domingo, 19 de abril de 2015

Aula 11/2015 - A terceirização em questão!



O Projeto de Lei número 4.330/2004, conhecido como Projeto de Terceirização, que teve o texto principal aprovado (08/04) na Câmara dos Deputados, a terceirização já existe no Brasil, mas é limitada, pois à exceção dos setores de vigilância e de serviços gerais, as demais profissões dão vínculo com o tomador do serviço.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou que a aprovação do projeto é positiva para o país. “A Firjan entende que é um grande avanço não só para os empresários, mas para o país, de forma geral”, contudo muitas pessoas são contrárias e ocorreram muitas manifestações.

Material da Aula


TEXTO 1 – Centrais sindicais protestam em 18 estados contra Lei da Terceirização
Centrais sindicais e movimentos sociais fizeram protestos simultâneos em 18 estados, durante toda a manhã desta quarta-feira 15. As ações fazem parte do Dia Nacional de Paralisação contra o PL 4.330, projeto de lei que regulamenta a terceirização no Brasil e foi aprovado na Câmara na última quarta 8. Os atos ocorreram em Alagoas, Amapá, Goiás, Piauí, Paraíba, Paraná, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Sergipe, Tocantins, Pará, São Paulo e no Distrito Federal. Houve paralisações no transporte público em pelos menos quatro capitais, segundo a CUT: Porto Alegre, Salvador, Recife e Brasília.
Em Fortaleza, uma caminhada pelo centro da cidade marcou o protesto da CUT. A central calculou que a mobilização reuniu 8 mil pessoas, enquanto a PM não fez estimativa de público. Segundo a presidente do diretório da CUT no Ceará, Joana D'Arc, setores como os da educação, saúde e construção civil aderiram à paralisação. “Diversas categorias aderiram ao protesto contra o projeto que não regulamenta a terceirização, mas abre espaço para precarizar o trabalho”, disse à Agência Brasil
Em Vitória, a PM reprimiu com balas de borracha e bombas de efeito moral o ato contra a terceirização. Nas primeiras horas da manhã, manifestantes de diversas categorias e segmentos sociais fecharam vias de grande fluxo de veículos em dois pontos da capital capixaba e também ligações da cidade com Cariacica e Vila Velha. O ato, segundo a PM informou à Agência Brasil, violava uma decisão judicial de terça-feira 14 que proibia o fechamento de vias de acesso à capital.

TEXTO 2 - O que é terceirização? (outsourcing)
A palavra é feia, mas ainda não inventaram outra melhor para expressar o que ela significa: sistema de aluguel de mão de obra para reduzir os custos das empresas, aumentando a carga de trabalho e diminuindo os salários dos empregados.
Em resumo, é isso. Enquanto todo mundo se distrai com as ações de Levy na economia e Temer na política, a Lava-Jato e os novos rumos dos movimentos pelo impeachment da presidente Dilma, nossos deputados, discretamente, sob o comando do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, estão armando aquilo que o sociólogo Ruy Braga chamou de "maior derrota dos trabalhadores desde o golpe de 1964".
Eu iria um pouco mais longe. Se terminar de ser votada nesta terça-feira, a Lei 4330, que regulamenta a mão de obra terceirizada, significará o enterro da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a grande conquista da Era Vargas, ao garantir os primeiros direitos sociais aos assalariados brasileiros.
Para se ter uma ideia do que está em jogo neste momento, é preciso citar alguns números. Estudos apresentados pelas centrais sindicais, que combatem a nova lei, mostram que os  terceirizados trabalham três horas a mais por dia do que os empregados formais para ganhar, em média, um salário 24% menor.  A diferença vai, é claro, para os bolsos dos empresários, tanto os que alugam como os que contratam mão de obra terceirizada.
Temos hoje no país 35 milhões de empregados formais e 13 milhões de terceirizados. Caso esta lei seja aprovada na Câmara, e depois no Senado, em pouco tempo a relação será certamente invertida porque nenhuma empresa vai querer pagar mais se pode gastar menos com seus funcionários.

