segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Aula 03/2018 - Intervenção Militar no Rio de Janeiro



Conteúdo da Aula

TEXTO 1 – Fato motivador - Senado autoriza intervenção na segurança pública do estado do Rio de Janeiro
O plenário do Senado Federal aprovou pouco antes da meia-noite desta terça-feira (20) o decreto do presidente da República, Michel Temer, que impõe intervenção do governo federal na área de segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Foram 55 votos a favor, 13 contrários e uma abstenção. A matéria será promulgada.
É a própria Constituição que determina que a intervenção federal é competência da União, só podendo ser decretada e executada pelo presidente da República. A norma máxima do país também dá poderes para o Congresso Nacional aprovar ou suspender a intervenção federal.
O Decreto 9.288/2018 foi aprovado por meio do Projeto de Decreto Legislativo (PDS) 4/2018, relatado em plenário pelo senador Eduardo Lopes (PRB-RJ). Em substituição à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Lopes apresentou parecer favorável à aprovação do decreto, o qual considerou como medida extrema e excepcional, porém necessária diante da realidade do estado.
Segundo o relator, o estado do Rio de Janeiro enfrenta onda grave de violência e a população vive com medo e em “situação de paranoia”. Ele afirmou que a situação da segurança pública no estado atingiu tal patamar que exige medidas fortes e efetivas do poder central para garantir os direitos à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade previstos pela Constituição a todos os brasileiros.
— A situação não é exclusiva do Rio de Janeiro, mas quando vemos bandidos assaltando carrinho de cachorro quente com fuzil, vemos que a situação é grave. A população vive assustada e com medo — disse o relator.
A medida autoriza ainda que o interventor requisite “bens, serviços e servidores” das áreas das secretarias estaduais de Segurança e de Administração Penitenciária e do Corpo de Bombeiros Militar para emprego nas ações por ele determinadas. Também ficam subordinadas ao interventor as polícias civil, militar e penitenciária do estado.
Quando da aprovação do decreto na Câmara dos Deputados, a relatora, deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ), incluiu duas sugestões ao Poder Executivo em seu parecer. Ela pediu que o governo federal apresente recursos federais em caráter continuado, a serem usados na segurança pública e nas áreas de assistência social.
A deputada também sugere que o Poder Executivo regulamente o poder de polícia das Forças Armadas e estabeleça diálogos com o Ministério Público e com o Judiciário para o controle externo da operação. Os dois pedidos foram feitos na forma de indicação, que são opinativos e não vinculam a atuação do Executivo federal, já que não é possível apresentar emendas ao decreto de intervenção.

TEXTO 2 – A intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro pode dar certo?
A intervenção federal no Rio de Janeiro é a primeira sob a regência da Constituição de 1988. As polícias Civil e Militar, os bombeiros e o sistema prisional do Estado ficam sob a responsabilidade direta de um general do Exército que responderá diretamente ao Presidente da República e recebeu a difícil missão de "pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado" em apenas dez meses.
Há muita incerteza sobre como isso será feito, dada a falta de anúncio das medidas operacionais e de gestão que serão adotadas pelo interventor. Há muito a fazer e a maioria das ações passa por uma gestão básica da política de segurança, além da revisão de práticas que resultam em uma polícia tão cara quanto imune ao combate de regras ineficientes ou de condutas inaceitáveis.
A presença de tropas federais na segurança policial, porém, não é um fato novo. A experiência de outros países que passaram por processos semelhantes de crise e de reestruturação do sistema de segurança pública indica a existência de riscos que ameaçam a capacidade de a intervenção controlar o problema.
Lições importantes podem ser aprendidas com os casos da Georgia, Colômbia e mesmo com países muito mais pobres e com instituições muito mais frágeis do que o Brasil e o Rio de Janeiro, como Honduras.
Por fim, a intervenção deve derrotar o controle do crime organizado e das milícias sobre populosas áreas do Rio. É preciso aposentar as incursões típicas de contrainsurgência, celebrizadas pelo Bope, em nome de um policiamento agressivo, combinado com o de proximidade onde for cabível, como fazem a Rota e a Força Tática em São Paulo. Nada disso existe na PM do Rio. Em dez meses, não dá para construir. Em cinco anos, talvez. Nesse contexto de adversidade, deve-se proteger as estruturas internas da Secretaria de Segurança que produzem as estatísticas criminais. Sem informações confiáveis, como as que hoje o Instituto de Segurança Pública produz, e sem organizações independentes monitorando as ações das polícias e das Forças Armadas, será difícil formar uma coalizão estável e majoritária na sociedade em apoio à intervenção.
A sociedade está dividida e muitos são abertamente hostis à intervenção. As críticas devem ser tratadas com respeito quase reverencial, ao invés de cinismos —o Ministro do Interior da Argentina dizia que não publicava estatísticas criminais porque, se as notícias eram ruins, todos o criticavam, e se eram boas, todos diziam que estava mentindo.
Sem cinismos e sem atalhos, será preciso coragem e qualidade de gestão para enfrentar as balas dos criminosos, a reestruturação da Polícia Militar, corrupção e malfeitos daqueles que deveriam nos proteger, além da hostilidade de quem se está a servir.

