta”, confessa.

TEXTO 4 – Charges




TEXTO 5 – Evangélicos contra a Homofobia
Um grupo de pastores e fiéis evangélicos marcharão rumo à Parada Gay no domingo (7). Na avenida Paulista, começam a missão: converter o máximo de almas possíveis. Almas homofóbicas, no caso.
Para achá­los no dia, procure por pontos brancos no mar de glitter colorido e tutus de bailarina no evento LGBT. "A ideia é que todos vistam camisetas claras. É uma proposta de paz. Um anseio pela quebra desta corrente de ódio que se retroalimenta", diz José Barbosa Júnior, 44, teólogo da igreja Batista e autoproclamado "pastor marginal".
A caravana, batizada "Jesus Cura a Homofobia" para se contrapor à "cura gay", lançou um chamado no Facebook ­até a noite de sexta (5), 420 pessoas aderiram a ela. Casado há dois anos com Ellen, Júnior afirma que não é preciso estar "no armário" para "pedir perdão pela forma como a igreja trata os homossexuais". "O cristianismo sempre tem que estar a favor daquele que é oprimido", diz. Nos cartazes que empunharão domingo, os dizeres "Malafaia e Feliciano não nos representam". A pregação contra direitos LGBT dos pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano propagam, para Júnior, é o teto de vidro de sua fé.
A reação religiosa ao comercial da Boticário não foi a primeira pedra que o estilhaçou, mas foi decisiva, diz Danilo Fernandes, 48, dono do Genizah, um dos sites mais influentes entre evangélicos. Ele critica o boicote à marca de cosméticos que divulgou uma campanha com casais do mesmo sexo se abraçando ao som de "Toda Forma de Amor", de Lulu Santos.
Para Danilo, os fiéis devem lembrar que várias marcas apoiam a causa LGBT, "do Facebook ao McDonald's". E que boicotar perfume, além de hipocrisia, "é picuinha".
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1638621-evangelicos-farao-marcha-contra-homofobia-na-parada-gay.shtml

TEXTO 6 – Escola deve promover respeito à diversidade sexual
Deputados e especialistas ressaltaram nesta terça-feira (15), no 9º Seminário Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), que a escola tem o dever de promover o respeito à diversidade sexual. No evento, promovido pelas comissões de Educação e Cultura e de Direitos Humanos, debatedores destacaram que a homofobia e a violência contra os homossexuais têm origem na infância.
O deputado Newton Lima (PT-SP), presidente da Comissão de Educação e Cultura, defendeu que o Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10, do Executivo) estabeleça que a inclusão, o respeito à diversidade e a tolerância serão princípios norteadores do sistema educacional brasileiro.
A pesquisadora Miriam Abramovay, coordenadora da área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), salientou que a maioria dos jovens brasileiros ainda tem atitude bastante preconceituosa em relação à orientação e a práticas não heterossexuais. Pesquisa coordenada por ela apontou que 45% dos alunos e 15% das alunas não querem ter colega homossexual. Conforme ela, o jovem brasileiro tem menos vergonha de declarar abertamente o preconceito contra homossexuais do que de declarar a discriminação contra negros.
Miriam afirmou que esse preconceito se traduz em insultos, violências simbólicas e violência física contra os jovens homossexuais. De acordo com a pesquisadora, essa violência gera sentimentos de desvalorização e vulnerabilidade. Há casos inclusive de jovens que abandonam a escola. "Os adultos das escolas não se dão conta disso, porque na escola, em geral, reina a lei do silêncio", apontou.




Aula 16/2015 - A corrupção nossa de cada dia


No Brasil, basta um escândalo de corrupção estampar as manchetes dos jornais para que os comentaristas de plantão vociferem palavras de ordem na internet em que exigem, até, a pena de morte para os corruptores. Mas esses mesmos gritos raivosos aceitam, pacificamente, os pequenos crimes que eles próprios e muitos conhecidos praticam no dia a dia, sem nem mesmo perceber que o “jeitinho” do cotidiano também é uma forma de corrupção.



