sábado, 31 de janeiro de 2015

Aula 01/2015 - Liberdade de expressão tem limites?




TEXTO 1 - Fundamentação
O islamismo é uma religião violenta?
A opinião politicamente incorreta a respeito do Islã parece estar ganhando impulso. Logo após 11 de setembro, o governo Bush fez questão de declarar que o Islã é uma religião pacífica, "sequestrada" por alguns poucos extremistas. Na ocasião, em artigo publicado na New York Times Magazine, Andrew Sullivan discordou. Admitiu que existem muçulmanos moderados e que certas passagens do Corão recomendam a misericórdia e a tolerância. "Mas seria ingenuidade não reconhecer, no Islã, uma profunda tendência à intolerância com relação aos infiéis, sobretudo quando são tidos como uma ameaça ao mundo islâmico." Em seguida, citava o preceito do Corão que manda "matar aqueles que misturam outros deuses ao Deus, onde quer que tu os encontre". Agora, um artigo publicado no Washington Post reforça a ideia de que devemos examinar o Corão em busca de indícios para entender o Islã moderno – e admite que os indícios são incriminadores. "Os estudiosos do Corão nos asseguram que, no texto, não há nenhuma ordem para os fiéis empunharem a espada contra os inocentes", escreve Michael Skube. "No entanto, como o texto deixa claro, a espada tem de ser empunhada – contra aqueles que negam Alá e seu Mensageiro, contra aqueles que acreditaram mas se afastaram da fé, contra os inimigos da fé, reais ou imaginários."

TEXTO 2 – Causas da discórdia



TEXTO 3 – Liberdade de expressão
A existência da internet, de jornais de oposição e das cada vez mais frequentes manifestações de rua mostram que o direito à liberdade de expressão no Brasil passou a ser mais respeitado hoje se comparado a décadas atrás, quando da vigência da ditadura civil-militar e sua censura prévia. No entanto, para que este direito seja realmente efetivado no país há ainda um longo e sinuoso caminho a ser percorrido.
Seria isso o que diria, se estivesse viva, Fátima Benites, ex-membro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bela Vista, no Mato Grosso do Sul. Por anos, Fátima se empenhou em denunciar e combater atividades ilegais extrativistas na região, até ser morta por um pistoleiro no dia 21 de março de 2013.
O mesmo fim trágico teve o pescador Luiz Telles João Penetra, de Magé, no Rio de Janeiro, e ex-membro da Associação de Homens e Mulheres do Mar (Ahomar). Notório ativista da pesca artesanal, Luiz se destacou pelas denúncias que fazia dos impactos ambientais, na Baía da Guanabara, causados pelo complexo petroquímico existente no local. No dia 23 de junho de 2012, ele e seu colega de associação, Almir Nogueira de Amorim, foram encontrados mortos com os pés e mãos amarrados, poucos dias depois de terem participado da Cúpula dos Povos, realizada paralelamente à Rio+20.

