MATERIAL DA AULA
TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - Como o feminismo virou
'tendência' (e por que deveríamos dar importância a isso)
O que todas essas celebridades têm em comum além de serem
mulheres famosas? Nos últimos anos, todas se identificaram publicamente como
feministas, na era do “feminismo de celebridade” – ou, como escreve Andi
Zeisler em seu novo livro, a época em que o “feminismo ficou cool”.
Zeisler, autora e co-fundadora da Bitch Media, fala da
recente chegada do feminismo ao mainstream em seu novo livro, We Were Feminists
Once (já fomos feministas, em tradução livre).
De celebridades querendo pegar o bonde do feminismo a marcas
como Always e Dove criando campanhas publicitárias sobre o empoderamento da
mulher, o feminismo definitivamente é “tendência”.
“É esse mundo paralelo muito bizarro em que, por um lado, o
feminismo é considerado muito cool – é uma estética, algo que as celebridades
abraçam e que a mídia mainstream usa como gancho para interessar as pessoas”,
disse Zeisler ao Huffington Post. “Mas, ao mesmo tempo, o feminismo em si – a
necessidade do feminismo e as várias maneiras pelas quais ele é um projeto
incompleto – parece cada vez mais desconectado desse ‘feminismo cool’.”
Basta olhar para o seu Facebook: são inúmeros os vídeos e
campanhas virais sobre feminismo. Os slogans podem ser empoderadores, mas
também são usados para vender produtos como sabão de lavar roupa, absorventes e
papel-toalha.
Zeisler chama esse fenômeno recente de “feminismo de
mercado”. “Ele envolve escolher a dedo as partes da ideologia ou prática que te
servem e ignorar aquelas que não servem”, afirmou Zeisler.
Será que o feminismo de celebridades e de mercado é melhor
que nada? Ou será que estamos apenas diluindo um movimento que ainda tem muito
a conquistar? O Huffington Post conversou com Zeisler para saber o que ela
pensa a respeito.
O que você acha do fato de
que o feminismo, como você escreve em seu livro, recentemente ficou “cool”?
É esse mundo paralelo muito bizarro em que, por um lado, o
feminismo é considerado muito cool – é uma estética, algo que as celebridades
abraçam e que a mídia mainstream usa como gancho para interessar as pessoas.
Mas, ao mesmo tempo, o feminismo em si – a necessidade do
feminismo e as várias maneiras pelas quais ele é um projeto incompleto – parece
cada vez mais desconectado desse “feminismo cool”. É uma dinâmica muito
estranha, porque leva à conclusão de que as pessoas que não têm condições de
“comprar” esse “feminismo cool” não têm importância.
Quando, na verdade, essas são as pessoas que deveríamos estar
tentando atingir. Essas são as pessoas para as quais o feminismo é
incrivelmente crucial. Quero dizer, ele é incrivelmente crucial para todos nós,
mas não pode ser apenas relacionado a produtos.
Tem de ser uma ética viva e uma maneira de olhar para as
coisas e para o valor que damos a elas.
Um capítulo do livro é
intitulado “Our Beyoncé, Ourselves” (nossa Beyoncé, nós mesmas, em tradução
livre). Você discute Beyoncé e outras celebridades que se identificaram
publicamente como feministas. Você acha que o feminismo de celebridades é
melhor que nada?
Sim. Quando eu era criança, o feminismo ainda tinha essa
reputação terrível. Muita gente famosa se distanciava da palavra e do movimento.
Muitas de nós que crescemos nessa época nos tornamos feministas apesar desse
legado pouco lisonjeiro. Mas, quando vi a performance de Beyoncé no Video Music
Awards de 2014, meu primeiro pensamento foi: é incrível que uma nova geração
inteira de jovens vai ver isso, e esse momento vai ser parte da formação deles.
