domingo, 29 de novembro de 2015

Aula 30/2015 - 3ª Guerra ou não?!


Material da aula

TEXTO 1 – Fato motivador - O que se sabe sobre incidente do avião russo derrubado pela Turquia
O avião militar derrubada na terça-feira foi o primeiro da Rússia a cair na Síria desde que Moscou iniciou ataques aéreos contra opositores do presidente do país, Bashar al-Assad, em setembro.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que a ação da Turquia foi uma "punhalada pelas costas" e que haverá consequências para a relação entre os dois países.
O que aconteceu?
Tanto a Rússia quanto a Turquia dizem que o avião russo Su-24 foi atingido por caças F-16 da Turquia na área de fronteira entre Turquia e Síria em 24 de novembro. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o avião, que levava dois pilotos, voava a uma altitude de 6 mil metros quando foi atingido por um míssil ar-ar.
O caça caiu em uma região montanhosa dominada pela população turcomena (grupo étnico que vive na região entre Síria, Iraque e Irã desde o século 11).
Por que ele foi derrubado?
Em uma carta ao Conselho de Segurança da ONU, o representante da Turquia, Halit Cevik, disse que duas aeronaves de nacionalidades desconhecidas haviam se aproximado do espaço aéreo turco perto da cidade de Yayladag, na província de Hatay.
As aeronaves foram alertadas 10 vezes em um período de 5 minutos por meio de um canal de emergência e foi solicitado que mudassem de direção, acrescentou ele. Os dois aviões ignoraram os alertas e avançaram 2,19 km e 1,85 km, respectivamente, para dentro do território da Turquia, durante 17 segundos, às 9h24 do horário local.
Turquia diz que agiu em concordância com regras
Mas Putin afirmou que o Su-24 estava em território sírio, a 1 km da fronteira da Síria com a Turquia, quando foi atingido. Ele caiu a 4 km da fronteira, segundo ele. O Ministério da Defesa russo disse que a aeronave havia permanecido nas fronteiras da Síria ao longo da missão. "Análise de monitoramento de dados objetivos definitivamente mostram que não houve qualquer violação do espaço aéreo turco", disse.
Militares americanos disseram que há indicações de que o avião derrubado entrou no espaço aéreo turco por segundos, e que foi avisado para não fazer isso.
O que aconteceu com os pilotos?
Um deles morreu e o outro foi resgatado e passa bem, de acordo com a Rússia. Um terceiro militar, que participava da operação de resgate, também foi morto. De acordo com a Rússia, os dois pilotos conseguiram saltar de paraquedas do avião, mas rebeldes sírios atiraram nos dois quando eles estavam descendo. Um deles foi atingido pelos disparos e morreu. Um vídeo publicado na internet mostra um homem com uniforme militar de voo deitado no chão - morto ou gravemente ferido - cercado por rebeldes. Já o segundo piloto foi resgatado após uma operação de resgate, que durou 12 horas, e foi levado para uma base russa.

TEXTO 2 – Cabo de guerra – TURQUIA à OTAN à RÚSSIA
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, lamentou neste sábado (28) a derrubada de um caça militar russo pela força aérea turca, em um episódio que iniciou uma crise entre os dois países. Erdogan disse que a Turquia está "entristecida" com o incidente e preferia que ele não tivesse ocorrido. A manifestação foi a primeira de preocupação pelo líder turco após um jato F-16 do país derrubar um Sukhoi Su-24 russo o acusando de violação de espaço aéreo.
— Estamos verdadeiramente tristes com esse incidente — disse Erdogan, em um evento correligionários na cidade de Balikesir, no oeste da Turquia. — Gostaríamos que não tivesse acontecido, mas infelizmente aconteceu. Espero que algo semelhante não ocorra novamente.
O presidente turco disse querer evitar que o incidente leve os dois países a uma situação de conflito. Erdogan ainda expressou o desejo de se encontrar com Putin em uma reunião paralela durante a COP 21, a iniciativa da ONU para mudanças climáticas.
A declaração em tom conciliatório representa uma mudança de postura em relação ao discurso anterior de Erdogan, quando fez duras críticas as ações russas na Síria e afirmou não temer utilizar forças militares para impedir o que classificou como violações territoriais.
Já o presidente russo não diminuiu o tom do discurso, e disse estar "totalmente mobilizado" para combater uma possível ameaça turca, ao mesmo tempo em que se recusou a atender ligações de Erdogan.
Putin também ordenou uma restrição de turistas turcos no país, dificultou a entrada de caminhões provenientes do país e prepara possíveis sanções econômicas ao país.

