segunda-feira, 18 de junho de 2018

Aula 10/2018 - Geração NEM NEM





TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - Cresce o número de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham
Em 2017, o Brasil tinha 48,5 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos, mas 11,1 milhões delas não trabalhavam e também não estavam matriculadas em uma escola, faculdade, curso técnico de nível médio ou de qualificação profissional.
Conhecido como 'nem-nem', esse grupo representava 23% do total de jovens brasileiros no ano passado, e aumentou em relação ao ano anterior, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgados na manhã desta sexta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com os números, a variação entre 2016 e 2017 foi de 619 mil jovens de 15 a 29 anos a mais nessa condição – em 2016, 21,8% das pessoas nessa faixa etária estavam no grupo 'nem-nem'.
Diferenças de gênero
A Pnad também oferece dados sobre os motivos dados pelas pessoas para não estarem estudando. Do total de pessoas nessa situação, 7,4% afirmaram que já haviam concluído o nível de ensino que desejavam. Mas os demais motivos tiveram respostas variáveis de acordo com o sexo
Entre os homens, 49,4% afirmaram que as razões eram ou porque trabalhavam, ou porque estavam buscando emprego ou já conseguiram trabalho, que começariam em breve. Entre as mulheres, essa justificativa foi usada em 28,9% dos casos.
O segundo motivo mais comum para os homens não estudarem é a falta de dinheiro para pagar a mensalidade, o transporte, o material escolar ou outras despesas educacionais. Ele foi apontado por 24,2% dos homens e 15,6% das mulheres.
Cuidados com os filhos e a casa
Por outro lado, entre as mulheres, o segundo motivo mais citado para estarem fora da sala de aula é ter que cuidar dos afazeres domésticos ou de criança, adolescente, idosos ou pessoa com necessidades especiais. Essa razão foi apontada apenas por 0,7% dos homens.
TEXTO 2 – O próximo NEM NEM pode ser você.
Juliana Thaís Paes, de 19 anos, está sem trabalhar oficialmente desde outubro, quando foi demitida do cargo de recepcionista de uma concessionária em sua cidade natal, São José dos Campos, no interior de São Paulo. De lá para cá, já enviou o currículo para mais de 100 lugares. “Ainda não apareceu nenhum trabalho que valha a pena”, diz Juliana.
Enquanto procura uma nova vaga, ela mora com os pais e sua rotina se resume a fazer fisioterapia em decorrência de uma tendinite, ir à igreja e ajudar a família nos afazeres domésticos. Juliana integra o grupo de 9,9 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos que nem trabalham nem estudam — por isso, são chamados de “nem-nem”.
A proporção é ainda maior na faixa dos 18 aos 24 anos, em que um em cada quatro jovens não está no mercado nem estuda (24%) — um aumento em relação ao censo de 2000, quando esse grupo representava 18,2% da população nessa idade. A explicação para esse crescimento estaria basicamente no aumento de renda da população brasileira, o que permitiu a esses jovens se dar ao luxo de adiar tanto a saída da casa dos pais quanto a entrada no mercado de trabalho.
Observado de perto, entretanto, o grupo dos “nem-nem” é bem mais heterogêneo do que se imagina. Segundo o IBGE, 69% dos “nem-nem” são mulheres e 57% delas têm pelo menos um filho — o que é, aliás, o principal motivo para a saída dessas profissionais do mercado.
É essa situação que dá origem ao chamado “desemprego por desalento”, caracterizado por pessoas que estão sem trabalho e deixaram de procurar durante, pelo menos, um mês, por desestímulo do mercado. Há ainda os que não buscam colocação porque não querem ou têm outros planos.
 “Nem-nem” maduros
Uma faixa da população em que o número de “nem-nem” mais cresce é dos 50 aos 69 anos. De acordo com o levantamento O Que Estão Fazendo os Homens Maduros Que Não Trabalham, Não Procuram Trabalho e Não São Aposentados?, de Ana Amélia Camarano, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 1992, 4,2% dos homens nessa faixa etária eram “nem-nem”. Vinte anos mais tarde, esse número quase dobrou, chegando a 7,9%. No mesmo período, a proporção de mulheres nessa situação, apesar de bem maior, diminuiu de 23,4% para 18,8%.

