domingo, 22 de novembro de 2015

Aula 29/2015 - Em meio às tragédias, heróis




Definir um herói não é tarefa das mais fáceis. Os dicionários trazem uma dezena de significados. Entre eles, está o da figura notável por sua coragem, feitos incríveis, generosidade e altruísmo. Por esse motivo, ganha admiração e atenção.
A emoção é a força que nos conduz quando temos essas intuições, o resultado é que quando se veem em situação de crise, essas pessoas são tomadas pelo "reflexo rápido", não deixando lugar para a dúvida, todos nós podemos aprender com os gestos de generosidade desses heróis. Se você tiver o hábito de ser generoso, isso vai se tornar o seu modo de funcionamento padrão e há mais chances de você agir dessa maneira em outros contextos, é como cultivar o hábito da virtude.
Quando nos deparamos com o terrorismo, é natural adotar uma visão mais sombria da humanidade, com o medo e a suspeita dominando nossos pensamentos.

Mas histórias como as de Boumbas e Termos nos recordam que o altruísmo e o heroísmo também podem se tornar instintivos – algo que não pode ser suprimido nem mesmo nas circunstâncias mais horrendas.

Material da aula


TEXTO 1 – Fato motivador
Na última sexta-feira, Ludovico Boumbas comemorava o aniversário de um amigo em um tranquilo jantar quando atiradores abriram fogo contra o restaurante onde ele estava, o Belle Equipe, em Paris. Ele podia ter se jogado ao chão como fizeram outras pessoas, mas ao ver um dos homens disparar contra uma mulher a seu lado, outro instinto tomou conta. Segundo seus amigos, Boumbas se jogou na frente da desconhecida, salvando a vida dela, mas acabando com a sua própria.
No dia anterior, a milhares de quilômetros de distância, em Beirute, no Líbano, Adel Termos deu uma demonstração de coragem altruísta semelhante. Ao ver um homem com um colete explosivo se aproximando de uma multidão, ele o derrubou no chão. Isso detonou a bomba, matando-o - mas, sem dúvida, salvando várias outras vidas.
Por que será que algumas pessoas agem dessa maneira? O psicólogo David Rand, do Laboratório de Cooperação Humana da Universidade de Yale, analisou vários exemplos semelhantes de heroísmo entre cidadãos comuns para tentar entender a lógica por trás desses atos de generosidade.
Os primeiros estudos de Rand examinavam uma questão mais básica: será que somos naturalmente predispostos a sermos egoístas ou altruístas?
Seus experimentos demonstraram que quanto menos tempo os voluntários tinham para tomar decisões em situações-limite, mais eles agiam pensando primeiro nos outros. Ele fez os participantes jogarem por dinheiro, por exemplo, e percebeu que eles tinham mais chances de dividir seus ganhos com outros jogadores se fossem pressionados contra o relógio.
Segundo Rand, as experiências mostraram que, em média, as pessoas são naturalmente predispostas a cooperar e serem gentis. “Esse é o nosso comportamento-padrão”, afirma. Isso não quer dizer que esse comportamento não tenha seus benefícios a longo prazo. As pessoas que são mais cooperativas têm mais chances de conseguir uma recompensa no futuro e, talvez, isso signifique que todos nós sabemos que ser legal compensa.
Mas a ideia de que o ser humano é naturalmente e instintivamente generoso ainda é algo mais otimista do que a ideia de que nossos desejos egoístas são suprimidos por uma mente racional.

TEXTO 2 – Um pouco do passado - LISTA DE MATTOS
Padeiro ‘fabricava’ cartas de alforria falsas. As mãos que davam forma ao pão de seis onças, o mais comum nas padarias do Império, eram as mesmas que alimentavam o sonho da liberdade de muitos negros na cidade paulista de Santos, na segunda metade do século XIX. O padeiro João de Mattos, que todas as madrugadas dividia a arte de fazer pão com negros escravos, à noite trocava de ofício. Ele imprimia cartas de alforria falsas, a serem entregues a escravos fugidos. De posse do documento, os negros tornavam-se libertos.
João de Mattos priorizava em sua lista negros que trabalhavam em padarias. O movimento criado pelo padeiro rompeu os limites de Santos e chegou a São Paulo e Rio de Janeiro. A saída para liberdade criada por Mattos também tinha um viés trabalhista. Para ele, enquanto existissem escravos não haveria respeito ao trabalhador e, muito menos, melhores condições de trabalho.

