domingo, 30 de agosto de 2015

Aula 23/2015 - A polêmica das caçadas

Você provavelmente já ouviu falar da morte de Cecil, um adorado leão do Zimbábue, causada por um dentista americano. Walter Palmer teria pagado US$55 mil dólares para que caçadores atraíssem Cecil para fora da área protegida do Parque Nacional de Hwange e, então, após uma caçada de 40 horas teria matado o animal. De acordo com o NY Times, Walter planejava empalhar a cabeça de Cecil e colocá-la como objeto de decoração em sua casa.
O dentista, alvo de protestos, se defendeu, afirmando que não sabia que matar o leão era ilegal. Mesmo assim, o governo do Zimbábue pediu a extradição do americano, alegando que ele deve ser julgado no país.
O caso, que nós acompanhamos aqui na GALILEU, levantou uma reação em comum em boa parte de nossos leitores: a incredulidade. O que leva alguém a sair do seu país com o objetivo de matar uma criatura como Cecil por esporte? Mesmo que caçá-lo fosse legal (o que, ressaltamos, não é), por que alguém faria isso? Lembramos que o leão não é a primeira criatura morta por Palmer: ele é membro do Safari Club International, uma organização sem fins lucrativos que luta pelos 'direitos dos caçadores'. No site da organização, estão listadas 43 caçadas de Palmer - uma delas inclui a morte de um urso polar. Por que? O que motiva Palmer e seus colegas a gastar tanto dinheiro para matar um animal?
De acordo com a socióloga da Universidade de Windsor, Amy Fitzgerald, a resposta tem a ver com uma demonstração de poder e prestígio. Em 2003, ela e uma colega publicaram uma pesquisa no periódico Visual Studies em que analisaram 792 fotos de caçadores com suas caças publicadas em revistas de caça populares. A maior parte das fotos mostrava o domínio do caçador sobre o animal, normalmente o humano era fotografado sentado sobre os animais ou os segurando, demonstrando a dinâmica de poder envolvida na situação. E, claro, nas imagens o animal estava 'arrumado' - o sangue era limpado e as feridas eram escondidas da visão, para que o bicho parecesse vivo. Então os caçadores são retratados como heróis que dominaram os animais.
Mas é apenas uma mostra de um poder que, na verdade, não existe na questão da caça, na forma física. Na antiguidade, leões eram capturados e soltos em uma pequena área para que reis pudessem matá-los. Mas a caça, em si, havia sido feita por outros homens que não apareciam nos registros. Da mesma forma, especialistas de Zimbábue trouxeram Cecil para fora do parque em que estava protegido e o colocaram em uma área para o abate por um homem capaz de pagar pelo serviço. Quem aparece na foto? Palmer, o homem com o dinheiro e o poder. Ou seja, a caçada continua uma forma com que homens ricos mostram a sua influência.
O antropólogo Michael Gurven, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, estuda tribos de caçadores e coletores na Amazônia e nota a gritante diferença entre o caso de Cecil e as situações em que alguém precisa matar um animal para garantir uma refeição. "Entra a questão do consumo. Estudo pessoas que matam animais porque não tem escolha, para se alimentar. E aí vem alguém e paga US$55 mil dólares pela oportunidade de se colocar em uma situação de risco e matar um leão".
Sim, Palmer pagou para sentir a adrenalina. Mas a parte do consumo certamente falou mais alto. Cecil era um alvo relativamente fácil. Ele era acostumado a andar perto de humanos, então não teria a reação de um leão comum da savana. A adrenalina pode ter vindo do fato de ser uma caça ilegal. Como, afinal, o dentista levaria a carcaça de Cecil para casa, para colocar a sua cabeça em uma parede? Ter a cabeça lá seria um outro sinal de influência, muito além do poder da caça, mas do poder do dinheiro do americano. Ele pagou para ter a foto. Provavelmente estava preparado para pagar mais para demonstrar seu poder ao pendurar a cabeça de um leão na parede.
Caçadores muitas vezes se enganam ou se deixam enganar por pessoas que dizem que o dinheiro investido na caça é revertido para fundos de preservação da natureza. O Science of Us aponta que os caçadores vêem na caça uma forma de se integrar à natureza, uma forma de aproveitar a sua beleza. Mas críticos (e nós) vemos uma forma de ressaltar uma relação de poder por meio do consumo.
FONTE: http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/07/o-que-motiva-alguem-cacar-um-animal-por-esporte.html

