domingo, 1 de junho de 2014

Aula 15 - 20 anos do Plano Real



Quando vamos ao mercado ou ao shopping e verificamos que os preços foram corrigidos, temos a tendência de reclamar sobre o aumento e achar um absurdo. Algumas pessoas até mesmo deixam de adquirir o produto em questão por se sentirem verdadeiramente ofendidas pela conduta do lojista em reajustar a mercadoria.
Tal atitude atual reflete uma profunda mudança de postura percebida a partir da década de 1990 relacionada a uma certa estabilidade econômica alcançada depois de décadas de descontrole e inflação altíssima. Nesse ano, a medida que permitiu esse maior equilíbrio nos preços dos produtos comemora 20 anos, foi o Plano Real, instituído em 1994.

Agora o material da aula!


Texto 1
No dia 1º de março completa vinte anos desde que o então ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, implantou a Unidade Real de Valor (URV), o primeiro passo do que viria a ser o Plano Real, que entrou em vigor em julho de 1994. A URV foi instituída pela Medida Provisória nº 482, logo após um ajuste fiscal emergencial promovido por FHC para reduzir os gastos públicos. A diferença entre o plano do então ministro e dos outros tantos já criados para domar a inflação é que o Plano Real sacrificava os gastos públicos — enquanto os demais penalizavam o setor privado.
A URV não era uma moeda. Era um índice calculado diariamente pelo Banco Central e que oscilava como o dólar. Servia para reajustar preços e salários para que ambos caminhassem no mesmo compasso. À época, a inflação no Brasil estava em mais de 5 500% ao ano. A intenção era fazer com que, após alguns meses em que a URV servisse como referência de preços para a população, se tornasse moeda — o real. À época, o ex-ministro Delfim Netto apelidou o plano de "dolarização envergonhada". A moeda corrente naqueles tempos era o cruzeiro real. Todos os cálculos eram feitos em URVs, mas pagos em cruzeiro real.

Texto 2
O plano Real, lançado em 28 de fevereiro de 1994, foi um plano influenciado pelas ideias do economista inglês John Maynard Keynes e pelas experiências hiperinflacionárias europeias (da primeira metade do século XX), mas que contou com uma questionável administração de economistas brasileiros e com as (des)orientações do Fundo Monetário Internacional (FMI). Longe de ter sido “idealizado por Fernando Henrique Cardoso”, como afirmam O Globo e outros veículos assemelhados, o plano foi organizado e dirigido exclusivamente pelos economistas do PSDB. Antes do lançamento da nova moeda, o real, a inflação era elevada. Mais do que isso: existia um regime de alta inflação, isto é, havia uma dança de preços. Alguns preços subiam porque outros tinham subido. E estes subiam porque aqueles haviam subido. E assim os preços aumentavam de forma sucessiva. Havia uma corrida de preços, mas de forma dessincronizada: aumentavam em momentos diferenciados e com percentuais diferentes. Além disso, nenhum contrato era assinado com a moeda corrente, o cruzeiro real. Os contratos usavam moedas fictícias (referências) ou algum índice para indexar o seu valor à inflação e/ou aos desejos dos contratantes.

Texto 3


Texto 4
Em vinte anos, desde o Plano Real, o salário mínimo do trabalhador brasileiro subiu 1.019,2%. Porém, se descontada a inflação do período, a alta se reduz a 146%, segundo pesquisa do Instituto Assaf. Mesmo com a inflação corroendo boa parte dos reajustes, houve aumento real do poder de compra dos salários. No período, o salário mínimo passou de 64,79 reais em 1994 para 724 reais nos dias atuais. O Plano Real completa vinte anos no dia 1º de julho.
"A pesquisa mostrou que o plano trouxe aumento de poder aquisitivo da população como um todo. O aumento médio efetivo foi de 12,18% por reajuste", calcula o pesquisador do Instituto Assaf, Fabiano Guasti Lima. Apesar de o plano ter reduzido a inflação para patamares menores, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou em vinte anos, até março, alta de 354,74%. "Ao analisar os números concluímos que o aumento real do salário mínimo, aquele que ficou acima da inflação, foi de 4,6% ao ano", avalia o professor e diretor do instituto, Alexandre Assaf Neto.
Texto 5
A inflação é um velho inimigo da economia brasileira. Depois de anos de hiperinflação, após a adoção do Plano Real, em 1994, a taxa anual caiu de forma significativa.
Em junho daquele ano, quando a nova moeda foi lançada, a taxa mensal foi de 47,43%. No mês seguinte, caiu para 6,84%, posteriormente, em setembro, para 1,53%.
Hoje em dia, o Brasil trabalha com um sistema de metas de inflação anual. O centro da meta para 2013, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5% , mas o BC admite, ainda dentro da meta, uma variação de dois pontos percentuais para cima e para baixo.
Nos últimos 12 meses encerrados em março, segundo os dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 6,59%, estourando o teto da meta.
Foi a primeira vez que isso ocorreu desde novembro de 2011, quando o aumento em igual período foi de 6,64%.

Texto 6


 Texto 7
 
Texto 8
Depois de 20 anos, a adoção generalizada da URV ainda está cercada de uma aura de mistério e fascinação, e entre os especialistas é lembrada como uma das experiências de estabilização mais engenhosas e bem sucedidas que a humanidade já conheceu. O fim da hiperinflação alemã em 1923, que fez uso de um expediente semelhante — o rentenmark — é frequentemente descrito como um "milagre", e desafia explicações, tal como a URV.
O fato é que a introdução da moeda de conta indexada deu início a uma reação química em cadeia, uma espécie de redescoberta do "valor das coisas", que estendia seus efeitos para todo o espectro de simbolismos associados ao dinheiro, sugerindo, inclusive, a identificação entre inflação e imoralidade. Havia muita coisa em jogo no plano simbólico: a moeda, como a bandeira e o hino, está entre os mais importantes símbolos nacionais de tal sorte que sua degradação, quando levada ao extremo de uma hiperinflação, espalhava suas consequências para muito além da órbita econômica.

Análise histórica do Plano Real: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,o-plano-real-numa-perspectiva-historica-imp-,1144728

Algumas Charges da época






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