Na última semana, um cartaz colado em um muro de uma grande avenida de São Paulo perguntava aos passantes: “Habilitação suspensa?”. O anúncio, que desrespeitava a lei Cidade Limpa, legislação municipal que proíbe a colocação de cartazes em locais públicos, trazia um número de telefone e oferecia um serviço: dar um “jeitinho” nos pontos obtidos na carteira de motoristas que tiveram suas licenças para dirigir retiradas por causa do excesso de multas recebidas no trânsito.

O trabalho poderia aliviar a barra de pessoas que dirigiram acima do limite de velocidade, andaram “só por alguns minutos” na faixa exclusiva de ônibus ou que beberam além dos limites permitidos antes de assumir o volante. Tudo justificado pelos receptores da multa com argumentos como a pressa e a falta de transporte público barato e de qualidade durante as madrugadas. Muitas dessas pessoas, inclusive, podem até ter comprado a carteira de motorista, pagando uma propina para que o fiscal que realiza a prova prática ajudasse na tarefa.

O “jeitinho” brasileiro se estende para além do trânsito. Em pleno centro de São Paulo, a maior cidade do país, é possível comprar diplomas falsos que permitem a participação em concursos públicos e, mais comum ainda, atestados médicos, para justificar ausências mais prolongadas no trabalho. Também é possível, sem nem mesmo sair de casa, “roubar” o sinal da TV à cabo do vizinho, sem que ele saiba, ou comprar um aparelho decodificador de sinal pela própria internet e usá-lo para sempre sem ter que pagar mensalidade às operadoras, que, afinal, “cobram muito caro”. A prática é tão institucionalizada que tem até nome: “o gato net”.

Mas a corrupção diária pode ser ainda mais grave. A previdência social, uma das áreas mais afetadas pelo “jeitinho”, descobriu, apenas em 2013, 56 fraudes que causaram um prejuízo de 82 milhões de reais aos cofres públicos, afirma o Ministério da Previdência Social. O dinheiro estava sendo destinado para pessoas que passaram a receber benefícios depois de apresentarem documentos falsos, como atestados médicos ou comprovantes de união estável.

Há ainda casos que não são facilmente descobertos porque, tecnicamente, são difíceis de serem configurados como crime. Como o de mulheres, casadas aos olhos de vizinhos e amigos, mas que não oficializaram suas relações para não perderem a pensão vitalícia a que têm direito depois do falecimento do pai, funcionário público. Ao casarem-se oficialmente, o benefício é cortado. Há também o caso das “viúvas negras”: aquelas que, de comum acordo com os futuros “maridos”, casam-se com homens muito mais velhos, sem filhos, apenas para conseguir receber uma pensão quando esses homens morrerem.

“Não é que as pessoas não percebam que são erradas. O que elas fazem é justificar esse erro por conta de alguma coisa que diga respeito aos seus interesses e necessidades mais imediatas. A questão que envolve o problema da corrupção é essa ambivalência dos valores”, afirma Fernando Filgueiras, coordenador do centro. “Facilmente identificamos a corrupção praticada por políticos, burocratas, empresários, lobistas. Mas quando diz respeito à ordem do cotidiano, essa ambivalência surge porque sempre identificamos a corrupção no outro. Se observarmos o cotidiano, essa ambivalência sempre se faz presente, porque tentamos justificar nossos atos. Essa fronteira é sempre muito tênue. Todos somos contra a corrupção. Até os corruptos o são. O problema é quando você olha a sua ação individual”, complementa ele.

“A fraude do imposto de renda, a tentativa de subornar funcionários públicos, o favorecimento, quando possível, de familiares em negócios públicos são o que chamamos normalmente de pequena corrupção. Essa é muito difícil de ser combatida, porque é mais pulverizada e individual.”.