TEXTO 3 – FAÍSCAS DE GUERRA
Os líderes de todos os países devem estar cientes dos potenciais perigos dos jogos de guerra e fazer o que for preciso para impedir a escalada dos conflitos mais perigosos do mundo, considera Robert Farley, um especialista sênior da Universidade de Kentucky.
O primeiro dos conflitos de alto risco é a guerra na Síria, escreve Farley em um artigo para o The National Interest. A propagação do Estado Islâmico é uma das maiores preocupações do mundo, incluindo da Rússia, da França e dos EUA. Mas, mesmo se esses países se juntarem numa coalizão, as tensões internas dentro da aliança poderão aumentar devido a haver planos diferentes sobre o futuro da Síria.
O difícil relacionamento entre a Índia e o Paquistão, capaz de se deteriorar a qualquer momento, é uma outra possível "faísca". Se os grupos radicais apoiados por Islamabad realizarem atentados terroristas na Índia como aqueles que ocorreram em Mumbai em 2008, a paciência de Nova Deli não se manterá por muito tempo. Neste cenário, se o Paquistão sofrer uma grande derrota às mãos da Índia, o uso de armas nucleares táticas poderá ser visto por Islamabad como a única maneira de resolver a situação depois de esta ter escalado, observa Farley.
A terceira razão possível poderia aparecer no mar da China Oriental, onde durante os últimos dois anos a China e o Japão têm vindo a jogar um perigoso jogo político sobre as Ilhas Senkaku/Diaoyu. Ambos os Estados reivindicaram esses territórios e implantaram as suas Forças Armadas nas zonas próximas. Se esse conflito deflagrar, os Estados Unidos, vinculados por um acordo de cooperação e segurança, ficarão do lado do seu aliado de longo prazo, o Japão.
Além disso, a situação no mar da China Meridional continuou a suscitar a preocupação mundial por causa do confronto entre os EUA e unidades navais e aéreas chinesas. A perda de autocontrole por qualquer um dos lados pode resultar em consequências terríveis. Uma guerra entre Pequim e Washington seria uma catástrofe em si, mas o ponto aqui, de acordo com Farley, é que muito provavelmente o Japão e a Índia se intrometeriam na guerra.
E, finalmente, o último ponto da lista de Farley é a crise na Ucrânia. O resultado de toda a situação depende em grande parte em que medida a OTAN está pronta a interferir nos assuntos internos do país, destacou o especialista.
Se a OTAN intervier na Ucrânia, a Rússia será forçada a tomar contramedidas. Além disso, qualquer ataque a qualquer dos países-membros da aliança poderá desencadear uma ofensiva da OTAN.
Farley conclui dizendo que as potências mundiais não conseguem entender como os jogos de guerra são perigosos. A verdade é que, hoje em dia, os líderes dos países mais poderosos devem permanecer vigilantes e mitigar as crises ao redor do mundo, ao invés de as escalar.

TEXTO 4 – COMO SURGEM AS GUERRAS
Somos uma humanidade muito complexa.
Entre nós temos pessoas que por falta de oportunidade ou interesse não acompanham as notícias diárias; outras que acompanham mas não lêem as entrelinhas das notícias nem o que deveria ter sido dito e não foi; outras que sabem de tudo porque estão nos bastidores do teatro da política mas não dizem nada. Neste último caso, para nós, cidadãos comuns, é como estar sendo representada uma peça no teatro e não termos bilhetes para entrar. Por outro lado, e da mesma forma, nas oficinas bélicas constroem-se e projetam-se equipamentos, ferramentas, das quais não temos a mínima notícia, e quando aparecem num cenário de guerra nos admiramos dos enormes progressos.
Vivemos num mundo sempre atrasado em relação às invenções, inovações, e principalmente em relação à política. “Experts” formados em ciências políticas normalmente discutem sobre os fatos consumados e quando fazem previsões estão normalmente longe da realidade. Da mesma forma os futurólogos, principalmente os de desenhos animados, que sempre vêm o progresso num futuro muito perto no tempo.
Há quem não veja porque não pode, porque não quer, porque não se interessa, ou vêm e “deixam pra lá”. Outros estão interessados, participam dos preparativos e os cidadãos nem sabem. É o que chamam de "segredos de Estado". Quando nos damos conta, nosso governo invadiu outro país - dizendo que nos representam - e estamos em guerra mesmo sem concordarmos. Dizem que é para o bem da nação. Imaginem se não fosse ...
Para começar pelos sinais de início de guerras, começaremos por:
GUERRA DOS 30 ANOS
GUERRAS NAPOLEÔNICAS
1ª GUERRA MUNDIAL
2ª GUERRA MUNDIAL

