domingo, 18 de outubro de 2015

Aula 26/2015 - Ativismo online




TEXTO 1 – Aluno de Harvard cria campanha para doar barco a tribo na Amazônia
Estudante de religião na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, uma das mais importantes do mundo, o americano Johnny Motley, de 26 anos, criou uma campanha na internet para comprar um barco de pequeno porte motorizado para uma comunidade indígena da Amazônia.
Motley se graduou em religião em Harvard e agora cursa o mestrado sobre o mesmo tema. Ele pesquisa as religiões nas Américas e desde 2013 teve várias passagens por tribos na Amazônia, como objeto de estudo. “A pobreza, a falta de comida, de acesso à saúde me surpreenderam. É uma vida muito dura. Há problemas com drogas, álcool, e não há muito apoio de ninguém. Foi uma experiência muito marcante”, diz ao G1, por telefone, com seu português fluente.
Com o crowdfunding, o americano quer ajudar a comunidade de São Jorge do Rio Curicuriari, formada por 25 famílias, que vivem basicamente da pesca e do cultivo da mandioca, onde morou por três meses. Para chegar lá, o americano viajou três dias de barco pelo Rio Negro saindo de Manaus. A meta é arrecadar 5 mil dólares para a compra de um barco pequeno, chamado de voadeira. A campanha está no ar há um mês e já atingiu a meta de 3,5 mil dólares. As doações são em dólar e podem ser feitas até dezembro. Não há valor mínimo e qualquer pessoa pode doar, basta ter um cartão de crédito internacional.
A voadeira será usada principalmente para que os índios cheguem mais rápido ao hospital. O mais próximo da aldeia fica a 100 quilômetros, na cidade de São Gabriel da Cachoeira. No entanto, hoje o acesso é feito por canoas e dura cerca de duas horas. Com o novo barco, o trajeto duraria no máximo 30 minutos.
Soube que duas crianças se queimaram com água fervente, foram socorridas, sobreviveram, mas no caso de um infarto, um aneurisma, o tempo é muito importante. A demora pode matar"

TEXTO 2 – Vamos mudar o mundo?
Com 30 milhões de filiados, a Avaaz é uma organização que pretende salvar a todos nós por meio da tecnologia.
Existem muitas causas. Esta me foi apresentada forçosamente diante do Parlamento em Londres em um dia de julho de 2013, quando eu tentava localizar a manifestação "Não deixe que a Birmânia se torne a próxima Ruanda". Afinal a encontro – há um quadro vivo de lápides e algumas pessoas vestidas como o presidente de Burma, Thein Sein, e o primeiro-ministro David Cameron com cabeças gigantes de papier-mâché –, mas sou distraída das histórias de potencial genocídio pelas atividades da organização GLS Stonewall e do Coro Gay de Londres, que também estão protestando a poucos metros de distância. É um dia crucial para a votação do casamento gay, e enquanto os manifestantes pró-Burma portam cartazes e entoam slogans, é um páreo duro: o Coro de Homens Gays de Londres lança uma versão a capela de I Need a Hero e Peter Tatchell apareceu e começou a dançar.
Mas então é esta a realidade do protesto no século XXI: um desfile de beleza. Uma competição pela coisa que todos parecemos ter menos: atenção. As câmeras de TV aparecem, porém, e uma jovem da minoria muçulmana rohingya da Birmânia dá entrevistas comoventes para jornalistas sobre os terríveis abusos aos direitos humanos que sua família sofreu. E cerca de uma dúzia de jovens aparecem para oferecer apoio. O protesto foi organizado pela Avaaz, uma organização ativista da internet, e esses são "avaazistas". Eles podem ter acabado de assinar uma petição online, ou "curtido" uma causa no Facebook, ou doado para uma campanha – para salvar as abelhas da Europa de pesticidas, defender os direitos à terra dos massai na Tanzânia ou "apoiar" Edward Snowden. E, dependendo de em quem você acredita, ou eles estão inventando um novo tipo de protesto do século XXI ou são um bando de desocupados com tanta probabilidade de iniciar uma revolução quanto de renunciar a seus iPhones e abandonar o Facebook.
Em apenas seis anos, a Avaaz – que significa "voz" em várias línguas – tornou-se um grupo de pressão global de destaque. É um novo tipo de ativismo que não é voltado para um tema, é conduzido por temas. São os abusos aos direitos humanos em Burma, ou a guerra civil na Síria, ou as ameaças contra a Grande Barreira de Corais ou a homofobia na Costa Rica. É o que quer que seus seguidores, guiados pela equipe da Avaaz, decidam clicar mais este mês. E se você ainda não ouviu falar na Avaaz é provavelmente apenas uma questão de tempo.
Mas ser um "filiado" da Avaaz não é como integrar o Greenpeace. Você pode ter assinado uma petição ou feito a inscrição para um e-mail. Você talvez não se lembre de ter feito nada. E talvez ainda faça parte do que se tornou um fenômeno global: a ascensão do protesto online – também conhecido como "clicativismo". E enquanto seus críticos discutem o que a Avaaz realmente conquistou – muitos dos que ela considera seus maiores sucessos foram em áreas em que outras organizações trabalham há anos –, não há dúvida de que se tornou um ator de enorme influência no cenário mundial. "Apesar de toda a sua bravata, e há muita bravata, é incrivelmente grande", disse-me um ex-funcionário da organização. "E os chefes de Estado prestam atenção, posso lhe afirmar. Existe muita disputa e ciúme por parte de organizações tradicionais como a Oxfam, mas ela levanta grandes questões sobre o futuro do ativismo liberal."