TEXTO 3 – Geração perdida?
Neném? Não, não é neném. Bem que poderia ser, já que além da semelhança fonética possuem algumas características em comum: não estudam, não trabalham e vivem à custa dos pais. Viram como se parecem? Pois é, mas é estranho. Um neném fazer isso, vá lá, está dentro da normalidade. Agora, para um jovem acima de dezoito, vinte anos? É no mínimo contraditório. Contraditório com o próprio sentido de juventude, pois juventude é energia, é reivindicação, é insatisfação, é querer alçar altos voos. É querer mudar o mundo. É querer ser independente.
A geração perdida: “nem-nem” que está aí, é aquela que cresceu longe do trabalho e da escola. O termo é uma tradução livre do espanhol, pois na Espanha é conhecida como a geração “Ni-Ni”, “ni estudian ni trabajan”; na Itália é chamada de “mammone” porque não larga da saia da mama, e no Reino Unido de “Kidult”.
O jovem está adiando cada dia mais sua saída para desfrutar da casa da mamãe. Quem não gosta de conforto? Cama, comida e roupa lavada. Nada contra desde que estudassem, mas não. Isso quando não trazem para dentro de casa uma nora ou um genro e em alguns casos, já trazem também um neném (que não tem nada a ver com a história).
Neném e “nem-nem”, o que dizer? Ironia do destino ou jogo de palavras? Quem seria o responsável por tal situação? O próprio jovem, os pais, o Estado? O que fazer? Tchan, tchaann, tchaaann. Deixo em suspense para que reflitam sobre, pois disso dependerá a salvação dessa geração.

TEXTO 4 – Geração Nem-Nem+: uma bomba-relógio
Boa parcela desses milhões de jovens que não estudam nem trabalham conta, no entanto, com estrutura familiar (é o grupo Nem-Nem acolchoado). O restante é desfamiliarizado (não tem uma constituição familiar sólida nem amparo social, como é corrente nos países de capitalismo selvagem e/ou concentrador: Brasil, EUA etc., que nada têm a ver com os países de capitalismo evoluído e distributivo, civilizados, como Dinamarca, Noruega, Japão, Alemanha, Islândia etc.).
Esse grupo desfamiliarizado (Nem-Nem+), nos países de capitalismo selvagem e extrativista, é uma verdadeira bomba-relógio, em termos sociais, de potencial criminalidade e de violência. Por quê? Porque os fatores negativos começam a se somar (não estuda, não trabalha, não procura emprego, não tem família, não tem projeto de vida...). Se a isso se juntam más companhias, uso de drogas, convites do crime organizado, intensa propaganda para o consumismo, famílias desestruturadas etc., dificilmente esse jovem escapa da criminalidade (consoante a teoria multifatorial da origem do delito). Milhões de jovens, teoricamente, estão na fila da criminalidade (e nossa indiferença hermética não se altera um milímetro com tudo isso).
Diferentemente dos países civilizados de capitalismo evoluído e distributivo (que teriam todos esses jovens dentro da escola), nosso capitalismo bárbaro não se distingue pela educação de qualidade para todos, pelo ensino da ética, pelo império da lei e do devido processo e pela alta renda per capita. O Brasil, aliás, ocupa a vergonhosa 85ª posição no ranking mundial do IDH (índice de desenvolvimento humano). Estamos vivendo uma grave crise intergeracional. A cada dia é “roubado” o futuro de uma grande parcela das gerações mais jovens. Quando as esperanças desaparecerem completamente, o risco é de eclosão de uma grande explosão local e/ou mundial de violência.

