Os
Mamonas Assassinas já cantavam:
“Esse tal
Chópis Cêntis
É muicho
legalzinho
Pra levar
as namoradas
E dar uns
rolêzinhos”
A questão da publicidade voltada ao público adolescente, o infantil e o consumo dessa faixa etária é uma preocupação pessoal de longa data. Desde sempre, encontramos no discurso do marketing a grande missão de encontrar e satisfazer as necessidades das pessoas. Trabalho benevolente, salvador. O que seria de nós sem essas sedutoras soluções? Então, cabe a pergunta: quais as necessidades das dos jovens e crianças? Diversão? Fantasia? Certamente. Educação? Amor? Saúde? Sem dúvida.
Mas, será mesmo que são essas as necessidades que impulsionam a gigantesca e bilionária indústria (US$ ou R$ 130bi/ano no Brasil) que tanto preza nossas crianças? 80% da publicidade de alimentos voltada aos jovens é de produtos com alto teor de gordura, muito calóricos, pobres em nutrientes.
A necessidade de acumulação de capital constante fez com que as empresas subitamente tivessem que diversificar seus clientes e focar muitas vezes em crianças e jovens que nem possuem tanto discernimento para o consumo.
Lembremos, por exemplo, o recente lançamento de uma empresa de cosméticos de um creme anti-rugas para pessoas de 25 anos. O mesmo é válido para crianças. As empresas, em sua fúria pelo lucro cada vez mais ampliado, viram nesse público uma grande oportunidade. Necessidade do lucro. Irrefreável. O único motor das empresas. O único fator capaz de movimentá-las em um sentido, e de parar qualquer atividade, se não acontecer.
Esse desejo ávido pelo consumo acaba por se tornar recentemente em uma questão de polícia tendo em vista que jovens se organizaram e buscam acesso aos grandes centros de consumo, os Shoppings.
Material da Aula
TEXTO 1
O neto saiu para um rolezinho. O pai
lembrou-se: “Eu fui ao Comício das Diretas.” O avô acrescentou: “E eu, à
passeata dos Cem Mil.” Se há algo de novo na praça é a degradação do que se
considera como manifestação. O rolezinho é a manifestação em torno do nada.
Contrapôs-se a ela uma visão policial da ordem pública.
Na sua origem, os rolés podiam ser
chamados de divertimento. No século passado os Mamonas Assassinas já cantavam:
“Esse tal Chópis Cêntis
É muicho legalzinho
Pra levar as namoradas
E dar uns rolêzinhos”
Se de um lado há manifestações em
torno do nada, do outro, o da liderança da guilda dos shoppings, há uma postura
tonitruante, inútil. Primeiro chamaram a polícia. Deu em pancadaria. Depois
foram à Justiça buscar liminares e ameaças de multa. Deu em nada. O doutor
Nabil Sahyoun, presidente da Alshop, pediu uma reunião com a doutora Dilma para
“proibir que façam esse tipo de convocação, caso sejam menores, responsabilizar
os pais”. Faltou explicar como. Talvez, chamando o companheiro Xi Jinping, que
tem brigadas de chineses vigiando a internet, prende quem quer e solta quando
quer.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/opiniao/o-rolezinho-pode-acabar-em-rolao-11363778 às
17h23min de 27 de janeiro de 2014
TEXTO 2
Uma vez um menino
disse que usava as melhores roupas e marcas para ir ao shopping para ser visto
como gente. Ou seja, a roupa tentava resolver uma profunda tensão da
visibilidade de sua existência. Mas, noutro canto, os donos da loja se
assustavam e cuidavam para ver se eles não roubavam nada. Um funcionário disse
à Lucia a mais honesta frase de todas (uma honestidade que corta a alma): “não
adianta eles se vestirem com marca e virem pagar com dinheiro. Pobre só usa
dinheiro vivo. Eles chegam aqui e a gente na hora vê que é pobre”. Eles, no
entanto, acreditavam que eram os mais adorados e empoderados clientes das
lojas.
Um funcionário da
Nike uma vez declarou para a pesquisa: “nós nos envergonhamos desse fenômeno de
apropriação da nossa marca por esses marginais”. Mas eles nos diziam: “as
marcas deveriam nos pagar para fazer propaganda, porque nos as amamos. Sem
marca, você é um lixo”.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/etnografia-do-201crolezinho201d-8104.html
às 11:22 de 28 de janeiro de 2014
TEXTO 3
Com razão, aqueles
que atribuem as causas dos rolezinhos ao governo federal do PT estão corretos.