TEXTO 3 – algumas imagens



TEXTO 4 – Uma breve história sobre ativismo on-line.
Se está crescendo a conscientização ou chamando cidadãos para ação, a tecnologia tem exercido um papel significante ao conectar pessoas com um objetivo ou mudança em comum. Trocas de mensagens por listas de e-mail, convites para grupos de Facebook e petições do change.org são agora a regra para muitos ativistas.
Tudo começou nos anos 1990 e continuou a crescer, mais recentemente como uma força motora nos tumultos em Londres. Com o movimento na Web 2.0 e o boom das redes sociais nos últimos anos, quase todo mundo tem uma voz via Internet – e muitos estão usando a sua para mobilizar.

Confira abaixo uma linha do tempo sobre alguns momentos cruciais do ativismo online, a maioria dos quais resultou em protesto físico ou afetou uma mudança diretamente. Você se lembra de onde estava nesse momento da história?
Lotus Marketplace, abril de 1990 àEm 1990, um produto chamado Lotus Marketplace: Households objetivou revolucionar a indústria das listas de marketing. Ao invés disso, ele criou novas preocupações sobre privacidade do consumidor e liderou o público para uma ação.
Zapatistas – de 1994 até hoje à O movimento Zapatista foi iniciado pelo partido EZLN no México. Muitos dos seus esforços organizacionais utilizaram e-mail e grupos de usenet, assim como alguns dos tipos mais antigos dos ataques DDoS para derrubar sites do governo e atrair atenção para as suas causas.
MoveOn.Org – 15 de setembro de 1998 à Caso de Bill Clinton com Monica Lewinsky. A simples petição online, contou o MoveOn.org, foi originalmente enviada a cerca de 100 membros de famílias e amigos – e dentro de uma semana alcançou 100.00 assinaturas.
Protestos da World Trade Organization em Seattle – 30 novembro de 1999 à Meses antes da 1999 WTO Ministerial Conference ter sido agendada para realização, ONGs, grupos de interesse e protestantes individuais se organizaram contra a globalização via Internet. No chão, os mais de 50.000 protestantes contaram com o uso de telefones celulares, permitindo rápidas mudanças estratégicas e surpreendendo a polícia.
Protestos de imigração na California – 27 de março de 2006 à No final de março de 2006, estudantes de Ensino Médio da área de Los Angeles usaram mensagens de texto para organizar uma passeata fora das salas de aula, em oposição à proposição de mudança da Legislação americana de Imigração.
Protestos de Eleição no Irã, junho de 2009à Em 13 de junho de 2009, estudantes iranianos uniram forças para protestar contra a altamente disputada reeleição do Presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Por terem os protestantes se comunicado via redes sociais, o Governo iraniano desligou o acesso à internet.
Wikileaks, 5 de abril de 2010 até hojeàWikileaks é uma organização sem fins lucrativos que publica mídia classificada em seu sítio por meio de notícias de fontes anônimas e denunciantes. Em julho de 2010, o sítio publicou uma coleção de documentos sobre a guerra no Afeganistão.
Primavera Árabe – 18 de Dezembro de 2010 até hojeà A Primavera Árabe se refere a uma série de revoluções e revoltas no Oriente Médio e Norte da África, começando na Tunísia em 18 de dezembro de 2010.
Tumultos em Londres, 4 de agosto de 2011àEm 4 de agosto, a polícia atirou fatalmente Mark Duggan. Um protesto pacífico de cerca de 300 se reuniu ao redor da estação policial de Tottenham. Rumores não confirmados dizem que a violência surgiu em reação ao confronto entre um protestante adolescente e um policial. Isso inspirou violentos tumultos em Londres, coordenados principalmente via Blackberry Messenger.