TEXTO 5 –A geração "nem, nem" e os profissionais “des, des”
Um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos não trabalha nem estuda. É o que revelou a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no início deste mês. Jovens que não encontram espaço no mercado de trabalho, não demonstram interesse em procurar emprego e também não querem saber de continuar a estudar. Um dado alarmante, que revela o tamanho da bomba-relógio que ameaça o futuro do Brasil.
São 5,3 milhões de jovens desinteressados, os chamados "nem, nem", que nem estudam, nem trabalham, nem procuram emprego. O que mais impressiona é pensar que, se fossem computados aqueles que ainda procuram alguma ocupação, o número saltaria para 7,2 milhões. Num cenário de baixo desemprego e de economia em expansão, esta é uma parcela importante de brasileiros que não está participando do desenvolvimento experimentado nos últimos anos.
Segundo a pesquisa do Ipea, a maioria deles está inserida em domicílios de renda mais baixa e depende fortemente do apoio familiar. Além disso, a escolaridade foi vista como fator primordial para a participação nas atividades econômicas do país, ou seja, quanto maior a escolaridade dos pais, maior a frequência do jovem à escola. Isso explica a falta de interesse, pois o grupo que nem trabalha nem estuda mora com os pais e acaba tendo como referência alguém que não deu continuidade nos estudos.
O fato é: os jovens precisam ser estimulados e orientados. Como não encontram estímulo em casa, a escola passa a ter o papel crucial de ajudá-los nesta busca por um caminho a seguir. Acontece que ainda não somos exemplo no quesito educação, e o grande referencial da sala de aula é o professor.
O professor tem um papel fundamental. É preciso qualificá-lo, dar-lhe condições pedagógicas e melhorar substancialmente sua remuneração. Um professor bem preparado e motivado é meio caminho andado para despertar no aluno o desejo por aprender, participar da sociedade e exercer seu papel de cidadão. Além disso, são necessários investimentos maciços em educação pública como um todo, desde a primeira infância, passando pelo ensino fundamental e médio.
Temos uma juventude sedenta por mudança, com enorme potencial para transformar o país, fazer avançar a democracia e reduzir a desigualdade social. Não podemos permitir que ela se imobilize, se sinta desmotivada por não conseguir visualizar o caminho que deve seguir. Caso contrário, os 5,3 milhões de jovens “nem, nem” de hoje serão certamente os profissionais desmotivados e despreparados – “des, des” – de amanhã.

TEXTO 5 – Algumas imagens









Aula 09/2018 - Racismo, um problema atual e persistente







TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - Negros ganham R$ 1,2 mil a menos que brancos em média no Brasil
De acordo com dados do IBGE obtidos pelo G1, os trabalhadores negros ganham cerca de R$ 1,2 mil a menos que os brancos em média. Os dados são do 4º trimestre de 2017 e fazem parte da Pnad Trimestral, que disponibiliza informações desde 2012. Os números mostram que, entre 2012 e 2017, não houve nenhuma mudança substancial na diferença de rendimento entre negros e brancos.
Especialistas apontam que desigualdades históricas estão por trás das grandes disparidades enfrentadas pelos negros no mercado de trabalho. O menor acesso à educação é um deles, bem como condições de vida mais precárias. 
O preconceito e o racismo são o outro lado dessa “herança” centenária, que remete, ainda segundo especialistas, ao período de escravidão.
Há exatos 130 anos, a prática de comprar e vender outras pessoas foi abolida do país com a Lei Áurea, assinada no dia 13 de maio de 1888. Os negros, porém, foram escravos no país durante mais de 300 anos, um período marcado por diversas revoltas, mas também pela naturalização da servidão, segundo Maria Helena Machado, professora da Universidade de São Paulo especialista na história social da escravidão.
“No Brasil, a escravidão permeou a sociedade toda. As pessoas viviam com a escravidão de maneira muito naturalizada. Quando uma sociedade é construída sob uma base dessas, a mudança é bastante longa e difícil, é árdua”, diz a professora.