Para o Ministério Público, que criou uma campanha para alertar sobre essa corrupção cotidiana, o caminho é conscientizar as pessoas de que o “jeitinho brasileiro” é, sim, uma forma de corrupção.
“A gente acredita numa formação de consciência. De construção de uma nova geração. Por isso, damos palestras em escolas para mostrar o que é a prática corrupta”, conta Vinicius Menandro, promotor de Justiça do Acre e coordenador nacional da campanha “O que você tem a ver com a corrupção”.
“Gostamos muito de apontar as falhas dos deputados, senadores, mas as pessoas que compraram a carteira de motorista são tão corruptas quanto”, avalia. “Para mudar o país temos que mudar nós mesmos”.


Se desde a vinda da família Real já era comum se ouvir “quem furta pouco é ladrão, quem furta muito é barão, quem mais furta e mais esconde passa de barão a visconde”, é preciso um enorme esforço coletivo para encontrar novos caminhos para tornar nossa sociedade menos conivente com a corrupção.  


MATERIAL DA AULA


TEXTO 1 – Entenda o escândalo de corrupção na Fifa
Sete dirigentes da Fifa foram presos na Suíça na manhã desta quarta-feira após serem acusados por suspeitas de corrupção envolvendo um montante de até US$ 150 milhões. Horas depois, autoridades suíças anunciaram que fariam sua própria investigação sobre o processo de escolha dos países-sede das Copas de 2018 (Catar) e 2022 (Rússia). A polícia suíça entrou na sede da Fifa, em Zurique, e apreendeu provas eletrônicas.
Por que isso é importante?
A Fifa é o órgão responsável pelo futebol mundial. Nos últimos anos, sofreu acusações de corrupção, particularmente no processo de escolha da sede do Mundial de 2022 - o vencedor foi o Catar. Em dezembro de 2014, a Fifa decidiu não divulgar sua própria investigação de corrupção - que, segundo a entidade, disse que o processo de escolha foi isento. O autor do relatório, o americano Michael Garcia, renunciou ao cargo. A Copa do Mundo gera bilhões de dólares em receita. As prisões e a investigação lançam dúvida sobre a transparência e honestidade do processo de escolha nos últimos torneios.
Como o Brasil aparece na investigação?
Três brasileiros estão implicados no esquema de corrupção, de acordo com o departamento de Justiça dos EUA. Um dele é o ex-presidente da CBF José Maria Marin - a nota do Departamento de Justiça não detalha as suspeitas contra ele. A CBF se manifestou a respeito da investigação por meio de nota dizendo que "aguardará, de forma responsável, sua conclusão, sem qualquer julgamento que previamente condene ou inocente."
A Justiça americana diz que José Hawilla, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, confessou os crimes. A Traffic é dona de direitos de transmissão, patrocínio e promoção de eventos esportivos e jogadores, além de empresas de comunicação no Brasil. Consultado pela reportagem, o advogado de J. Hawilla, José Luis de Oliveira Lima, afirmou que o dono da Traffic "apoia as investigações e prestou esclarecimentos devidos às autoridades americanas" e está em liberdade nos Estados Unidos.