TEXTO 4 – Comoção e Reflexão
O choque de fanatismos, não de civilizações. Não estamos perante um choque de civilizações, até porque a cristã tem as mesmas raízes que a islâmica. Estamos perante um choque de fanatismos, mesmo que alguns deles não apareçam como tal por nos serem mais próximos. A história mostra como muitos dos fanatismos e seus choques estiveram relacionados com interesses económicos e políticos que, aliás, nunca beneficiaram os que mais sofreram com tais fanatismos. Na Europa e suas áreas de influência é o caso das cruzadas, da Inquisição, da evangelização das populações coloniais, das guerras religiosas e da Irlanda do Norte. Fora da Europa, uma religião tão pacífica como o budismo legitimou o massacre de muitos milhares de membros da minoria tamil do Sri Lanka; do mesmo modo, os fundamentalistas hindus massacraram as populações muçulmanas de Gujarat em 2003 e o eventual maior acesso ao poder que terão conquistado recentemente com a vitória do Presidente Modi faz prever o  pior; é também em nome da religião que Israel continua a impune limpeza étnica da Palestina e que o chamado califado massacra populações muçulmanas na Síria e no Iraque.
A liberdade de expressão. É um bem precioso mas tem limites, e a verdade é que a  esmagadora maioria deles são impostos por aqueles que defendem a liberdade sem limites sempre que é a "sua" liberdade a sofrê-los. Exemplos de limites são imensos: se em Inglaterra um manifestante disser que David Cameron tem sangue nas mãos, pode ser preso; em Franças, as mulheres islâmicas não podem usar o hijab; em 2008 o cartoonista Maurice Siné foi despedido do Charlie Hebdo por ter escrito uma crónica alegadamente antissemita. Isto significa que os limites existem, mas são diferentes para diferentes grupos de interesse. Por exemplo, na América Latina, os grandes media, controlados por famílias oligárquicas e pelo grande capital, são os que mais clamam pela liberdade de expressão sem limites para insultar os governos progressistas e ocultar tudo o que de bom estes governos têm feito pelo bem-estar dos mais pobres.

TEXTO 5 – Afinal, ser ou não ser Charlie?
Para além do “Je suis Charlie” e do “Je ne suis pas Charlie”
É preciso superar a ideia de se posicionar simplesmente no afirmar (Eu sou Charlie) e negar (Eu não sou Charlie), pois o que está em jogo não são simples percepções ideológicas, mas o futuro da humanidade.
Na história da humanidade é muito comum a prática de negar ou afirmar um determinado fato de maneira preliminar relegando a um plano inferior um olhar mais amplo e minucioso sobre a realidade. O ato de negar ou afirmar está atrelado às forças que as crenças exercem em nossas vidas como meio de justificar nossa existência e conduta. No entanto, a realidade social exige interpretações que estão para muito além de nossas crenças porque exigem um olhar histórico e intercultural. A tragédia do jornal Charlie Hebdo é um dos acontecimentos em que qualquer interpretação apressada e ligeira, pode ser temerária. Negar ou afirmar qualquer coisa favorável ou contrária a qualquer um dos lados pode ser sinal de reducionismo interpretativo. A complexidade do fato demanda um olhar pluricontextualista (observação das diversas possibilidades e responsabilidades do fato) a fim de que as inferências sejam mais consistentes e contextualizadas com a realidade e não apenas com nossas crenças.
Analisar a tragédia de Charlie Hebdo com amplitude não implica preliminarmente em afirmar (Eu sou Charlie) ou negar (Eu não sou Charlie), mas em reconhecer as diferenças e pluralidades de crenças e condutas culturais. Em primeira instância, os argumentos de que “foi um atentado terrorista” ou “é mais uma etapa da luta entre ocidente e oriente” ou ainda “é a continuidade de uma guerra histórica que tem como foco central o Islã” carregam em si uma verdade que não conforta e muito menos permite compreender a dimensão estratégica do atentado.
A interpretação da realidade perpassa pelo conhecimento de causalidade e consequencialidade, mas quando centramos a análise apenas nas consequências, esquecemos de abordar todo o processo em que um determinado fato se situa concebendo afirmações rasteiras.

Texto 6 - Reações









Alguns vídeos



quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Datas marcantes que fazem aniversário fechado (5 em 5 anos) - até 1950

A utilização de datas que fazem aniversários fechados tem sido uma constante em concursos, ENEM e vestibulares.
Selecionei alguns temas até os anos de 1950 para darem uma olhada e ficarem atentos para possíveis questões.


