sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Aula 03/2015 - Xenofobia ou Pobrefobia?


A xenofobia está, mais uma vez, em ascensão no Velho Continente. Em comum, a extrema-direita quer barrar ou expulsar imigrantes e aqueles em busca de asilo.

Os dados mostram um aumento de 34,15% das páginas indicadas como racistas e de 365,46% de conteúdos relacionados à xenofobia. 


TEXTO 1 – O fato
Mais de 300 migrantes que estavam a tentar fazer a travessia da Líbia para Itália morreram esta semana na sequência de naufrágios no Mediterrâneo, ao largo da costa da Líbia, de acordo com os relatos de nove sobreviventes socorridos pela guarda costeira italiana, disseram esta quarta-feira várias organizações internacionais.
O forte aumento do número de migrantes que morrem a tentar cruzar o Mediterrâneo reacendeu críticas à decisão do governo italiano de pôr fim, no ano passado, a uma missão de busca e salvamento de grande escala, conhecida como Mare Nostrum, com o objetivo de reduzir custos. A Mare Nostrum foi substituída por um patrulhamento feito pela União Europeia chamado Triton, com menos navios e numa área muito mais pequena.
Ainda antes destes naufrágios, o ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, confrontado com as críticas aos meios limitados que Itália agora tem no Mediterrâneo para responder a pedidos de socorro, afirmou que mesmo durante a Mare Nostrum centenas de pessoas perderam a vida no mar.

TEXTO 2 – Eu preciso, mas não quero você!
Em menos de três anos, o debate sobre a imigração foi esvaziado do conteúdo social. Depois dessa reviravolta, os estrangeiros e seus descendentes eram o tempo todo lembrados de sua “comunidade”, sua religião, seu risco de acentuar o fosso entre os franceses “autóctones” de um lado, os imigrantes e seus descendentes de outro. Os temas diretamente ligados à imigração (o racismo, as discriminações etc.) eram abordados como problemas culturais, atentando para as origens das pessoas em questão; qualquer que fosse sua causa, todo evento geopolítico, social ou mesmo esportivo que envolvesse uma maioria de atores de origem árabe ou muçulmana revivia invariavelmente o debate sobre o islã, a imigração e o lugar destes últimos na República: Guerra do Golfo, atentados de 11 de setembro de 2001, conflito israelo-palestino, enfrentamentos entre jovens e policiais na periferia, jogadores de futebol de origem argelina se abstendo de cantar a Marselhesa etc.

TEXTO 3 – Grupo PEGIDA
Islamofóbico, xenófobo, eurocêntrico... em meio a discussões de identidade e ao agravamento da crise econômica, o grupo Pegida ganha voz na Alemanha e põe em evidência a ascensão do nacionalismo europeu.
Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente. Esse é o significado de PEGIDA, movimento, que, desde outubro de 2014, tem sacudido a Alemanha com seu discurso nacionalista e eurocêntrico. Como o próprio nome sugere, o Pegida se opõe ao abuso das leis de asilo e à ameaça à cultura alemã e condena, em suas marchas, realizadas regulamente às segundas-feiras, tudo o que considera como islamização.
De acordo com pesquisa publicada em janeiro, 57% dos alemães veem o Islã como uma ameaça, e 61% acreditam que a religião não é compatível com o Ocidente.
Outra consulta promovida pelo instituto de pesquisa Forsa e publicada pela revista Stern em 1º de janeiro mostrou que um em cada oito alemães participaria de uma marcha anti-Islã se ela fosse organizada em sua cidade. Ainda de acordo com a sondagem, 29% dos entrevistados creem que a influência do islamismo sobre a vida alemã é tão forte que justifica as marchas do Pegida - que conta com o apoio de quase um terço da população.

TEXTO 4 – Charges
ATENÇÃO ESSAS IMAGENS NÃO ESTÃO LISTADAS COM O INTUITO DE RIDICULARIZAR O ACONTECIMENTO.
 


