sábado, 31 de janeiro de 2015

Aula 01/2015 - Liberdade de expressão tem limites?




TEXTO 1 - Fundamentação
O islamismo é uma religião violenta?
A opinião politicamente incorreta a respeito do Islã parece estar ganhando impulso. Logo após 11 de setembro, o governo Bush fez questão de declarar que o Islã é uma religião pacífica, "sequestrada" por alguns poucos extremistas. Na ocasião, em artigo publicado na New York Times Magazine, Andrew Sullivan discordou. Admitiu que existem muçulmanos moderados e que certas passagens do Corão recomendam a misericórdia e a tolerância. "Mas seria ingenuidade não reconhecer, no Islã, uma profunda tendência à intolerância com relação aos infiéis, sobretudo quando são tidos como uma ameaça ao mundo islâmico." Em seguida, citava o preceito do Corão que manda "matar aqueles que misturam outros deuses ao Deus, onde quer que tu os encontre". Agora, um artigo publicado no Washington Post reforça a ideia de que devemos examinar o Corão em busca de indícios para entender o Islã moderno – e admite que os indícios são incriminadores. "Os estudiosos do Corão nos asseguram que, no texto, não há nenhuma ordem para os fiéis empunharem a espada contra os inocentes", escreve Michael Skube. "No entanto, como o texto deixa claro, a espada tem de ser empunhada – contra aqueles que negam Alá e seu Mensageiro, contra aqueles que acreditaram mas se afastaram da fé, contra os inimigos da fé, reais ou imaginários."

TEXTO 2 – Causas da discórdia



TEXTO 3 – Liberdade de expressão
A existência da internet, de jornais de oposição e das cada vez mais frequentes manifestações de rua mostram que o direito à liberdade de expressão no Brasil passou a ser mais respeitado hoje se comparado a décadas atrás, quando da vigência da ditadura civil-militar e sua censura prévia. No entanto, para que este direito seja realmente efetivado no país há ainda um longo e sinuoso caminho a ser percorrido.
Seria isso o que diria, se estivesse viva, Fátima Benites, ex-membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bela Vista, no Mato Grosso do Sul. Por anos, Fátima se empenhou em denunciar e combater atividades ilegais extrativistas na região, até ser morta por um pistoleiro no dia 21 de março de 2013.
O mesmo fim trágico teve o pescador Luiz Telles João Penetra, de Magé, no Rio de Janeiro, e ex-membro da Associação de Homens e Mulheres do Mar (Ahomar). Notório ativista da pesca artesanal, Luiz se destacou pelas denúncias que fazia dos impactos ambientais, na Baía da Guanabara, causados pelo complexo petroquímico existente no local. No dia 23 de junho de 2012, ele e seu colega de associação, Almir Nogueira de Amorim, foram encontrados mortos com os pés e mãos amarrados, poucos dias depois de terem participado da Cúpula dos Povos, realizada paralelamente à Rio+20.

TEXTO 4 – Comoção e Reflexão
O choque de fanatismos, não de civilizações. Não estamos perante um choque de civilizações, até porque a cristã tem as mesmas raízes que a islâmica. Estamos perante um choque de fanatismos, mesmo que alguns deles não apareçam como tal por nos serem mais próximos. A história mostra como muitos dos fanatismos e seus choques estiveram relacionados com interesses económicos e políticos que, aliás, nunca beneficiaram os que mais sofreram com tais fanatismos. Na Europa e suas áreas de influência é o caso das cruzadas, da Inquisição, da evangelização das populações coloniais, das guerras religiosas e da Irlanda do Norte. Fora da Europa, uma religião tão pacífica como o budismo legitimou o massacre de muitos milhares de membros da minoria tamil do Sri Lanka; do mesmo modo, os fundamentalistas hindus massacraram as populações muçulmanas de Gujarat em 2003 e o eventual maior acesso ao poder que terão conquistado recentemente com a vitória do Presidente Modi faz prever o  pior; é também em nome da religião que Israel continua a impune limpeza étnica da Palestina e que o chamado califado massacra populações muçulmanas na Síria e no Iraque.
A liberdade de expressão. É um bem precioso mas tem limites, e a verdade é que a  esmagadora maioria deles são impostos por aqueles que defendem a liberdade sem limites sempre que é a "sua" liberdade a sofrê-los. Exemplos de limites são imensos: se em Inglaterra um manifestante disser que David Cameron tem sangue nas mãos, pode ser preso; em Franças, as mulheres islâmicas não podem usar o hijab; em 2008 o cartoonista Maurice Siné foi despedido do Charlie Hebdo por ter escrito uma crónica alegadamente antissemita. Isto significa que os limites existem, mas são diferentes para diferentes grupos de interesse. Por exemplo, na América Latina, os grandes media, controlados por famílias oligárquicas e pelo grande capital, são os que mais clamam pela liberdade de expressão sem limites para insultar os governos progressistas e ocultar tudo o que de bom estes governos têm feito pelo bem-estar dos mais pobres.

TEXTO 5 – Afinal, ser ou não ser Charlie?
Para além do “Je suis Charlie” e do “Je ne suis pas Charlie”
É preciso superar a ideia de se posicionar simplesmente no afirmar (Eu sou Charlie) e negar (Eu não sou Charlie), pois o que está em jogo não são simples percepções ideológicas, mas o futuro da humanidade.
Na história da humanidade é muito comum a prática de negar ou afirmar um determinado fato de maneira preliminar relegando a um plano inferior um olhar mais amplo e minucioso sobre a realidade. O ato de negar ou afirmar está atrelado às forças que as crenças exercem em nossas vidas como meio de justificar nossa existência e conduta. No entanto, a realidade social exige interpretações que estão para muito além de nossas crenças porque exigem um olhar histórico e intercultural. A tragédia do jornal Charlie Hebdo é um dos acontecimentos em que qualquer interpretação apressada e ligeira, pode ser temerária. Negar ou afirmar qualquer coisa favorável ou contrária a qualquer um dos lados pode ser sinal de reducionismo interpretativo. A complexidade do fato demanda um olhar pluricontextualista (observação das diversas possibilidades e responsabilidades do fato) a fim de que as inferências sejam mais consistentes e contextualizadas com a realidade e não apenas com nossas crenças.
Analisar a tragédia de Charlie Hebdo com amplitude não implica preliminarmente em afirmar (Eu sou Charlie) ou negar (Eu não sou Charlie), mas em reconhecer as diferenças e pluralidades de crenças e condutas culturais. Em primeira instância, os argumentos de que “foi um atentado terrorista” ou “é mais uma etapa da luta entre ocidente e oriente” ou ainda “é a continuidade de uma guerra histórica que tem como foco central o Islã” carregam em si uma verdade que não conforta e muito menos permite compreender a dimensão estratégica do atentado.
A interpretação da realidade perpassa pelo conhecimento de causalidade e consequencialidade, mas quando centramos a análise apenas nas consequências, esquecemos de abordar todo o processo em que um determinado fato se situa concebendo afirmações rasteiras.

Texto 6 - Reações









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