TEXTO 6 – 10 Guerras mais bizarras da História
10 – Guerra da barba
O rei Luís VII, era dono de uma vultuosa barba. Ele era casado com Leanor, filha de um duque francês, e havia recebido como dote duas províncias no sul do país. Certo dia, ao voltar das Cruzadas, no ano de 1152, o rei Luís VII decidiu raspar sua barba, fato que não agradou nada sua esposa Leanor. A esposa tentou argumentar, mas o rei Luís VII se recusou a deixar a barba crescer novamente. Diante dessa resistência do rei, Leanor resolveu se divorciar e, em seguida, ela se casou novamente, dessa vez com o rei Henrique II, da Inglaterra. Leanor e seu novo marido Henrique II passaram a exigir de Luís VII a devolução das terras que ele havia recebido como dote, mas o rei da França se negou a devolver as duas províncias.
Diante dessa situação, Luís VII declarou guerra ao rival britânico.
Duração da guerra: menos de um ano
Consequências: nenhuma
9 – A guerra do barril de carvalho
Essa começou em 1325, na Itália, quando uma rivalidade entre os estados independentes de Modena e Bologna foi a loucura por uma coisa um tanto inusitada: um barril de carvalho. O problema começou quando uma tropa de soldados de Modena entrou em Bologna e roubou um grande barril de carvalho. Para garantir o orgulho e o barril, a cidade declarou guerra contra a outra.
Duração da guerra: 12 anos
Consequências: desconhecidas
8 – A guerra do futebol
Algumas guerras começam com um ataque surpresa, outras com um massacre, mas essa foi com um jogo de futebol entre El Salvador e Honduras, em 1969. O primeiro perdeu o jogo e as tensões subiram, até que em 14 de junho o exército do país fez um ataque em Honduras. Surpresos pela violência súbita, a Otan organizou um cessar fogo efetivo no dia 20 de junho, apenas 100 horas após os primeiros tiros. Bem que dizem que futebol é coisa séria.
Duração da guerra: 4 dias
Consequências: 3 mil mortos
7 – A guerra do cão perdido
Em 1925, a Grécia e a Bulgária não eram amigas. Elas já haviam lutado uma contra a outra na Primeira Guerra Mundial e as feridas não estavam fechadas. Tensões estavam sempre em alta na fronteira, especialmente na área chamada de Petrich.
O ponto máximo ocorreu em 22 de outubro de 1925, quando um soldado grego correu atrás do seu cachorro fugido e foi morto por um tiro de um patrulha búlgara. A Grécia clamou por retaliação e invadiu Petrich no dia seguinte.
A área foi dominada em pouco tempo, mas as Forças Aliadas entraram no jogo e obrigaram a Grécia a sair da região e ainda pagar indenizações para a Bulgária. Dez dias depois eles foram embora, e pagaram 120 mil reais para o inimigo.
Duração da guerra: 10 dias
Consequências: 52 mortos
6 – A guerra do porco
Outra guerra entre americanos e ingleses. A guerra do porco começou quando um membro da infantaria britânica atirou em um porco que andava no território americano. A milícia local respondeu se concentrando na fronteira e aguardado o movimento inglês.
Eventualmente, o exército da Inglaterra pediu desculpas e a iminência de guerra cessou.
Duração da guerra: 4 meses
Consequências: um porco




domingo, 22 de novembro de 2015

Aula 29/2015 - Em meio às tragédias, heróis




Definir um herói não é tarefa das mais fáceis. Os dicionários trazem uma dezena de significados. Entre eles, está o da figura notável por sua coragem, feitos incríveis, generosidade e altruísmo. Por esse motivo, ganha admiração e atenção.
A emoção é a força que nos conduz quando temos essas intuições, o resultado é que quando se veem em situação de crise, essas pessoas são tomadas pelo "reflexo rápido", não deixando lugar para a dúvida, todos nós podemos aprender com os gestos de generosidade desses heróis. Se você tiver o hábito de ser generoso, isso vai se tornar o seu modo de funcionamento padrão e há mais chances de você agir dessa maneira em outros contextos, é como cultivar o hábito da virtude.
Quando nos deparamos com o terrorismo, é natural adotar uma visão mais sombria da humanidade, com o medo e a suspeita dominando nossos pensamentos.

Mas histórias como as de Boumbas e Termos nos recordam que o altruísmo e o heroísmo também podem se tornar instintivos – algo que não pode ser suprimido nem mesmo nas circunstâncias mais horrendas.