TEXTO 2 – Entenda as referências de This is America, clipe de Childish Gambino
Na América, o horror se instalou como pano de fundo, mas a mídia nos mantém distraídos com bobas tendências: essa é uma das mensagens de This is America, single e videoclipe de Childish Gambino. O cantor, alterego do ator e roteirista Donald Glover, denuncia o racismo e a violência policial em obra visual dirigida por Hiro Murai, realizador que faz parcerias com o artista desde o seriado Atlanta.
Com o lançamento do clipe, a internet está em polvorosa em torno das inúmeras referências cuidadosamente escolhidas para cada detalhe dos quatro minutos de vídeo. Bino, como é chamado pelos fãs, utiliza-se de imagens racistas e referências à brutalidade com a qual a polícia – e muitos brancos – tratam a população negra americana.
Em dois momentos do vídeo, é possível ouvir (e no segundo, ver) um coral cantando uma música alegre e tranquila quando Gambino puxa uma arma e mata os indivíduos em cena. O clima imediatamente fica sombrio, e ele afirma: “Esta é a América”. Em seguida, entrega o armamento a um homem bem-vestido, que cuidadosamente embala o objeto em um tecido vermelho. Ao fundo, cadáveres esquecidos como coisas. A mensagem é clara: nos Estados Unidos, onde cada estado regula o porte e a comercialização de armas, é mais importante cuidar de um revólver do que de pessoas.
O massacre do coral, inclusive, é uma referência ao ataque sofrido pela população em Charleston, nos EUA, em julho de 2015. Na ocasião, um supremacista branco abriu fogo na Igreja Metodista Episcopal Africana Mãe Emanuel, comunidade histórica que lutou contra a escravidão na região. O terrorista matou nove pessoas.
Bino não se furta, no entanto, de criticar a juventude negra. No clipe, ele retrata a moçada presa a distrações bobas, como gírias, passinhos de dança que estão na moda, preocupações excessivas com a aparência e a compulsão por celulares. Enquanto isso, um mundo de violência, assassinatos e suicídio se apresenta no pano de fundo.
Talvez uma das imagens mais fortes e emblemáticas do clipe seja uma figura de preto nas costas de um cavalo enquanto o grupo de adolescentes reproduz coreografias-tendência. Em um país majoritariamente cristão, esse pode muito bem ser o simbolismo do primeiro cavaleiro do apocalipse, com o branco simbolizando as falsas ideias de paz e religião.
No imagético cristão, o segundo cavaleiro simboliza a morte e a destruição. Não por acaso, no vídeo, quem segue o cavalo é… um carro de polícia.
No final do videoclipe, o mesmo músico que Bino mata nos primeiros segundos aparece em meio a carros dos anos 1980. A mensagem tem sido interpretada como a resiliência da arte e da militância negra. Por fim, o único momento de silêncio na obra é quando o cantor, sozinho, acende um baseado. A cena representa um escape, o entorpecer-se para descansar a cabeça de todo racismo e violência institucional sofridos pela população.

TEXTO 3 – Não há comemoração após 130 anos de abolição
A escravidão foi abolida no Brasil há exatos 130 anos, com a Lei Áurea de 13 de maio de 1888. Mas, diferente do que a história é contada, a data não é motivo de orgulho, nem de comemoração para negros e negras que ainda sentem na pele o racismo presente na sociedade. A afirmação é de ativistas do movimento negro, que foram ouvidos pelo G1.
“É uma data vergonhosa, é um marco que expõe uma fase vergonhosa da história do Brasil Nós costumamos colocar como o dia da falsa abolição, porque ainda somos cativos, ainda vivemos em cativeiros. O racismo apenas se atualizou, se modificou”, afirmou o estudante de Ciências Sociais, João Victor dos Santos.
“O racismo existe, é muito forte. As pessoas racistas estão cada vez com menos vergonha de assumir esse lugar. Por isso, nós tentamos refletir sobre as nossas ações de combate ao racismo, porque ele continua forte na sociedade”.
João Victor era um dos alunos do professor Manoel Luiz Malaguti Barcelos Pancinha, acusado de ter cometido preconceito racial durante uma aula. Na ocasião, o Malaguti disse que “detestaria ser atendido por um médico ou advogado negro”, entre outras frases consideradas racistas. As alegações foram confirmadas em entrevista à imprensa, em novembro de 2014.
O professor chegou a ser demitido, mas quatro anos depois ele continua dando aulas no curso de Economia da Universidade. Ele recorreu à Justiça e conseguiu voltar a lecionar.
“Foi um marco para mim e para a universidade. Eu era calouro, foi um divisor de águas. Transformei a negatividade em potência. Em vontade de lutar. Trouxe danos psicológicos, foi difícil. Sentimos que nada valeu a pena, porque denunciamos, o professor repetiu em entrevistas, fez vídeos reforçando o posicionamento. Deu para ver que o racismo está liberado”, completou.
Alunos fazem imitações de macaco para aluna negra
Não foi preciso voltar muito no passado para ver exemplos de racismo. Na quinta-feira, 3 de maio, a estudante de 22 anos Jhenefer Tolentino foi vítima de racismo dentro da Ufes.
Ela estava no corredor de um dos prédios da instituição conversando com os amigos, quando um grupo de estudantes do curso de Ciências Biológicas começou a imitar pássaros, incomodando quem estava ao redor.
“Eles não pararam e não diminuíram a brincadeira. Fizeram isso por 40 minutos. Fui até o grupo e pedi que parassem porque estavam nos atrapalhando. Depois disso um casal voltou e começou a fazer gestos de macaco para mim”, contou Jhenefer.
Jhenefer Tolentino, estudante do curso de Ciências Sociais da Ufes que foi vítima de injúria racial, no corredor da universidade. (Foto:  Fernando Madeira/ A Gazeta) Jhenefer Tolentino, estudante do curso de Ciências Sociais da Ufes que foi vítima de injúria racial, no corredor da universidade. (Foto:  Fernando Madeira/ A Gazeta)
Torturas diferentes
A tortura física da escravidão foi abolida, mas segundo a assistente social Gleimer Lisboa, o que vemos hoje são torturas diferentes.
“Nós continuamos sofrendo com as mesmas distinções, torturas diferentes. Não são tão físicas, mas a sociedade ainda é racista. Só que querem mascarar isso”, afirmou Gleimer, que também é uma das representantes do coletivo de mulheres negras Aqualtune, da Grande Vitória.