Elas vão enxergar o feminismo como uma coisa positiva,
associada a Beyoncé, que é incrivelmente forte e poderosa e linda e
bem-sucedida. Não pode ser só isso, mas já é algo muito poderoso. Não acho
necessariamente que todos que assistiram àquela performance vão se aprofundar
no feminismo como ideologia ou como lente política.
Mas só por não ter o feminismo associado a essa ideia de
raiva ou pernas peludas ou ódio pelos homens – isso já é muito poderoso. Essas
associações nunca deveriam ter existido, mas, já que existem, é importante ter
visões alternativas.
TEXTO 2 – FEMINISMO – DE ONDE VEM?
Feminismo
pretérito
É possível
encontrar na historiografia dos séculos 15 e 18 o aparecimento de temas
dedicados à denúncia da condição de opressão das mulheres, tendo como
principais fatores a superioridade e a dominação imposta pelos homens.
Porém, ainda
não se pode atribuir aos mais variados escritos que surgiram nesse período o
rótulo ou o conceito de "feminista". Por outro lado, os estudiosos do
tema creditam ao contexto social e político da Revolução Francesa (1789) - e,
portanto, do Iluminismo - o surgimento do feminismo moderno.
Em 1791, por
exemplo, a revolucionária Olímpia de Gouges compôs uma célebre declaração,
proclamando que a mulher possuía direitos naturais idênticos aos dos homens e
que, por essa razão, tinha o direito de participar, direta ou indiretamente, da
formulação das leis e da política em geral. Embora tenha sido rejeitada pela
Convenção, a declaração de Gouges é o símbolo mais representativo do feminismo
racionalista e democrático que reivindicava igualdade política entre os gêneros
masculino e feminino.
Feminismo
emancipacionista
No século 19,
o feminismo teve um novo recomeço, em um contexto diferente: o da sociedade
liberal europeia que emergia.
O núcleo
irradiador do feminismo emancipacionista foi a Inglaterra, e a luta centrava-se
na obtenção de igualdade jurídica (direito de voto, de instrução, de exercer
uma profissão ou poder trabalhar). O aparecimento do feminismo emancipacionista
está associado às contradições que permeavam a sociedade liberal da época, onde
as leis em vigor formalizavam juridicamente as diferenças entre os sexos
masculino e feminino.
Os escritos do
pensador inglês Stuart Mill ganharam destaque ao propor o princípio geral de
emancipação das mulheres a partir da abolição das desigualdades no núcleo
familiar, da admissão das mulheres em todos os postos de trabalho e da oferta
de instrução educacional do mesmo nível que estava ao alcance dos homens.
Feminismo
contemporâneo
O movimento
feminista contemporâneo surgiu nos Estados Unidos, na segunda metade da década
de 1960, e se alastrou para diversos países industrializados entre 1968 e 1977.
A
reivindicação central do movimento feminista contemporâneo é a luta pela
"libertação" da mulher. O termo "libertação" deve ser
entendido como uma afirmação da diferença da mulher, sobretudo em termos de
alteridade. Com base nessa ideia, o movimento feminista busca novos valores,
que possam auxiliar ou promover a transformação das relações sociais ou da
sociedade como um todo.
Portanto, o
surgimento do movimento feminista contemporâneo representou um divisor de águas
e, ao mesmo tempo, a própria superação dos movimentos sociais emancipatórios,
cuja reivindicação central estava baseada na luta pela igualdade (jurídica,
política e econômica).
A luta pela
"libertação" da mulher, que constitui o núcleo da doutrina feminista
contemporânea, está baseada na denúncia da existência de uma opressão
característica, com raízes profundas, que atinge todas as mulheres,
pertencentes a diversas culturas, classes sociais, sistemas econômicos e
políticos. E, também, na ideia de que essa opressão persiste, apesar da
conquista dos direitos de igualdade (jurídicos, políticos e econômicos).
