Definir
um herói não é tarefa das mais fáceis. Os dicionários trazem uma dezena de
significados. Entre eles, está o da figura notável por sua coragem, feitos
incríveis, generosidade e altruísmo. Por esse motivo, ganha admiração e
atenção.
A emoção é a força que nos conduz quando temos essas intuições, o resultado é que quando se veem em situação de crise, essas pessoas são tomadas pelo "reflexo rápido", não deixando lugar para a dúvida, todos nós podemos aprender com os gestos de generosidade desses heróis. Se você tiver o hábito de ser generoso, isso vai se tornar o seu modo de funcionamento padrão e há mais chances de você agir dessa maneira em outros contextos, é como cultivar o hábito da virtude.
Quando nos deparamos com o terrorismo, é natural adotar uma visão mais sombria da humanidade, com o medo e a suspeita dominando nossos pensamentos.
Mas histórias como as de Boumbas e Termos nos recordam que o altruísmo e o heroísmo também podem se tornar instintivos – algo que não pode ser suprimido nem mesmo nas circunstâncias mais horrendas.
Material da aula
TEXTO 1 – Fato motivador
Na última sexta-feira, Ludovico Boumbas comemorava o
aniversário de um amigo em um tranquilo jantar quando atiradores abriram fogo
contra o restaurante onde ele estava, o Belle Equipe, em Paris. Ele podia ter
se jogado ao chão como fizeram outras pessoas, mas ao ver um dos homens
disparar contra uma mulher a seu lado, outro instinto tomou conta. Segundo seus
amigos, Boumbas se jogou na frente da desconhecida, salvando a vida dela, mas
acabando com a sua própria.
No dia anterior, a milhares de quilômetros de distância, em
Beirute, no Líbano, Adel Termos deu uma demonstração de coragem altruísta
semelhante. Ao ver um homem com um colete explosivo se aproximando de uma multidão,
ele o derrubou no chão. Isso detonou a bomba, matando-o - mas, sem dúvida,
salvando várias outras vidas.
Por que será que algumas pessoas agem dessa maneira? O
psicólogo David Rand, do Laboratório de Cooperação Humana da Universidade de
Yale, analisou vários exemplos semelhantes de heroísmo entre cidadãos comuns
para tentar entender a lógica por trás desses atos de generosidade.
Os primeiros estudos de Rand examinavam uma questão mais
básica: será que somos naturalmente predispostos a sermos egoístas ou
altruístas?
Seus experimentos demonstraram que quanto menos tempo os
voluntários tinham para tomar decisões em situações-limite, mais eles agiam
pensando primeiro nos outros. Ele fez os participantes jogarem por dinheiro,
por exemplo, e percebeu que eles tinham mais chances de dividir seus ganhos com
outros jogadores se fossem pressionados contra o relógio.
Segundo Rand, as experiências mostraram que, em média, as
pessoas são naturalmente predispostas a cooperar e serem gentis. “Esse é o
nosso comportamento-padrão”, afirma. Isso não quer dizer que esse comportamento
não tenha seus benefícios a longo prazo. As pessoas que são mais cooperativas
têm mais chances de conseguir uma recompensa no futuro e, talvez, isso
signifique que todos nós sabemos que ser legal compensa.
Mas a ideia de que o ser humano é naturalmente e
instintivamente generoso ainda é algo mais otimista do que a ideia de que
nossos desejos egoístas são suprimidos por uma mente racional.
TEXTO 2 – Um pouco do
passado - LISTA DE MATTOS
Padeiro ‘fabricava’ cartas de alforria falsas. As mãos que
davam forma ao pão de seis onças, o mais comum nas padarias do Império, eram as
mesmas que alimentavam o sonho da liberdade de muitos negros na cidade paulista
de Santos, na segunda metade do século XIX. O padeiro João de Mattos, que todas
as madrugadas dividia a arte de fazer pão com negros escravos, à noite trocava
de ofício. Ele imprimia cartas de alforria falsas, a serem entregues a escravos
fugidos. De posse do documento, os negros tornavam-se libertos.