Material da aula


TEXTO 1 – Fato motivador
Na última sexta-feira, Ludovico Boumbas comemorava o aniversário de um amigo em um tranquilo jantar quando atiradores abriram fogo contra o restaurante onde ele estava, o Belle Equipe, em Paris. Ele podia ter se jogado ao chão como fizeram outras pessoas, mas ao ver um dos homens disparar contra uma mulher a seu lado, outro instinto tomou conta. Segundo seus amigos, Boumbas se jogou na frente da desconhecida, salvando a vida dela, mas acabando com a sua própria.
No dia anterior, a milhares de quilômetros de distância, em Beirute, no Líbano, Adel Termos deu uma demonstração de coragem altruísta semelhante. Ao ver um homem com um colete explosivo se aproximando de uma multidão, ele o derrubou no chão. Isso detonou a bomba, matando-o - mas, sem dúvida, salvando várias outras vidas.
Por que será que algumas pessoas agem dessa maneira? O psicólogo David Rand, do Laboratório de Cooperação Humana da Universidade de Yale, analisou vários exemplos semelhantes de heroísmo entre cidadãos comuns para tentar entender a lógica por trás desses atos de generosidade.
Os primeiros estudos de Rand examinavam uma questão mais básica: será que somos naturalmente predispostos a sermos egoístas ou altruístas?
Seus experimentos demonstraram que quanto menos tempo os voluntários tinham para tomar decisões em situações-limite, mais eles agiam pensando primeiro nos outros. Ele fez os participantes jogarem por dinheiro, por exemplo, e percebeu que eles tinham mais chances de dividir seus ganhos com outros jogadores se fossem pressionados contra o relógio.
Segundo Rand, as experiências mostraram que, em média, as pessoas são naturalmente predispostas a cooperar e serem gentis. “Esse é o nosso comportamento-padrão”, afirma. Isso não quer dizer que esse comportamento não tenha seus benefícios a longo prazo. As pessoas que são mais cooperativas têm mais chances de conseguir uma recompensa no futuro e, talvez, isso signifique que todos nós sabemos que ser legal compensa.
Mas a ideia de que o ser humano é naturalmente e instintivamente generoso ainda é algo mais otimista do que a ideia de que nossos desejos egoístas são suprimidos por uma mente racional.

TEXTO 2 – Um pouco do passado - LISTA DE MATTOS
Padeiro ‘fabricava’ cartas de alforria falsas. As mãos que davam forma ao pão de seis onças, o mais comum nas padarias do Império, eram as mesmas que alimentavam o sonho da liberdade de muitos negros na cidade paulista de Santos, na segunda metade do século XIX. O padeiro João de Mattos, que todas as madrugadas dividia a arte de fazer pão com negros escravos, à noite trocava de ofício. Ele imprimia cartas de alforria falsas, a serem entregues a escravos fugidos. De posse do documento, os negros tornavam-se libertos.
João de Mattos priorizava em sua lista negros que trabalhavam em padarias. O movimento criado pelo padeiro rompeu os limites de Santos e chegou a São Paulo e Rio de Janeiro. A saída para liberdade criada por Mattos também tinha um viés trabalhista. Para ele, enquanto existissem escravos não haveria respeito ao trabalhador e, muito menos, melhores condições de trabalho.

TEXTO 3 – Tão antigo quanto a própria humanidade
 Os tradutores do código navajo foram chave para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Não conhecemos todos os seus nomes, de fato, no ano de 2014, faleceu o último desses valentes soldados navajos recrutados em 1942 pela Marinha norte-americana, com o fim de criar um código secreto. Uma linguagem indecifrável para, os então, inimigos japoneses.
O importante papel dos índios navajos na Segunda Guerra Mundial
O código navajo foi um segredo de Estado, até que em 1968, os Estados Unidos desclassificou a informação. Foi então quando alguns nomes se tornaram conhecidos, como o de Chester Nez. Esses jovens índios navajos deixaram as belas terras do Arizona e Novo México para serem recrutados em uma importante missão.
Como já se sabe, o papel dos EUA durante a Segunda Guerra mundial esteve em um discreto segundo plano até que em 1941, o Japão, atacou a frota dos americana em Pearl Harbor, Havaí. Aquilo ultrapassou os limites e acendeu a chama do patriotismo americano, fazendo a nação tomar parte definitivamente daquela guerra.
Os norte-americanos começaram atacando as ilhas do Oceano Pacífico ocupadas pelos japoneses. Mas havia um problema, os japoneses não eram ingênuos e sabiam perfeitamente interceptar suas mensagens e saber de antemão onde iam atacar. Não importava que criptografia utilizassem, os japoneses decifravam todas. Até que um dia, deixaram de fazê-lo. O que estava acontecendo? Da noite para o dia, os americanos estavam trabalhando em um código completamente desconhecido.
Eles não sabiam, mas as mensagens que recebiam estavam redigidas em uma língua chamada Diné Bizaad: o idioma dos índios navajos. O artificio foi obra de Philip Johnston, um jovem branco criado em uma reserva de índios navajos, que teve a ideia e quem a sugeriu ao comando da marinha. Sabiam que era uma vantagem enorme em frente ao inimigo japonês, já que era quase impossível que algum japonês soubesse falar navajo. Não haviam livros sobre essa língua e eram poucos os homens brancos que dominavam com perfeição.
Os japoneses, jamais conseguiram decifrar uma palavra. Não foi até 1968, quando descobriram que aquela era uma língua de uma tribo nativa americana. Uma língua chamada Diné Bizaad. Em 2002, homenagearam esses heróis anônimos com um filme  protagonizado por Nicolas Cage: Windtalkers.