Desse modo, o
movimento feminista contemporâneo atua com base numa perspectiva de superação
das relações conflituosas entre os gêneros masculino e feminino, recusando,
portanto, o estigma ou noção de "inferioridade" (ou desigualdade
natural).
Uma outra
característica do feminismo contemporâneo é a proeminência de intelectuais e
líderes do sexo feminino. Esse fato positivo é reflexo das mudanças sociais,
políticas e educativas que estiveram ao alcance dessa nova geração de mulheres
que se projetaram como líderes feministas, entre as quais figuram Simone
Beauvoir, Betty Friedan e Kate Millet.
Entre o final
da década de 1970 e início da de 1980, porém, o movimento feminista entrou em
declínio, em razão das profundas transformações (sociais, políticas e
econômicas) que atingiram as sociedades. Crises econômicas, o surgimento do
narcotráfico, da violência e do terrorismo, com sérias ameaças à coesão social,
foram temas que ganharam maior atenção do público e da cena política.
TEXTO 3 – E O FEMISMO? DE
ONDE VEM ESSE TERMO?
Ser
feminista não significa incentivar o ódio e a revanche contra o sexo masculino.
Menos ainda se trata de instalar um império das fêmeas sobre a Terra, como se
as mulheres fossem criaturas incorruptíveis, perfeitas e divinas. Ideias desse
tipo, de viés anti-igualitário, são defendidas pelo movimento femista, que julga todos os homens como
carrascos horrendos, monstros cuspidos pelo Diabo, altamente perigosos e
iguais a uma bomba de estupro prestes a explodir por todos os lados. O femismo
é o movimento radical que trata os homens como inimigos, reagindo a eles com
intolerância e hostilidade.
Por outro
lado, a proposta do feminismo não é ser misândrico, mas sim igualitário e
emancipatório, justo e racional, pois não prescreve um combate aos homens, e
sim ao machismo. Embora algumas diferenças biológicas sejam visíveis entre os
sexos masculino e feminino, elas não devem determinar que a sociedade se baseie
na dominação de um gênero sobre outro. O pensamento feminista considera que
homens e mulheres são capazes de cumprir, ou dividir, as mesmas tarefas –
dentro das limitações e competências de cada um -, seja no lar, no emprego ou
em qualquer lugar onde as relações sociais vicejem. Porém, tanto o machismo
quanto o femismo discordam dessa premissa. É um tremendo equívoco acreditar que
mulheres são sempre melhores que homens ou que homens são sempre melhores que
as mulheres. O ideal é difundirmos a ideia de que ambos os sexos podem ser
ótimos em tudo quanto puderem fazer.
Até onde
sabemos, não é por meio da razão que machistas e femistas desejam controlar uns
aos os outros: o que os move é a busca por poder e, às vezes, a sede de
vingança. Saber que as mulheres, graças ao machismo, sofreram um atraso
histórico quase irremediável, gerou uma distorção dentro do movimento feminista
que, em vez de reparar as injustiças praticadas por homens do passado, quer
devolver as mesmas injustiças aos homens do presente e do futuro. Tal é a face
do femismo. Mas se o nosso descontentamento com as falhas que a sociedade
apresenta tiver que ser resolvido por meio do ódio, então nada impede que
pessoas negras resolvam massacrar pessoas brancas, inaugurando uma nova fase de
“opressores”. Ora, sabendo que esses atos são verdadeiros absurdos, logo, nada
justifica a “teoria” de que um sexo, etnia ou classe social deva se sustentar
na hierarquia do mais forte contra o mais fraco.
Portanto,
o que o feminismo nos proporciona, ao contrário do femismo, é um ideal de
igualdade, equanimidade e cooperação social. Um novo sentimento de harmonia que
permita que todas as pessoas, sem discriminação, desfrutem das mesmas
oportunidades para se realizarem como seres humanos. Se questionarmos as
instituições políticas que impedem esses avanços, e se desafiarmos os
parâmetros culturais e históricos da nossa civilização, estaremos contribuindo
com uma causa efetivamente justa para o mundo.
