domingo, 10 de abril de 2016

Aula 09/2016 - Panamá Papers, entendendo a crise


O vazamento global foi divulgado no último domingo (3/4) pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) na reportagem Panama Papers. Cerca de 11,5 milhões de documentos oriundos das atividades da empresa Mossack Fonseca revelaram que a companhia operava na ocultação de dinheiro de políticos e figuras públicas ao redor do mundo.
De acordo com a rede internacional de jornalistas, a Mossack Fonseca já era investigada pela Operação Lava Jato desde janeiro deste ano, quando a Polícia Federal deflagrou a 22ª etapa que mirou nas atividades da empresa. 
O jornal britânico, The Guardian, destacou alguns pontos importantes sobre a fonte do vazamento, a empresa Mossack Fonseca. Veja abaixo.
O que é a Mossack Fonseca?
É uma consultoria e firma de advocacia do Panamá que presta serviços como a incorporação de empresas a jurisdições offshore, tais como as Ilhas Virgens Britânicas, além da administração dessas firmas por uma taxa anual.
A Mossack Fonseca é a quarta maior fornecedora de serviços offshore do mundo e já foi contratada por mais de 300 mil empresas. Quase metade dos seus clientes está registrada em paraísos fiscais administrados pela coroa britânica, ou no próprio Reino Unido.
Quem são os clientes da Mossack Fonseca?
A operação da firma internacional de origem panamenha é sustentada por 600 colaboradores em 42 países. A Mossack Fonseca opera em paraísos fiscais como as Ilhas Virgens Britânicas, o Chipre e a Suíça, além de territórios britânicos como Guernsey, Jersey e Isle of Man.
Veja quem são os brasileiros citados direta ou indiretamente na série Panama Papers.
NomeCargo atualPartido
Ângelo Marcus de Lima CotaDiretor financeiro da empreiteira Mendes Júnior#
Carlos de Queiroz GalvãoSócio controlador da construtora Queiroz Galvão#
Carlos Eduardo SchahinEmpresário e ex-diretor do Banco Schahin#
Delfim NettoEconomista e ex-ministro da fazenda#
Edison LobãoSenador(PMDB-MA)
Eduardo CunhaPresidente da Câmara dos Deputados(PMDB-RJ)
Etivaldo Vadão GomesEx-deputado federalPP
Gabriel Nascimento de LacerdaFilho do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB)#
Jefferson EustáquioSuperintendente da empreiteira Mendes Júnior#
Jésus Murilo Vale MendesPresidente da empreiteira Mendes Júnior#
João Augusto Rezende HenriquesEmpresário#
João LyraEx-deputado(PSD-AL)
José Augusto Ferreira dos SantosEx-banqueiro e amigo do Senador Edison Lobão#
Luciano LobãoFilho do senador Edison Lobão (PMDB-MA)#
Luiz Eduardo da Rocha SoaresEx-executivo da Odebrecht#
Milton de Oliveira Lyra FilhoEmpresário#
Newton CardosoEx-governador de MG(PMDB-MG)
Newton Cardoso JrDeputado Federal(PMDB-MG)
Olívio Rodrigues JúniorSócio da empresa JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira#
Saul SabbáDiretor Presidente do Banco Máxima#
Sérgio GuerraEx-senador e ex-presidente nacional do PSDB(PSDB)
Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/quem-sao-os-brasileiros-citados-no-panama-papers