2010
Dilma Rousseff foi escolhida por 55,7 milhões de brasileiros.
 Milagre no Chile: resgate após dois meses soterrados
Soldados do Bope invadem Vila Cruzeiro
Tiririca foi eleito deputado federal por São Paulo com mais de 1,3 milhão de votos.
Com Selic a 10,75%, Brasil volta ao posto de campeão dos juros reais
DESTRUIÇÃO NO HAITI;
Vulcão Eyjafjallajökull, na Islândia, entrou em erupção em abril, espalhando cinzas e fechando o espaço aéreo europeu
EUA vivem maior tragédia ambiental da sua história

2005
O líder cocaleiro Evo Morales, do Movimento ao Socialismo (MAS), é eleito o primeiro presidente indígena da história da Bolívia
Revoltas em Paris- A morte acidental de dois jovens que acreditavam estar sendo perseguidos pela polícia em Clichy-sous-Bois (periferia de Paris), desencadeia nos bairros mais pobres da região parisiense episódios de violência urbana durante as noites e madrugadas
Saddam Hussein - Começa o julgamento de Saddam
Fiéis fazem última visita ao papa João Paulo 2º - Morre o papa João Paulo 2º
Abbas e Sharon dão as mãos
George W. Bush - O presidente americano, George W. Bush, reeleito em novembro de 2004 para mais quatro anos à frente da Presidência americana, toma posse de seu segundo mandato.

2000
O Brasil assiste na tela da TV Senado a um embate histórico entre dois inimigos políticos: Jader Barbalho e Antônio Carlos Magalhães que trocavam ofensas entre si chamando - os de mau caráter, safado, ladrão entre outros termos chulos.
O escândalo do TRT envolveu o juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau e o senador Luiz Estevão, que na época era do PMDB. Eles foram os principais acusados de desviar R$ 169 milhões das obras do TRT.
O Brasil de 2000 assistiu a mais uma demonstração de ineficiência da segurança pública. Na tarde de 12 de junho uma ação desastrosa da PM terminou com o sequestro do ônibus 174. Por mais de 5 horas os passageiros do ônibus ficaram sob a mira do revólver pelas mãos de Sandro do Nascimento, sobrevivente da Chacina da Candelária em 1993.
Um vazamento nos dutos da plataforma da Petrobras derrama mais de 500 mil litros de óleo na Baía de Guanabara.
O Papa João Paulo II pede perdão aos erros da Igreja Católica em 2000 anos como a Inquisição e as Cruzadas além de desrespeito à outras religiões e culturas.
Numa confusa eleição, George W. Bush é eleito novo presidente dos Estados Unidos. A confusão acontece na Flórida quando os votos foram recontados na mais tumultuada apuração da história.
Na Rússia afunda o submarino Kursk com 118 homens compondo a tripulação. O submarino afundou no Mar de Barents.
Um avanço na ciência com a descoberta do rascunho do sequenciamento completo do genoma humano por cientistas americanos e ingleses.

1995
A partir de 1995 a Internet entra de vez nas nossas vidas. A rede mundial de computadores chega ao Brasil e a partir de então passamos a entrar na rede, navegar, conectar, enviar um e-mail que chega rapidinho ao invés da carta.
95 também marca o começo do governo de Fernando Henrique Cardoso. Com o Real nas alturas o único problema foram os escândalos, como o do Sivam e a pasta Rosa estragaram um pouco o clima.
O monopólio da Petrobras foi quebrado em votação recorde na Câmara dos Deputados.
Uma ameaça vinda da África. O vírus Ebola devasta parte da população do Zaire e mata mais de 100 pessoas.
Dois tiros contra a paz. O primeiro ministro de Israel Yitzak Rabin é morto por um extremista islâmico, Yigal Amir.
Em Oklahoma um atentado terrorista matou 168 pessoas e deixou 500 feridas. O acusado, Timothy McVeigh, um veterano da Guerra do Golfo foi condenado à morte em 2001.
Em Kobe, no Japão um terremoto de 7,3 graus na Escala Richter mata mais de 6 mil pessoas.
Começa a guerra santa entre a rede Globo e a Igreja Universal do reino de Deus.
A guerra das torcidas deixa rastros negativos com a morte de um torcedor durante o jogo entre Palmeiras e São Paulo.