João de Mattos priorizava em sua lista negros que trabalhavam
em padarias. O movimento criado pelo padeiro rompeu os limites de Santos e
chegou a São Paulo e Rio de Janeiro. A saída para liberdade criada por Mattos
também tinha um viés trabalhista. Para ele, enquanto existissem escravos não
haveria respeito ao trabalhador e, muito menos, melhores condições de trabalho.
TEXTO 3 – Tão
antigo quanto a própria humanidade
Os tradutores do código navajo foram chave
para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Não conhecemos todos
os seus nomes, de fato, no ano de 2014, faleceu o último desses valentes
soldados navajos recrutados em 1942 pela Marinha norte-americana, com o fim de
criar um código secreto. Uma linguagem indecifrável para, os então, inimigos
japoneses.
O importante
papel dos índios navajos na Segunda Guerra Mundial
O código
navajo foi um segredo de Estado, até que em 1968, os Estados Unidos desclassificou
a informação. Foi então quando alguns nomes se tornaram conhecidos, como o de
Chester Nez. Esses jovens índios navajos deixaram as belas terras do Arizona e
Novo México para serem recrutados em uma importante missão.
Como já se
sabe, o papel dos EUA durante a Segunda Guerra mundial esteve em um discreto
segundo plano até que em 1941, o Japão, atacou a frota dos americana em Pearl
Harbor, Havaí. Aquilo ultrapassou os limites e acendeu a chama do patriotismo
americano, fazendo a nação tomar parte definitivamente daquela guerra.
Os
norte-americanos começaram atacando as ilhas do Oceano Pacífico ocupadas pelos
japoneses. Mas havia um problema, os japoneses não eram ingênuos e sabiam
perfeitamente interceptar suas mensagens e saber de antemão onde iam atacar.
Não importava que criptografia utilizassem, os japoneses decifravam todas. Até
que um dia, deixaram de fazê-lo. O que estava acontecendo? Da noite para o dia,
os americanos estavam trabalhando em um código completamente desconhecido.
Eles não
sabiam, mas as mensagens que recebiam estavam redigidas em uma língua chamada
Diné Bizaad: o idioma dos índios navajos. O artificio foi obra de Philip
Johnston, um jovem branco criado em uma reserva de índios navajos, que teve a
ideia e quem a sugeriu ao comando da marinha. Sabiam que era uma vantagem
enorme em frente ao inimigo japonês, já que era quase impossível que algum
japonês soubesse falar navajo. Não haviam livros sobre essa língua e eram
poucos os homens brancos que dominavam com perfeição.
Os japoneses,
jamais conseguiram decifrar uma palavra. Não foi até 1968, quando descobriram
que aquela era uma língua de uma tribo nativa americana. Uma língua chamada
Diné Bizaad. Em 2002, homenagearam esses heróis anônimos com um filme protagonizado por Nicolas Cage: Windtalkers.
TEXTO 4 – Como definir um herói?
Definir um
herói não é tarefa das mais fáceis. Os dicionários trazem uma dezena de
significados. Entre eles, está o da figura notável por sua coragem, feitos
incríveis, generosidade e altruísmo. Por esse motivo, ganha admiração e
atenção.
Já ao
apresentar uma história fica mais fácil definir o herói. Em casos de tragédias,
como a provocada pela chuva na região serrana do Rio, em janeiro, e o ataque
aos estudantes de Realengo, em abril, quem evitou mais mortes ganha o título. Em
outros casos, a admiração em 2011 foi conquistada com campanhas que fizeram
parte da sociedade mudar a forma de pensar. Caso dos amigos do administrador
Vitor Gurman, que não deixaram a morte em um acidente de carro causado por uma
pessoa embriagada ficar impune.
Com 18
anos de profissão, o PM Márcio Alexandre Alves, de 38, participava de uma
rotineira blitz de trânsito, em Realengo, na zona oeste do Rio, em 7 de abril,
quando ouviu o pedido de socorro de dois alunos ensanguentados em fuga. Correu
até a Escola Tasso da Silveira, em meio aos sons de gritos e tiros. Ficou
diante do atirador Wellington Menezes e baleou o assassino, que depois se
matou. Hoje, segue sua rotina no Batalhão de Polícia Rodoviária onde foi
promovido a segundosargento.