TEXTO 3 – Intervenção federal no Rio gera onda de informações falsas nas redes sociais, veja as principais
São boatos como a de que quem estiver na rua depois das 22h sem um documento de identificação e a carteira de trabalho assinada "será levado sob custódia para um quartel (ainda a ser definido) na vila militar", como diz um dos textos que viralizaram na internet.
Na terça-feira, o Senado aprovou o decreto presidencial que autoriza a intervenção no Rio de Janeiro. A ação será válida até dia 31 de dezembro deste ano e foi aprovada por 55 votos favoráveis e 13 contra, com uma abstenção. Era necessária a maioria simples dos senadores para que o texto fosse aprovado.
Abaixo, você confere as principais informação falsas que vêm circulando nas redes sociais e por que são boatos. Em nota enviada à BBC Brasil, o Exército afirmou que "não comenta informações inverídicas".
Informação falsa: Prisão para quem não portar documento de identificação com carteira de trabalho assinada após 22h do dia 18 de fevereiro
- Não existe Ministério do Exército. O Exército é subordinado ao Ministério da Defesa, assim como a Marinha e a Aeronáutica.
- Os boletins internos do Exército não são intitulados SPOEX, mas SGEx.
- Não há dispositivo legal que obrigue o cidadão a portar documento de identificação. Além disso, a carteira de trabalho só é obrigatória a quem venha a prestar algum tipo de serviço profissional no Brasil. Sendo assim, nem toda a população a possui.
- Os detalhes da intervenção federal ainda não foram divulgados.
Informação falsa: Plano Estadual de Intervenção Militar é divulgado
- Não existe Ministério do Exército. O Exército é subordinado ao Ministério da Defesa, junto com a Marinha e a Aeronáutica.
- Os detalhes da intervenção federal ainda não foram divulgados.
- O interventor federal é o general do Exército Walter Souza Braga Netto. Ivan Cosme de Oliveira Pinheiro é coronel da reserva do Exército, professor universitário e diretor de Comunicação Social do Clube Militar.
Informação falsa: Colaboração da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a tropa de elite da PM de São Paulo) com a PM do Rio para revista de carros, caminhões e ônibus na rodovia Presidente Dutra, que liga os dois Estados
- Os detalhes da intervenção federal ainda não foram divulgados.
- Não há registro de reunião envolvendo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sobre possível ajuda ao Rio de Janeiro.
- Houve, sim, uma reunião, mas entre os secretários de Segurança Pública de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais com o objetivo de traçar estratégias conjuntas para prevenção de crimes nas divisas dos três Estados com o Rio de Janeiro.
Informação falsa: Lista dos militares que vão comandar os Batalhões da PM do Rio de Janeiro
- Há 41 BPMs (Batalhões da Polícia Militar) no Rio de Janeiro, e não 27.
- O general Alfredo Barbosa foi comandante da 3ª Brigada de Cavalaria do Exército brasileiro entre 1909 e 1910.
- O general Rui Brito é um "Brigadeiro-General Piloto Aviador" da Força Aérea de Portugal.
Informação falsa: Discurso do general Gramoza
- O "general Gramoza" não existe.
- O texto é de autoria do general da Reserva Paulo Chagas, publicado em seu blog em janeiro de 2015. Chagas buscava a exclusão do nome do pai, Floriano Aguilar Chagas, do relatório da Comissão Nacional da Verdade. A família do militar havia ingressado na Justiça contra a comissão descrevendo as ações dele como adido do Exército na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, nos anos da ditadura, como "meramente diplomáticas".
Informação falsa: Vídeo mostra tanques na rodovia Presidente Dutra
- O vídeo circula desde 2013 e não foi gravado na Via Dutra, mas sim na Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte.
- Os blindados foram enviados para a Escola de Sargento das Armas do Exército, em Três Corações, no sul de Minas Gerais, segundo disse na ocasião o tenente-coronel Marcus Vinicius Messeder, chefe da assessoria de comunicação da 4ª Região Militar, ao jornal mineiro O Tempo.
Informação falsa: Foto mostra militar revistando crianças no Rio de Janeiro
- A foto já havia circulado em agosto do ano passado, quando o Rio de Janeiro registrou um recorde de 26,9 mil alunos sem aula por causa do temor da violência. A imagem, na verdade, é de 1994.

