A União Europeia é uma união econômica e política de 28 países. Suas origens remontam à Comunidade Econômica Europeia (CEE), criada em 1957 por seis países que assinaram o Tratado de Roma.
O Reino Unido aderiu à CEE em 1973 e, dois anos depois, após renegociar suas condições, realizou um referendo sobre a sua permanência.
A integração foi aprovada por 67% dos eleitores. Numa época em que o Reino Unido sofria com o declínio industrial, inflação e distúrbios decorrentes de greves trabalhistas, o então premiê Harold Wilson conseguiu vender o projeto europeu como benéfico para a economia do país.
Mas quando a área de Schengen, estabelecendo uma fronteira comum, foi criada, em 1985, o Reino Unido optou por manter-se à margem.
E apesar de integrar desde 1993 o mercado único e a livre circulação de bens e pessoas, o Reino Unido optou por não adotar o euro, mantendo sua própria moeda, a libra esterlina.
Há anos, o país mantém com a UE uma relação complexa, permeada por temas como centralização versus controle nacional.
O tema econômico também sempre foi central nessa relação. Um dos argumentos pela separação, aliás, é o de que a economia britânica de hoje é muito mais criativa e dinâmica que a dos anos 1970 e que estas duas características são prejudicadas pela burocracia de Bruxelas.
No início deste ano, o premiê David Cameron renegociou "condições especiais" para o Reino Unido dentro da união.
Entre outros privilégios, o país recebeu garantias de que não será discriminado por não integrar a zona do euro, obteve proteções para a City londrina - o mercado financeiro mais importante da Europa - frente a regulações financeiras do bloco, e ganhou o direito de limitar os benefícios que imigrantes europeus podem pedir no país.
David Cameron sustenta que as novas condições permitirão ao Reino Unido ficar na União Europeia dentro dos seus próprios termos. Mas os críticos afirmam que as condições ficaram aquém das expectativas, e que só a saída total da União Europeia permitirá aos britânicos ditar suas próprias regras.
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36555376
Conteúdo da aula
TEXTO 1 – Fato motivador - Mercado de trabalho
britânico já sente efeitos do Brexit
O mercado de
trabalho britânico já começou a sentir os efeitos do referendo em que a maioria
da população votou pelo Brexit, aponta um estudo divulgado nesta sexta-feira
(5). Segundo dados da Confederação do Recrutamento e Emprego (REC), a queda
verificada no número de novas vagas permanentes foi a mais acentuada desde a
recessão em 2009.
Segundo a
pesquisa, devido ao clima de incerteza, muitas empresas pararam de contratar
funcionários fixos e, agora, disponibilizam vagas somente com contratos
temporários.
Banco da
Inglaterra tenta estimular economia
Também devido
às incertezas econômicas, o banco central britânico cortou nesta quinta-feira,
pela primeira vez em mais de sete anos, a sua principal taxa de juros - de 0,5%
para 0,25%, o nível mais baixo dos 322 anos de história da instituição.
O banco
anunciou ainda um programa de incentivo bilionário para impulsionar a economia
britânica por meio de um programa de compra de títulos públicos para injetar
mais de 60 bilhões de libras na economia. Além disso, a instituição vai
investir até 10 bilhões de libras em títulos de empresas.
A autoridade
monetária de Londres reage, assim, contra uma eventual ameaça de recessão no
Reino Unido. Antes da votação que selou o Brexit, o banco estimava uma alta do
Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3% em 2017. Agora, a previsão é de um
crescimento de 0,8%.
Após o
referendo pró-Brexit, os britânicos temem não ter mais acesso ao mercado
interno da União Europeia - o que se reflete na confiança do consumidor e nos
investimentos. No último dia 23 de junho, quase 52% dos britânicos votaram pela
saída do bloco europeu.
De acordo com
a revista alemã Wirtschaftswoche, o Reino Unido tem uma dívida de cerca de 25
bilhões de euros com a União Europeia. Segundo a publicação, que cita fontes em
Bruxelas, Londres não poderá sair do bloco até quitar o valor. "Se os
britânicos não saldarem a dívida, um acordo com o Reino Unido é
inimaginável", disse uma fonte.