MATERIAL DA AULA


TEXTO 1 – Fato motivador - Primeiro-ministro islandês renuncia após escândalo 'Panama Papers'
O primeiro-ministro islandês, Sigmundur David Gunnlaugsson, renunciou ao cargo nesta terça-feira (5/4) após ter seu nome citado no escândalo "Panama Papers". A decisão foi adotada em uma reunião de seu partido. A renúncia aconteceu horas depois de ele ter pedido a dissolução do Parlamento ao presidente do pais, Olafur Ragnar Grimsson.
Gunnlaugsson renunciou antes mesmo da votação de uma moção de desconfiança pelo Parlamento que vinha se encaminhando após protestos populares desta segunda. O agora ex-premiê alegou que não havia feito nada de errado e pediu a dissolução do parlamento para formar uma nova coalizão de governo, já que a que o apoiava demonstrava não ter mais confiança nele.
O presidente, no entanto, negou a dissolução naquele momento e respondeu que iria conversar com os principais partidos do país antes de tomar uma decisão. Por fim, sem conseguir a dissolução, Gunnlaugsson renunciou.
Na segunda-feira, milhares de pessoas protestaram em frente ao parlamento de Reykjavik para exigir a renúncia do primeiro-ministro após as revelações de que Gunnlaugsson manteve com sua esposa uma empresa em um paraíso fiscal.
De acordo com os documentos publicados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), o primeiro-ministro possuía 50% da empresa offshore até o fim de 2009. Mas, quando foi eleito deputado pela primeira vez, em abril de 2009, ele omitiu a participação em sua declaração de patrimônio.
Ter offshore não é ilegal desde que ela seja declarada às autoridades competentes.

TEXTO 2 – O que o escândalo pode mudar no sistema financeiro mundial
O vazamento de mais de 11 milhões de documentos da firma panamenha Mossack Fonseca retirou o manto de anonimato de atividades legais e ilegais de pessoas e empresas, que mantinham patrimônio e transações ocultas em empresas registradas em paraísos fiscais.
Como a exposição de contas de chefes de Estado, grandes empresas, celebridades e organizações vai refletir no modo de o mercado financeiro se organizar? Estarão as empresas offshore com os dias contados?
A BBC Brasil conversou com especialistas que acreditam que os chamados Panama Papers deverão ajudar a controlar o fluxo de dinheiro obscuro e acelerar a implementação de novos instrumentos legais e tecnologias – que, da mesma forma, poderão ser utilizados tanto para o bem quanto para o mal.
É importante lembrar que contas offshore não são por si só ilegais, desde que devidamente declaradas ao Fisco: podem ser uma forma de investir-se em bens e ativos no exterior. Muitas vezes, porém, transações em paraísos fiscais são usadas para evadir impostos, lavar dinheiro ou ocultar o real dono da fortuna depositada.
"O caso (dos Panama Papers) vai ajudar a controlar o fluxo de dinheiro ilícito", opina Mark Pieth, professor de criminologia da Universidade da Basileia e diretor do Basel Institute of Governance.
Pieth esteve no Panamá assessorando jornalistas que investigaram o caso. Ao todo, mais de 107 veículos de comunicação do mundo se mobilizaram para revisar os dados. Entre os profissionais auxiliados por Pieth estava o núcleo investigativo que estabeleceu a conexão entre o líder russo Vladimir Putin e o seu amigo músico Sergei Roldugin, suspeito de servir como laranja para o político – algo que o governo russo nega.

TEXTO 3 – Em seis pontos, como offshores podem esconder bilhões de origem ilegal
E não importa se você é um empresário alemão bem sucedido que decidiu burlar o fisco, um político que busca uma forma de receber propina, um traficante internacional ou o líder de um regime que desrespeita diretos humanos: os métodos para essas manobras são bastante similares.
O possível uso ilícito de offshores (como são conhecidas as contas ou empresas abertas em paraísos fiscais) veio à tona com o vazamento de mais de 11 milhões de documentos de uma das principais empresas do ramo, a panamenha Mossack Fonseca. A empresa alega que atende aos protocolos internacionais para garantir que as firmas sob sua tutela não sejam usadas para a sonegação, a lavagem, o financiamento de grupos extremistas e outros objetivos ilícitos.
à 1. Empresas fictícias
à 2. Paraísos fiscais
à 3. Ações e títulos ao portador
à 4. Lavagem de dinheiro
à 5. Burlar sanções
à 6. Barreiras antissonegação