TEXTO 4 – Como definir um herói?
Definir um herói não é tarefa das mais fáceis. Os dicionários trazem uma dezena de significados. Entre eles, está o da figura notável por sua coragem, feitos incríveis, generosidade e altruísmo. Por esse motivo, ganha admiração e atenção.
Já ao apresentar uma história fica mais fácil definir o herói. Em casos de tragédias, como a provocada pela chuva na região serrana do Rio, em janeiro, e o ataque aos estudantes de Realengo, em abril, quem evitou mais mortes ganha o título. Em outros casos, a admiração em 2011 foi conquistada com campanhas que fizeram parte da sociedade mudar a forma de pensar. Caso dos amigos do administrador Vitor Gurman, que não deixaram a morte em um acidente de carro causado por uma pessoa embriagada ficar impune.
Com 18 anos de profissão, o PM Márcio Alexandre Alves, de 38, participava de uma rotineira blitz de trânsito, em Realengo, na zona oeste do Rio, em 7 de abril, quando ouviu o pedido de socorro de dois alunos ensanguentados em fuga. Correu até a Escola Tasso da Silveira, em meio aos sons de gritos e tiros. Ficou diante do atirador Wellington Menezes e baleou o assassino, que depois se matou. Hoje, segue sua rotina no Batalhão de Polícia Rodoviária ­ onde foi promovido a segundo­sargento.
Com uma corda nas mãos, dois jovens de São José do Vale do Rio Preto (RJ) salvaram a vida de uma senhora durante a tragédia da região serrana, no início do ano. Daniel Lopes Cavalcanti e Gilberto Branco Faraco, primos, refugiaram­se no telhado do prédio onde moravam.
Do alto, viram a mulher a ponto de ser levada pela força das águas. "Não tínhamos muito ideia de como fazer, fomos no susto", disse Daniel. Eles encontraram duas cordas e as jogaram. A primeira se perdeu na enxurrada. A outra caiu perto da mulher, que conseguiu se segurar. Segundos depois, ela estava com eles no telhado, em segurança. "Três dias depois, fomos saber que as imagens estavam rodando o Brasil", disse Gilberto.

TEXTO 5 – Algumas imagens




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TEXTO 6 – Ação de heróis impede tragédia em São Paulo
Metrô de São Paulo, 9h50 desta quarta­feira (08/10/2014). O trem para, de repente, entre as estações Santana e Carandiru. As luzes se apagam, e o ar­condicionado é desligado. Um, dois, três minutos se passam, até que uma mulher bem vestida e com aparentes 40 anos de idade passa correndo pela chamada passarela de emergência, um corredor estreito que fica entre os trilhos e a grade de proteção – nesse trecho da linha azul do metrô, os trens circulam em um elevado, passando por cima de uma avenida que liga a zona norte ao centro da cidade.
Jaqueta marrom, botas pretas e bolsa e sacola plástica na mão, a mulher para de correr e se volta para a grade. Agora está sob o olhar dos passageiros do trem parado, onde está a reportagem da Folha, e de pedestres e motoristas, lá embaixo, na avenida.
Um desses pedestres é o mineiro Altamiro de Souza, 52, motorista desempregado e que caminhava pela avenida Cruzeiro do Sul.
"Eu vi que ela estava correndo lá em cima, e comecei a gritar pra voltar. Quando ela parou e olhou pra baixo, corri pro meio da avenida e parei o trânsito", afirma o motorista desempregado, natural de Teófilo Otoni.
"Não pula, não pula, Jesus te ama", gritava Souza.
A mulher, desorientada, desce da passarela e agora já anda em cima dos trilhos, devidamente desligados (ou desenergizados).
No vagão em que está a reportagem, uma senhora de aproximadamente 60 anos começa a chorar: "Meu Deus, o que será que está passando pela cabeça dessa mulher".
Um outro passageiro parece preocupado com o horário: "Esse tipo de encosto é que atrasa a nossa vida".
A mulher começa a correr de volta para a estação Carandiru assim que percebe a aproximação, pelos trilhos, de um grupo de seguranças a partir de Santana. Um deles é o paulistano José Bezerra, 58, há pouco mais de três décadas nesse mesmo serviço no metrô.
De uniforme preto e debaixo do forte sol da manhã, ele enfim se aproxima. O temor é que ela se jogue lá de cima a qualquer momento. E, na cabeça dele, passa um filme de 15 anos atrás, quando atuava na antiga estação Ponte Pequena (hoje Armênia) e salvou uma mulher que acabara de se jogar no rio Tamanduateí. A mulher, agora, já está do lado de fora da grade. Pode cair a qualquer momento. Fica lá poucos segundos, até voltar para uma área segura. "Quando me aproximei da mulher, usei toda a minha experiência. Quando ela abaixou a cabeça [e voltou para uma área segura], dei o bote e a segurei", disse, emocionado e ainda bastante suado, enquanto era atendido pelo serviço médico do metrô por causa do ferimento na canela causado na hora do bote.
"Isso aqui [machucado] não é nada. Estou feliz, é uma vida salva." Já com a canela enfaixada, ainda numa salinha da estação Carandiru, Bezerra
recebe um forte abraço do mineiro Souza, aquele que quase perdeu a voz para que a mulher não se jogasse no meio da avenida.