TEXTO 2 – Brexit: entenda o
significado do referendo que decidiu retirar o Reino Unido da União Europeia
O Reino Unido decidiu em referendo, por mais de 1,2 milhão de
votos de diferença, deixar a União Europeia (UE). O resultado da consulta foi
divulgado na madrugada desta sexta-feira (24). O primeiro-ministro britânico,
David Cameron, que defendia a permanência no bloco, anunciou que deixará o
cargo em outubro. Mas o que muda a partir de agora? Para entender o novo
cenário e os reflexos da decisão no bloco e no resto do mundo, o Portal EBC
conversou com o professor Creomar Souza Lima, assessor de Relações
Internacionais e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB). Confira:
Quem perde: Reino Unido ou
União Europeia?
“Perdem todos. Simbolicamente, a saída do Reino Unido
alimenta uma série de forças anti-integração em todo o continente. Perde o
Reino Unido em âmbito concreto - ao suprimir a possibilidade de mais laços
econômicos e de integração -; e do ponto de vista simbólico perdem todos porque
é afastado o diálogo de que “todos são europeus”.
Quais são os próximos
passos?
A saída de um país de um bloco econômico não é uma questão
simples e pode demorar anos para se concretizar. O que se deve observar em um
futuro próximo é a chegada de um novo governo que deve estruturar esse
processo. “Há análises que dizem que esse processo pode durar de seis meses a
um ano. Outras falam em até dois anos. O que sabemos efetivamente é que se
tornou uma decisão e ela terá de ser cumprida. A saída será encaminhada. A
questão é como isso será feito”, aponta.
A coesão do Reino Unido está
ameaçada?
A Escócia, há dois anos, decidiu em um referendo por não se
tornar independente do Reino Unido. Com o resultado atual, já avalia a
possibilidade de fazer uma nova consulta para poder se reintegrar à União
Europeia. “A Europa não conseguiu de maneira profunda entrar nos corações e
mentes dos cidadãos do Reino Unido", afirma. O referendo, na opinião do
professor, também representa uma “irresponsabilidade eleitoral”, já que foi
promessa de campanha do primeiro-ministro David Cameron realizar um referendo
para dar aos britânicos o direito de decidirem se queriam ou não sair do bloco.
Impactos econômicos
De acordo com o professor, a saída do bloco afeta de forma
fundamental e economia do Reino Unido porque uma série de benefícios comerciais
do bloco serão revistos. Mas ainda é
cedo para traçar uma previsão. “Resta saber se a União Europeia vai querer negociar
essas questões em separado e, ainda, como as autoridade do Reino Unido vão
organizar uma ofensiva comercial para conquistar novos mercados”, ressalta.
A libra esterlina, moeda do Reino Unido, despencou e atingiu
o menor valor frente ao dólar em 31 anos logo após a divulgação do resultado do
referendo. Para o professor, a possibilidade de revalorização da moeda está
diretamente vinculada à capacidade do novo governo em dizer e construir ações
políticas que demonstrem que a situação vai melhorar.
Como a decisão afeta a
relação com o Brasil
Segundo o professor, ainda é cedo para estabelecer um
prospecto. “Em alguns sentidos, toda a classe política europeia está em choque;
e do lado de cá há uma necessidade de compreender o que essa votação representa
para a própria ideia de blocos regionais”, afirma. Ele lembra que o Mercosul já
é alvo de críticas duras de vários setores da sociedade brasileira e, “em
âmbito imagético”, se espelhava na ideia de comunidade que foi construída na
Europa, agora colocada em xeque.
A decisão representa uma
vitória do conservadorismo?
“Mais do que conservadorismo, uma vez que em algum sentido
David Cameron era representante de um tipo de conservadorismo. É uma vitória
que está além disso, muito vinculada ao movimento de nacionalismo e de valores
tradicionais, um discurso anti-migração”, opina o professor.
Como a decisão do Reino
Unido influencia outros países a permanecerem (ou não) no bloco?
Os grupos políticos nacionalistas de outros países da Europa
devem ganhar mais espaço para o seu discurso após a decisão do Reino Unido.
“Eles vão começar a bradar em vários países europeus: os britânicos fizeram
[saíram da UE] e, se eles saíram, tem algo errado. Isso vai pipocar na Europa”,
diz Lima. Ele explica que o discurso de ódio nacionalista está muito calcado na
ideia de que há “uma relativa pureza de valores e que o cidadão está ameaçado
por um elemento que é externo”. Esse discurso “colou” especialmente em
eleitores britânicos de zonas menos populosas pela percepção de que havia uma “tomada de empregos”. Não é possível avaliar, entretanto, se as
populações de outros países vão “comprar” esses discursos. Vai depender se
autoridades que defendem a União Europeia vão conseguir combater esse
discurso”.