TEXTO 4 - Qual a força dos 28 bancos que dominam as finanças do planeta
A crise mundial de 2008 mudou em quase nada quem são os detentores do poder financeiro global. Quase oito anos depois e em meio a sinais de uma estagnação global, o sistema financeiro do planeta segue dominado por 28 grandes bancos internacionais, chamados por alguns de seus críticos mais ferrenhos de a "hidra".
"Os Estados são reféns desta hidra bancária e são disciplinados por ela. A crise prova esse poder", afirma François Morin, autor do livro A Hidra Mundial, o Oligopólio Bancário, professor emérito da Universidade de Toulouse e membro do conselho do Banco Central francês.
Os grandes bancos detinham os produtos tóxicos responsáveis pela crise mas, em vez de reestruturá-los, os Estados acabaram assumindo suas obrigações - e a dívida privada se transformou em dívida pública."
Em seu livro, o pesquisador se concentra em cinco mecanismos que, segundo ele, concedem aos bancos esta hegemonia financeira, econômica e política.
à 1. Ativos
Os 28 bancos detêm recursos superiores aos de dívidas públicas de 200 países do planeta. Enquanto estas entidades têm ativos (bens, dinheiro, clientes, empréstimos, entre outros) que somam US$ 50,3 trilhões (R$ 178 trilhões), a dívida pública mundial é de US$ 48,9 trilhões (R$ 173,7 trilhões).
à 2. Criação de moeda
O sistema clássico de emissão monetária é formado por uma Casa da Moeda que imprime as notas necessárias a um Banco Central, que está posicionado no centro da cena financeira. Mas, hoje, 90% da moeda é criada por estes 28 bancos, e só 10% é de responsabilidade de bancos centrais.
à 3. Mercado cambial
A movimentação no mercado cambial é uma das maiores do mundo: US$ 6 bilhões (R$ 21,3 bilhões) diários. Cinco dos 28 bancos controlam 51% deste mercado.
à 4. Taxas de juros
Com seu potencial financeiro, estas 28 entidades têm um peso fundamental sobre as taxas de juros. Dado o nível altíssimo de circulação diária de ativos financeiros e de dívida, qualquer variação da taxa de juros faz girar automaticamente quantidades enormes de dinheiro.
à 5. Derivativos
A metade dos 28 bancos produzem os chamados derivativos por US$ 710 trilhões, o equivalente a dez vezes o PIB mundial. Ugarteche ilustra o funcionamento deste mercado com um ativo financeiro bem modesto: UMA VACA.

TEXTO 5 - Ricos da América Latina estão entre os que menos pagam impostos no mundo
O escândalo dos Panama Papers –o vazamento de mais de 11 milhões de documentos da firma panamenha Mossack Fonseca– fez mais do que tirar do anonimato atividades, legais e ilegais, de pessoas e empresas que mantêm contas em paraísos fiscais.
A exposição das manobras dos ricos e poderosos de todo o mundo para ocultar seu dinheiro e, em muitos casos, evadir impostos reacende o debate sobre a proporção entre as contribuições fiscais de pessoas em situação econômica mais privilegiada e o tamanho de sua fortuna.
Organizações internacionais apontam para um grande desequilíbrio na América Latina. Na região, os 10% mais ricos concentram 71% da riqueza, mas pagam apenas 5,4% de seus rendimentos em impostos, em média, segundo dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe).
De acordo com a Cepal, entre os principais países do continente, apenas o México tem os mais ricos pagando mais de 10% de imposto –o Brasil aparece com um percentual em torno de 6%– e em muitas nações a alíquota pode ser tão baixa como 1%.
Em países desenvolvidos, o percentual é bem mais significativo: 14,2% nos EUA; 25% no Reino Unido; e 30% na Suécia, por exemplo.
Há três grandes razões para esse desequilíbrio fiscal na América Latina:
1. Estrutura fiscal regressiva
A estrutura de impostos que financia os gastos públicos se baseia em impostos diretos (sobre rendimentos e imóveis) e indiretos (consumo).
2. Evasão fiscal
A evasão fiscal é um problema crônico na estrutura fiscal da América Latina. Com um exército de contadores e advogados à disposição, bem como uma rede internacional de paraísos fiscais, empresas e milionários conseguem "fugir do Leão".
3. Incentivos fiscais
Um dos mecanismos favoritos das elites político-econômicas são as exceções fiscais. Há uma diferença entre o valor teórico que deveria ser pago e o valor realmente pago –a contribuição efetiva após deduções, exceções e isenções.
Consequências
1. Deficit fiscal crescente
2. Desigualdade
TEXTO 5 – Algumas imagens