‘Não há comemoração’
A afirmação é unanimidade no movimento negro: “essa data para nós enquanto pessoas negras não tem como comemorar. É um momento de discussão sobre o racismo, uma data de luta, de discussão. Isso porque dizem que acabou a escravidão, mas os negros continuam sofrendo”, disse Gleimer Lisboa.
“Eu acho que está longe de ser uma data para comemorar, a princesa (Isabel) só assinou o papelzinho e agora o racismo está um pouco mais mascarado na sociedade”, opinou Jhenefer Tolentino.

TEXTO 4 – A construção histórica do racismo no Brasil
Racismo é o preconceito e discriminação direcionados a quem possui uma raça ou etnia diferente, define o dicionário. No Brasil, essa palavra ganhou forma e cor  com a chegada de cerca de 5 milhões de africanos, traficados pelos portugueses entre os séculos 16 e 19. Para entender a atual configuração social brasileira, e principalmente, o racismo, sociólogos e historiadores recorrem ao nosso passado.
Um período muito importante nesse processo de desenvolvimento, segundo o professor de história da África da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Alexandre Almeida Marcussi, de 34 anos, foram as três décadas que sucederam a abolição da escravidão. “Esse período é possível observar o que ocorreu com a população ex-escrava da área urbana e rural. A falta de ações públicas para integrar esses trabalhadores à sociedade foram determinantes na história de marginalização que se segue”, conta.
O historiador defende a tese de que o povo negro foi intencionalmente excluído da sociedade dominada por brancos. “O incentivo às imigrações europeias, os projetos de ‘branqueamento’ da população, a promoção do racismo como ideologia, a exclusão das populações negras do acesso à terra e o baixo nível de investimento em educação para essas pessoas agiram como fatores que continuaram produzindo e reproduzindo a marginalidade das populações negras no Brasil”, argumenta.
Diferenças históricas
A abolição só trouxe a liberdade jurídica, socialmente, os ex-escravos e seus descendentes permaneceram inferiorizados, segundo Marcussi. “Por mais que tenha havido a conquista da liberdade jurídica e relativa mobilidade social ascendente para alguns africanos e seus descendentes, é inegável que eles, como um todo, sempre ocuparam os lugares mais baixos da hierarquia social brasileira, em relação aos portugueses e seus descendentes radicados no Brasil”, afirma o historiador. Saiba mais: Escravos deram contribuição essencial para a abolição no Brasil
Passados 130 anos da abolição, a população preta continua ocupando a base da pirâmide social no Brasil. O número de negros entre a parcela mais pobre do país é de 76%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A discriminação no mercado de trabalho também é escancarada. Enquanto a média de rendimento mensal do profissional branco é de R$ 2.697, a do trabalhador preto é de mensal R$ 1.526, aponta a PNAD.