O que é Brexit?
O termo Brexit é a união das palavras Britain (Grã-Bretanha)
e Exit (saída, em inglês). O que estava em discussão no Reino Unido era a
permanência ou não como membro da União Europeia (UE). As nações do Reino Unido
são a Inglaterra, a Irlanda do Norte, a Escócia e o País de Gales.
TEXTO 3 – A UNIÃO EUROPÉIA
A União Europeia (UE) é um bloco econômico criado em 1992
para estabelecer uma cooperação econômica e política entre os países europeus.
É um dos exemplos de blocos mais avançados apresentando uma integração econômica,
social e política, moeda comum, livre circulação de pessoas e funcionamento de
um Parlamento Europeu formado por deputados dos países membros e eleitos pelos
cidadãos.
Atualmente são 28 países membros: Alemanha, Áustria, Bélgica,
Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia,
Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia,
Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República
Tcheca, Romênia e Suécia. O Reino Unido por meio de um plebiscito em junho de
2016 decretou a saída no bloco econômico. Porém, a saída do país ainda não foi
oficializada.
A organização que foi essencial para a integração da Europa e
a criação da União Europeia foi a Comunidade Econômica Europeia (CEE), ou,
também conhecida como Mercado Comum Europeu (MCE). A CEE foi criada em 1957 e
foi formada nessa época apenas pela: Alemanha, Bélgica, França, Itália,
Luxemburgo e Países Baixos. Esta organização também era chamada de “Europa dos
6”.
O contexto de criação da CEE foi na Guerra Fria, momento em
que o mundo vivia a bipolarização entre os norte-americanos e soviéticos. Como
forma de buscar uma aliança para fortalecer as comunidades europeias com uma
recuperação economicamente e enfrentar o avanço da influência norte-americana,
os europeus objetivaram criar vínculos para integração econômica.
Outro fato importante para entender a criação do bloco
econômico é que nesta época a Europa buscava se reconstruir dos danos da
Segunda Guerra Mundial e, bem como, de prosperar a paz. Dessa forma, outra
intenção foi construir uma força militar e de segurança.
Confira abaixo os principais tratados dos países europeus e
adesão dos países:
1957 -Tratado de Roma. Institui a Comunidade Econômica
Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atômica (Euratom) e
aprofundou a integração econômica europeia;
1965 – Tratado de Bruxelas. Simplifica o funcionamento das
três instituições europeias como a CEE, a Euratom e a CECA - Comunidade
Econômica Europeia do Carvão e do Aço que são substituídos pela
1988 – Ato Único Europeu. Propõe medidas para criação de um
mercado único. Aderem Portugal e Espanha.
1992 – Tratado de Maastricht – Criação da União Europeia
1997 – Tratado de Amsterdã – Reforma das instituições para
adesão de mais países à EU. A Áustria, Finlândia e Suécia aderem a UE
2001 – Tratado de Nice. Nova reforma na instituição para
adesão de 10 países: República Checa, Estónia, Chipre, Letónia, Lituânia,
Hungria, Malta, Polónia, Eslováquia e Eslovénia.
2004 – Tratado de Roma - Este novo tratado em Roma buscava
criar uma Constituição para a Europa, porém, por motivos de desacordos os
países não chegaram a um consenso e não assinaram o tratado.
2007 – Tratado de Lisboa – Busca tornar a UE mais democrática
e eficaz para resolver problemas sociais e ambientais, como as mudanças
climáticas e ajuda humanitária. Romênia e Bulgária aderem à UE.
2013 – A Croácia adere à UE
2016 – Num plebiscito popular o Reino Unido vota a favor de
sua saída da UE.
Curiosidades
A superfície que abrange a União Europeia é de 4.793.909 km².
A população total da União Europeia é de 493.011.693.
A soma do PIB (2014) de todos os países da União Europeia é
de US$ 18,5 trilhões.