MATERIAL DA AULA

TEXTO 1 – TAILÂNDIA DESTRÓI DUAS TONELADAS DE MARFIM CONTRABANDEADO
A Tailândia destruiu, quarta-feira, mais de duas toneladas de marfim, num gesto visto como uma vitória para os grupos de defesa dos direitos dos animais que lutam para a defesa e proteção de espécies protegidas. O marfim destruído foi então levado para um segundo local de onde, depois de misturado com resíduos industriais, foi incinerado para assegurar a sua completa destruição. As autoridades moçambicanas tomaram, em Julho último, a decisão de incineraram mais de 2,4 toneladas de marfim e cornos de rinoceronte, gesto destinado a espelhar a determinação do governo no combate à caça furtiva no país. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), cerca de 30 mil elefantes africanos são caçados e abatidos todos os anos para a retirada do marfim, destinado a fins comerciais.
Na sequência da crescente preocupação mundial com o abate das espécies, coube a Bangkok a responsabilidade de destruir as suas quantidades de marfim, como demonstração de vontade de subscrever a proibição do comércio e distanciar-se do marfim apreendido.“O apoio da Tailândia a auditoria independente antes de destruir de marfim é um passo vital para demonstrar o seu compromisso global visando resolver a questão de marfim ilegal no país e parar o crime contra a fauna bravia”, disse Scanlon, apontando que mais de 44 mil tailandeses registaram mais de 220 toneladas de marfim dentro do prazo em 21 de Abril.
A Tailândia é um destino de topo para o contrabando de marfim africano na Ásia e está sob crescente pressão para acabar com o comércio.

TEXTO 2 – O leão Cecil
A polícia do Zimbabwe está à procura de um dentista norte-americano, do Minnesota, no âmbito da investigação da morte do leão Cecil. As autoridades acreditam que Walter Palmer matou o animal e este pode agora enfrentar a acusação de caça ilegal. A morte de Cecil, um leão que posava para as fotos e que era uma celebridade entre locais e participantes de safaris na região de Hwange, no Zimbabwe, chocou o mundo e chamou a atenção para as caçadas legais.
Embora o leão tenha sido morto fora da zona de reserva, numa caçada organizada por uma entidade autorizada, muitos questionam a legalidade do ato. Grupos conservacionistas do Zimbabwe dizem mesmo que o animal de 13 anos foi atraído para fora do parque nacional para ser abatido. E a administração dos parques nacionais do Zimbabwe já emitiu uma declaração a confirmar que vai acusar os caçadores profissionais e todos os envolvidos.
"Todas as pessoas implicadas neste caso vão ser presentes a tribunal e acusadas de caça ilegal. Nem o caçador profissional nem o proprietário das terras tinham licença ou quota para justificar a morte de um leão e portanto podem ser acusados de caça ilegal", diz o comunicado.
Falta encontrar o caçador responsável, que as autoridades já identificaram como sendo Walter James Palmer, confirmando informações de um grupo conservacionista (Zimbabwe Conservation Task Force) e da associação de operadores de safaris. "Prendemos duas pessoas e agora estamos à procura de Palmer no âmbito do mesmo caso", disse a porta-voz da polícia, Charity Charamba, citada pela Associated Press.

