Material da aula!
TEXTO 1 – Fato motivador
Vila Autódromo, a favela que se recusa a desaparecer por
causa das Olimpíadas
Legado olímpico: Dona Penha sabe que a sua casa pode ser
demolida a qualquer momento por causa da realização dos Jogos Olímpicos no Rio.
A partir de 2018, aquela área será ocupada por condomínios de luxo. “Se os
pobres acabarem, quem vai trabalhar para os ricos?”
Há uma máquina de lavar roupa e uma secadora à porta da
Igreja Católica São José Operário, na Barra da Tijuca. Quando Dona Penha e a
filha Natália pensaram que a casa delas ia ser demolida na quarta-feira, elas
tiraram tudo o que conseguiram à pressa e levaram para a igreja. Foi assim que
um colchão azul de flores amarelas, caixas, baldes, sacos, móveis, ventoinhas e
mais do que um relance consegue apurar – Natália não queria jornalistas por
perto e, quando os jornalistas apareceram, não quis fotografias – acabaram
amontoados dentro da igreja, vigiados por uma cruz minimalista como um T.
Três casas da Vila Autódromo foram derrubadas no mesmo dia
por uma retroescavadeira, por decreto da prefeitura (Câmara Municipal) e com
mobilização da tropa de choque. Dona Penha e Natália estavam certas de que a
sua casa ia ser a próxima – afinal, ela também estava incluída no decreto. Nos
últimos dois anos, Dona Penha e Natália viram a maior parte dos seus vizinhos
irem embora e a comunidade virar um cenário de catástrofe. Como se um tornado
tivesse passado por aqui, as casinhas de tijolo, construídas pelos seus
moradores, foram reduzidas a entulho, as ruas deixaram de existir e só sobrou
lama, lixo e buracos.
Nenhum tornado passou por aqui. A comunidade de cerca de 550
famílias de baixo rendimento foi removida voluntariamente ou involuntariamente
por causa da construção do Parque Olímpico, o principal centro das competições
das Olimpíadas do Rio de Janeiro, que começam a 5 de Agosto. Chega-se ali
atravessando a Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio, em toda a sua longitude
de shoppings de inspiração norte-americana e condomínios – uma hora de
congestionamento, no mínimo, para quem vem da zona Sul. Novos condomínios de
luxo foram erguidos nos últimos anos, como a “vila”, intitulada Ilha Pura, onde
os atletas olímpicos vão ficar alojados. Toda esta área em torno da Lagoa de
Jacarepaguá sofreu uma intensa transformação urbanística, que continua em
curso. Torres de múltiplos andares eclodiram no meio do mato. A avenida de
acesso ao Parque Olímpico está a ser ampliada e pavimentada. As nove
instalações desportivas do Parque Olímpico – onde serão disputadas 16
modalidades – estão praticamente concluídas. Não há como chegar lá sem ver a
Vila Autódromo. Ou que resta dela: uma dezena de casas de tijolo dispersas
entre ruínas e bananeiras, terra revolvida com pilhas de entulho, poças de água
povoadas de mosquitos. E graffiti: “Não vamos sair!”
TEXTO 2 – SMH – Saia do
Morro Hoje ou ERA DAS REMOÇÕES
Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, 10 mil
casas foram pintadas com as letras “PR”, de Príncipe Regente, abreviatura que
significava na prática que o morador teria que sair de sua casa para dar lugar
à realeza. Logo, a sigla “PR” ficou popularmente conhecida como “Ponha-se na
Rua”. Hoje, as casas removidas no Rio de Janeiro são marcadas com as letras
“SMH”, de Secretaria Municipal de Habitação. A população também criou um
apelido para a sigla: “Sai do Morro Hoje”.