1990
Primeiro presidente civil eleito depois de 29 anos, Fernando Collor de Mello chegava ao auge em tão pouco tempo.
O Iraque liderado por Saddam Hussein invadiu o Kuweit numa rápida ofensiva. Tropas iraquianas invadiram o país vizinho que o acusava ter roubado petróleo e o combustível foi às alturas.
A Alemanha voltou a ser uma só, menos de um ano depois da queda do Muro de Berlim o país se reunificou sonhando com dias melhores como uma superpotência.
Chegava ao fim a era Margaret Thatcher. A ex- Dama de Ferro teve de ceder à pressão e renunciar ao mandato de primeira ministra.
O poeta do rock dos anos 80 perdia a batalha pela vida aos 32 anos. Cazuza morre em 7 de julho deixando órfãos seus fãs.
Morre Luiz Carlos Prestes foi um dos líderes do comunismo no Brasil.

1985
Depois de uma extenuante campanha, Tancredo Neves é eleito presidente em 15 de janeiro pelo Colégio Eleitoral derrotando Paulo Maluf.
No dia 19 de setembro o México foi palco de um dos piores terremotos da história. O tremor atingiu 8.1 na Escala Richter abalando as estruturas da Cidade do México.
Encontrada no Cemitério de Embu a ossada do carrasco nazista Josef Mengele. Ele morreu em fevereiro de 1979 em Bertioga. Mengele era o médico que servia o nazismo de Adolf Hitler.
Na Colômbia o vulcão Nevado del Ruiz causou destruição para a cidade de Armero matando 25 mil pessoas.
O Brasil entrava definitivamente no rol dos grandes shows musicais com a realização do Rock In Rio

1980
Olimpíadas de Moscou (União Soviética). Estados Unidos boicotam os Jogos Olímpicos por motivos políticos em protesto contra a invasão ao Afeganistão.
Fevereiro de 1980: fundação do PT (Partido dos Trabalhadores) em São Paulo.
Dois tiros calaram John Lennon. No dia 8 de dezembro no Edifício Dakota em Nova York, quando voltava do estúdio depois da gravação do álbum Double Fantasy.
João Paulo II visitou o Brasil pela primeira vez e encantou o povo brasileiro em sua passagem de 13 dias. Ele rezou missas em 13 cidades diferentes.
Com uma grande margem de votos, Ronald Reagan é eleito presidente dos Estados Unidos derrotando o democrata Jimmy Carter sinalizando uma era conservadora no país.
Na Iugoslávia, o Marechal Tito morre em 4 de maio e foi o responsável por unir as repúblicas num só país. A Iugoslávia deixou de existir a partir de 1991.

1975
Os Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro se fundem sob nome de Estado do Rio de Janeiro.
O Brasil assina o acordo nuclear com a República Federal da Alemanha, em Bonn, o que tem relação com as usinas de Angra.
O diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog, detido oito dias antes, é assassinado por enforcamento na sede do DOI-CODI, em São Paulo.
Bill Gates e Paul Allen fundam a Microsoft.

1970
21 de junho de 1970 - Brasil tri-campeão da Copa do Mundo de Futebol, realizada no México.
Neste ano acontecia o ‘Milagre Brasileiro’… A censura ainda era muito forte, e até o tricampeonato mundial foi usado como propaganda da ditadura militar.
Presidente Emílio Garrastazu Médici assina o decreto-lei, que dispõe sobre a ampliação do mar territorial brasileiro de 12 para 200 milhas marítimas.
Depois de muito sucesso, acaba a banda de rock Beatles.

1965
Tropas dos Estados Unidos entram na Guerra do Vietnã, enviando exército para o Vietnã do Sul.
Ativista afro-americano pelos direitos dos negros, Malcom X é assassinado em Nova York, aos 39 anos
Nas primeiras eleições municipais depois do golpe, Faria Lima é eleito prefeito de São Paulo.
Fundação do MDB - Fundação do partido Arena.
Os presidentes Humberto de Alencar Castelo Branco do Brasil e Alfredo Stroessner do Paraguai inauguram a Ponte da Amizade, que liga os territórios de dois países, passando sobre o rio Paraná.