Longe de resumir a alta complexidade envolvida nessas dinâmicas, tanto as
manifestações de junho e julho de 2013 quanto os recentes rolezinhos têm sua
origem na mesma causa: a tentativa de redescoberta do capital social em um
Brasil em transformação. Os programas sociais amplos iniciados no governo Lula
da Silva, destinados a diminuir a desigualdade social extrema do nosso país,
promoveram a entrada no mercado de consumo de uma parcela da sociedade que, até
então, limitava-se aos gastos de sobrevivência típicos de uma sociedade
materialista. A inclusão das sociedades C e D na lógica de mercado não apenas é
um sinal de mudança radical da conformação social do Brasil, mas também um
indicador de momentos de choque com as antigas classes beneficiárias do
conforto característico da imobilidade social que aqui vigorava.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/os-rolezinhos-e-a-transformacao-do-capital-social-brasileiro-4074.html
às 12:32 de 28 de janeiro de 2014
TEXTO 4
Segundo relatos em
jornais, Dilma recentemente convocou uma reunião para tratar do assunto,
preocupada com a possibilidade de que os encontros se transformassem em
protestos.
A prefeitura de São
Paulo e o governo paulista também têm acompanhado a evolução do movimento com
atenção.
Outro motivo de
receio para as autoridades são os protestos agendados para este sábado em
várias cidades do país. "Não vai ter Copa" é o mote das
manifestações, que têm sido encaradas como um ensaio para novos atos contra o
Mundial nos próximos meses.
Para Maria do Socorro
Souza Braga, professora de ciências políticas da Universidade de São Paulo (USP),
os governos têm agido com cuidado para não repetir os erros cometidos em junho,
quando a dura repressão policial às primeiras manifestações deram força ao
movimento.
"Vejo uma
tentativa de se organizar, de preparar as instituições que estão à frente da
segurança pública para que sejam capazes de controlar as manifestações sem
meios brutais", ela afirma à BBC Brasil.
Segundo Braga, para
tentar acalmar os ânimos, os governantes poderiam intensificar o diálogo com os
organizadores de protestos e lideranças de movimentos sociais.
Fonte:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140111_rolezinho_protestos_mdb_jf.shtml
às 22:24 de 27 de janeiro de 2014
TEXTO 5
Como a classe média
brasileira se comportaria se as elites dos EUA e Europa fechassem suas fronteiras
aos seus "rolezinhos" nos shoppings de Miami, NY e Paris?
Não se assuste,
pessoa, se eu lhe disser que em pleno século XXI um colunista de uma revista
semanal brasileira foi capaz de escrever essa "pérola" sobre a
garotada das periferias que participam dos chamados "rolezinhos":
"Não toleram as
'patricinhas' e os 'mauricinhos', a riqueza alheia, a civilização mais educada.
Não aceitam conviver com as diferenças, tolerar que há locais mais refinados
que demandam comportamento mais discreto, ao contrário de um baile funk. São
bárbaros incapazes de reconhecer a própria inferioridade, e morrem de inveja da
civilização".
Só mesmo a revista
Veja - hoje tribuna dos mais odiosos conservadores e reacionários racistas,
classistas e homofóbicos do Brasil - podia abrigar tamanho descalabro. Vejam
que a palavra "inferioridade" usada para se referir à juventude que
faz os "rolezinhos" - palavra emprestada do vocabulário dos tempos da
segregação racial e do Apartheid, nos quais, negros e pardos eram tido e
tratados como "raça inferior" - convive, no texto supracitado, com
outras expressões como "turba de bárbaros" (que evoca a velha
dicotomia entre civilização e barbárie), "baderna",
"selvagens" e "pivetes". Aliás, vale a pena reproduzir o
contexto em que esta última palavra é usada pelo tal colunista: "Se a
maioria de casos envolvendo pivetes nesses estabelecimentos ocorrer pelas mãos
de pessoas com determinado estereótipo, então parece natural, apesar da
afetação politicamente correta, que os seguranças ficarão mais atentos e
preocupados quando alguém com tal tipo adentrar o local". Em outras
palavras, o fulano diz que, independentemente de participarem de
"rolezinhos" ou não, todas as pessoas com as características físicas
dos que participam da ação - "inferiores" e "selvagens"em
sua avaliação - também são perigosos e, por isso, devem ser policiados.
Fonte:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/de-um-role-8193.html às 1243 de 28 de
janeiro de 2014
Links para Vídeo da Globo News (exibido em 25/01/2014)
Algumas charges
Boa leitura!