Essa associação entre as duas eras de despejo – que afetam
sempre a mesma população – é feita em “Do ‘Ponha-se na Rua’ ao ‘Sai do Morro
Hoje’: das raízes históricas das remoções à construção da “cidade olímpica”,
trabalho de conclusão de curso da jornalista Paula Paiva Paulo. Em entrevista à
Pública, ela fala pela primeira vez sobre o estudo que revê as transformações
no espaço público carioca e as remoções compulsórias que preparam o cenário. E
afirma: Os despejos não acontecem por “falta de planejamento” urbano. “É
simplesmente privilegiar a especulação imobiliária ao invés do direito a
moradia”, explicita.
O termo: “Era das Remoções” foi retirado do excelente livro
do historiador Mário Brum, “Cidade Alta – História, memórias e estigma de
favela num conjunto habitacional do Rio de Janeiro”.
Ele se refere ao período de 1963 a 1975, no qual foram
removidas mais de 175 mil pessoas somente no Rio de Janeiro. O então governador
do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, trabalhou com as duas perspectivas,
primeiro, com o criado Serviço Especial de Recuperação de Favelas e Habitações
Anti-Higiênicas (Serfha), com a perspectiva da urbanização. Depois, com a
extinção do Serfha e a subordinação dos órgãos habitacionais à Secretaria de
Serviços Sociais, criada em 1963, a política habitacional passou a trabalhar
com muito empenho com a perspectiva remocionista, já que, com a especulação
imobiliária, políticos e construtoras tinham interesse na “desfavelização” da
Zona Sul.
De acordo com Mário Brum, as primeiras remoções foram em
áreas de obras, como as favelas da Avenida Brasil, removidas para a construção
do Mercado de São Sebastião, e a favela do Esqueleto, retirada para a
construção da UERJ, no Maracanã. Em um segundo momento, as remoções visaram
favelas em terrenos de alto valor imobiliário, como o caso da Favela do
Pasmado, em Botafogo.
TEXTO 3 – Legado Olímpico?
De Londres a Sydney, o que sobrou do legado das Olimpíadas?
A um ano das Olimpíadas no Rio de Janeiro, ainda há dúvidas
quanto ao legado que o evento deixará para a cidade. Sedes anteriores ganharam
e perderam com os Jogos Olímpicos.
Com um orçamento estimado em 24,6 bilhões de reais, o plano
de legado das Olimpíadas do Rio de Janeiro conta com 27 projetos. O programa
abrange obras urbanísticas, ambientais e, claro, esportivas. Carro-chefe da
candidatura, o projeto despoluição da Baía de Guanabara, por exemplo,
dificilmente será concluído até o ano que vem. Entretanto, outras iniciativas,
como a linha de metrô que ligará Ipanema à Barra da Tijuca, deverão ficar
prontas até julho de 2016.
Todas as quatro sedes anteriores dos Jogos Olímpicos também
contaram com planos de legado. Os resultados, todavia, foram distintos em cada
cidade. De elefantes brancos a importantes iniciativas de revitalização
urbanística, confira abaixo o que sobrou das Olímpiadas nos últimos 15 anos.
Londres 2012 à O Parque Olímpico Rainha Elizabeth, que engloba o velódromo
Lee Valley VeloPark e o Centro Aquático de Londres, é considerado por alguns um
"elefante branco". Além disso, o fato de se ter gasto cerca de 13
bilhões de dólares do dinheiro público na construção do parque ainda inflama
discussões na sociedade até hoje.
Pequim 2008 à Estima-se que serão necessários cerca de 30 anos
para que todos os gastos do evento – aproximadamente 32 bilhões de dólares, o
orçamento mais caro da história dos Jogos Olímpicos – se paguem. Em 2022, a
capital chinesa sediará os Jogos Olímpicos de Inverno
Atenas 2004 à Segundo o governo grego, os Jogos custaram 8,5
bilhões de euros aos cofres públicos – o dobro do orçamento original. Por outro
lado, a indústria do turismo cresceu consideravelmente desde então. Em 2014,
24,2 milhões de turistas visitaram o país, mais que o dobro dos 11,7 milhões
registrados em 2004.