1960
A capital do Brasil é transferida do Rio de Janeiro para Brasília.
Jânio Quadros é eleito presidente do Brasil.
O censo de 1960 nos fornece ainda dados quando às principais características dos domicílios particulares, nos quais detalha itens tais como o abastecimento de energia elétrica e a posse de aparelhos eletrodomésticos como rádio, geladeira e televisão, entre outros.

1955
A União Soviética e mais sete países comunistas assinam o tratado de defesa mútua conhecido como Pacto de Varsóvia.
Golpe militar na Argentina depõe o Presidente Juan Perón.
Juscelino Kubitschek vence as eleições, mas a direita não aceita sua vitória, sobretudo por causa do vice João Goulart (eleito nas eleições em separado para vice), considerado "subversivo" para os direitistas.
O general Henrique Teixeira Lott, ex-ministro da Guerra do governo Café Filho, realiza um golpe preventivo para destituir o substituto de Café, o presidente da Câmara dos Deputados Carlos Luz, que era contra a vitória de Juscelino Kubitschek, eleito presidente. Juscelino teve sua posse garantida para janeiro do ano seguinte.

1950
O general Chiang Kai-shek é eleito Presidente da República da China, nome oficial da China Nacionalista sediada em Taiwan.
Getúlio Vargas foi eleito presidente da república com 49% dos votos válidos.

Início da Guerra da Coreia - travada entre 25 de Junho de 1950 a 27 de Julho de 1953, opondo a Coreia do Sul e seus aliados, que incluíam os Estados Unidos da América e o Reino Unido, à Coreia do Norte, apoiada pela República Popular da China e pela antiga União Soviética.

Retratar Maomé sempre foi proibido?


Getty
Para maioria dos muçulmanos, Maomé ou qualquer outro profeta não deve ser retratado de forma alguma
O semanário satírico francês Charlie Hebdo publicou uma edição em homenagem às vítimas dos ataques da semana passada na França, usando na capa uma imagem do profeta Maomé. A maioria dos muçulmanos diz que representações gráficas do fundador do islã são proibidas. Mas será que sempre foi assim no mundo islâmico?
(Esta reportagem traz uma imagem histórica do profeta Maomé)
Deixando de lado o debate sobre se charges satíricas do profeta são ofensivas, há uma outra polêmica: se qualquer retrato de Maomé, mesmo que respeitoso, é vetado no islã.
Para a maioria dos muçulmanos, a proibição é total. Maomé ou qualquer outro profeta do islã não devem ser retratados de forma alguma. O argumento é que fotos - ou mesmo estátuas - encorajariam a adoração de ídolos.
Isso é contreverso em diversas partes do mundo islâmico. Historicamente, as formas predominantes na arte islâmica são geométricas, em padrões espirais ou caligráficas, em vez de arte figurativa.
Os muçulmanos citam um verso no Corão que tem Abraão, a quem veem como profeta: "(Abraão) disse a seu pai e a seu povo: 'O que são essas imagens a cuja adoração vocês se apegam?' Eles responderam: 'Vimos nossos pais as adorando'. Ele disse: 'Certamente vocês estão, vocês e seus pais, em evidente erro'."
Ainda assim, o Corão não proíbe explicitamente os retratos do profeta, segundo a professora Mona Siddiqui, da Universidade de Edimburgo, na Grã-Bretanha. Em vez disso, a ideia nasceu dos "Hadiths" - narrativas sobre a vida e os dizeres de Maomé feitas nos anos após sua morte.
Siddiqui afirma que há representações de Maomé - feitas por artistas muçulmanos - da época dos impérios Mongol e Otomano. Em alguns deles, os traços faciais do profeta estão escondidos, mas é claramente ele.
Ela diz que as imagens foram inspiradas pela devoção: "A maioria das pessoas desenhou essas figuras por amor e veneração, e não para idolatria".