TEXTO 4 – 'Não dá para culpar militares se intervenção no Rio der errado', diz ministra do Superior Tribunal Militar
intervenção federal no Rio de Janeiro - que deve durar pelo menos até dezembro de 2018 - deixa as Forças Armadas pela primeira vez no comando total da segurança de um Estado brasileiro. Mas para a ministra do Supremo Tribunal Militar Maria Elizabeth Rocha, os militares não devem ser culpabilizados caso a estratégia não tenha o efeito desejado.
"Os militares estão subordinados ao poder civil. Receberam uma missão e têm que cumpri-la na melhor forma. Mas é preciso saber exatamente qual a missão", disse em entrevista por telefone à BBC Brasil.
Primeira e única mulher a ser nomeada para a corte mais antiga do país - e a presidi-la -, a juíza mineira critica o uso das Forças Armadas para a segurança pública e diz que papel de soldados no Rio não deve ser "sair com um fuzil no meio da rua e barbarizar o cidadão".
Rocha também defende que a possibilidade de possíveis abusos cometidos na intervenção serem julgados por um tribunal militar não deve preocupar a população.
Confira os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil - As Forças Armadas são consideradas um meio ainda conservador e machista. No entanto, você encampou a defesa dos direitos das mulheres e dos homossexuais desde que ingressou no STM. Acredita ter conseguido avançar no tema?
Rocha - Acho que os avanços são significativos. Hoje a antiga política norte-americana do "Don't ask, don't tell" ("Não pergunte, não conte", em tradução livre) que predominava nas Forças Armadas brasileiras acabou. A pessoa tem direito a assumir a sua identidade e a não ser perseguida por causa disso.
BBC Brasil - O que exatamente a Justiça Militar pode julgar?
Rocha - O artigo 9º do Código Penal Militar especifica todas as situações em que o crime é de natureza militar. Falando em termos gerais, os crimes militares são aqueles que ofendem a administração militar e as Forças Armadas mesmo se aplicadas por civis. Por isso, nossa competência abarca não só militares contra militares ou militares contra civis, mas até civis contra civis.
BBC Brasil - Como vê a intervenção militar no Rio de Janeiro?
Rocha - Eu não vou discutir se a decisão política do Poder Executivo foi acertada ou não. Ela foi feita dentro dos parâmetros constitucionais - porque a nossa Constituição prevê e autoriza a intervenção federal e, como cidadã, espero que ela dê resultado.
BBC Brasil - Mas o interventor nomeado para o Rio é um militar. Não vai ser difícil para as pessoas não culparem os militares se algo der errado?
Rocha - Pois é. Mas o militar cumpre ordens. Esse plano de intervenção tem que vir de cima para baixo. Eles estão lá para cumprir a missão, mas é preciso dizer especificamente qual é a missão. Porque a missão não é sair com um fuzil no meio da rua e barbarizar o cidadão, não é sair com o fuzil e subir o morro.
Sempre achei que o papel das Forças Armadas não é o de capitão do mato, de fazer segurança pública. As Forças Armadas têm uma missão completamente diferente, estão lidando com a soberania do Estado. Defendem fronteiras, trabalham em missões humanitárias, na defesa da nossa biodiversidade.
BBC Brasil - Críticos também dizem quem uma intervenção federal de natureza militar prejudicando a execução de outras atividades de responsabilidade das Forças Armadas. Isso pode realmente acontecer?
Rocha - Com certeza. Os contingentes militares hoje não são muito grandes, sobretudo se considerarmos a dimensão do Brasil, as Forças Armadas não estão aparelhadas como deveriam, porque os cortes orçamentários são imensos, e ainda vão perder grande parte dos seus homens, que vão para uma missão que não é exatamente aquela para a qual eles foram preparados.