Com uma
corda nas mãos, dois jovens de São José do Vale do Rio Preto (RJ) salvaram a
vida de uma senhora durante a tragédia da região serrana, no início do ano.
Daniel Lopes Cavalcanti e Gilberto Branco Faraco, primos, refugiaramse no
telhado do prédio onde moravam.
Do alto,
viram a mulher a ponto de ser levada pela força das águas. "Não tínhamos
muito ideia de como fazer, fomos no susto", disse Daniel. Eles encontraram
duas cordas e as jogaram. A primeira se perdeu na enxurrada. A outra caiu perto
da mulher, que conseguiu se segurar. Segundos depois, ela estava com eles no
telhado, em segurança. "Três dias depois, fomos saber que as imagens
estavam rodando o Brasil", disse Gilberto.
Fonte: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,herois-surgidos-das-tragedias-de-2011-imp-,815070
TEXTO 5 – Algumas imagens
TEXTO 6
– Ação de heróis impede tragédia em
São Paulo
Metrô de
São Paulo, 9h50 desta quartafeira (08/10/2014). O trem para, de repente, entre
as estações Santana e Carandiru. As luzes se apagam, e o arcondicionado é desligado.
Um, dois, três minutos se passam, até que uma mulher bem vestida e com aparentes
40 anos de idade passa correndo pela chamada passarela de emergência, um corredor
estreito que fica entre os trilhos e a grade de proteção – nesse trecho da
linha azul do metrô, os trens circulam em um elevado, passando por cima de uma
avenida que liga a zona norte ao centro da cidade.
Jaqueta
marrom, botas pretas e bolsa e sacola plástica na mão, a mulher para de correr
e se volta para a grade. Agora está sob o olhar dos passageiros do trem parado,
onde está a reportagem da Folha, e de pedestres e motoristas, lá embaixo, na
avenida.
Um desses
pedestres é o mineiro Altamiro de Souza, 52, motorista desempregado e que
caminhava pela avenida Cruzeiro do Sul.
"Eu
vi que ela estava correndo lá em cima, e comecei a gritar pra voltar. Quando
ela parou e olhou pra baixo, corri pro meio da avenida e parei o
trânsito", afirma o motorista desempregado, natural de Teófilo Otoni.
"Não
pula, não pula, Jesus te ama", gritava Souza.
A mulher,
desorientada, desce da passarela e agora já anda em cima dos trilhos, devidamente
desligados (ou desenergizados).
No vagão em
que está a reportagem, uma senhora de aproximadamente 60 anos começa a chorar:
"Meu Deus, o que será que está passando pela cabeça dessa mulher".
Um outro
passageiro parece preocupado com o horário: "Esse tipo de encosto é que atrasa
a nossa vida".
A mulher
começa a correr de volta para a estação Carandiru assim que percebe a aproximação,
pelos trilhos, de um grupo de seguranças a partir de Santana. Um deles é o
paulistano José Bezerra, 58, há pouco mais de três décadas nesse mesmo serviço
no metrô.
De
uniforme preto e debaixo do forte sol da manhã, ele enfim se aproxima. O temor é
que ela se jogue lá de cima a qualquer momento. E, na cabeça dele, passa um filme
de 15 anos atrás, quando atuava na antiga estação Ponte Pequena (hoje Armênia)
e salvou uma mulher que acabara de se jogar no rio Tamanduateí. A mulher,
agora, já está do lado de fora da grade. Pode cair a qualquer momento. Fica lá
poucos segundos, até voltar para uma área segura. "Quando me aproximei da
mulher, usei toda a minha experiência. Quando ela abaixou a cabeça [e voltou
para uma área segura], dei o bote e a segurei", disse, emocionado e ainda
bastante suado, enquanto era atendido pelo serviço médico do metrô por causa do
ferimento na canela causado na hora do bote.
"Isso
aqui [machucado] não é nada. Estou feliz, é uma vida salva." Já com a
canela enfaixada, ainda numa salinha da estação Carandiru, Bezerra
recebe um
forte abraço do mineiro Souza, aquele que quase perdeu a voz para que a mulher
não se jogasse no meio da avenida.
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