Bibliotecas de elite

Em que ponto, então, as representações gráficas de Maomé se tornaram "haram", ou proibidas?
Muitas das imagens de Maomé que datam dos anos 1.300 foram feitas para serem vistas apenas privadamente, para evitar a idolatria, explica Christiane Gruber, professora-associada de arte islâmica na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Esses itens incluíam miniaturas que mostravam personagens do islã.
"De certa forma, eram itens de luxo, que talvez ficassem em bibliotecas da elite."
Gruber diz que o advento da imprensa escrita de circulação de massa, no século 18, criou um desafio. A colonização de algumas terras muçulmanas por forças e ideias europeias também foi significativa, explica ela.
A resposta islâmica foi enfatizar o quão diferente sua religião era em relação ao cristianismo, com sua história de iconografia pública, prossegue Gruber. Imagens de Maomé começaram a desaparecer, e surgiu uma nova retórica contra representações gráficas.
Mas Imam Qari Asim, da mesquita Makkah, em Leeds, uma das maiores do Reino Unido, nega que tenha havido uma mudança significativa. Ele insisite que o efeito dos "Hadiths", com suas medidas contra imagens de seres vivos, é automaticamente uma proibição de retratos de Maomé.
Reprodução
Imagem de manuscrito iraniano do século 16 mostra a ascensão ao paraíso
Asim diz que imagens medievais têm de ser compreendidas em seu contexto.
"A maioria dessas imagens se relaciona a essa Jornada Noturna em particular e a ascensão ao Paraíso. Há um carneiro ou um cavalo. Ele está em um cavalo ou algo do tipo. Acadêmicos clássicos já condenaram fortemente também esses retratos. Mas eles realmente existem."
Um ponto-chave é que eles não são simples retratos de Maomé. Asim também argumenta que o objeto de muitas das imagens é incerto. Há a questão de se todos esses retratos tinham a intenção, na verdade, de retratar o profeta ou uma companhia próxima envolvida na mesma cena, ele argumenta.
Hugh Goddard, diretor do Centro Alwaleed para o Estudo do Islã no Mundo Contemporâneo na Universidade de Edimburgo, concorda que houve uma mudança.
"Não há uma unanimidade em nenhuma das fontes - o Corão e os 'Hadiths'. A comunidade muçulmana posterior passou a ter visões diferentes nesse tema e em outros."
O acadêmico árabe Muhammad ibn Abd al-Wahhab, cujos ensinamentos pavimentaram o caminho ao wahabismo, a forma dominante do islã sunita na Arábia Saudita, foi uma figura central.
"O debate se tornou mais vigoroso - sobretudo associado ao movimento de Muhammad ibn Abd al-Wahhab. Você desconfiava da veneração de qualquer coisa que não fosse Deus. Isso incluía o profeta. Houve uma mudança significativa nos últimos 200, 300 anos."