Alguns Vídeos




sábado, 24 de fevereiro de 2018

Aula 02/2018 - Cantada pode virar crime!





TEXTO 1 – Fato motivador - Cantada na rua pode virar crime sujeito a multa de R$ 18 mil na França...
O membro mais jovem do governo de Emmanuel Macron, na França, pode começar uma pequena revolução nas ruas de Paris. Marlene Schiappa, secretária de Estado para Igualdade de Mulheres e Homens, promete lutar pela segurança das mulheres e pedir a criminalização de cantadas e demais assédios sofridos em espaços públicos.
Um grupo de debate sobre o tema já começou a trablhar nesta terça (19), segundo entrevista de Marlene à TV francesa. Em entrevista ao site americano "NPR", Marlene conta que desde cedo aprendeu a pegar rotas alternativas para fugir dos assovios e abordagens de meninos, citando, em especial, a insistência em pedir pelos telefones das mulheres que passavam. Hoje, aos 34 anos, ela diz que esta é uma de suas prioridades, em nome de sua filha de 10 anos.
Desde 2012, há uma lei que proíbe assédio em ambientes de trabalho, mas nada citado sobre os famosos "fiu-fiu" das ruas francesas. O plano de Schiappa é multar os assediadores em quantia equivalente a 5 mil euros (cerca de R$ 18 mil). Segundo números do governo, 15% das francesas já sofreram violência sexual em algum momento de suas vidas.
Além deste tema, Marlene colocou em pauta a disparidade de salários entre funcionários do sexo feminino e masculino no país, o fim das propagandas sexistas e anunciou, no último dia 12, que o governo da França autorizará a reprodução assistida para todas as mulheres, incluindo homossexuais e solteiras, a partir do ano que vem.

TEXTO 2 – Especialista diz que 'cantadas de ruas' podem tem efeito devastador
Exposição pode gerar impactos psicológicos como insegurança, perda de autoestima, depressão, ansiedade e estresse.
As famosas "cantadas de ruas" fazem parte do dia a dia de grande parte das cidades brasileiras e isso não é novidade. Porém, Nereida Salette da Silveira, psicóloga e professora da Universidade Campinas, ressalta que tal comportamento que parece inofensivo pode carregar uma imensa carga de agressividade.
A psicóloga explica que o assédio de rua, diferentemente de um flerte, não tem como finalidade iniciar um relacionamento. Nereida diz que o objetivo cataliza-se no próprio ato e é por isso que é violento.
A especialista frisa que os assédios de rua podem ser caracterizados de diversas maneiras. Eles vão desde ações verbais ou gestos até a ações em lugares públicos, direcionados a uma pessoa com base nas relações de gêneros. O ato se faz por meio de assobios, insultos, palavras de baixo calão, pedido de número de telefone, agressão sexual, entre outros.
Vale ressaltar que ainda que muitos não reconheçam as “cantadas de rua”, típicas nos países latinos, como assédio, para a psicóloga o ato é considerado ilícito.
Alguns países como a Bélgica, também considera a pratica como um ato ilegal. Outros, como Alemanha, França, Espanha, Noruega, Suécia, embora não possuam uma legislação específica, possuem medidas severas, caso a vítima denuncie e diga que foi humilhada ou intimidada.
Algumas pessoas ainda acham que a cantada é inofensiva, mas estudos mostram que a exposição constante a este tipo de assédio pode ter diversos impactos psicológicos negativos sobre as mulheres, que incluem uma sensação persistente de insegurança, perda de autoestima, desenvolvimento de sintomas de depressão, além de ansiedade e estresse.
Com isso, muitas mulheres se veem privadas de realizar atividades tidas como naturais e são obrigadas a mudar seus trajetos e horários.  
Nereida salienta ainda que por a cantada ser um comportamento cultural, mas do que discutir sua criminalização é necessário que se adote medidas educativas tanto no ambiente familiar, quanto na escola.