domingo, 15 de novembro de 2015

Aula 28/2015 - Mariana, negligência, tragédia e descaso.

Até quando!



Material da aula
TEXTO 1 – Rompimento de barragem
O rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco, cujos donos são a Vale a anglo-australiana BHP, causou uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, na tarde desta quinta-feira (5).
O Corpo de Bombeiros de Ouro Preto, que tem equipes no local, confirmou uma morte e 15 desaparecidos até o momento. A vítima seria um homem que teve um mal súbito quando houve o rompimento. A identidade dele ainda não foi divulgada.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Ferro e Metais Básicos de Mariana (Metabase), Valério Vieira dos Santos, afirma que entre 15 e 16 pessoas teriam morrido e 45 estão desaparecidas, mas ainda não há números oficiais de vítimas.
Um dos sobreviventes da tragédia, Andrew Oliveira, que trabalha como sinaleiro na empresa Integral, uma terceirizada da Samarco, disse que, na hora do almoço, houve “um abalo”, mas os empregados continuaram trabalhando normalmente.
"Começou a praticamente ter um terremoto", disse sobre o momento que as barragens se romperam.

TEXTO 2 – 5 perguntas
O que causou o rompimento?
A Samarco disse ter registrado dois pequenos tremores na área duas horas antes do rompimento, por volta das 16h20 de quinta-feira, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Mariana. Não se sabe o que teria causado estes tremores - se seriam abalos sísmicos ou a força do próprio rompimento.
A lama pode ser tóxica?
Sabe-se que as barragens continham água e rejeitos empregados na mineração, que podem conter altos níveis de alumínio, ferro, manganês, entre outros elementos. Técnicos estão fazendo análises para checar se há possibilidade de contaminação.
No entanto, a maioria deste material é considerada de baixo potencial poluidor, segundo artigo da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.
Há risco de novos rompimentos?
Estradas foram interrompidas e acesso a áreas é realizado apenas por helicópteros
O Corpo de Bombeiros está monitorando uma terceira barragem para verificar o risco de rompimento.
Não é a primeira vez que barragens se rompem em Minas Gerais. Em 2014, um acidente em Itabirito, a cerca de 60 km de Belo Horizonte, deixou três trabalhadores mortos.
Quantas pessoas podem ter sido afetadas?
Distrito de Bento Rodrigues, a cerca de 2km do acidente, foi o mais afetado
O distrito de Bento Rodrigues tem cerca de 600 moradores. Outros vilarejos foram atingidos pela lama, mas seus habitantes foram alertados a tempo e muitos puderam buscar abrigo.
Por que informações de vítimas são conflitantes?
Sobreviventes foram socorridos na quinta-feira à noite, mas teme-se que haja mais feridos e soterrados
A incerteza se deve em parte ao acesso restrito ao distrito de Bento Rodrigues, realizado apenas por helicóptero. Imagens aéreas de TV mostraram casas completamente destruídas e soterradas por lama.