TEXTO 5 – Não é somente na Europa
Uma recente onda de casos de xenofobia tem causado grande preocupação no Japão e levou a ONU e pedir que o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe tomasse medidas concretas para lidar com o problema.
As principais vítimas nesse incidentes têm sido comunidades como a de coreanos e chineses, além de outras minorias chamadas de "inimigas do Japão".
Um exemplo dos abusos é um vídeo que se tornou viral e circula pelas redes sociais. Mostra um grupo de homens da extrema-direita com megafones em frente a uma escola sul-coreana em Osaka. Eles insultam os alunos e professores com palavrões, fazem piadas com a cultura do país vizinho e ameaçam de morte os que se atreverem a sair do prédio.
Um relatório do Comitê de Direitos Humanos da ONU encaminhado ao governo japonês, destaca a reação passiva dos policiais em manifestações deste tipo. No Japão, não há uma lei que proíba discursos difamatórios ou ofensivos. Para os opositores, banir os discursos de ódio pode acabar interferindo no direito das pessoas à liberdade de expressão.
Mas o país é signatário da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, que entrou em vigor em 1969, e que reconhece expressões discriminatórias como crime. Pela Convenção, os países seriam obrigados a rejeitar todas as formas de propaganda destinadas a justificar ou promover o ódio racial e a discriminação e tomar ações legais contra eles.
Para o escritor, ativista e pesquisador norte-americano naturalizado japonês Arudou Debito, "(essas atitudes discriminatórias) têm se tornado cada vez mais evidentes, organizadas e consideradas 'normais'".

Texto 6 – Incoerência...

Texto 7 – E no Brasil?


               
Texto 8 – E no Brasil? 2
Uma epidemia, como Albert Camus sabia tão bem, revela toda a doença de uma sociedade. A doença que esteve sempre lá, respirando nas sombras (ou nem tão nas sombras assim), manifesta sua face horrenda. Foi assim no Brasil na semana passada. Era uma suspeita de ebola, fato suficiente, pela letalidade do vírus, para exigir o máximo de seriedade das autoridades de saúde, como aconteceu. Descobrimos, porém, a deformação causada por um vírus que nos consome há muito mais tempo, o da xenofobia. E, como o outro, o “estrangeiro”, a “ameaça”, era africano da Guiné, exacerbada por uma herança escravocrata jamais superada. O racismo no Brasil não é passado, mas vida cotidiana conjugada no presente. A peste não está fora, mas dentro de nós.
Foi ela, a peste dentro de nós, que levou à violação dos direitos mais básicos do homem sobre o qual pesava uma suspeita de ebola. Contrariando a lei e a ética, seu nome foi exposto. Seu rosto foi exposto. O documento em que pedia refúgio foi exposto. Ele não foi tratado como um homem, mas como o rato que traz a peste para essa Oran chamada Brasil. Deste crime, parte da imprensa, se tiver vergonha, se envergonhará.





ALGUNS VÍDEOS







ALGUMAS QUESTÕES
(FONTE: http://exercicios.brasilescola.com/exercicios-geografia/exercicios-sobre-conflitos-Etnicos.htm)

 Questão 1
“Alguns conflitos na Europa tiveram origem vários séculos atrás e relacionam-se ao processo de incorporação de territórios e de grupos étnicos minoritários, como é o caso da dominação inglesa sobre os irlandeses e a espanhola sobre os bascos”.
(Lucci, Elian Alabi; Anselmo Lázaro Branco e Cláudio Mendonça. Território e sociedade no mundo globalizado: Geografia Geral e do Brasil. Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2005 p.390.)
Sobre o tema dos conflitos étnicos nacionais, assinale a alternativa correta:
a) Os povos bascos são marcados pela luta por autonomia da região basca e pelo empreendimento separatista na Espanha, com o objetivo de se criar um País Basco, que tomaria todo o território espanhol.
b) A Irlanda do Norte é uma nação independente da Grã-Bretanha, com quem forma apenas uma integração territorial e econômica.
c) O grupo terrorista basco ETA, apesar de lutar pela criação do País Basco, não conta com o apoio da maioria basca e, desde 2006, anunciou a deposição de suas armas.
d) A luta da Irlanda do Norte por sua independência frente ao território britânico foi marcada por muitos conflitos e, ainda hoje, não existe previsão de pacificação entre as duas partes, com a realização de atentados terroristas praticamente todos os dias.