Sydney 2000 à Foi também a primeira Olimpíada que contou com um
plano de sustentabilidade efetivo, levando em conta o impacto ambiental. O
legado trouxe o maior parque metropolitano da Austrália, com 430 hectares, e
estabeleceu o primeiro sistema de reciclagem de água no país. Financeiramente,
porém, a história foi diferente. Segundo dados da Universidade de Melbourne, os
Jogos de 2000 deixaram os cofres australianos com um rombo líquido de 2,1
bilhões de dólares.
TEXTO 4 - Olimpíada de 2016 no Brasil. A favor ou
contra?
Eu acho absurda a idéia (com segundas e terceiras intenções,
hipócritas e corruptas por parte dos cartolas e políticos) de organizar os
jogos olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
Nós precisamos de investimentos urgentes em educação, saúde,
transportes e segurança. Para ficar só nessas áreas. Fora as reformas
tributária, política e da previdência…
O gasto com a infra-estrutura de uma Olimpíada é gigantesco.
Calcula-se que a China tenha investido mais de 60 bilhões de dólares e Londres,
que será a sede em 2012, calcula até agora um gasto de 120 bilhões de reais!.
Se pensarmos que no Brasil a corrupção “arrecada” 120 bilhões
de reais por ano, sem Copa do Mundo e sem Jogos Olímpicos, imagine com esses
eventos… Esse valor se multiplicará por 2 ou 3, infelizmente.
Em se tratando de esportes, não temos o menor incentivo para
nenhuma modalidade além do Futebol.
Nosso basquete é desorganizado, natação idem (se Cesar Cielo
não tivesse ido treinar nos EUA bancado pela família, provavelmente não teria
ganhado a medalha de ouro). Mesmo o judô que sempre consegue medalhas não é
tratado como merecia. Basta lembrar do judoca Eduardo Santos que ao perder a
disputa pelo bronze, chorou se desculpando com os pais por não ter conseguido
vencer. Ele não pôde nem mesmo pagar o teste para a faixa preta por não ter
condições financeiras, e só ganhou a faixa quando foi competir na China!! Isso
é o cúmulo do absurdo!
E o futebol feminino, então? Tirando duas ou três meninas que
jogam na Europa, o restante desembarcou no Brasil sem emprego! Não tem liga
oficial, não tem incentivo da querida CBF que prometera, após o Pan do Rio,
reformas no futebol feminino, lembram? E mesmo assim conseguiram a proeza de
ganhar medalha de prata!
E falando no Pan 2007, que teve sua primeira medalha de ouro
brasileira ganha pelo lutador de taekwondo Diogo Silva, que aproveitando a
oportunidade, contou o grande incentivo que recebia da Federação de sua
modalidade: 600 reais não mensais, pois tinha mês que não via um centavo. Tinha
dificuldades para treinar por conta da falta de dinheiro, tendo que conciliar
outro trabalho.
TEXTO 5 - Custos da Olimpíada no Rio têm aumento
de R$ 70 milhões
A terceira
atualização da Matriz de Responsabilidades dos Jogos de 2016, divulgada nesta
sexta pela Autoridade Pública Olímpica (APO), no Rio, mostrou que o evento está
R$ 70 milhões mais caro. O total dos gastos já estaria em R$ 38,7 bilhões.
A Matriz de Responsabilidades é um
documento que trata principalmente do que está relacionado às arenas
esportivas, e ainda de serviços exclusivos para a Olimpíada . Ou seja, engloba
projetos que não seriam executados se a Olimpíada não fosse realizada. Foi
lançada em janeiro de 2014 e, desde então, é atualizada a cada seis meses.
Na versão
anterior do documento, de janeiro de 2015, havia a relação de 56 projetos.
Agora, esse número caiu para 46. A reforma do Estádio Aquático Julio Delamare,
por exemplo, não consta mais da matriz. Isso porque o local, que abrigaria
competições de polo aquático, sofreu atraso no começo das obras e as disputas
da modalidade tiveram de ser transferidas para o Maria Lenk, no Parque
Olímpico.
TEXTO 5 - Custos da Olimpíada no Rio têm aumento
de R$ 70 milhões