domingo, 21 de abril de 2019

Aula 04/2019 - Crise na Venezuela








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TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR -  Apagão na Venezuela
Diferentes regiões da Venezuela seguem sem energia elétrica mais de 90 horas após o início de um apagão que começou na quinta-feira (7). A queda de força é um problema a mais para a população, que já enfrenta uma longa crise econômica, hiperinflação, desabastecimento e distúrbios sociais devido à situação política do país.
Praticamente o país inteiro foi afetado pelo apagão, em maior ou menor extensão. Segundo a agência AFP, além da capital, 22 dos 23 estados do país tiveram cortes na eletricidade. De acordo com um membro do comitê executivo da Federação dos Trabalhadores da Indústria Elétrica da Venezuela, Alexis Rodríguez, três estados -- Mérida, Lara e Zulia – que seguiam com falta de energia nesta segunda, serão os últimos a tê-la restabelecida.
As agências do setor elétrico da Venezuela, do governo de Nicolás Maduro, falam em "sabotagem criminosa e brutal contra o sistema de geração elétrica" na usina de Guri, no estado de Bolívar, a mais importante do país e uma das principais da América Latina. Especialistas acusam o governo de Maduro de não ter investido na manutenção da infraestrutura por conta da crise econômica. O autoproclamado presidente interino e líder da oposição Juan Guaidó disse que o apagão é decorrente de corrupção e falta de manutenção.
-Há relatos de que pacientes morreram em hospitais em decorrência da falta de energia elétrica, mas não existe balanço oficial. Organizações não governamentais contabilizam ao redor de 20 mortos.
-No Instituto Médico Legal da capital, onde as famílias aguardam a identificação dos mortos, as câmaras frias pararam de funcionar e os cadáveres entraram em putrefação.
-Dezenas de moradores de Caracas precisaram recorrer ao Rio Guaire, um dos mais poluídos da Venezuela, para buscar água, devido aos problemas no abastecimento provocados pelo apagão.
-Apesar de a estatal de petróleo PDVSA garantir os suprimentos de combustível, muitos postos fecharam por falta de energia.
-A retirada de dinheiro nos caixas eletrônicos foi suspensa.
-A telefonia celular falhou.
-Muitas pessoas perderam comida que tinham em suas geladeiras, num país com problema de abastecimento.
-O governo suspendeu a jornada de trabalho e as aulas nas escolas desde o início do corte de energia elétrica.