Questão 2
(UENP) Analise as assertivas abaixo referentes à Caxemira.
I. A Caxemira é uma região disputada tanto pela Índia quanto pelo Paquistão, em virtude de localizarem-se, nessa área, as nascentes dos rios Indo e Ganges, além de outras razões.
II. Índia e Paquistão travaram três guerras desde a independência da Inglaterra, em 1947. Duas delas foram por disputas da Caxemira.
III. A Índia controla 40% da Caxemira; o Paquistão, um terço; a China, o resto.
IV. Os muçulmanos são maioria na região e há 12 anos eles começaram a lutar pelo separatismo, num conflito que já matou mais de 33 mil pessoas. O Paquistão propõe um plebiscito para definir o futuro da área. A Índia prefere a mediação internacional.
Estão corretas:
a) todas as assertivas
b) apenas I e II
c) apenas II e III
d) apenas III e IV
e) apenas I e IV

Questão 3
Explique a origem histórica comum dos principais conflitos separatistas e guerras civis do continente africano.


Questão 4
Dentre os principais conflitos e impasses étnico-territoriais na região do Oriente Médio, um deles se caracteriza pela luta para a criação de um Estado Nacional que abrigaria aquela que é a maior nação sem pátria do mundo. O texto se refere:
a) aos Curdos, que lutam pela criação do Curdistão.
b) aos Turcos, que tiveram seu território perdido desde a dissolução do Império Turco-Otomano.
c) aos povos da Mesopotâmia, que lutam em uma guerra civil sem trégua para a criação de seu território.
d) aos povos bascos, que liderados pelo grupo terrorista ETA buscam a independência de seu território.
e) aos palestinos, que até hoje não possuem seu Estado e território reconhecidos pela comunidade internacional.

Questão 5
(FATEC) “Palavras de ordem, símbolos, propaganda, atos públicos, vandalismo e violência são, atualmente, manifestações de hostilidade frequentes contra estrangeiros na Europa. Os países onde mais intensamente têm ocorrido conflitos são Alemanha, França, Inglaterra, Bélgica e Suíça.”
(MOREIRA, Igor e AURICCHIO, Elizabeth. Construindo o espaço mundial. 3.ª ed. São Paulo: Ática, 2007, p. 37. Adaptado.)
Sobre o fenômeno social enfocado pelo texto, é válido afirmar que se trata de conflitos:
a) civis e militares, relacionados às formas históricas de exploração dos países do chamado Terceiro Mundo.
b) ligados ao nacionalismo, ao racismo e à xenofobia, no contexto globalizado das grandes migrações internacionais.
c) entre imigrantes das diversas nacionalidades que invadem a Europa, atualmente, na disputa por empregos e por melhores condições de vida.
d) culturais, principalmente causados pelo conflito armado entre países católicos e protestantes, mas também, sobretudo, conflitos contra países islâmicos.
e) étnicos e sociais decorrentes das dificuldades de desenvolvimento de países europeus em continuar a sua industrialização nos setores tecnológicos de ponta.

Respostas

Resposta Questão 1
a) Incorreta – O País Basco, caso conquiste sua independência, não ocupará todo o território espanhol, mas a região norte da Espanha e o sul da França.
b) Incorreta – Os norte-irlandeses não formam uma nação independente, seu território pertence atualmente ao Reino Unido.
c) Correta – Em 2006, o grupo terrorista separatista ETA anunciou oficialmente a deposição de suas armas. O grupo, por conta das suas ações terroristas, jamais contou com o apoio da maioria dos povos bascos.
d) Incorreta – Desde o final do século XX que se busca um acordo na região da Irlanda do Norte, a exemplo da autodeterminação do Ulster, em 1993.

Resposta Questão 2
I. Correto – O conflito da Caxemira é caracterizado pela luta entre Índia e Paquistão pela região, por conta dos recursos naturais e pela ampliação territorial.
II. Correto – As duas primeiras Guerras Indo-Paquistanesas ocorreram em 1947 e 1965 e aconteceram na região da Caxemira. Por isso, são chamadas de Primeira e Segunda Guerra da Caxemira.
III – Correto – A Caxemira hoje é dividida entre os três países mencionados e é uma região de grande instabilidade política.
IV – Correto – Os muçulmanos na região lutam pela independência da Caxemira e são duramente reprimidos. Não há consenso sobre a questão entre os países que dominam o território.
Portanto, a questão a ser assinalada é: letra (a) - todas as assertivas.