TEXTO 3 – A terceirização gera empregos ou torna precárias as relações de trabalho?
Organizações sindicais saíram às ruas em todo o país na última quarta-feira para protestar contra o polêmico projeto de lei que regulamenta a terceirização do trabalho no Brasil.
Em seu texto original, o projeto permite que as empresas terceirizem até suas atividades-fim, aquelas que estão no centro da atuação das companhias. Segundo os sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), sua aprovação promoveria a precarização das relações de trabalho no país.
Já as entidades patronais, como a Fiesp, defendem que a medida poderia gerar milhares de novos postos de trabalho, além de ampliar a segurança jurídica para os 12 milhões de brasileiros que já prestam serviço como terceirizados.
Para Márcio Salvato, coordenador do curso de economia do Ibmec-MG, ampliar as possibilidades de terceirização das atividades das empresas pode ajudar a tornar a economia brasileira mais competitiva, impulsionando a criação de empregos no médio prazo.
"A contratação de terceirizados pode reduzir os encargos sobre a folha de pagamentos e os recursos gastos com a gestão de trabalhadores nas empresas. Além disso, elas podem contratar trabalhadores mais especializados, o que gera ganhos de eficiência", diz ele.
O professor Fernando Peluso, do Insper, por outro lado, é mais cético sobre os efeitos da terceirização sobre a geração de empregos. "Uma empresa que precisa de 1.000 pessoas para produzir vai continuar precisando dessas 1.000 pessoas. Pode haver uma substituição de empregados contratados por terceirizados, mas não vejo por que as empresas contratariam mais - ou menos", diz ele.
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Ele lembra, porém, que as terceirizadas são obrigadas a seguir a CLT e opina que o novo projeto amplia a segurança jurídica dos trabalhadores terceirizados ao regulamentar suas atividades. As empresas que contratam seus serviços, por exemplo, são obrigadas a fiscalizar se os direitos desses funcionários não estão sendo violados.
"O mundo mudou e os direitos dos trabalhadores brasileiros terão de ser repensados", opina Salvato. "Na época em que eles foram criados, tínhamos uma população muito mais jovem e não havia tanta pressão da competição internacional."

TEXTO 4 – Fim de concursos
Os brasileiros passaram a semana protestando contra a terceirização nas ruas e nas redes sociais, com os olhos voltados para a Câmara dos Deputados, onde tramita o Projeto de Lei 4330/04, que libera a precarização em todas as atividades das empresas, aprofundando a incidência de um modelo de gestão que já se comprovou nocivo aos trabalhadores. E, com muita mobilização social, até conseguiram duas vitórias importantes: excluir das empresas públicas dos efeitos nocivos previstos pela matéria e adiar sua votação final para a próxima semana.
Entretanto, foi do Supremo Tribunal Federal (STF) que saiu a decisão que aprofunda o modelo no país, ao extremo de possibilitar o fim do concurso público para as áreas sociais dos governos, como hospitais e universidades, por exemplo. Após 17 anos analisando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelo PT e pelo PDT contra as organizações sociais (OS), a corte máxima decidiu, longe dos holofotes da mídia, que o poder público pode terceirizar seus serviços sociais por meio da contratação dessas figuras jurídicas de natureza privada.
“Não nos parece coincidência que os ministros do STF tenham decidido deliberar sobre esse tema, que tramita na corte desde 1998, logo esta semana, quando a Câmara iria votar se as empresas públicas seriam ou não afetadas pelo PL 4330”, afirma ela, que é professora do Instituto de Saúde da Comunidade da Universidade Federal Fluminense (UFF) e se dedica a pesquisar a privatização da saúde no Brasil.
De acordo com a ela, a decisão permite generalizar para todas as políticas sociais a contratação sem concurso público, através das OS, o que já tem mostrado uma face bastante perversa, como bem o sabem os usuários do SUS.  “As OS operam via contratos de gestão. O setor público faz um contrato com elas e cobra indicadores. Em geral, indicadores de quantidade, nada de qualidade, como já ocorre no SUS, onde as OS, infelizmente, já estão generalizadas”, explica. 
O modelo neoliberal do estado mínimo
A adoção das organizações sociais, à exemplo da privatização clássica e da tercerização, faz parte do receituário neoliberal que visa ao estado mínimo, modelo muito popularizado no Brasil pelo economista e advogado Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda do governo Sarney e ex-ministro da Reforma do Estado do governo Fernando Henrique, quando deu início a sua implantação no país.