TEXTO 3 – O que sabemos sobre
A semana que se encerra ficou marcada pelo desmoronamento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco nesta quinta-feira (5) no distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais. Mesmo com incessantes trabalhos de busca no município de Mariana, ainda não se sabe ao certo quais as causas, o número de mortos e de desaparecidos na tragédia.
O que há de confirmado é uma morte e 500 moradores de áreas afetadas resgatados pelo Corpo de Bombeiros. Abalos sísmicos foram registrados na região, mas não foram confirmados como causa. Outra possibilidade é erro humano, já que a barragem passava por uma obra para aumentar a capacidade de uma das represas no momento do rompimento.
Até o final desta sexta-feira (6), 13 funcionários da Samarco estavam desaparecidos. Os Bombeiros chegaram a declarar que os desaparecidos no incidente poderiam ser dados como mortos.
As barragens tinham as certificações legais e garantias de estabilidade. De acordo com Ricardo Vescovi, presidente da empresa, foram vistoriadas por autoridades ambientais em julho de 2015 e os laudos foram emitidos em setembro.
O desmoronamento liberou 62 milhões de metros cúbicos de água e rejeitos de mineração. Santarém tinha 7 milhões de metros cúbicos, o total da capacidade. Fundão tinha 55 dos 60 milhões de metros cúbicos da capacidade total. Uma terceira está sendo investigada quanto a riscos de novo desmoronamento.

TEXTO 4 – Acidente ou crime?
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse em entrevista à BBC Brasil que é precipitado no momento fazer avaliações sobre qual a responsabilidade da mineradora Samarco no rompimento de duas de suas barragens na região central de Minas Gerais, acontecimento que provocou uma enxurrada devastadora de lama sobre o município de Mariana.
Questionado a respeito da avaliação do governo sobre o rompimento das barragens ser acidente ou crime ambiental, Braga disse que "agora qualquer informação é prematura com relação ao episódio, a não ser o fato de lamentarmos profundamente o episódio pela magnitude, (pela) forma como aconteceu".
Ainda segundo o Estado de Minas , o Ministério Público analisa quatro hipóteses:
o cumprimento das condicionantes de licenciamento da Samarco;
a explosão de uma mina da Vale próximo ao local;
o possível abalo sísmico; e
se as obras de alteamento (elevação) da barragem causaram o rompimento
Impactos da mineração
A tragédia de Mariana chama atenção para os riscos e impactos da exploração de minério. Há três anos, está em debate no Congresso Nacional o novo Código de Mineração, que deve reciclar as regras do setor.
O projeto de lei foi enviado em junho de 2013 pelo governo federal em regime de urgência, mas a discussão acabou se arrastando até hoje.
Doações de mineradoras
Os movimentos críticos ao setor, porém, dizem que as mineradoras têm maior poder de influência sobre os parlamentares devido às doações que fazem para suas campanhas.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase),vários deputados da Comissão Especial que analisa o código receberam doações de mineradoras, entre eles Quintão (PMDM-MG), e o presidente da comissão, Gabriel Guimarães (PT-MG).
Em entrevista à BBC Brasil, Quintão disse que as doações que recebeu são legais e que o código de mineração não afeta uma empresa específica, mas várias. O deputado disse ainda que foi "inocentado" no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Câmara – onde o então presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB) arquivou uma representação contra ele em 2014.
Royalties
Como argumento para sustentar que não estaria favorecendo as mineradoras, Quintão afirma que manteve no seu relatório a elevação da cobrança de royalties (um tipo de tributo) sobre a produção mineral proposta pelo governo. No caso do minério de ferro, a alíquota passaria do atual patamar de 2% para 4%.
Os royalties são vistos como uma importante fonte de compensação para reduzir impactos da atividade e permitir que as cidades afetadas invistam no desenvolvimento de outras atividades econômicas, reduzindo a dependência da mineração.

