TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - Mulher sofre assédio sexual
dentro de ônibus na Avenida Paulista
Uma mulher
sofreu um assédio sexual dentro de um ônibus na Avenida Paulista por volta das
13h20 desta terça-feira (29). Segundo a Polícia Militar, o homem ejaculou na
mulher e ela ficou em estado de choque. O homem tem cinco passagens pela
polícia por estupro, segundo o SPP. A Polícia Militar foi chamada e o homem foi
levado para o 78º Distrito Policial, nos Jardins. O crime aconteceu na altura
da Alameda Joaquim Eugênio de Lima .
Mulher sofre
assédio sexual dentro de ônibus na Avenida Paulista e vereador grava ele sendo
levado para a delegacia
O vereador
Caio Miranda Carneiro estava passando pela Avenida Paulista quando viu o ônibus
parado e fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook. "O ônibus está parado
aqui. É um doente, só pode ser doente, assediou uma passageira. Está todo mundo
revoltado aqui", disse o vereador na transmissão. O vídeo mostra o momento
em que ele sai do ônibus e é levado para a delegacia.
Em SP, quem
praticar atos obscenos no transporte vai passar por curso de conscientização
Chorando e em
estado de choque, a vítima foi acolhida por outras mulheres. O assediador foi
mantido dentro do ônibus até ser retirado por policiais militares e levado para
a delegacia. O local rapidamente reuniu dezenas de pessoas. Revoltados, muitos
gritavam, xingavam e ameaçavam linchar o agressor.
Em nota, a
Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que o homem, de 27 anos, foi preso
em flagrante por estupro. O caso foi registrado no 78º Distrito Policial e o
autor será encaminhado à Justiça para audiência de custódia.
Procurada
pelo G1, a SPTrans disse que "lamenta e repudia o ocorrido no início da
tarde desta terça-feira em um ônibus do sistema municipal de transportes".
A empresa disse ainda que "nos casos de abuso sexual no interior dos
ônibus, a SPTrans recomenda que o motorista seja comunicado imediatamente e
conduza o veículo até a delegacia de polícia mais próxima. Lá, a vítima poderá
registrar um boletim de ocorrência e receber amparo das autoridades policiais,
que tomarão as providências cabíveis".
TEXTO 2 - Mulheres sofrem mais assédio no transporte
público, segundo Datafolha
Na
superlotação de ônibus, trens e metrôs que circulam na capital paulista,
usuários se espremem uns contra os outros em busca de espaço. Esse roçado
facilita "mãos bobas" nada bobas, sussurros indecorosos e encoxadas
propositais, reportados por uma a cada três paulistanas entrevistadas pelo
Datafolha em pesquisa sobre assédio.
Segundo o
levantamento, que entrevistou 1.092 homens e mulheres, o transporte público é o
local onde mais ocorre assédio às mulheres da cidade: 35% dizem já ter sido
alvo de algum tipo de assédio nesses apertos. 22% delas dizem ter sofrido
assédio físico, enquanto 8% foram alvo de assédio verbal e 4% de ambos.
Em seguida ao
transporte público, os palcos de assédio são a rua (33%), a balada (19%) e o
trabalho (10%).
Este
resultado vai ao encontro da movimentação de ativistas e de coletivos
feministas para que empresas de transporte público criem campanhas e mecanismos
facilitados de denúncia.
As ações vão
desde protestos em estações de metrô ou da distribuição de alfinetes em
plataformas e pontos de ônibus como forma de autopreservação até mulheres que
conseguiram forjar a criação de campanhas e do treinamento de funcionários do
metrô.
É o caso da
pesquisadora de políticas públicas Ana Carolina Nunes, 24. Usuária do metrô
desde adolescente, e alvo de assédio ali muitas vezes, ela passou a se
questionar: "Não é possível que o Metrô não saiba o que fazer pra acabar
com isso?". O que descobriu, disse, é que a empresa não sabia mesmo.
"Não só o Metrô, mas todas as empresas de transporte não sabem como lidar
com a questão do assédio. Antes de tudo porque não existem mulheres em posições
de comando nessas estruturas", avalia.
Para Luise
Bello, 26, gerente de comunicação e conteúdo da ONG Think Olga, que criou as
campanhas #primeiroassedio e Chega de Fiu-Fiu, a superlotação do transporte
público favorece "uma proximidade excessiva que ainda é utilizada como
desculpa para abusos físicos". "Nesse tipo de situação, dentro de um
ônibus ou um trem, muitas vezes a mulher tem menos possibilidade de escapar do
abuso."
Caróu
Oliveira, 28, da Frente Contra o Assédio, que reúne mais de 20 coletivos, acha
que as empresas fazem muito pouco pela segurança de suas usuárias. "Há um
discurso de que a mulher, no espaço público, torna seu corpo também público. E
a lotação facilita o assédio. A circulação de mulheres não é cuidada pelas
empresas, que estão se lixando para a superlotação do serviço."
A pesquisa
Datafolha espelha esta realidade e aponta que 51% das mulheres que sofreram
assédio na vida foram alvo até os 17 anos -12% delas antes mesmo dos 12 anos de
idade
"Vivemos
uma cultura em que o corpo feminino é sexualizado desde muito cedo. Existe essa
atração por meninas, que ficou muito clara na estreia do MasterChef
Júnior", explica Luise Bello, uma das criadoras da #primeiroassedio. Em
quatro dias da campanha, foram mais de 82 mil tweets sobre o assunto e milhares
de histórias de assédios que começavam tão cedo quanto aos cinco anos de idade.
Para a
antropóloga Beatriz Accioly, o dado é assustador. "Isso só mostra a
necessidade de se discutir a questão do assédio cada vez mais e cada vez mais
cedo, em especial em espaços como a escola", diz. "O problema é que
este tema enfrenta muita resistência nos nossos planos educacionais."
Outro
resultado da pesquisa que chamou a atenção de especialistas é a quase uniformidade
na taxa de ocorrência de assédio nas várias faixas etárias. Considerando as
mulheres que foram vítimas de assédio, 23% têm entre 16 a 24 anos, 27% entre 25
e 34 anos, 22% das mulheres entre 35 e 44 anos e 22% entre 45 e 59 anos.
No total,
metade das mulheres disseram já ter sofrido assédio.
O QUE É?
Assédio verbal
Palavras
desagradáveis, ameaças ou cantadas sem consentimento de ambas as partes. É uma
contravenção penal e o autor pode ser multado.
Ato obsceno
Ação de cunho
sexual em local público a fim de constranger ou ameaçar alguém. É crime.
Assédio sexual
Constrangimento
ou ameaça para obter favores sexuais feito por alguém de posição superior à
vítima. É crime.
Estupro
Obrigar
alguém, perante violência ou ameaça, a ter relações sexuais ou a praticar outro
ato libidinoso. É crime.
TEXTO 3 - INFOGRÁFICOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário