MATERIAL DA AULA
TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - MICROPLÁSTICOS ESTÃO
PRESENTES EM SAL DE COZINHA, INDICA PESQUISA
Entre 39 marcas, apenas três não
apresentaram vestígios de microplásticos
Nas casas, nos estabelecimentos, nos
esgotos e oceanos. E, de acordo uma pesquisa publicada no início de outubro na
revista Environmental Science and Technology, nem mesmo o sal de cozinha que
você consome todos os dias está fora dessa regra.
De acordo com o estudo, desenvolvido
por pesquisadores sul-coreanos, mais de 90% do tempero que é vendido e
consumido ao redor do mundo contém microplásticos. Isso significa que uma
pessoa pode ingerir anualmente, em média, 2 mil microplásticos apenas desse
tipo de fonte.
São chamados de microplásticos os
resíduos degradados de plástico que medem menos de 5 milímetros. Entre as suas
principais origens estão roupas de tecido sintético, escovas de dente, tintas e
pneus. Quando degradados, essas partículas podem se tornar pequenas o bastante
para contaminar as águas (até mesmo as filtradas) e, consequentemente, se
infiltrarem na sua alimentação.
A pesquisa analisou 39 marcas vinda de
21 países da Europa, África, Ásia e Américas do Norte e do Sul. Destas, apenas
três não apresentaram vestígios de microplástico: uma de Taiwan, outra da China
e uma terceira da França.
Apesar de não revelarem os nomes das
empresas, é notável no estudo que os sais mais “contaminados” são os da Ásia,
uma das regiões mais poluídas do mundo, principalmente os da Indonésia.
“Os achados sugerem que a ingestão
humana de microplásticos por produtos marinhos está fortemente conectada com as
emissões de plástico em determinada região”, afirma Seung-Kyu Kim, professor e
coautor do estudo. “Para limitar nossa exposição aos microplásticos, são
necessárias medidas preventivas como o controle da emissão de plásticos mal geridos
no meio ambiente e, mais importante, a redução do desperdício de plástico.”
Além disso, concluiu-se que os sais
derivados da água do mar contém os maiores níveis de contaminação. Isso porque
o processo de produção do sal dessa fonte envolve a evaporação da água do mar,
mas há pouco processamento, o que frequentemente deixa rastros de minerais e,
agora, de plásticos.
A pesquisa foi feita em parceria com o
Greenpeace do Leste Asiático.
TEXTO 2 – COMO O PLÁSTICO
DOS OCEANOS CHEGA AO SAL DE COZINHA
Ao ser exposto a raios ultravioleta, ondas e o choque com
areias e pedras, o plástico descartado nos oceanos se pulveriza em pequenos
pedaços, chamados de microplásticos.
Este é o nome dado às partículas do material com menos de 5
milímetros de extensão. Os plásticos mais comumente produzidos pela indústria
demoram séculos para se degradar na natureza, o que significa que uma garrafa
atirada aos oceanos na década de 1960 provavelmente continua lá em 2017, mesmo
que na forma de microplástico.
Por isso, o material está se acumulando nas águas, e cada vez
mais rápido: em 1964 a humanidade produzia 15 milhões de toneladas de plástico,
em 2014 foram 311 milhões. Em um artigo publicado em abril de 2017 na revista
de divulgação científica Nature, pesquisadores malasianos, franceses e
britânicos buscaram entender se grãos de microplástico podem ser encontrados em
meio ao sal de mesa que consumimos. Os cientistas estão ligados à Universidade
de Putra Malásia, Universidade de Monash Malásia, e Universidade de Exeter, no
Reino Unido. Eles analisaram 17 marcas de sal industrial em oito países. Em 16
delas foram encontrados grãos de plástico. Quando ingeridos, microplásticos
podem causar pequenos ferimentos internos. A digestão também libera os
poluentes carregados dos oceanos.
A pesquisa ressalta que foi encontrada uma proporção tão
pequena do material nas amostras testadas que não há motivo para alarde. Mas
recomenda que outros trabalhos busquem informações sobre a presença de partículas
ainda menores do que as detectadas, assim como sinais do material em outros
produtos aquáticos consumidos por humanos, como mexilhões e peixes. “A
quantificação e caracterização dos tipos de microplástico em vários produtos
marinhos pode ser necessária.” Como foi feita a pesquisa as 17 marcas de sal
vieram de oito países: Austrália (duas marcas), França (seis), Irã (uma), Japão
(uma), Malásia (duas), Nova Zelândia (uma), Portugal (três) e África do Sul
(uma).
Os pesquisadores dissolveram 1kg de cada amostra de sal em
água e em seguida a filtraram em membranas com minúsculos buracos de 149
micrômetros. Um micrômetro equivale a um metro dividido por um milhão, e pode
ser representado pelo símbolo “µm”. Isso significa que apenas pedaços de
plástico maiores do que 149µm foram filtrados e que pedaços menores do que isso
não foram avaliados pela pesquisa. Em seguida, os cientistas separaram o
plástico e analisaram as partículas com um microscópio. Depois separaram por
forma e cor e fizeram uma nova análise com espectroscopia, uma técnica que
observa como materiais emitem ou absorvem a radiação eletromagnética. Um grão
de sal tem entre 0,035µm e 0,5µm.