TEXTO 2 – Cinco mitos sobre a crise na Venezuela (e o que acontece de verdade)
Nos últimos três anos, a crise na Venezuela se agravou, a ponto de fomentar relatos, dentro e fora do país, pintando um cenário bastante catastrófico da situação no país.
Mas até que ponto as coisas estão tão ruins no país - que foi rico e hoje é pobre.
Destacamos cinco tópicos que parecem estar enraizados na opinião de muitos sobre a Venezuela.
1. "Na Venezuela há fome"
Em algumas regiões da Venezuela se passa fome, mas não a maioria da população.
90% dos venezuelanos disse em 2015 ao levantamento Encovi que está comendo menos e com menor qualidade.
De fato, a crise alimentar se aprofundou em 2016; se veem mais filas e são relatados mais casos de subnutrição, com mais pessoas que comem duas ou menos vezes por dia.
De acordo com a Fundación Bengoa, especialista nesta área, a desnutrição está entre 20% e 25%.
Mas duas mortes (de fome) por dia a cada 10 mil pessoas não parece um número factível neste momento.
Especialistas venezuelanos concordam que o que acontece no país não é o mesmo que na Etiópia nos anos 80 ou na Coreia do Norte em 1990.
Mas muita gente tem alertado: "estamos à beira da fome."
2. "Venezuela é igual a Cuba"
Em geral, três elementos permitem que argumentar que "a Venezuela se cubanizou", como alguns dizem: as filas para comprar produtos racionados, a dualidade da economia e da militarização do governo (onde a inteligência e o governo cubano têm influência).
Mas essa comparação só pode ser feita até aí.
A Venezuela é um país capitalista onde o setor privado tem certa atividade, apesar das restrições e expropriações do Estado - que adquire cada vez mais controle sobre a economia. Em Cuba, o setor privado é mínimo.
Na Venezuela, a internet é a mais lenta da região, mas quase todos têm conexão com acesso ao Facebook, Netflix e meios de comunicação internacionais críticos ao governo. Em Cuba não.
3. "A Venezuela é uma ditadura"
É um debate acadêmico que leva alguns anos: se na Venezuela há uma "ditadura moderna" ou um "regime híbrido".
Mas são poucos os especialistas, no país e no exterior, que falam de uma ditadura tradicional.
Primeiro, eles dizem, porque há oposição, por mais que não tenha acesso a recursos que o partido governista tem - e apesar das prisões e restrições a que representantes seus tenham sido sujeitados.
E há eleições, embora tenham removido alguns poderes da Assembleia Nacional - eleita com votos - quando ela passou a ser controlada pela oposição.
Em segundo lugar, a imprensa independente na Venezuela, apesar dos problemas - falta de papel, pressão do governo e com muitos de seus jornalistas em julgamento ou na prisão - existe.
O grau de democracia no país parece ser medido de acordo com a posição política da pessoa que o faz: se poucos analistas falam em "ditadura total", somente uma minoria também acredita que haja "uma plena democracia".
4. "Todo mundo odeia Maduro"
Muitos fora do país perguntam como é possível que Maduro ainda esteja no poder.
De acordo com várias pesquisas, ele tem entre 20% e 30% de apoio.
Estas são as pessoas que o sentimento de apreço pelos benefícios sociais do passado impede de criticar abertamente o governo.
Ou as pessoas com medo de perder a casa, pensão ou vales-alimentação que recebem do governo.
Em todo o caso, o apoio de 30% é mais do que tem os presidentes de Chile e Colômbia.
Alguns dizem que o chavismo é doente terminal, mas Chavez continua a registrar 60% de aprovação, por isso, é difícil pensar no fim do chavismo, por mais aguda que seja crise.
5. "Você não pode sair de casa"
A criminalidade desenfreada e o medo levou alguns a preferirem assistir a um filme em casa do que ir a um bar à noite.
Mas ainda há muitos, não só em Caracas, mas em todo o país, que vão a discotecas, bares e restaurantes.
Paradoxalmente, no lugar onde há mais assassinatos, nos bairros populares, a noite é tão ativa como em qualquer cidade, mas nas áreas de classe média e alta as ruas ficam desertas após as 21h.
Na Venezuela deve-se ter um perfil discreto, não falar no celular nem mostrar uma câmera na rua. Quanto mais velho for o carro e as roupas que se veste, melhor.
Apesar disso, os centros das cidades e vilarejos são durante o dia são tão ou mais agitados do que em qualquer outro lugar na América Latina.
Fonte 1: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-36863392