TEXTO 5 – Qual a diferença entre preconceito, racismo e discriminação?
O preconceito é uma opinião preconcebida sobre determinado grupo ou pessoa, sem qualquer informação ou razão. O racismo é a crença de que uma raça é superior a outras, já a discriminação é a ação baseada no preconceito ou racismo, onde o individuo recebe um tratamento injusto apenas por pertencer a um diferente grupo, categoria ou classe.


Preconceito
Racismo
Discriminação
Significado
O preconceito é uma opinião preconcebida em relação a determinada pessoa ou grupo, que não é baseada em uma experiência real ou na razão.
O racismo é a crença de que os membros de cada raça possuem características, habilidades ou qualidades específicas dessa raça e, portanto, algumas raças são superiores às outras.
A discriminação refere-se ao tratamento injusto ou negativo de uma pessoa ou grupo, por ela pertencer a uma determinada classe, grupo ou categoria (como raça, idade ou gênero). É o preconceito ou racismo em forma de ação.  
Motivo
Baseado na ignorância ou em estereótipos.
É um resultado do preconceito, causado pelo antipatia e pelo ódio à pessoas com diferente cor de pele, costumes, tradições, idioma, local de nascimento, etc.
Pode ser causada pelo racismo ou preconceito para com pessoas de diferente idade, gênero, raça, habilidades, orientação sexual, educação, estado civil ou antecedentes familiares.
Resultados
Pode resultar em racismo ou discriminação de um determinado grupo.
Pode levar a discriminação ou preconceito com base na raça, causando efeitos adversos como escravidão, guerras e xenofobia.
Conduz a rejeição e exclusão de um certo grupo de pessoas, assim como causar o bullying, segregação racial e outras práticas injustas.
Manifestação
Como crença.
Como crença.
Ação.
Natureza
Não consciente.
Consciente e não consciente.
Consciente e não consciente.
Ação legal
Não pode ser levado à justiça, pois não representa uma ação. 
Pode ser levado à justiça, de acordo com a Lei 7.716/89.
Pode ser levado à justiça, de acordo com a Lei 7.716/89.
Exemplo
Uma pessoa achar que alguém com obesidade não emagrece apenas porque é preguiçosa.
Uma pessoa ser considerada mais violenta apenas pela cor da sua pele.
O fato de homens e mulheres receberem salários diferentes para realizar o mesmo trabalho.
O que é preconceito?
O termo preconceito se refere a uma opinião preconcebida, um pensamento ou sentimento formado sobre uma pessoa ou um grupo, sem que haja experiências ou fatos relevantes para comprovar tal ponto.
O termo é usado geralmente de forma negativa, onde os membros pertencentes a um grupo particular são vistos como inferiores. Geralmente ocorre com características que algum grupo considera incomum ou indesejável, podendo ser baseadas na raça, gênero, nacionalidade, status social, orientação sexual ou afiliação religiosa de alguém.
Além do racismo, as principais formas de preconceito incluem:
Sexismo: A crença de que as mulheres são menos capazes do que os homens;
Homofobia: Antipatia, desprezo, preconceito, aversão ou ódio à homossexualidade ou pessoas identificadas ou percebidas como lésbicas, homossexuais, bissexuais ou transgêneros (LGBT);
Discriminação religiosa: Valorização ou menosprezo de uma pessoa ou grupo por causa de suas crenças.
O que é racismo?
O racismo é a ideia de que os indivíduos de cada raça possuem características, habilidades ou qualidades específicas dessa raça e, portanto, algumas raças são superiores às outras.
Ele pode assumir a forma de ações, práticas, crenças sociais ou sistemas políticos que consideram que diferentes raças devem ser classificadas como superiores ou inferiores entre si. Também pode considerar que membros de diferentes raças devem ser tratados de forma diferente.
O que é discriminação?
A discriminação é a ação baseada no preconceito, e acontece quando tratamos os membros de um determinado grupo de forma diferente, com base em fatores como seu status, grupo a qual pertence ou categoria. Geralmente essa distinção acontece de um modo ruim, e o fato de alguém ser tratado pior do que outros por algum motivo arbitrário já é considerado discriminação.

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