TEXTO 3 – Musa belga da Copa perde contrato de modelo após foto de caça
.. A torcedora belga Axelle Despiegelaere chamou a atenção nas arquibancadas brasileiras durante os jogos da Bélgica na Copa, se tornou um dos rostos famosos do mundial, e voltou para a Bélgica com um contrato de modelo com a marca de cosméticos L'Oréal. Na última semana, a jovem de 17 anos começou a estrelar uma campanha nas mídias sociais da marca, incluindo até um vídeo no qual ela aparece recebendo um tratamento de cabelo. A carreira de modelo da marca, no entanto, acabou em menos de uma semana.
Segundo a imprensa britânica, a L'Oréal teria decidido encerrar o contrato após a repercussão de uma fotografia da belga postada em sua página no Facebook, na qual ela aparece posando com um rifle ao lado de um antílope aparentemente morto.
Segundo o jornal "The Independent'', a foto foi postada no dia 1º de julho, dia do duelo entre Bélgica e Estados Unidos, com a legenda "A caça não é uma questão de vida ou morte. É muito mais importante do que isso".
Em entrevista ao jornal (clique aqui para ler, em inglês), o porta-voz da empresa disse que a marca estava ciente da fotografia, mas não quis comentar sobre o que estava por trás da decisão de rescindir o contrato com Axelle. A L'Oréal fez questão de destacar, porém, que não realiza testes em animais em nenhum lugar do mundo e que também não delega esta tarefa a terceiros.
A empresa se limitou a informar que o contrato com a torcedora musa teria sido concluído com a gravação do vídeo comercial para veiculação na Bélgica.

TEXTO 4 – Japão pretende prosseguir com polêmico programa de caça de baleias.
O Japão tem a intenção de prosseguir com o polêmico programa de caça de baleias, apesar da Comissão Baleeira Internacional (CBI) não ter conseguido determinar se este era “científico” ou não, afirmou o principal negociador japonês, citado pela imprensa.
“Não há nenhuma mudança em nosso programa, que pretende capturar 3.996 pequenas baleias de Minke na Antártica nos próximos 12 anos”, declarou Joji Morishita, o principal negociador japonês na CBI.
“O comitê científico não conseguiu chegar a um consenso sobre o conjunto do programa (de caça da baleia japonês)”, afirma a CBI em um relatório. “Alguns cientistas consideram que as informações adicionais apresentadas pelo Japão eram suficientes para autorizar o programa, outros não”, completa.
O relatório apresenta as conclusões da reunião anual dos 200 especialistas que integram o comitê científico da CBI, que se encontraram durante duas semanas em San Diego, Estados Unidos, entre 22 de maio e 3 de junho.
O Japão teve que desistir da caça às baleias na Antártica na temporada 2014-2015 por culpa de uma ordem da Corte Internacional de Justiça (CIJ), que considerou que os japoneses praticavam a atividade com fins comerciais.
No fim de 2014, o país asiático apresentou à CBI um novo programa de caça de cetáceos com objetivos científicos.
Segundo o novo plano, o Japão pretende reduzir a meta anual de pesca a 333 pequenas baleias, contra as quase 900 que eram caçadas no programa anterior. Tóquio alega que este nível de caça é “necessário” para obter informações sobre a idade da população baleeira e fixar um limite para a pesca, que não coloque em risco a sobrevivência da espécie.

TEXTO 5 – Massacre de golfinhos no Japão provoca polêmica
Faltam cinco anos para as Olimpíadas em Tóquio, e os jogos já estão atraindo mais patrocínio financeiro que os de Beijing em 2008.
Mas da mesma forma que a China enfrentou a desconfortável atenção sobre seu pobre histórico de direitos humanos e poluição, o Japão também está enfrentando a crescente condenação global dos pescadores que realizam a grotesca matança anual de golfinhos, conhecida como a "caça aos golfinhos de Taiji". Esses mamíferos são cercados e mortos no que já foi considerado um banho de sangue, e foi destaque do documentário The Cove. Os golfinhos estão entre os mamíferos mais inteligentes e perceptivos no mundo além dos humanos, algo que zoologistas e especialistas repetidamente dizem.
Os golfinhos são conduzidos para águas rasas e então esfaqueados até a morte ou escolhidos para exibição pública em aquários (U$ 125 mil por golfinho). Especialistas dizem que a prática é uma violação das próprias leis contra crueldade animal do Japão. A guarda costeira japonesa é frequentemente designada a proteger os doze barcos que estão tipicamente envolvidos na matança anual. Os animais então são enviados para locais como o Oriente Médio, Rússia, Coréia do Norte, China e Filipinas.
Mais de 18.000 golfinhos já foram mortos na baía de Taiji desde 2000, dizem os grupos de vigilância. A maioria é esquartejada no local pela carne (U$ 500 por golfinho), apesar da alta concentração de mercúrio encontrada na carne de golfinhos, que pode causar problemas neurológicos como deficiência motora e enxaqueca. Restaurantes ao redor do mundo vendem sashimi de golfinho e baleia, além de sopa de atum e barbatana de tubarão.