TEXTO 3 – Cantada ou assédio? Entenda a diferença e fuja do debate vazio
A questão está sendo tratada como uma guerra de celebridades ou como um bate-boca de internet, mas é uma discussão para ser feita de forma madura, dentro da família, porque afeta ou pode vir a afetar de forma grave pessoas de quem a gente gosta.
No Globo de Ouro, a grande maioria das atrizes usou roupas pretas em protesto contra o escândalo que revelou a submissão à perversa realidade de abusos e assédio sexual na indústria do entretenimento. Houve uma espécie de resposta assinada por atrizes francesas, preocupadas com a criminalização da liberdade de aproximação entre duas pessoas, do ato natural da cantada, que pode ser oportuna ou não, aceita ou não.
Nesse ponto surge o pânico, dele vêm o ódio, a revanche, a gritaria e todos os outros sentimentos que em nada ajudam na convivência e na construção de uma sociedade melhor para as futuras gerações.
Há uma linha objetiva e muito clara que divide o ASSÉDIO, um crime, da CANTADA, uma interação normal entre as pessoas: a VONTADE. Se os dois querem ou se o não é respeitado, é cantada. Se uma das partes deixa claro que não quer e a outra não aceita e insiste de forma a perturbar, é assédio.
É mais comum na vida real que seja um homem assediador aterrorizando a vida de uma mulher, mas há de tudo. Quem não se lembra do filme Atração Fatal, da década de 90?
Quando uma pessoa não consegue aceitar o não da outra, ou a negativa de um primeiro avanço romântico ou o ponto final em uma relação e começa a forçar insistentemente sua presença, de forma desagradável, na vida da outra pessoa.
O movimento pode escalar para atos piores, como no filme, um esquema sistemático para desestabilizar, aterrorizar e destruir a pessoa que disse não aos avanços românticos ou sexuais. Geralmente o autor ou autora opera nas sombras e mina a credibilidade da vítima pouco a pouco enquanto executa a vingança.
É comum que esse tipo de monstruosidade, o assédio sexual, seja minimizado como cantada, paquera ou briguinha cotidiana de relacionamento em um país onde nem assassinos, traficantes e corruptos são punidos como deveriam. Juntos, precisamos virar a página.
Não podemos diminuir o sofrimento de vítimas reais de ASSÉDIO, as que são perseguidas, aterrorizadas, sofrem perdas psicológicas, morais, pessoais e materiais por dizer não a um avanço ao colocar todo tipo de manifestação romântica ou sexual no mesmo balaio de uma conduta criminosa.
Igualmente, é profundamente injusto classificar como algo maléfico ou sequer mal intencionado a tentativa natural de um adulto de aproximar do outro de forma romântica, seja um flerte, uma cantada, um convite, ainda que feitos de forma desajeitada, ainda que mal recebidos, desde que não haja represália, desde que o não seja respeitado.
Todos temos famílias. Nas famílias, há gerações instruímos as meninas a tomarem cuidados para que não se tornem presas fáceis de predadores sexuais. É injusto, é quase indecente, mas é necessário e a maioria das mulheres repassa as instruções às mais novas, protege as amigas.
Só que também não queremos ver nossos irmãos, filhos, tios, sobrinhos, cunhados sendo acusados injustamente de algo que não fizeram, carregando o peso do erro e do medo.
A rivalidade entre homens e mulheres não vai acabar com o assédio. A cultura do medo muito menos. O que vai acabar com o assédio é a união das pessoas que têm princípios, o acolhimento, a atenção maior aos nossos jovens, mais diálogo e mais franqueza dentro das famílias.
Que tenhamos a sabedoria de não condenar as próximas gerações a viver os traumas que não superamos. As lutas só fazem sentido quando a gente considera que os seres humanos e o mundo podem mudar para melhor.