TEXTO 3 – Por que a crise na Venezuela interessa tanto países como Rússia, China e Turquia
O que há de tão especial na Venezuela que atrai a atenção de tantos países?
China de olho nos seus investimentos
A razão da China para acompanhar de perto o que acontece na Venezuela tem 11 números.
O país asiático é o maior credor de Caracas. Enquanto o resto dos agentes econômicos duvidava cada vez mais da capacidade do país sul-americano de saldar suas dívidas, Pequim emprestou mais de US$ 50 bilhões para a Venezuela (alguns analistas estimam que o valor seja ainda maior, na ordem de US$ 67 bilhões).
Acredita-se que boa parte desse empréstimo já tenha sido paga pelo país sul-americano. Segundo Carlos de Sousa, especialista na América Latina da empresa de análise e previsão econômica Oxford Economics, ainda faltaria pagar pelo menos cerca de US$ 16 bilhões.
Mas a decisão chinesa de investir na Venezuela é estratégica. "(A China) sempre teve uma visão de longo prazo em relação à Venezuela: sendo este o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, fazia sentido investir ali como uma forma de garantir uma fonte de petróleo, (produto) que é necessário para seu crescimento", disse Carlos de Sousa, da Oxford Economics.
Porém, Guaidó já tentou dissipar as dúvidas e os receios chineses. "Nosso governo vai agir com respeito às leis e às obrigações internacionais (da Venezuela)", disse Guaidó em entrevista ao jornal chinês South China Morning Post, no início de fevereiro. "Todos os acordos que foram assinados com a China de acordo com a lei serão respeitados."
Pequim, por ora, já demostrou seu apoio a Maduro. Mas também admitiu ter falado com "todas as partes" do conflito. Mais do que fidelidade política, a prioridade chinesa é assegurar seus interesses econômicos.
A Venezuela tem forte presença na mídia russa e até no Parlamento do país.
Para a Rússia, a Venezuela representa um interesse geopolítico "muito importante" para "neutralizar os interesses" dos Estados Unidos em áreas tradicionalmente consideradas de influência russa, explicou Carlos de Sousa.
"(O envolvimento dos EUA no confronto com a Ucrânia) foi uma situação muito incômoda para a Rússia". Então, o governo Putin está fazendo o mesmo na Venezuela: 'bem, agora sou eu que te incomodo'. Então, (a questão venezuelana) não é algo essencial, mas é interessante para que a Rússia tenha alguma influência no 'quintal' dos EUA", acrescentou o especialista.
Para os russos, a Venezuela não apenas representa um campo de batalha externo, mas também interno.
O editor do serviço russo da BBC, Famil Ismailov, afirmou em dezembro: "Geralmente, o povo russo está cansado de ajudar governos como o sírio e o venezuelano, em vez de ver esse dinheiro investido dentro do país. Mas o governo russo tem uma máquina de propaganda muito forte".
O presidente Vladimir Putin apoia fortemente Maduro, e a imprensa russa oficial questiona o apoio popular à oposição venezuelana.
"Também há interesses econômicos muito importantes. A Rússia investiu cerca de US$ 10 bilhões (na Venezuela)", apontou Sousa. Alguns analistas acreditam que o número pode ser ainda superior, de cerca de US$ 17 bilhões.
"Os russos viram (a situação da Venezuela) de forma oportunista. A recessão no país e a queda na produção de petróleo já haviam começado. Então, a Rússia viu uma oportunidade de comprar ativos da indústria petrolífera a preços muito baratos", disse o analista da Oxford Economics.
Irã e a 'venezualização'
Apesar de estarem separados por mais de 12 mil quilômetros, o Irã e a Venezuela mantêm uma relação que, segundo o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, é "sagrada". O Irã tem sido um dos poucos países a demonstrar apoio a Maduro, chamando a autoproclamação de Guaidó de "tentativa de golpe".
Chávez e o ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad foram os responsáveis por fortalecer os laços entre os dois países. Desde então, ocorreram diversas visitas oficiais dos dois lados.
Mas a aliança entre a Venezuela e o Irã é de natureza diferente, como explica o editor da emissora persa da BBC, Ebrahim Khalili: "O governo apoia a Venezuela porque sua estratégia é ser contra tudo que os Estados Unidos são a favor. Fala abertamente que devemos estar perto dos inimigos dos nossos inimigos".
Turquia em busca de ouro venezuelano
Maduro também é muito conhecido na Turquia. Em setembro do ano passado, por exemplo, um vídeo do venezuelano saindo de um restaurante de luxo em Istambul provocou controvérsia.
Era a quarta visita de Maduro à Turquia desde 2016, quando as relações entre as duas nações começaram a florescer. Naquele ano, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan sofreu uma tentativa de golpe, e Maduro foi um dos primeiros líderes mundiais a apoiá-lo.
Não surpreende, então, que Erdogan tenha criticado os Estados Unidos por apoiarem Guaidó.
O parlamento turco tem, inclusive, um grupo dedicado à "amizade" turco-venezuelana. Segundo seu presidente, Kerem Ali Surekli, do partido de Erdogan, "ambos os países resistem a intervenções externas, rechaçam intervenções externas e bastam a si mesmos".
Fonte:       https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47312442

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