A menor partícula de microplástico encontrada nas análises
tinha 160µm, e a maior, 980µm. Os riscos do plástico A única amostra que não
tinha nenhuma partícula de plástico foi a de uma marca francesa analisada. A
que mais tinha era de uma marca portuguesa que participou da pesquisa, com dez
partículas de microplástico por quilo de sal. Com base nessas informações, os
pesquisadores estimaram que, ao consumir sal normalmente, uma pessoa poderia
vir a ingerir, em um ano, até 37 micropartículas de plástico como as detectadas
pelo trabalho. Apesar de o microplástico ter sido encontrado em quase todas as
amostras, a quantidade e o tamanho das partículas são tão pequenas que não se
pode afirmar que elas representem um risco para a saúde humana, avaliam os
cientistas.
Eles ressaltam, no entanto, que é possível que pedaços ainda
menores do que os detectáveis pelo filtro utilizado estejam presentes. Isso
preocupa porque “pedaços menores poderiam ser mais facilmente transportados
para órgãos e, dessa maneira, causar um grau maior de toxicidade” no organismo.
A pesquisa também ressalta que o sal não é a única fonte de plástico consumida
por seres humanos. O material foi encontrado anteriormente em moluscos e
peixes, assim como na cerveja e até mesmo no mel. “Por isso, o consumo de longo
prazo de vários produtos contendo microplástico pode ser um motivo para
preocupação.
A presença de microplástico no sal, mesmo após este ter
passado por processos industriais de filtragem, mostra como o material se
tornou comum no oceano. O artigo ressalta que polipropileno e polietileno,
usados em embalagens, por exemplo, estão entre as partículas mais obtidas após
a filtragem realizada. Isso está de acordo com outros trabalhos que encontraram
uma grande quantidade desse tipo de produto nas águas. Segundo o artigo, pode
ser que a abundância no sal ocorra “devido à baixa densidade, que permite que
[os pedaços de microplástico] flutuem na superfície da água e sejam prontamente
direcionados a salinas.
Em adição, sua baixa densidade pode facilitar que sejam
propagados ao serem suspensos no ar”. O fato de que diversos tipos de plástico
flutuam gera enormes aglomerações do material na superfície da água. Há também
concentrações visíveis. Uma das formações mais famosas de plástico flutuante é
a Grande Porção de Lixo do Pacífico, que se forma entre a altura do Havaí e da
Califórnia e se estende até a costa do Japão. Mas aglomerações do tipo podem
ser encontradas em várias partes do mundo. Entre 2007 e 2013, uma equipe
capitaneada pelo pesquisador Markus Eriksen realizou 24 expedições para obter
dados sobre o plástico flutuante. O material foi coletado e concentrações na
superfície, registradas. Eles estimaram que há no mínimo 5,25 trilhões de
partículas de plástico flutuante que, juntas, pesam 269 mil toneladas. Um mapa
interativo criado pela agência neozelandesa especializada em visualização de
dados Dumpark permite visualizar os pontos de concentração.
TEXTO 3 – Rio de Janeiro é
primeira capital brasileira a proibir canudos plásticos
O Rio de Janeiro é a primeira capital brasileira a banir o
uso de canudos plásticos em quiosques, bares e restaurantes. O prefeito da
cidade, Marcelo Crivella, sancionou o projeto de lei que proíbe a distribuição
de canudinhos plásticos em estabelecimentos alimentícios.
A medida foi publicada no Diário Oficial da cidade do Rio
nesta quinta-feira (5). O projeto havia
sido aprovado na Câmara Municipal no mês passado. Ainda falta determinar o
prazo para a entrada em vigor da medida.
De autoria do vereador Jairinho (MDB), o projeto estipula
multa de até R$ 3 mil aos estabelecimentos que descumprirem a lei, valor que
pode ser multiplicado em caso de reincidência. Ao invés do plástico, o projeto
determina o uso de canudos feitos de materiais biodegradáveis.
Segundo seu artigo primeiro, a lei sancionada “obriga os
restaurantes, lanchonetes, bares e similares, barracas de praia e vendedores
ambulantes do Município do Rio de Janeiro a usar e fornecer a seus clientes
apenas canudos de papel biodegradável e/ou reciclável individualmente e
hermeticamente embalados com material semelhante”.
Centenas de milhares de cariocas apoiaram a causa por meio de
uma petição online criada pela ONG Meu Rio, apoiadora do projeto.
No mês passado, o governador do Estado do Rio, Luiz Fernando
Pezão, também sancionou uma lei que proíbe estabelecimentos comerciais, como
supermercados de distribuir sacolas feitas com plásticos derivados de petróleo
e que entrará em vigor em 18 meses.
Antes do Rio, o município de Cotia, em São Paulo, foi a
primeira cidade brasileira a proibir a venda e distribuição de canudos
plásticos. A lei, sancionada no mês de junho, obriga restaurantes, lanchonetes,
bares e vendedores ambulantes a usarem e fornecerem a seus clientes somente
canudos de papel biodegradável e ou reciclável.
As decisões vão ao encontro de um crescente movimento global
de combate ao lixo plástico, um dos principais vilões da poluição marinha.
Segundo a ONU, ao menos 50 países têm propostas nessa seara.
TEXTO 4 – Ilha no Pacífico
tem a maior concentração de lixo plástico do mundo
Ao longo dos últimos anos, muitos dos problemas causados pela
grande produção de lixo global fomentaram algumas soluções, e o cenário, que
antes parecia ser uma questão sem interesse público, passou a ser – ainda que
gradativamente – modificado. Longe dessa realidade, alguns lugares ao redor do
mundo continuam a sofrer com o agravamento do problema, acabando submissos a
condições execráveis de existência.
Localizada no meio do Oceano Pacífico, entre Nova Zelândia e
Chile, a desabitada ilha Henderson, pertencente ao território ultramarino
britânico Pitcairn, é o exemplo perfeito dessa situação. Segundo pesquisadores,
o espaço de 3700 hectares é responsável pela maior concentração de lixo de
plástico do planeta, com cerca de 17,6 toneladas do material.
Conforme destacou o estudo publicado na revista científica
Proceedings of National Academy of Sciences, as areias da ilha reúnem de 21 a
671 itens plásticos por metro quadrado, distribuídos entre diversos tipos de
objetos (embalagens, brinquedos, vasilhas, escovas de dente etc.). Em outras
palavras, estima-se que existem aproximadamente 37,7 milhões de resíduos
plásticos na ilha.
Lixo é despejado diariamente na ilha
Para explicar as razões que levaram Henderson a se tornar o
maior “depósito” de lixo do material do mundo inteiro, pesquisadores de
diversos países explicam que a ilha remota se localiza justamente no caminho de
um vórtice de correntes marítimas conhecido como Giro do Pacífico Sul,
responsável por carregar o lixo jogado de navios e de lugares como a costa
oeste da América do Sul.
Para fazer os cálculos que levaram a essa conclusão, os
especialistas limparam uma determinada parte da ilha para acompanhar de perto o
acúmulo diário de lixo no local. Diante da experiência, a equipe confirmou que
mais de 13 mil objetos chegam à Henderson dia após dia.
Fonte de alguns outros estudos, a pequena ilha está à mercê
da comunidade internacional, que acredita que a maneira de reverter o cenário
atual se passa na mudança de pensamento das pessoas sobre o uso do material.
TEXTO 5 – O gigante “mar de
plástico” na costa de Honduras
Um mar composto de escovas de dentes, garfos, colheres,
pratos e garrafas de plástico. Essa é a imagem que a fotógrafa e ativista
britânica Caroline Power captou entre as ilhas de Roatán e Cayos Cochinos, no
Caribe hondurenho. “Foi devastador ver algo que me importa tanto sendo
lentamente assassinado e asfixiado”, disse ela ao jornal britânico The
Telegraph.
“Isto precisa parar, pensem no seu cotidiano. Como você levou
para casa a comida que sobrou na última vez que você foi a um restaurante? É
provável que [a embalagem] fosse de isopor, servida com um garfo de plástico, e
depois colocada numa sacola de plástico”, escreveu Power no Facebook. A
publicação, feita em 16 de outubro, já foi compartilhada mais de 2.770 vezes e
recebeu mais de 1.100 reações nessa rede social.
A fotógrafa, especializada em imagens submarinas, contou ter
feito a descoberta durante uma viagem de mergulho a ilhotas conhecidas por mal
superarem o nível do mar, permitindo assim a exploração de áreas “intocadas”.
“Observar o lixo e os refugos foi devastador”, disse a fotógrafa.
A organização ambientalista Blue Planet Society disse que
esse “mar de plástico” se formou por causa do lixo arrastado da Guatemala para
a costa hondurenha pelas águas do fronteiriço rio Motagua. Nos últimos três
anos, os dois países vêm tendo atritos por causa da contaminação desse curso
hídrico.
“O Governo de Honduras lamenta que, apesar das diversas
abordagens ao Governo da Guatemala e dos esforços realizados, estes não tenham
sido suficientes (...) e ainda não se vejam resultados concretos e evidentes”,
afirmou a secretaria hondurenha de Relações Exteriores em nota no último dia
23.
O Governo de Honduras exigiu a mitigação dos danos e uma
indenização pelo “investimento realizado”. Já o presidente guatemalteco, Jimmy
Morales, declarou ao jornal Prensa Libre que conversou com seu homólogo
hondurenho sobre as tarefas necessárias para combater o problema, mas que estas
“ainda não foram definidas”.