TEXTO 4 – O que está por trás da criminalização da cantada masculina
A polêmica da semana na faniquitosfera feminista é por causa da carta assinada pela francesa Catherine Deneuve e por outras 100 atrizes em favor do direito dos homens cantarem as mulheres.
Quem conhece um pouquinho da história e das ideias socialistas sabe que nos grupos, movimentos e partidos de esquerda não existe uma única gota de preocupação com o bem-estar das pessoas. Existe apenas a obsessão em submeter todas as relações privadas ao estado.
O esforço em criminalizar a cantada masculina é um claro exemplo disso.
A estratégia passo a passo:
1 – Destacam casos extremos de assédio como se eles predominassem em nosso cotidiano.
2 – Fundem todos os incontáveis tipos de assédio num único tipo de agressão, violenta ou humilhante, onde todas as mulheres ficam traumatizadas para sempre.
3 – Tentam consolidar bordões do tipo “pelo fim da cultura do estupro” como se vivêssemos numa sociedade em que o estupro é aceito, como em certos países árabes.
4 – Por meio de matérias na imprensa e declarações de artistas, forjam um drama nacional que de fato não existe.
5 – Cobram do governo medidas contra a “cultura do estupro”.
6 – Parlamentares da esquerda apresentam projetos de lei de regulação do assédio e por pressão da imprensa e do meio artístico são aprovados.
7 – A esquerda ganha uma nova arma contra seus opositores: todo homem que for acusado de assédio, além de ser linchado pela imprensa, pelos artistas e demais grupos socialistas, sofrerá punições judiciais.
Com isso, a obsessão socialista pelo controle terá conseguido destruir a liberdade de homens e mulheres se relacionarem a partir de seus próprios julgamentos e decisões, impondo a força da lei sobre o desejo sexual masculino e enquadrando a mulher como propriedade do estado, já que será ele avaliará o que é bom ou ruim para ela até no ambiente social.
Uma pergunta: por que o movimento feminista e demais grupos de esquerda não fazem campanha para que as mulheres aprendam a se defender dos molestadores e cobrem do governo toda liberdade para isso?
Respondo: porque o movimento socialista não quer uma sociedade de indivíduos autônomos e que reajam à agressões. O movimento socialista quer uma sociedade covarde, desarmada e dependente do governo. O contrário disto é uma sociedade com poder para se voltar contra governos corruptos e tiranos, que não admite restrições à liberdade e agressões à propriedade privada. Por isso a esquerda é contra o porte de armas. Por isso a esquerda odeia os Estados Unidos.
O machismo é a ideia de que a mulher deve se sujeitar ao homem.
O socialismo é a ideia de que a mulher e o homem devem se sujeitar ao estado.
Sim, muitos homens cometem abusos contra mulheres, mas grande maioria só o faz porque confiam que elas não reagirão.
Para ilustrar essa questão, recomendo o filme Cairo 678, que retrata o caso de três mulheres vítimas de assédio sexual na capital do Egito. Uma delas recorreu à política para tentar conter a cultura do estupro que, em grande parte do mundo muçulmano, é uma realidade. A outra tentou recorrer à família. Nenhuma delas obteve sucesso.
Quem conseguiu reverter a situação foi a mulher mais pobre que resolveu apunhalar os homens que se esfregavam nela nos ônibus. Os casos foram repercutidos pela imprensa, motivando outras mulheres a fazer o mesmo.
Resultado: os assédios acabaram porque os homens passaram a temer a reação das mulheres.
Isso sim seria um “empoderamento” legítimo, bem diferente dos faniquitos diários das feministas que se dedicam a pedir que o governo regule as relações entre homens e mulheres.
Existem mil formas de assédio. Cada mulher reage de maneira diferente a cada uma delas. Algumas gostam de ser assediadas. Outras não. Alguns homens puxam as mulheres pelos braços nas festas e se esfregam nelas nos ônibus. A grande maioria não. Ou seja: estão tentando criminalizar todos os homens e fazendo-os pagar pelos atos de uma pequena minoria para consolidar a narrativa de que “todo homem é um potencial estuprador”.
O fato é que homens são apenas criaturas rudes. Não sabem o que cada mulher quer ouvir e se ela está ou não receptiva a uma investida mais direta. Por isto, muitas vezes falam besteira e agem de forma inadequada.
Mulheres e homens têm sensibilidades diferentes, mas não serão leis ou faniquitos midiáticos que mudarão isso.
A generalização do assédio, convertendo todos os casos em “crimes contra a mulher”, não é apenas uma forma de concentrar ainda mais poder no estado, mas também de retirar das relações humanas uma de suas características: o esforço diário dos homens em atrair a atenção das mulheres.
Outra pergunta: quantas mulheres querem viver num mundo onde homens tenham medo de manifestar interesse por elas? Creio que poucas. A grande maioria quer apenas que eles se expressem melhor e se comportem de maneira adequada. Então, em vez de repercutir os faniquitos da minoria, as mulheres devem criar formas de serem respeitadas e de reagir às agressões.
Espero que todas as mulheres reajam com firmeza contra todos que julgarem inconvenientes e agressivos, mas que jamais concedam ao estado o poder de legislar as relações entre elas e os homens porque será o fim da frase que parte delas adora repetir: “meu corpo, minhas regras”.
Tens suas regras? Ok. Faça você mesma com que os homens as cumpram.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Aula 01/2018 - Aborto