VÍDEO ESCLARECEDOR



domingo, 3 de abril de 2016

Aula 08/2016 - 48 anos da morte de Martin Luther King



TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR
O sonho radiante da conquista da liberdade, dos direitos civis reconhecidos e da harmonia racial nos Estados Unidos transformou-se num amargo pesadelo na tarde da última quinta-feira 4, em Memphis, no Tennessee. Martin Luther King Jr., de 39 anos, pastor batista e herói da luta dos negros americanos por igualdade, foi assassinado na varanda do segundo andar do Hotel Lorraine, onde estava hospedado. Laureado com o prêmio Nobel da Paz de 1964, o "doutor King", como era conhecido, conversava com integrantes de sua comitiva, pouco antes de sair para jantar, quando foi atingido no lado direito do pescoço por um único e fatal projétil de alto calibre, disparado de uma distância estimada entre 50 e 100 metros. A bala explodiu sua mandíbula e o arremessou contra a parede interna do edifício. King ainda foi levado para o hospital Saint Joseph, próximo dali. Menos de uma hora depois do brutal atentado, foi declarado morto. A polícia de Memphis, que ainda não identificou o atirador, está à procura de um homem de cerca de 30 anos, vestindo terno e gravata pretos, visto por testemunhas deixando as redondezas em um Mustang último modelo. O suspeito é branco.
A chocante notícia do assassinato de Luther King causou tumulto em Memphis e levou o governador do Tennessee, Bufford Ellington, a convocar 4.000 homens da Guarda Nacional e impor um toque de recolher aos 550.000 habitantes da cidade - 40% dos quais são negros. Nas horas seguintes ao crime, 60 pessoas foram presas em Memphis. A agitação alastrou-se de imediato para outros 110 municípios americanos, nos quais foram registrados confrontos de civis com policiais, incêndios e saques a residências e comércios. O saldo de 39 mortos e mais de 2.500 feridos é o sombrio prenúncio de uma onda de violência racial que preocupa sobremaneira o governo de Lyndon Johnson. Num pronunciamento de televisão transmitido menos de uma hora depois do anúncio do assassinato, o presidente conclamou os americanos a rejeitar a "violência cega" que tirou a vida de King. "A divisão da população americana e o desrespeito à lei não nos levarão a lugar algum", observou Johnson, que no passado já havia recebido o líder negro no Salão Oval da Casa Branca

TEXTO 2 – COMO SE DEU A LUTA POR DIREITOS CIVIS NOS EUA?
Muita gente já ouviu falar sobre nomes como Martin Luther King, Malcom X, Rosa Parks e muitos outros, que fizeram parte da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
Mas será que você sabe exatamente como se deu a luta por direitos civis nos Estados Unidos? Será que você entende tudo que esteve envolvido neste processo cheio de eventos importantes que mudaram o país mais poderoso do mundo para sempre?
De quando a quando?
Apesar de uma série de divergências entre historiadores, o fato é que o Movimento dos Direitos Civis dos Estados Unidos é um período de tempo que compreende eventos que ocorreram entre 1954 e 1968.
A luta se deu em virtude da segregação racial que imperava em boa parte dos estados que compõem a nação estadunidense, que gerava descontentamento, já que havia barbearias, bares, lanchonetes e até bebedouros destinados a pessoas brancas em separado aos que eram destinados às pessoas negras.
Início
A costureira negra Rosa Parks entrou para a História quando em 1º de dezembro de 1955, na cidade de Montgomery, no Alabama, ela se recusou a levantar para que um branco se sentasse em seu lugar no ônibus, sendo presa por isto.
Por este ato de rebeldia contra a lei que obrigava que os bancos da frente ficassem liberados apenas para pessoas brancas, enquanto que os bancos do fundo eram destinados apenas às pessoas negras, Rosa Parks acabou sendo presa, julgada e condenada.
Com isto, vários atos organizados por lideranças negras e com o apoio de brancos, foram realizados para boicotar o transporte público de Montgomery, que quase foi à falência em virtude disto.
Foi por conta disto, que teve início a luta pelos direitos civis dos negros dentro dos Estados Unidos, já que muitas outras lideranças e muitos outros movimentos passaram a surgir.
A Marcha sobre Washington
Depois de uma série de outros acontecimentos importantes e protestos em outros estados, ocorreu a famosa Marcha sobre Washington, em agosto de 1963, que levou nada menos do que um quarto de milhão de manifestantes à capital federal.
Vindos de todos os cantos da nação, havia entre os participantes não apenas negros, mas também brancos que apoiavam o fim da segregação racial.

TEXTO 3 – ABOLIÇÃO, SIM. IGUALDADE, AINDA NÃO
Em uma assinatura, fomos de um passado vergonhoso de dor e humilhação de centenas de milhares de negros para uma pré-democracia com igualdade de direitos e oportunidades, no dia 13 de maio de 1888.
Essa é a história conhecida sobre a abolição da escravatura no Brasil, a última colônia nas Américas a abrir mão do trabalho forçado, mas pouco se fala sobre as verdadeiras intenções do ato de Princesa Isabel - que seguiu um movimento de pressão externa e interna contra a Coroa portuguesa, sendo um fato mais político que humanitário - e das verdadeiras mudanças, refletidas até os dias de hoje.
Mais de um século após a assinatura da Lei Áurea, muita coisa mudou, a população negra soma hoje 50,1% dos cidadãos brasileiros, mas ainda existe um fosso entre negros e brancos no país difícil de transpor e a democracia racial continua sendo um mito.
De acordo com especialistas, essa diferença entre brancos e negros no Brasil tem reflexos basicamente econômicos - na renda e no emprego - mas podem ser notadas também no acesso a serviços básicos, como saúde, Educação Superior, saneamento básico e previdência. Para o professor Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, avaliar o tamanho do fosso entre brancos e negros depende de qual aspecto se analisa. "Se vamos analisar mercado de trabalho, renda e emprego, tivemos redução das disparidades. Se falamos em mortalidade materna e taxa de homicídios, o índice ainda assusta", comenta ele. O especialista alerta também para a Previdência Social, que não cobre nem metade da população negra feminina no país.
TEXTO 4 – ENQUANTO ISSO NAS REDES SOCIAIS
A cantora Claudia Leitte publicou uma foto na noite de terça-feira (29) em homenagem ao aniversário de Salvador, na Bahia.
Na legenda da imagem, ela escreveu: "Africana da Alemanha, Negalora do Pelô, Nasci em São Gonçalo e... com 5 dias de vida fui morar em Salvador. Hoje eu vivo pelos céus e estradas, mas essa terra continua sendo o lugar que chamo MEU LAR. Obrigada, Deus, por me plantar nessa cidade e me regar com tanta baianidade!‪#‎FelizAniversárioSalvador".
Nos comentários, os internautas se irritaram com o fato da cantora se intitular "Negalora do Pelô" e "Africana da Alemanha".
à"Pare com essa palhaçada de querer se apropriar, ser negro não é moda. É resistência", escreveu um seguidor. Confira outros comentários:
àNem africana, nem negra. Tá mais pra branca apropriadora. Reconhece tua cor e teus privilégios.
àÉ bonito ou moda, ser negra~~ desde que não esteja na pele de um negro. É muito fácil ser negra~~ quando seu cabelo nunca foi taxado de bombril ou sujo (por ser liso e louro tal como o padrão de beleza sempre impôs)
ser negra~~ desde que isso não interfira em seus privilégios como branca. Ser 'africana' na Alemanha, quando não se está na pele de um negro que sempre foi malvisto inclusive por alemães. Fia se oriente.
àNão to conseguindo encontrar COERÊNCIA EM "AFRICANA DA ALEMANHA" Ham?
àConsigo imaginar Nelson Mandela olhando pra cá e dizendo: "Sai daí! Não fiquei 27 anos preso pra isso! Você já senta no banco da frente do ônibus!"
àNem africana e nem negra, nem venha roubar nossa cultura. Já basta de se beneficiar do racismo brasileiro, de ser uma cantora BRANCA, SIM, VOCÊ É BRANCA, com sucesso no ESTADO MAIS NEGRO DO PAÍS, que por sinal, dá muito mais visibilidade pra artistas brancos.