TEXTO 2 – O real combate à corrupção
A ideia de que a corrupção no Brasil é causada pela presença de um ou de outro mau político e que a sua retirada do governo deixaria o país livre da corrupção constitui uma ideia completamente equivocada
O grupo de intelectuais que tem uma preocupação de longo prazo com a corrupção e seu impacto no sistema político brasileiro. Em nossas pesquisas, identificamos que a população brasileira considera a corrupção um grave problema, dos mais graves enfrentados pelo país. Mas a ideia de que a corrupção no Brasil é causada pela presença de um ou de outro mau político ou administrador no governo e que a sua retirada ou a retirada de todos eles deixaria o país livre da corrupção, constitui uma ideia completamente equivocada.
Sendo assim, a ideia de que o que o país necessita é uma “faxina”, tal como temos lido todos os dias na grande imprensa nas últimas semanas, é uma ideia completamente equivocada por dois motivos: porque é evidente que sem corrigir alguns processos na organização do estado e do sistema político, a corrupção voltará a estar presente nestes mesmos lugares; segundo porque a seletividade desta “faxina” pautada por alguns órgãos da grande imprensa irá desestruturar o governo e sua base de sustentação sem gerar um governo ou um estado menos corrupto.
A corrupção no Brasil tem duas causas fundamentais e sem identificá-las não é possível combatê-la. A primeira destas causas é o sistema de financiamento de campanhas políticas. O Brasil tem um sistema de campanha absolutamente inadequado, no qual os recursos públicos alocados aos partidos são absolutamente insuficientes.
O problema do financiamento do sistema político acaba sendo resolvido nas negociações para a sustentação do governo no Congresso. As coalizões de governo são fundamentais para assegurar a maioria do Executivo no Congresso, já que, desde a eleição de 1989, o partido do presidente não alcança mais do que 20% dos votos para o congresso.
Mas o problema é que estas coalizões se tornaram um sistema de troca no qual a indicação de políticos da base governista para cargos no executivo federal torna-se uma forma de arrecadação de recursos de campanha para os partidos. Ao mesmo tempo, as emendas de bancada, especialmente as coletivas, são frequentemente pensadas como forma de arrecadar recursos para os partidos.
Essa é uma das origens importantes dos escândalos recentes, que, diferentemente do que lemos na grande imprensa, afetam todos os partidos que fazem parte das coalizões de governo desde 1994.
Portanto, sem rever profundamente o sistema de financiamento dos partidos não é possível extinguir este processo. Ao mesmo tempo, é urgente rever o esquema de emendas parlamentares que se tornou um tremendo desperdício de recursos públicos.
TEXTO 3 – Olha quem está falando! – a corrupção nossa de cada dia
A mania de burlar regras e flexibilizar as normas é tão cristalizada em nós que com certeza será necessário mais do que um julgamento midiático para nos colocar num caminho mais honesto. Não que sejamos todos um bando de ladrões, mas quanto mais banal a infração, quanto menor o ganho que um jeitinho nos traz, mais nos convencemos que essa pequena corrupção do dia-a-dia não tem nada de mais, o que dificulta seu combate efetivo. É o mecanismo clássico chamado dissonância cognitiva.
Essa estratégia mental, em grande parte inconsciente, entra em ação quando nossas opiniões não condizem com nossos atos, quando nossas crenças não batem com a realidade, quando existe, enfim, um descompasso em nossa mente. Isso faz surgir um desconforto que nos leva a mudar de opinião, de crença ou de atitude, ajustando-as aos fatos e reduzindo o mal-estar.
Penso que esse mesmo efeito nos atrapalha na hora de reconhecer, admitir e por fim combater a corrupção generalizada. Quando se pagam cem reais para um policial não aplicar uma multa de quinhentos, quando se compram notas fiscais para sonegar oitocentos, mil reais de impostos, quando o serviço sem nota tem 10% de desconto quer-se crer que não se está fazendo nada de mais, já que os valores são tão baixos perto dos milhões roubados no país. Mas acho que no fundo isso são só argumentos para reduzir o desconforto de se vender por pouco. Sem se convencer de que isso são bobagens teríamos que admitir que, muitas vezes, a diferença para José Dirceu, Marcos Valério ou João Paulo Cunha é apenas uma questão de preço.
TEXTO 4 – Charges
  