TEXTO 3 – Tão antigo quanto a própria humanidade
 Os tradutores do código navajo foram chave para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Não conhecemos todos os seus nomes, de fato, no ano de 2014, faleceu o último desses valentes soldados navajos recrutados em 1942 pela Marinha norte-americana, com o fim de criar um código secreto. Uma linguagem indecifrável para, os então, inimigos japoneses.
O importante papel dos índios navajos na Segunda Guerra Mundial
O código navajo foi um segredo de Estado, até que em 1968, os Estados Unidos desclassificou a informação. Foi então quando alguns nomes se tornaram conhecidos, como o de Chester Nez. Esses jovens índios navajos deixaram as belas terras do Arizona e Novo México para serem recrutados em uma importante missão.
Como já se sabe, o papel dos EUA durante a Segunda Guerra mundial esteve em um discreto segundo plano até que em 1941, o Japão, atacou a frota dos americana em Pearl Harbor, Havaí. Aquilo ultrapassou os limites e acendeu a chama do patriotismo americano, fazendo a nação tomar parte definitivamente daquela guerra.
Os norte-americanos começaram atacando as ilhas do Oceano Pacífico ocupadas pelos japoneses. Mas havia um problema, os japoneses não eram ingênuos e sabiam perfeitamente interceptar suas mensagens e saber de antemão onde iam atacar. Não importava que criptografia utilizassem, os japoneses decifravam todas. Até que um dia, deixaram de fazê-lo. O que estava acontecendo? Da noite para o dia, os americanos estavam trabalhando em um código completamente desconhecido.
Eles não sabiam, mas as mensagens que recebiam estavam redigidas em uma língua chamada Diné Bizaad: o idioma dos índios navajos. O artificio foi obra de Philip Johnston, um jovem branco criado em uma reserva de índios navajos, que teve a ideia e quem a sugeriu ao comando da marinha. Sabiam que era uma vantagem enorme em frente ao inimigo japonês, já que era quase impossível que algum japonês soubesse falar navajo. Não haviam livros sobre essa língua e eram poucos os homens brancos que dominavam com perfeição.
Os japoneses, jamais conseguiram decifrar uma palavra. Não foi até 1968, quando descobriram que aquela era uma língua de uma tribo nativa americana. Uma língua chamada Diné Bizaad. Em 2002, homenagearam esses heróis anônimos com um filme  protagonizado por Nicolas Cage: Windtalkers.

TEXTO 4 – Como definir um herói?
Definir um herói não é tarefa das mais fáceis. Os dicionários trazem uma dezena de significados. Entre eles, está o da figura notável por sua coragem, feitos incríveis, generosidade e altruísmo. Por esse motivo, ganha admiração e atenção.
Já ao apresentar uma história fica mais fácil definir o herói. Em casos de tragédias, como a provocada pela chuva na região serrana do Rio, em janeiro, e o ataque aos estudantes de Realengo, em abril, quem evitou mais mortes ganha o título. Em outros casos, a admiração em 2011 foi conquistada com campanhas que fizeram parte da sociedade mudar a forma de pensar. Caso dos amigos do administrador Vitor Gurman, que não deixaram a morte em um acidente de carro causado por uma pessoa embriagada ficar impune.
Com 18 anos de profissão, o PM Márcio Alexandre Alves, de 38, participava de uma rotineira blitz de trânsito, em Realengo, na zona oeste do Rio, em 7 de abril, quando ouviu o pedido de socorro de dois alunos ensanguentados em fuga. Correu até a Escola Tasso da Silveira, em meio aos sons de gritos e tiros. Ficou diante do atirador Wellington Menezes e baleou o assassino, que depois se matou. Hoje, segue sua rotina no Batalhão de Polícia Rodoviária ­ onde foi promovido a segundo­sargento.
Com uma corda nas mãos, dois jovens de São José do Vale do Rio Preto (RJ) salvaram a vida de uma senhora durante a tragédia da região serrana, no início do ano. Daniel Lopes Cavalcanti e Gilberto Branco Faraco, primos, refugiaram­se no telhado do prédio onde moravam.
Do alto, viram a mulher a ponto de ser levada pela força das águas. "Não tínhamos muito ideia de como fazer, fomos no susto", disse Daniel. Eles encontraram duas cordas e as jogaram. A primeira se perdeu na enxurrada. A outra caiu perto da mulher, que conseguiu se segurar. Segundos depois, ela estava com eles no telhado, em segurança. "Três dias depois, fomos saber que as imagens estavam rodando o Brasil", disse Gilberto.