TEXTO 5 – Algumas Imagens

               
TEXTO 6 – A TERCEIRIZAÇÃO É POSITIVA
O especialista Luiz Guilherme Migliori, sócio da área trabalhista de importante banca de advocacia paulista, a Veirano Advogados, o projeto de terceirização sob exame na Câmara dos Deputados, não vai promover qualquer tipo de precarização. Ele explicou que "a lei não libera geral, pois, embora possa haver terceirização em todas as áreas, há mais obrigações para a contratante."
Migliori acredita que "a nova lei vai fomentar a abertura de novas empresas prestadoras de serviços, com pessoal mais especializado". E ainda firmou que a lei, aprovada, vai resolver "um problema histórico, que é o conceito de atividade meio e fim", o que deve reduzir as ações trabalhistas.
A advogada trabalhista do Felsberg & Associados, Ana Amélia Camargos, professora da PUC-SP, também avalia o projeto como positivo. "A lei só será aplicada por quem não quer precarizar e vai ajudar a acabar com muita informalidade", diz. Ela acha que haverá mais proteção aos terceirizados.

TEXTO 7 – Do Senado ela não passará! Afirma Renan Calheiros
Antes mesmo do projeto chegar à Casa que preside, o senador se mostrou contrário à sua aprovação; ontem, votação foi adiada na Câmara dos Deputados, que sentiu os efeitos da repercussão negativa da medida
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), falou ao Brasil 247 sobre o PL da terceirização, cuja votação foi adiada na última quarta-feira (15) na Câmara dos Deputados. “Terceirização é uma prática importante para as empresas na gestão de alguns serviços mas não pode substituir completamente as relações trabalhistas regulares. Qualquer projeto que ameace os direitos sociais ou represente retrocesso nas relações de trabalho enfrentará grandes dificuldades no Senado. Aqui não passará”, afirmou.
Após uma intensa semana de mobilização, tanto nas redes como nas ruas, as centrais sindicais e movimentos conseguiram pressionar a Câmara e muitos deputados recuaram de sua posição em relação ao projeto, cujos destaques e emendas deveriam ter sido votados ontem. Essa é considerada a primeira grande derrota de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente da Casa. Antes mesmo da matéria chegar ao senado, seu presidente decidiu rebatê-la, talvez para se afastar do desgaste político que gerou a outros parlamentares.
“Como poderia o PMDB votar uma medida que afeta os direitos sociais tendo sido a força propulsora da Constituinte de 1988, que produziu a Constituição cidadã e seu admirável artigo quinto?”, adicionou Renan, que comentou ainda as medidas de ajuste fiscal implementadas pelo governo. “O que estou dizendo sobre a terceirização segue a mesma lógica do que defendo em relação ao ajuste fiscal.  Ele é necessário, vamos todos nos empenhar mas vamos qualifica-lo. Vale dizer, não deixaremos que, num momento de recessão, o trabalhador e o desempregado sejam os mais penalizados. Vamos suavizar os sacrifícios e o governo que trate de compensar os ganhos fiscais cortando em outras áreas, cortando no custeio.”




Alguns vídeos sobre o assunto








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