TEXTO 1 – Fato motivador - Irlanda fará referendo sobre aborto
O governo irlandês fará, em maio deste ano, um referendo para consultar a população sobre a legislação que proíbe o aborto em praticamente todas as situações. Atualmente, as irlandesas só estão autorizadas a abortar em caso de risco de morte para a mulher. Em situações de estupro, incesto, ou má-formação do feto, o procedimento é proibido.
O país tem uma emenda constitucional, conhecida como 8ª emenda, que proíbe a interrupção da gravidez. O referendo definirá se essa emenda deve ser anulada ou não. Aprovada em 1983, a emenda "reconhece o direito à vida do feto" e iguala os direitos de uma mulher grávida aos de um feto ainda no ventre.
A data em que será realizado o referendo será decidida após a discussão do assunto no Parlamento irlandês.
O ministro da Saúde vai elaborar uma nova legislação que proponha o acesso irrestrito ao aborto para as mulheres com até 12 semanas de gestação e, em casos excepcionais, após esse período.
No ano passado, uma comissão parlamentar interpartidária, em parceria com um grupo da sociedade civil, se reuniu para pedir a anulação da 8ª emenda.
O primeiro-ministro, Leo Varadkar, que é favorável à anulação da emenda, afirmou ontem que reconhece que "será uma decisão difícil para o povo irlandês".

TEXTO 2 – Senado dos EUA rejeita projeto de Trump para proibir aborto
Senado dos Estados Unidos rejeitou nesta segunda-feira (29) o controverso projeto de lei que prevê a proibição do aborto após as 20 primeiras semanas de gestação.
Grande parte dos republicanos, que é maioria no Senado, votou a favor de que a iniciativa entrasse na ordem do dia, mas a oposição democrata se posicionou de forma praticamente unânime, bloqueando a proposta.
A votação final foi de 51 votos a favor e 46 contra, sendo que era necessário 60 votos para a aprovação. Os republicanos consideram, citando trabalhos científicos, que os fetos são capazes de sentir dor a partir da vigésima semana depois da fecundação.
Em outubro do ano passado, a Câmara de Representantes norte-americana, de maioria conservadora, já havia aprovado o projeto de lei que pune os médicos que realizam os abortos.
Segundo a Casa Branca, o presidente Donald Trump apoia a iniciativa e estava decidido em promulgar a lei caso ela fosse aprovada no Congresso. O direito ao aborto em todo o país remonta a 1973, por uma decisão da Suprema Corte, que fixou como limite o ponto de "viabilidade" do feto, e não um número específico de semanas, referindo-se ao consenso médico de 24 a 28 semanas. Os democratas insistem que a proposta de lei republicana nesse sentido é inconstitucional.

TEXTO 3 – Quando a vida começa?
Aborto é assassinato? Pesquisar células-tronco é brincar com pequenos seres humanos? Manipular embriões é crime?
Vida é quando acontece a fecundação? Isso significa dizer que cerca de metade dos seres humanos morre nos primeiros dias, já que é muito comum o embrião não conseguir se fixar na parede do útero, sendo expelido naturalmente pelo corpo. Vida é o oposto de morte – e então ela se inicia quando começam as atividades cerebrais, por volta do 2º mês de gestação? Vida é um coração batendo, um feto com formas humanas, um bebê dando os primeiros gritos na sala de parto? Ou ela começa apenas quando a criança se reconhece como indivíduo, lá pelos 2 anos de idade? Para a Igreja, vida é o encontro de um óvulo e um espermatozóide e, portanto, não há qualquer diferença entre um zigoto de 3 dias, um feto de 9 meses e um homem de 90 anos. Mas então por que não existem velórios com coroas de flores, orações e pessoas de luto para embriões que morrem nos primeiros dias de gravidez? Essa é uma discussão cheia de contradições e respostas diferentes. Um debate em que a medicina fica mais perto de ser uma ciência humana do que biológica e em que frequentemente se encontram cientistas usando argumentos religiosos e religiosos se valendo de argumentos científicos. Por isso, o melhor a fazer é começar pela história de como a idéia de vida apareceu entre nós.
A história da vida
Saber onde começa a vida é uma pergunta antiga. Tão velha quanto a arte de perguntar – a questão despertou o interesse, por exemplo, do grego Platão, um dos pais da filosofia. Em seu livro República, Platão defendeu a interrupção da gestação em todas as mulheres que engravidassem após os 40 anos. Por trás da afirmação estava a idéia de que casais deveriam gerar filhos para o Estado durante um determinado período. Mas quando a mulher chegasse a idade avançada, essa função cessava e a indicação era clara: o aborto. Para Platão, não havia problema ético algum nesse ato. Ele acreditava que a alma entrava no corpo apenas no momento do nascimento.

