segunda-feira, 6 de abril de 2015

Aula 09/2015 - A Depressão e o caso da Germanwings

Depressão


Dizem que o jovem piloto Andreas Lubitz sofria de crise depressiva e mantinha escondidas da Lufthansa as suas condições psíquicas. Os médicos tinham aconselhado um período de licença do trabalho. Mas isso não é de fato surpreendente: o turbocapitalismo contemporâneo detesta aqueles que pedem para usufruir licenças médicas, e detesta à enésima potência qualquer referência à depressão. 
Deprimido, eu? Não se fala nunca disso. Eu estou bem, perfeitamente bem, eficiente, alegre, dinâmico, enérgico e acima de tudo competitivo. Faço jogging toda manhã, estou sempre disponível e preparado para coisas extraordinárias. 
Não seria talvez esta a filosofia do “baixo custo”?
Não seríamos talvez rodeados ininterruptamente pelo discurso da eficiência competitiva?
Não estaríamos talvez constrangidos no cotidiano a comparar o nosso estado de ânimo com aquela alegria agressiva dos rostos bem sucedidos que aparecem nos anúncios publicitários?
Não correríamos talvez o risco de demissão se faltarmos demais ao trabalho por estarmos doentes?


Material da aula

TEXTO 1 – O fato – Depressão e a queda do avião nos Alpes
A maioria dos pilotos que sofrem de depressão oculta a doença das companhias e das autoridades aéreas, segundo um estudo divulgado hoje (5) pelo jornal alemão Bild. O problema veio à tona após a queda do avião da Germanwings, com 150 pessoas a bordo, no último dia 24, na região dos Alpes franceses.
O copiloto da companhia, Andreas Lubitz, que teria deliberadamente derrubado avião, que fazia a ligação entre Barcelona (Espanha) e Dusseldorf (Alemanha), sofria de depressão e, segundo a investigação em curso, fez buscas na internet sobre métodos de suicídio na véspera da viagem.
Segundo o estudo divulgado pelo Bild, o caso de Andreas Lubitz não é único entre os pilotos, que procuram esconder os problemas de saúde dos seus superiores. A análise, do diretor do Departamento de Medicina da Organização Civil Internacional da Aviação, Anthony Evans, datada de novembro de 2013, revela a existência de déficits graves no acompanhamento dos pilotos em matéria de saúde mental.
De acordo com o estudo, cerca de 60% dos pilotos que sofrem algum tipo de depressão decidem continuar a voar sem comunicar aos empregadores. Com base na análise de 1.200 casos de pilotos com depressão, o trabalho de Evans revela que cerca de 15% dos profissionais optam por tratar-se em segredo com medicamentos que conseguem por seus próprios meios, e apenas 25% declaram ao empregador que está fazendo tratamento.

TEXTO 2 – Estigmatização de depressão
Nas manchetes de jornais em todo o mundo aparece a afirmação de que o copiloto do avião da Germanwings, Andreas Lubitz, sofria de depressão. O tablóide britânico Daily Mail, no entanto, foi mais além: "Piloto suicida tinha longo histórico de depressão – por que o deixaram voar?"
Ainda não se sabe exatamente o que aconteceu nos momentos finais do voo 4U 9525. O que sabemos é que na terça-feira, o avião foi deliberadamente pilotado para uma colisão nos alpes franceses, matando 150 pessoas.
Na sexta-feira, os investigadores revelaram que atestados médicos rasgados foram encontrados na casa de Lubitz, inclusive um para o dia do acidente, que a Germanwings diz não ter recebido.
Um hospital alemão confirmou que ele havia recebido tratamento médico em março e no mês passado, mas negou que o problema em questão fosse depressão.
A teoria de que uma doença mental teria afetado o copiloto ganhou espaço na mídia alemã, que cita documentos da autoridade nacional de aviação. Os documentos teriam dito que Lubitz sofreu um sério episódio depressivo durante seu treinamento para ser piloto em 2009.
No entanto, jornais britânicos que ligaram os problemas mentais de Lubitz a suas ações estão sendo acusados por especialistas e leitores de serem "simplistas demais".

TEXTO 3 – Enfim, o que vem a ser a Depressão
Depressão é uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite.
É importante distinguir a tristeza patológica daquela transitória provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à vida de todas as pessoas, como a morte de um ente querido, a perda de emprego, os desencontros amorosos, os desentendimentos familiares, as dificuldades econômicas, etc. Diante das adversidades, as pessoas sem a doença sofrem, ficam tristes, mas encontram uma forma de superá-las. Nos quadros de depressão, a tristeza não dá tréguas, mesmo que não haja uma causa aparente. O humor permanece deprimido praticamente o tempo todo, por dias e dias seguidos, e desaparece o interesse pelas atividades, que antes davam satisfação e prazer.
A depressão é uma doença incapacitante que atinge por volta de 350 milhões de pessoas no mundo. Os quadros variam de intensidade e duração e podem ser classificados em três diferentes graus: leves, moderados e graves.

TEXTO 4 – Como alguns interpretam a Depressão



TEXTO 5 – Morte de famosos reacende o debate sobre a depressão
O ator do riso fácil, aquela figura frenética, cheia de trejeitos hilários, adorado por gerações, que encarnou tipos antológicos em Uma babá quase perfeita e Bom dia, Vietnã, esse personagem da vida real foi fatalmente fisgado pela depressão. A notícia da morte do ator Robin Williams, que cometeu suicídio na última terça-feira, aos 63 anos, deixou o mundo estarrecido. Embora esteja presente no jargão popular, a depressão é ainda pouco compreendida pela maioria, dizem especialistas. Outro humorista, o brasileiro Fausto Fanti, do grupo Hermes & Renato, foi igualmente vítima recente desta que é uma doença que pode afetar qualquer um, e “não uma simples tristeza”.

A informação sobre a depressão de Williams foi divulgada apenas após a sua morte. Pessoas ligadas ao ator disseram que ele escondia a doença através da comédia e que esse mal o acometia há décadas. Além de situações da vida, ou seja, os fatores ambientais, a herança genética também influencia a sua ocorrência. Por isso, estima-se que uma pessoa que sofreu algum episódio de depressão tem 50% de chance de ter o segundo; se foram dois, a propensão para um terceiro sobe para 70%; e se chegou a três, há 90% de probabilidade de ocorrer uma quarta crise.

TEXTO 6 – Pesquisa da Revista Brasileira de Psiquiatria


Texto 6 – Sintomas





Alguns vídeos

PARTE 1

PARTE 2

PARTE 3

DIFERENÇA ENTRE DEPRESSÃO E TRISTEZA




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