               
TEXTO 5 – Corrupção ativa e corrupção passiva
Corrupção é um crime bem interessante pois ele pode existir em três ‘sabores’: corrupção ativa, corrupção passiva, e corrupção ativa e passiva.
A corrupção passiva ocorre quando o agente público pede uma propina ou qualquer outra coisa para fazer ou deixar de fazer algo. Por exemplo, o juiz que pede um ‘cafezinho’ para julgar um processo mais rapidamente ou o senador que pede uma ajuda para a campanha em troca de seu voto. Não importa que a outra parte dê o que é pedido pelo corrupto: o corrupto comete o crime a partir do momento que pede a coisa ou vantagem. A outra parte, inclusive, pode/deve chamar a polícia para prender o criminoso.
Já a corrupção ativa ocorre quando alguém oferece alguma coisa (normalmente, mas não necessariamente, dinheiro ou um bem) para que um agente público faça ou deixe de fazer algo que não deveria. Por exemplo, o motorista que, parado por excesso de velocidade, oferece uma ‘ajuda para o leitinho das crianças’ ao policial. Reparem que, nesse caso, o criminoso é quem oferece a propina e não o agente público – que provavelmente irá prender o criminoso. Para que o crime esteja configurado, não importa que o agente aceite a propina: o crime se consuma no momento em que o motorista tenta corromper o policial, ou seja, no momento em que ele ofereceu a propina.
Mas é possível também que ambas as partes cometam o crime. Se o motorista oferece e o policial aceita, ambos cometeram crimes. O policial cometeu o crime de corrupção passiva, e o motorista de corrupção ativa. Mas reparem que os crimes foram cometidos em momentos distintos: o motorista cometeu a corrupção ativa quando ofereceu, mas o policial só cometeu a corrupção passiva quando aceitou. Se não tivesse aceito, não teria cometido o crime.

TEXTO 6 – A CORRUPÇÃO ESCOLAR
É curioso trazer esse tema, ainda mais ligado às escolas já que, na verdade, parecem existir para formar cidadãos de bem. Nós sabemos o que é ser educador atualmente no Brasil: preparar-se durante anos numa faculdade, para ser reconhecido no mercado educacional.
O que a corrupção tem a ver com a escola? O pior é que tem tudo a ver. A corrupção evoca as artimanhas, manipulação dolosas, fraude, engano, roubo, suborno, tráfico de influência, coação, mentira, evasão, desvio de recursos, abuso de poder, falta de ética e de moral. Embora sendo um mal generalizado em nossos dias, a corrupção tem uma longa trajetória no mundo. Entretanto, é um tema de adultos, a corrupção não é uma prática improvisada só na vida adulta, mas uma aptidão que se cultiva sistematicamente desde a infância. O aparelho escolar, sutil e aberto, cotidiano e imperceptivelmente, compactua com a cumplicidade de autoridades, educadores e pais de família que promovem entre as crianças valores e comportamentos que fazem o jogo da corrupção. Manda-se fazer um trabalho em grupo. Apenas um faz o trabalho, os demais colocam o nome. Toda a classe sabe quem trabalhou e quem não. Em geral, os pais e os educadores também. Mas ninguém diz e nem faz nada. Semente para o futuro aproveitador do trabalho alheio, para o explorador, o cínico e o oportunista que a escola está cultivando. Quem copia pode receber nota igual e até mais alta do que aquele que faz sozinho e com suas próprias ideias. Ambos aprendem que o próprio esforço, a originalidade, o próprio critério, não valem nada.
Tão corrupto é o funcionário público que vende favores e cargos, como o professor que vende notas e aprovação no ano letivo, e o pai ou a mãe de família que se prestam a isso. Tão corrupto é o intelectual que plagia uma obra alheia, como a criança que copia a lição do colega ou leva a lição feita pelo pai e a apresenta como sendo sua. Tão corrupto é o político que encobre os maus comportamentos de seus colegas de partidos, como a mãe que encobre a cola de seu filho durante as provas.
Os corruptos adultos começam na infância, mais precisamente na escola, apropriando-se da lição de outros, mentindo ao professor, colando na prova, enganando os pais. Todavia, essa situação parece ser pequena, quase irrelevante, mas tem poderosas repercussões na vida adulta. As mensagens que o sistema educacional passam são que ser honesto é o mesmo que ser tolo, que a verdade e a franqueza é motivo de castigo, enquanto mentir e enganar só dão lucro.
São bem vistas as crianças e os pais que não reclamam, não falam o que pensam, calam. São malvistos os que opinam, discordam, propõem, participam com iniciativas próprias. Assim se aprende que é melhor ser passivo, conformista, acrítico, indolente. Contudo, estamos formando um futuro hipócrita, o futuro dissimulado que, certamente, para se dar bem entrará para o rol dos corruptos, o gancho que precisa para a sua ascensão e seu bem estar pessoal. No entanto, é na escola que se forma esse cidadão.





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