TEXTO 4 – Como funcionam as leis sobre aborto no Brasil e no mundo...
Leis relativas à interrupção da gravidez variam bastante de país para país, da proibição absoluta à despenalização em alguns casos e à permissão em todas as circunstâncias. Segundo dados da ONU, em dois terços de 195 países analisados pela ONU, a interrupção da gravidez só é permitida quando a saúde física ou psíquica da mulher está ameaçada.
Na metade desses países, a intervenção é permitida quando a gravidez é resultado de estupro ou incesto, ou se é comprovado que o feto possui alguma malformação que pode colocar sua vida em risco. Somente um terço desses países leva em consideração a situação econômica ou social da mãe para permitir um aborto.
Brasil
No Brasil, o aborto só é permitido quando há risco de morte para a gestante, quando a gravidez resulta de estupro ou quando o feto é anencéfalo.
Alemanha
Desde 1976, as mulheres podem interromper a gravidez legalmente, mas sob determinadas condições. O aborto deve ser realizado até a 12ª semana de gestação.
Áustria
O aborto é legal desde 1975 e pode ser feito por decisão da mulher ou motivos médicos. O procedimento é permitido até a 16ª semana.
França
O aborto foi legalizado em 1975 e, desde 2001, é permitido até a 14ª semana de gestação.
Holanda
Ainda que a interrupção da gravidez possa ser feita até a 22ª semana de gestação por decisão da mulher, a Holanda é um dos países com menor nível de abortos do mundo.
 Polônia
O aborto é permitido somente em casos de estupro, incesto, malformação grave do feto ou risco à vida da mulher.
Portugal
O aborto foi legalizado em 1984 em casos de risco à vida da mulher, malformação fetal ou estupro.
Argentina
O país ainda tem restrição ao aborto voluntário. O artigo 86 do Código Penal declara a interrupção da gravidez como ato não punível se a vida ou a saúde da mulher estão em risco, se é fruto de estupro ou atentado ao pudor cometido contra uma mulher com deficiência intelectual
México
Cada um dos estados tem uma legislação própria sobre o aborto. Desde 2007, o aborto é permitido na Cidade do México até 12ª semana de gestação, por decisão da mulher.

TEXTO 5 – Grávida que teve pedido para interromper gestação negado pelo Supremo faz aborto na Colômbia
Com nove semanas de gestação e nenhuma previsão de resposta definitiva do Judiciário brasileiro sobre o pedido que fez para realizar um aborto, Rebeca Mendes Silva tomou uma decisão sem volta- fez o procedimento de interrupção da gravidez de forma legal, na Colômbia.
Em entrevista à BBC Brasil, ela se disse segura sobre a escolha de não seguir adiante com a gestação. "Me sinto muito aliviada de ter seguido por esse rumo. Por estar onde estou agora. Não sinto tristeza, não me sinto angustiada. Me sinto aliviada por estar onde estou."
Estudante de Direito e mãe de dois meninos, um de 9 anos e o outro de 6, Rebeca descobriu a gravidez no dia 14 de novembro e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma liminar (decisão provisória) que a autorizasse a abortar.
A ação foi elaborada pelo PSOL e o Instituto Anis- Instituto de Bioética, que argumentam que a criminalização do aborto fere princípios e direitos fundamentais garantidos na Constituição, como dignidade, liberdade e saúde.
A pena para uma mulher que intencionalmente termine a gravidez é de um a três anos de detenção. Há casos em que a denúncia é feita pelo médico que atende em serviços de emergência, quando as pacientes buscam ajuda por complicações decorrentes do aborto clandestino.
Como Rebeca interrompeu a gravidez na Colômbia de forma legal, ela não pode ser punida no Brasil, conforme explica o advogado criminalista Pierpaolo Bottini.
"Nosso Código Penal diz que você só responde por crimes cometidos em território nacional. Você pode responder, excepcionalmente, por crimes praticados fora desde que seja um crime também no país onde o ato foi cometido", disse.

TEXTO 6 – Algumas charges
     


Real Time Web Analytics