TEXTO 5 – Algumas imagens






TEXTO 6 – Dano irreversível
A avalanche de rejeitos gerada em Minas Gerais pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, controlada pela Vale e a australiana BPH, causou danos ambientais imensuráveis e irreversíveis. Apesar da lama não ter um teor tóxico, ela pavimentou os mais de 500 km por onde passou devastando, com impacto ainda difícil de calcular completamente para grande parte do ecossistema da região. “Podemos dizer que 80% do que foi danificado lá é perda, não há como pensar em um plano de recuperação ambiental”, explica Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão. O projeto ambiental, da Universidade Federal de Minas Gerais, monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas e trabalha com a revitalização dos principais rios mineiros.
Pergunta. Qual a dimensão do estrago ambiental causado pelo rompimento das barragens?
Resposta. É de uma magnitude que eu diria imensurável a princípio. Há várias situações. A extensão do dano é tal que estamos com a lama chegando na foz do Rio Doce, no Estado do Espírito Santo, a mais de 500 km do local do rompimento da barragem. A avalanche de lama rompeu e despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Apesar dessa lama não ter aparentemente uma composição tóxica do ponto de vista químico, a densidade por si é altamente impactante, porque ela foi fazendo um tsunami de rejeitos que por todos os lugares em que passou devastou, matou e impactou. Uma mesma onda produziu três efeitos. Ela devastou, já que arrebentou tudo que viu pela frente, ela impactou porque se consolidou, não foi passageira, se espalhou ao longo de todo esse trajeto. Ela praticamente produziu os três efeitos simultaneamente.
P. E como fica o ecossistema?
R. A onda foi pavimentando o trajeto, porque aquilo é uma massa com certa densidade, não é essa lama de enchente que é mais rala, ela tem densidade e uma liga, dessa forma foi pavimentando onde passou. Ela ocupou tanto o leito do curso d’água como as margens. Dependendo da região, chegou a uma faixa de 50 a 100 metros para além da borda do rio. As comunidades que estavam no caminho perderam todas as suas propriedades, perderam seu meio de vida, porque tinham pequenos agricultores que tiveram as fazendas devastadas, sem contar todo o prejuízo do ecossistema que substituído. Imagina que o ecossistema aquático foi totalmente ocupado por esse material de rejeitos.
P. E qual situação dos rios da região?
R. Essa tsunami toda chegou rapidamente aos rios. A lama saiu de um afluente, que era o Guaxalu , passou para o Rio do Carmo e atingiu o Doce que é o rio principal, que configura a bacia. Então foi descendo rio abaixo, trazendo outros efeitos, matando todos os peixes já que a densidade da lama retirou o oxigênio da água. Há cenas chocantes de peixes pulando para fora da água. Um quadro absolutamente tétrico, horrível, inimaginável. O rio Doce tinha uma biodiversidade bem diversificada, cerca de 80 espécies diferentes. Todos os sistemas se interligam, tem espécie no fundo do rio outro debaixo de pedra, isso foi tudo alterado, são danos imensuráveis, porque o que perdeu em cada metro que a onda passou é absurdo, você perdeu e terá um reflexo na qualidade e quantidade da diversidade aquática que sobreviveu.
P. Há uma previsão de recuperação do rio Doce?
R. No caso do rio Doce, como ele é maior, como tem outros afluentes, isso ajuda na recuperação. Acho que em 10 anos talvez ele consiga ter um padrão melhor, mas mesmo assim, dada a dimensão, ainda é uma estimativa que não vai ter como medir.
P. E as comunidades ribeirinhas qual a extensão do dano?
R. Todas as comunidades também ao longo do curso da água tiveram seu abastecimento comprometidos. Quanto mais próximo do rompimento, maior o comprometimento. Essas comunidades vão ficar sem água potável por um tempo que a gente ainda não dá para calcular. Como a intensidade foi diminuindo ao longo do percurso, existe uma tendência que o rio Doce em alguns pontos melhore essa qualidade de uma forma mais rápida. Talvez no prazo de uma semana a água possa ser tratada e distribuída para a população. Mas, em compensação, esse material foi todo sedimentando ao longo do rio. E essa situação pode piorar no próximo período das chuvas, já que grande parte do material que foi despejado pela lama de resíduos vai ser levado para dentro do rio, contribuindo de uma forma absolutamente incalculável para o assoreamento do rio Doce, de importância nacional que esse ano já teve dificuldade para conseguir chegar até a foz nesse época de seca.
P. Ou seja a chuva criaria uma nova enxurrada de lama?
R. Sim, pois a chuva vai lavar tudo que está pavimentado. Dessa forma, o monitoramento das águas do rio Doce terão que ser muito frequentes para garantir a qualidade da água e a saúde das pessoas que moram no entorno da região.
P. Há alguma possibilidade de retirar essa lama concretada antes do período chuvoso?
R. Sem chance. Imagina tirar 62 milhões de metros cúbicos de resíduos que se espalharam numa distância de mais de 100 km? Não há como retirar esse material, nem para onde levar. Como isso foi feito ao longo do rio, há lugares que você nem tem acesso. A realidade é que tivemos danos ambientais irreparáveis. Quem vê dá televisão não tem dimensão da real situação do que foi essa situação. Esses danos são irreversíveis. Podemos dizer que 80% do que foi danificado lá é perda, não há como pensar em um plano de recuperação ambiental. Não existe. Esse acidente vai ficar para sempre na história de Minas, será sempre uma cicatriz da questão ambiental do Estado e um alerta para que realmente a gente faça uma gestão ambiental comprometida com a vida e com o meio ambiente.