TEXTO 5 – O RACISMO É UMA PROBLEMÁTICA BRANCA
A convite do Instituto Goethe, Grada Kilomba fez intervenções em São Paulo dentro do evento “Massa Revoltante". A escritora, performer e professora da Universidade Humboldt de Berlim realizou a palestra performance “Descolonizando o conhecimento”
Com origens nas ilhas São Tomé e Príncipe e Angola, a artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba trabalha com os temas de gênero, raça, trauma e memória. Autora de Plantations Memories – Episodes of everyday racism, acaba de lançar sua mais nova obra chamada Performing Knowledge.
Particularmente, encontrá-la foi um momento especial porque Grada está nas referências bibliográficas da minha pesquisa de mestrado, e foi emocionante poder conhecê-la além de sua obra. Grada parece ocupar um lugar de sublimação, sua fala é otimista, acolhedora e seu trabalho, como ela mesma diz “dialoga com as vozes do futuro”. Leia trechos da entrevista a seguir:
CC: Como é possível descolonizar nosso pensamento numa sociedade que ainda não nos vê como sujeito?
GK: Parte do processo de descolonização é se fazer essas questões. É perguntar, às vezes é não ter a resposta, mas fazer novas perguntas. Quando eu trabalho, eu sou a favor de criar novas questões e não necessariamente de encontrar as respostas. Às vezes nós estamos à espera de fazer perguntas muito divinas que ninguém pode responder, fazemos perguntas que são muito absolutas a espera de uma receita, de um resposta absoluta. E isso é uma contradição do processo. Eu acho que o próprio processo de descolonização é fazer novas questões que nos ajudam a desmantelar o colonialismo.
Faz parte desse processo de descolonização aprender a fazer perguntas menores, que fragmentam. Eu acho isso muito importante. A população branca perguntou durante muito tempo se era racista. É de novo uma pergunta muito absoluta que tem uma resposta muito absoluta.
CC: Qual o papel do sujeito negro nisso?
GK: Somos pessoas diferentes, sujeitos diferentes. Há dias que me sinto forte, há dias em que sinto fraca, há dias em que não quero ver ninguém, há dias em que eu rio muito. Todo dia é diferente. Há dias em que eu faço piada, há dias em que eu choro. E isso faz parte desse processo de humanização porque o racismo não nos deixa ser humano.

TEXTO 6 – ALGUMAS IMAGENS
  



TEXTO 6 – TIRINHA


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Alguns Vídeos
Assassinato de Martin Luther King

Discurso de Martin Luther King

Movimento Negro Brasileiro

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