Resposta Questão 3
Os conflitos separatistas africanos têm sua origem na colonização e partilha do continente que foram realizadas pelas nações imperialistas europeias. Durante essa partilha, que ocorreu no final do século XIX, criaram-se fronteiras “artificiais” que não correspondiam às divisões territoriais étnicas ao longo do continente. Essas fronteiras foram mantidas mesmo após os processos de independência dos Estados africanos, que passaram a ter, em um mesmo território, diferentes nações e etnias, gerando múltiplos conflitos étnicos.

Resposta Questão 4
Letra a: os Curdos formam a maior nação sem pátria do mundo e lutam pela criação de seu país, o Curdistão, que ocuparia parte dos territórios de Turquia, Síria, Azerbaijão, Iraque, Armênia e Irã.

Resposta Questão 5
A xenofobia é a aversão ou intolerância a povos estrangeiros que migram de uma determinada região. Esse fenômeno vem sendo bastante corrente na Europa, por conta da grande quantidade de estrangeiros que migram para esse continente em busca de melhores condições de vida. Conforme ressalta o texto, em alguns países, os casos de xenofobia são mais acentuados.
A questão que contempla esse raciocínio é a letra b.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Aula 02/2015 - Tráfico internacional e soberania nacional


A execução do brasileiro na Indonésia por tráfico de drogas levantou diversos questionamentos e opiniões. 

Será que a Indonésia agiu certo em cumprir a lei do país?

Tal atitude têm tido bons resultados na luta contra as drogas?

TEXTO 1 – O fato
O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi executado na madrugada deste domingo (18) na Indonésia– 15h31 deste sábado (17), pelo horário de Brasília. O método de execução de condenados à pena de morte no país é o fuzilamento.
O instrutor de voo livre havia sido preso em 2004, ao tentar entrar na Indonésia com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta. A droga foi descoberta pelo raio-x, no Aeroporto Internacional de Jacarta. Archer conseguiu fugir do aeroporto, mas duas semanas depois acabou preso novamente.
Além do brasileiro, foram executados na ilha de Nusakambangan, Ang Kiem Soe, um cidadão holandês; Namaona Denis, um residente do Malawi; Daniel Enemuo, nigeriano, e uma cidadã indonésia, Rani Andriani. Outra vietnamita, Tran Thi Bich Hanh, foi executada em Boyolali, na Ilha de Java.
A presidente Dilma Rousseff divulgou nota em que disse estar “consternada e indignada” com a execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira na Indonésia. O embaixador do Brasil em Jacarta, segundo a nota, será chamado para consultas.

TEXTO 2 – Repercussão no Brasil
Segundo a Agência Brasil, em uma conversa por telefone, o presidente indonésio negou o pedido de Dilma (foto) e enfatizou que todos os trâmites jurídicos foram seguidos conforme as leis do país e que o devido processo legal foi garantido não só a Moreira, mas também a outro brasileiro no corredor da morte de lá, Rodrigo Gularte, ambos condenados por tráfico de drogas.  De acordo com as leis da Indonésia, a única forma de uma sentença de morte revertida é se o presidente aceitar o pedido de clemência.
Preso na Indonésia desde 2003, Moreira pode ser o primeiro brasileiro executado por crime no exterior.  A primeira vez que o governo brasileiro pediu clemência para Archer foi em março de 2005, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A presidente reconheceu a gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros e disse respeitar a soberania indonésia e de seu sistema judiciário, mas, como chefe de Estado e como mãe, fazia esse apelo por razões eminentemente humanitárias”, disse nota divulgada à imprensa. Dilma ainda lamentou profundamente a decisão de Widodo e disse que a execução do brasileiro vai gerar comoção no Brasil e terá repercussão negativa para as relações entre os dois países.