TEXTO 6 – Apresentadora mata leão e provoca polêmica
Melissa Bachman, uma apresentadora de televisão norte-americana foi obrigada a «fechar» a sua conta do Facebook e do Twitter no espaço de algumas horas, após publicar uma fotografia sua, junto a um leão que matou durante uma caçada na África do Sul, escreve o jornal britânico «Telegraph».
Descreve-se como «caçadora hardcore» e apresenta um programa relacionado com caça e pesca, intitula-se «Winchester¿s Deadly Passion» e é emitido no Pursuit Channel. Numa viagem à África do Sul, matou um leão e tirou uma fotografia junto ao corpo. Publicou-a no Facebook e no Twitter com a legenda: «Que dia incrível na África do Sul».
Apesar de não ser considerada uma espécie em «perigo de extinção» os leões são classificados como uma espécie vulnerável e a imagem indignou milhares. Na África do Sul já corre uma petição para que Melissa Bachman seja impedida de regressar ao país.
As ameaças recebidas através das redes sociais, foram de tal ordem, que a norte-americana cancelou as suas contas no Facebook e no Twitter. No entanto, mantém a sua página pessoal ativa e, aqui, podem encontrar-se dezenas de fotografias suas junto de animais que caçou. Como, por exemplo, javalis, crocodilos, ursos, veados, entre outros.
Aliás, há algum tempo que Melissa Bachman é alvo de criticas, mas a fotografia com o leão parece ter sido a «gota de água» para os defensores dos direitos dos animais.

TEXTO 7 – Qual a razão de o homem ainda caçar?
Muitas pessoas ainda caçam animais principalmente para ganhar dinheiro com a venda de partes do corpo, como pele, chifres, presas e carne. Só neste ano, 515 rinocerontes foram mortos na África do Sul. O quilo do chifre do bicho chega a custar R$ 120 mil. É transformado em pó e usado como tipo de remédio na Ásia.
As presas de marfim também tornam o elefante alvo comum de caçadores. Custam cerca de R$ 4.000. Já das focas, retiram principalmente a pele (que vira roupas caras), carne e gordura. Os caçadores costumam agir no período em que as fêmeas grávidas saem do mar para ter os filhotes.
No Brasil, é comum a caça de pacas, pois sua carne é considerada saborosa; o quilo chega a valer R$ 270. A capivara e o cateto (tipo de porco-do-mato) também morrem por isso. Há casos em que os animais silvestres – como papagaio, arara e jabuti – são capturados e vendidos ilegalmente para servirem como bichos de estimação. Cerca de 90% desses animais morrem logo após saírem do habitat natural, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).
Seja qual for o motivo, a caça é problema sério, pois coloca em risco a sobrevivência das espécies. Hoje, 627 animais da fauna brasileira estão ameaçados de extinção e podem desaparecer rapidamente se o homem continuar a matá-los. Isso causa desequilíbrio na natureza, pois cada bicho tem sua função no ambiente.
Tudo poderia ser diferente se as pessoas respeitassem a Declaração Universal do Direito dos Animais, aprovada pela Unesco em 15 de outubro de 1978. Diz que matar um animal sem necessidade é crime contra a vida. Defende ainda que toda espécie precisa de cuidado, atenção e proteção, sendo que os selvagens têm direito de viver livre em seu ambiente natural. O documento fala que nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem, como às vezes acontece em apresentações circenses, rodeios e parques. O Dia Mundial do Animal é celebrado em 4 de outubro desde 1930. A data foi escolhida no Congresso de Proteção Animal, realizado na Áustria. Faz homenagem a São Francisco de Assis, santo protetor dos animais.

TEXTO 8 – Algumas imagens
  




"The Cove" (ou A Enseada) mostra um grupo de ativistas ambientalistas que, munidos de equipamentos de filmagem com alta tecnologia e liderados pelo ex-treinador de golfinhos Ric O'Barry, vão até uma enseada em Taijii, no Japão, para registrar a chocante caça aos golfinhos e o cruel abuso desses animais.





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