TEXTO 5 – Algumas imagens




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TEXTO 6 – Ação de heróis impede tragédia em São Paulo
Metrô de São Paulo, 9h50 desta quarta­feira (08/10/2014). O trem para, de repente, entre as estações Santana e Carandiru. As luzes se apagam, e o ar­condicionado é desligado. Um, dois, três minutos se passam, até que uma mulher bem vestida e com aparentes 40 anos de idade passa correndo pela chamada passarela de emergência, um corredor estreito que fica entre os trilhos e a grade de proteção – nesse trecho da linha azul do metrô, os trens circulam em um elevado, passando por cima de uma avenida que liga a zona norte ao centro da cidade.
Jaqueta marrom, botas pretas e bolsa e sacola plástica na mão, a mulher para de correr e se volta para a grade. Agora está sob o olhar dos passageiros do trem parado, onde está a reportagem da Folha, e de pedestres e motoristas, lá embaixo, na avenida.
Um desses pedestres é o mineiro Altamiro de Souza, 52, motorista desempregado e que caminhava pela avenida Cruzeiro do Sul.
"Eu vi que ela estava correndo lá em cima, e comecei a gritar pra voltar. Quando ela parou e olhou pra baixo, corri pro meio da avenida e parei o trânsito", afirma o motorista desempregado, natural de Teófilo Otoni.
"Não pula, não pula, Jesus te ama", gritava Souza.
A mulher, desorientada, desce da passarela e agora já anda em cima dos trilhos, devidamente desligados (ou desenergizados).
No vagão em que está a reportagem, uma senhora de aproximadamente 60 anos começa a chorar: "Meu Deus, o que será que está passando pela cabeça dessa mulher".
Um outro passageiro parece preocupado com o horário: "Esse tipo de encosto é que atrasa a nossa vida".
A mulher começa a correr de volta para a estação Carandiru assim que percebe a aproximação, pelos trilhos, de um grupo de seguranças a partir de Santana. Um deles é o paulistano José Bezerra, 58, há pouco mais de três décadas nesse mesmo serviço no metrô.
De uniforme preto e debaixo do forte sol da manhã, ele enfim se aproxima. O temor é que ela se jogue lá de cima a qualquer momento. E, na cabeça dele, passa um filme de 15 anos atrás, quando atuava na antiga estação Ponte Pequena (hoje Armênia) e salvou uma mulher que acabara de se jogar no rio Tamanduateí. A mulher, agora, já está do lado de fora da grade. Pode cair a qualquer momento. Fica lá poucos segundos, até voltar para uma área segura. "Quando me aproximei da mulher, usei toda a minha experiência. Quando ela abaixou a cabeça [e voltou para uma área segura], dei o bote e a segurei", disse, emocionado e ainda bastante suado, enquanto era atendido pelo serviço médico do metrô por causa do ferimento na canela causado na hora do bote.
"Isso aqui [machucado] não é nada. Estou feliz, é uma vida salva." Já com a canela enfaixada, ainda numa salinha da estação Carandiru, Bezerra
recebe um forte abraço do mineiro Souza, aquele que quase perdeu a voz para que a mulher não se jogasse no meio da avenida.

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