TEXTO 3 – Repercussão na Indonésia
Entre os 104 comentários sobre o tema colhidos na página de Facebook da BBC Indonesia (https://www.facebook.com/bbc.indonesia), apenas quatro internautas foram contrários à execução do brasileiro, prevista para este domingo. Na sua maioria, o tom dos internautas foi semelhante ao de Edy Jaya, que disse "é a pena certa para destruidores da nação". Alguns, como o leitor que assina como Ricky Inocance, limitaram-se a dizer coisas como "legal, legal, legal".
"Eu concordo com a execução dos condenados, para que a Indonésia se veja livre do tráfico de drogas", disse Yuni Aza.
"Crimes ligados às drogas arruinaram o país mentalmente. Portanto, antes que o número de vítimas aumente, deveria haver uma forte reação para que isso não ocorra de novo", afirmou Syachrul Rohman.
Para Latief Khan, a execução "é um grande feito realizado pela Indonésia".
Já Muhammad Toquwiem acredita que o país não deve dar ouvido a pedidos de clemência, como o feito pela presidente Dilma Rousseff. "Não perdoe pessoas que destroem gerações. Mate todos os pertencentes a esta quadrilha, antes que o país se torne um ninho do cartel."
Alguns dos internautas posicionaram-se não tão contra a pena capital, mas sim ao fato de ela não ser estendida às autoridades indonésias acusadas de corrupção. "Autoridades corruptas realizam atos mais perigosas do que os que cometem crimes ligados a drogas ou assassinatos. Portanto, era melhor que eles (os políticos corruptos) fossem executados", disse Nata Lia.

TEXTO 4 – Reações nas redes sociais
ATENÇÃO ESSAS IMAGENS NÃO ESTÃO LISTADAS COM O INTUITO DE RIDICULARIZAR O ACONTECIMENTO E SIM ANALISARMOS AS VISÕES EXPOSTAS NAS REDES SOCIAIS POR BRASILEIROS.

  



TEXTO 5 – Soberania Nacional
O governo brasileiro e o da Holanda anunciaram que irão convocar seus embaixadores na Indonésia - o gesto no protocolo diplomático representa uma manifestação de insatisfação com o país que hospeda o embaixador - e se refere ao fuzilamento, no sábado, de Marco Archer Cardoso Moreira e do holandês Ang Kiem Soei.
De acordo com Widodo, "temos de reconhecer os esforços feitos por outros países para salvar seus cidadãos, já que nós fazemos o mesmo. Eu acredito que devamos respeitar uns aos outros no que diz respeito à soberania e à lei nacional de um país".
Tanto a presidente Dilma Rousseff como o governo da Holanda pediram clemência ao líder indonésio, mas os pedidos foram rejeitados. De acordo com o Jakarta Post, Widodo teria "explicado aos dois líderes que as execuções foram uma ordem judicial que o Ministério da Justiça precisava assegurar que seriam implementadas".
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O conhecimento a respeito do conceito de soberania é fundamental para se entender a formação do que se define por Estado. De tamanha importância é o conceito, que Sahid Maluf chega a afirmar que não há estado perfeito sem soberania. Dessa forma, leva-se a concluir que ou o Estado é soberano ou não é. Jamais existirá Estado soberano se não houver supremacia total e absoluta de sua soberania.
Foi a partir do Estado Moderno, com o esplendor da Revolução Francesa, que o conceito de soberania começou a ser concebido e, pouco a pouco, em uma evolução histórica, foi lapidado, chegando tal qual se vislumbra hoje.
No período conhecido pelas gerações contemporâneas como período do Absolutismo, conceituava-se soberania, como um poder supremo, mas um poder exclusivo, inabalável, inquestionável e ilimitado do Monarca. Este poder era ratificado pela promiscuidade com que a igreja afirmava ser a soberania do monarca, uma representação do poder divino, chamado poder temporal. Aos poucos, entretanto, o monarca foi, gradativamente, se tornando independente do poder papal e se tornando realmente absoluto.