26 países da União Europeia apresentam desenvolvimento humano
muito alto, ou seja, o valor de IDH é superior a 0,800. Apenas Bulgária (0,782)
e Romênia (0,793) são países com desenvolvimento humano alto (valor de IDH
acima de 0,700).
A bandeira da União Europeia foi criada em 1955 e simboliza
os ideais de união, cooperação e harmonia entre os povos da Europa.
O Dia da Europa é comemorado no dia 9 de maio, cuja data é
quando foi feito a Declaração de Schuman de 1950. Esta declaração é de Robert
Schuman, Ministro dos Negócios Estrangeiros Francês e nesse discurso comentou
sobre a ideia de união política na Europa.
Winston Churchill, Primeiro-Ministro britânico, ao discursar
propôs a criação de um “Estados Unidos da Europa”, em 19 de setembro de 1946,
sendo um dos primeiros a pensar na união da Europa.
Para saber mais, acesse o site oficial da União Europeia:
http://europa.eu/index_pt.htm
TEXTO 4 – MOTIVOS PARA A
SAIDA
Promessas
econômicas, imigração e histórico turbulento de casamento entre Reino Unido e
bloco marcaram campanha
A saída da
União Europeia venceu por uma margem apertada - 51.9% a 48,1% - no plebiscito
realizado nesta quinta-feira no Reino Unido, o que mostra uma grande divisão no
país.
Confira
abaixo alguns dos fatores que determinaram o veredito dos britânicos, que deve
ter consequências profundas no mundo.
1. O peso (ou não) da economia
Libra
registrou queda histórica com o anúncio dos resultado
O público
britânico foi bombardeado de alertas sobre como ficaria mais pobre caso
escolhesse sair da União Europeia. Mas isso parece não ter convencido muito.
2. Promessa de dinheiro para a saúde
Boris
Johnson usou números sobre saúde na campanha pela saída
A
declaração de que a saída do bloco iria liberar até 350 milhões de libras (mais
de R$ 1,7 bilhão) a mais por semana para aplicar na saúde pública é o tipo de
frase política dos sonhos para qualquer marqueteiro: fácil de entender e
atraente para todas as idades e correntes políticas.
3. Imigração
Nigel Farage
foi criticado por abordagem sobre imigração ao defender Brexit
A campanha
pela saída do bloco transformou a questão da imigração em seu trunfo,
principalmente ao englobar assuntos como identidade nacional e cultural, o que
tinha apelo entre os eleitores de baixa renda.
O
argumento central era de que o Reino Unido não poderia controlar o número de
pessoas entrando no país enquanto continuasse no bloco.
4. O primeiro-ministro
David
Cameron já anunciou que deixará o cargo de primeiro-ministro
O
primeiro-ministro britânico, David Cameron, pode ter saído vitorioso de uma
eleição geral e dois referendos nos últimos dez anos, mas sua popularidade
parece ter chegado ao fim.
Ao se
colocar no centro e à frente da campanha pela permanência na UE, e qualificando
a decisão como uma questão de confiança, ele colocou em jogo seu futuro
político e reputação pessoal.
5. Os trabalhistas
Trabalhistas
não conseguiram mobilizar seus partidários
A campanha
pela permanência precisava dos eleitores trabalhistas, e o fato de que eles não
participaram tanto quanto esperado ainda vai ser motivo de muita discussão
entre os integrantes da oposição ao governo conservador.
6. Estrelas do 'Leave'
Boris
Johnson foi um dos "soldados" mais ativos durante a campanha pela
saída do bloco
Os britânicos
sempre souberam que alguns ministros de governo iriam apoiar a saída do bloco.
Mas o
ministro da Justiça, Michael Gove, foi além, se tornando um dos grandes motores
da campanha pela saída ao lado do ex-prefeito de Londres, o conservador Boris
Johnson.
7. Eleitores mais velhos
Resultado
pode se revelar uma questão geracional
Nas
próximas semanas os especialistas poderão debater detalhes do comparecimento do
eleitorado. Uma das conclusões já previstas: os mais velhos aprovaram em peso a
saída da União Europeia.
8. Relacionamento difícil
Britânicos
e UE tiveram convivência conturbada
O
casamento entre Reino Unido e Europa nunca foi fácil.
Foram
necessários anos para os britânicos se juntarem à Comunidade Europeia, em 1975.
E muitos apoiaram a entrada de má vontade, ou apenas por razões econômicas
superficiais.
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