TEXTO 4 – PAUTAS FEMINISTAS,
NÃO É TER QUE ACEITAR, É RESPEITAR OPINIÕES!
- Mulheres
são pessoas. Portanto, merecem direitos iguais;
- Mulheres
devem ganhar salários iguais aos dos homens no desempenho da mesma função;
- Mulheres
não devem ser discriminadas no mercado de trabalho e suas oportunidades não
devem ser limitadas aos papéis de gênero que a sociedade impõe sobre elas;
- Não é
obrigação da mulher cuidar da casa, dos filhos e do marido. Os afazeres
domésticos e cuidado com as crianças devem ser de igual responsabilidade para
homens e mulheres;
- Nenhuma
mulher é uma propriedade. Nenhum homem tem o direito de agredir fisicamente ou
verbalmente uma mulher, ou ainda determinar o que ela pode ou não fazer;
- O corpo da
mulher é de direito somente da mulher. A ela cabe viver a sua sexualidade como
bem entender, decidir como vai dispor de seu corpo e da sua imagem, com quem ou
como vai se relacionar;
- Qualquer
ato sexual sem consentimento é estupro. Nenhum homem tem o direito de dispor
sexualmente de uma mulher contra a vontade dela;
- Nunca é
culpa da vítima;
- Assédio de
rua é uma violência. A mulher tem o direito ao espaço público (e também ao
transporte público) sem ser constrangida, humilhada, ameaçada e intimidada por
assediadores;
- A
representação da mulher na mídia não pode nos reduzir a estereótipos que nos
desumanizam e ajudam a nos oprimir;
- Mulheres
não são produtos. Não podem ser tratadas como mercadoria, isca para atrair
homens, moeda de troca ou prêmio;
- A
representação das mulheres deve contemplar toda a sua diversidade: somos
negras, brancas, indígenas, transexuais, magras, gordas, heterossexuais,
lésbicas, bi, com ou sem deficiências. Nenhuma de nós deve ser invisível na
mídia, nas histórias e na cultura;
- A voz das
mulheres precisa ser valorizada. A opinião das mulheres, suas vivências, ideias
e histórias não podem ser descartadas ou consideradas menores pelo fato de
serem mulheres;
- O espaço
político também é um direito da mulher. Devemos ter direito ao voto, a sermos
votadas, representadas politicamente e a termos nossas questões contempladas
pelas leis e políticas públicas;
- Papéis de
gênero são construções sociais e não verdades naturais e universais. Nenhum
papel de gênero deve limitar as pessoas, homens ou mulheres, ou ainda permitir
que um gênero sofra mais violência, seja mais discriminado, tenha menos
direitos e considerado menos gente;
- Mulheres
trans são mulheres e, portanto, são pessoas. Todas as pessoas merecem ter sua
identidade respeitada;
- Se duas
mulheres decidem viver juntas (ou dois homens), isso não é da conta de ninguém
e o Estado deveria reconhecer legalmente essas uniões;
- Não existe
tal coisa como “mulher de verdade”. Todas as mulheres são bem reais,
independente de se encaixar em algum padrão;
- Mulheres
não existem em função de embelezar o mundo. Muito menos em função da aprovação
masculina;
- Amar o
próprio corpo e se sentir bem com a própria aparência não deve depender dos
padrões de branquitude e magreza que a sociedade racista e gordofóbica
determinou como “beleza”;
- Mulher não
“tem que” nada, se não quiser. Isso vale para ser “amável” ou falar palavrão,
fazer sexo ou não fazer, se depilar ou não depilar, usar cabelo grande ou
curto, "encontrar um homem” ou ficar solteira, sair com vários caras ou
preferir mulheres, ter filhos ou não ter, gostar de maquiagem ou não.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista/o-que-as-feministas-defendem-3986.html
TEXTO 6 – ALGUMAS IMAGENS
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