Diferenças

A situação é diferente com esculturas ou qualquer outra representação tridimensional, nota Goddard, para as quais a proibição sempre foi clara.
Para alguns muçulmanos, diz Siddiqui, a rejeição a fotos se estende a uma recusa de ter imagens de qualquer ser vivo - humano ou animal - em suas casas.
Porém, a proibição contra a representação gráfica não se aplica a tudo. Muitos muçulmanos xiitas parecem ter uma visão levemente distinta.
Imagens contemporâneas de Maomé ainda estão disponíveis em algumas partes do mundo muçulmano, segundo Hassan Yousefi Eshkavari, ex-clérigo iraniano hoje baseado na Alemanha.
Ele disse à BBC News que, atualmente, imagens de Maomé estão em muitas casas iranianas: "Do ponto de vista religioso, não há veto a essas imagens. Elas existem em lojas e em casas. Não são vistas como uma ofensa, nem do ponto de vista religioso nem do cultural."
Diferenças de abordagem entre muçulmanos podem ser vistas entre tradicionais xiitas e sunitas, mas Gruber afirma que estão errados os que afirmam que existe um veto histórico. Mas muitos muçulmanos não aceitam esse argumento.
"O Corão em si não diz nada", diz à BBC Azzam Tamimi, ex-chefe do Instituto de Pensamento Islâmico. "Mas é aceito por todas as autoridades islâmicas que o profeta Maomé e os demais profetas não podem ser desenhados e não podem ser produzidos em fotos, porque são, segundo a fé islâmica, indivíduos infalíveis, modelos de comportamento, e portanto não podem ser representados em nenhuma maneira que seja desrespeitosa."
Ele não está convencido pelo argumento de que, se há representações medievais de Maomé, isso indica que não há veto absoluto.
"Mesmo se houvesse, isso teria sido condenado pelos acadêmicos do islã."

sábado, 17 de janeiro de 2015

4º maior lago do mundo… praticamente secou!


 
MAR DE ARAL
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O chamado Mar de Aral, com uma área de aproximadamente 68 mil quilômetros quadrados (quase do tamanho de Santa Catarina), era considerado até há pouco tempo atrás o quarto maior lago do mundo. Contudo, essa realidade mudou de forma drástica e tudo o que resta hoje nessa área da Ásia Central, entre as fronteiras do Cazaquistão e do Uzbequistão, é um deserto tóxico.
O lago localiza-se numa bacia hidrográfica endorreica, isto é, onde as águas das precipitações e rios correm para uma depressão no solo, um ponto fechado onde se acumulam.
No período Terciário (68 a 1,8 milhão de anos atrás) provavelmente aquela depressão estava conectada ao mar Cáspio, ao mar Negro, e a outros lagos próximos de mesma origem geológica e também de formação endorreica. Durante o Pleistoceno (de 1,8 milhão até 20 mil anos atrás) certamente ocorreu a separação e o isolamento final do mar de Aral, porém ele continuou a ser alimentado simultaneamente com as águas dos rios Amu Daria e Syr Darya, tornando-o um verdadeiro oásis no deserto da Ásia Central. Com o tempo, a água do lago passou a concentrar todo o sal trazido pelos rios, uma vez que a água acumulada continuou o seu ciclo, evaporando por milhares de anos.
A tragédia ecológica começou na década de 1960, quando a água dos grandes rios que alimentavam a bacia lacustre foi desviada com o objetivo de irrigar milhões de hectares de algodão. A NASA documentou durante os últimos 14 anos, através de uma série de fotografias de satélites que evidenciam a extinção de qualquer rastro de água sobre o que foi uma vez o grande Mar de Aral.
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Para evidenciar essa realidade irreversível, foram divulgadas duas imagens, uma correspondente ao dia 19 de agosto de 2014 e outra de 25 de setembro de 2000.
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A outrora próspera indústria pesqueira foi praticamente destruída, provocando desemprego e dificuldades econômicas. A região também foi fortemente poluída, com graves problemas de saúde pública como consequência. O recuo do mar também já teria provocado a mudança climática local com verões cada vez mais quentes e secos, e invernos mais frios e longos.

Está em curso uma iniciativa no Cazaquistão para salvar e recuperar o norte do mar de Aral. Como parte desta iniciativa, foi concluída uma barragem em 2005 e em 2008 o nível de água nesse local já havia subido doze metros em comparação ao nível mais baixo em 2003. A salinidade caiu e os peixes são encontrados em número suficiente para tornar a pesca viável. No entanto, as perspectivas para o mar remanescente do sul permanece sombria, tendo sido chamado de “um dos piores desastres ambientais do planeta”.

Fonte: http://nerdices.com.br/42/2015/01/15/4o-maior-lado-do-mundo-secou/