Texto 6 – Incoerência...
O presidente da Indonésia,  Joko Widodo, negou o pedido de clemência feito por Dilma Rousseff, e o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, condenado naquele país por tráfico de drogas, deve ser fuzilado no domingo. Rodrigo Muxfeldt, outro brasileiro, deve ter o mesmo destino. O resultado da conversa diz um tanto dos governos do Brasil e da Indonésia.
Comecemos por este. Entre 2013 e 2014, pelo menos 300 terroristas — sim, terroristas deixaram a cadeia. Em 2002, o grupo Jemaah Islamiyah, ramo da Qaeda no Sudeste Asiático, matou 200 pessoas num atentado suicida praticado em Bali. O grupo explodiu duas vezes o hotel JW Marriott em Jacarta, em 2003 e 2009. Pelos menos 830 pessoas ligadas à ação terrorista deixaram a cadeia nos últimos dez anos.
Com mais de 250 milhões de habitantes, a Indonésia é o mais populoso país de maioria muçulmana do mundo (87%) e se transformou num dos focos do jihadismo. Qual é o ponto? O que isso tem a ver com Marco Acher e Rodrigo, que, de fato, praticaram tráfico de droga — o que pode, sim, ser punido com a morte no país?
A resposta é óbvia e vem na forma de uma pergunta: que país põe centenas de terroristas na rua e executa traficantes de drogas estrangeiros, não cedendo ao pedido de clemência de um outro chefe de Estado? Resposta: um país que é clemente com os terroristas.

Texto 7 – E funciona?
Apesar do endurecimento da lei e da imposição de pena de morte para traficantes, não se pode dizer que o uso de drogas está diminuindo. Segundo a agência anti-drogas do país, só entre 2012 e 2014 o consumo aumentou 25%, para 4,5 milhões de usuários de drogas ilegais. “Nos últimos cinco anos, a fabricação doméstica de estimulantes à base de anfetaminas aumentou para atender a demanda crescente por ecstasy”, diz o escritório da ONU sobre Drogas e Crime. As praias de Bali, apinhadas de turistas estrangeiros e policiais corruptos, são um  dos grandes mercados de ecstasy no mundo.
Como no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, a guerra às drogas na Indonésia tem um resultado pequeno e cria uma série de consequências não-intencionais. O cerco da polícia aos traficantes diminui a oferta de drogas, aumentando o preço. O problema é que, como economistas já explicaram há algum tempo,  a demanda por drogas é inelástica: não diminui com o preço. Viciados, por definição, consomem mesmo se o preço aumentar. Por isso é comum se prostituírem e cometerem pequenos roubos para bancar o vício. A morte do brasileiro e outros traficantes neste fim de semana não resolve – e talvez até agrave – o problema de drogas na Indonésia.

Texto 8 – O aliciamento
Até agora sete brasilienses foram presos. O último capturado, o surfista Marco Antônio Gorayeb, 42 anos, chegou sábado a Brasília, transferido de Fernando de Noronha, onde foi preso. Conduzido à Deco, ele não quis prestar depoimento. Se reservou ao direito de falar apenas em juízo. Os delegados que conduzem as investigações preferem não revelar se há outros integrantes sob investigação e nem suas identidades, mas não descartam a possibilidade de decretar a prisão de novos envolvidos no esquema no DF e em outros estados. “Eles fazem parte de uma organização internacional onde os participantes têm várias funções, que eram trocadas para dificultar a ação da polícia. Tudo o que fazem é por meio de fraudes, como a compra de passagens aéreas, adquiridas sempre com cartões clonados. Tem muita gente dando suporte ao tráfico”, explica Miguel Lucena, diretor da Divisão de Comunicação Social da Polícia Civil do DF.
A prisão de Tocci é considerada uma das mais importantes pela polícia não só porque é o líder da ramificação de Brasília. “Ele é o elo de ligação com o chefe do esquema (Dimitrius Papageorgiou) preso na semana passada. Com a prisão dele, vamos poder definir como funcionava a distribuição da droga no país. Tocci certamente tem algo a acrescentar na investigação”, acredita Ronaldo Urbano. “Ele organizava e financiava a exportação e importação da droga”, acrescenta.
Ainda de acordo com Urbano, o publicitário ajudava Dimitrius a enviar cocaína para Holanda, onde era feita a troca por drogas sintéticas, e a recrutar “mulas” – que fazem o transporte. Estes jovens aliciados eram de classe média alta, quase sempre praticantes de esportes radicais, como o surfe. Ao todo, informou o delegado, cerca de 50 pessoas foram presas nos últimos 15 meses no país, alguns componentes com a ajuda das polícias australiana e holandesa.

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