TEXTO 5 – "O ativismo on-line é para preguiçosos"???
O cético pensador radicado nos EUA diz que as campanhas da web não resolvem nada
Salvem as baleias do Ártico e as crianças africanas. Petições assim circulam na internet em busca de apoio às causas mais diversas. Você pode jamais ter assinado uma delas – mas sua caixa de correio com certeza já recebeu inúmeras. A revolta virtual que motiva campanhas assim pode aliviar a consciência, mas não resolve nada. É o que afirma o pensador bielorrusso Evgeny Morozov. Pesquisador da Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, ele até criou um termo para descrever as campanhas que tentam mobilizar as pessoas por meio da web. É o slacktivism (algo como ativismo preguiçoso, em português). Na opinião de Morozov, que defende suas ideias no blog Net.effect, essa onda contagia as pessoas que têm preguiça de se envolver em causas, mas são ansiosas por se sentir ativas.
ÉPOCA – Que mudanças a internet trouxe para o ativismo?
Evgeny Morozov – Ela reduziu muito os custos de publicação e tornou mais fácil encontrar apoio, mas isso não quer dizer muita coisa. Quem garante que esses apoiadores serão realmente úteis ou estarão dispostos a ir às ruas? Da mesma forma que a rede diversifica o ativismo, ela também sofistica a vigilância e o controle. Os protestos são identificados mais rapidamente, as autoridades também reagem com mais prontidão. No passado, os ativistas tinham de tomar cuidado com os canais usados para se comunicar. Hoje, a comunicação é feita em espaços públicos, como o Twitter e o Facebook. Não é que o ativismo on-line não possa ser eficiente, mas os protestos ficam prejudicados se o alvo souber tudo de antemão.

TEXTO 6 – O caso brasileiro - 2013
São Paulo - Entre os dias 19 e 21 de junho, as manifestações nas redes sociais relacionadas às ondas de protestos em todo o País impactaram 94 milhões de pessoas somente pelas redes sociais. Essa conclusão é resultado do Mapa Digital das Manifestações, estudo realizado pelo Grupo Máquina PR / Brandviewer, que analisou todo o ambiente digital para identificação de mensagens relacionadas às manifestações.
O mapa de calor abaixo mostra a mobilização dos usuários em todas as regiões do Brasil no período. A cor azul representa uma região com pouca adesão e o vermelho representa alto tráfego de comentários. Praticamente todo o País, com exceção de algumas áreas na região Norte foram impactadas.
O pico da mobilização aconteceu ontem, entre 18 e 23 horas, quando houve tensão e confrontos em diversas cidades, com destaque para Brasília (tentativa de invasão do Itamaraty) e Rio de Janeiro.
A rede mais usada para distribuição de conteúdo foi o Twitter (49,3% das citações), seguido de Facebook (47,1%) e Google+ (1,9%). Dos autores de posts, 55,9% eram homens. Com 80,1 milhões de usuários impactados, a principal hashtag sobre o assunto é #vemprarua, seguido por #ogiganteacordou, que impactou 60 milhões. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília foram as cidades com maior participação de usuários em volume de posts sobre o assunto.

Fonte:       http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/ativismo-digital-atingiu-94-milhoes-de-brasileiros

Ativismo em redes sociais








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