Alguns de nós, por falta de sabedoria, de tato e de
cuidado, atribuímos rótulos errados a pessoas.
O que sai da nossa boca pode marcar a vida de pessoas
porque palavras deixam marcas. E essas marcas são difíceis de sarar. Às
vezes, elas cicatrizam, mas ficou uma marca. Ela fecha não fica ferida
eternamente, mas fica a cicatriz de algo que pregamos com a nossa
língua.
Você já rotulou alguém?
Tenha o cuidado de atribuir palavras que coloquem a
pessoa para cima, fale positivo sobre ela, que as suas palavras sirvam
de inspiração para as pessoas.
Material da Aula
TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - Meninos vestem azul e
meninas rosa, diz ministra
A nova
ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, gerou
polêmica nesta quinta-feira (3) após um vídeo em que afirma que o Brasil vive
uma "nova era" em que "menino veste azul e menina rosa"
circular nas redes sociais. No início da gravação é possível ouvir um grupo de
pessoas pedindo silêncio para Damares falar. "É uma nova era no Brasil:
menino veste azul e menina veste rosa", disse a ministra.
Já no
final da declaração, a pastora evangélica é aplaudida pelo público presente em
uma sala. O local, no entanto, não foi identificado. Damares assumiu o
ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo de Jair
Bolsonaro nesta quarta-feira (2). Em seu discurso, a também advogada chegou a
afirmar que durante os próximos quatro anos de mandato "menina será
princesa e menino, príncipe". A declaração, segundo ela, é um aviso contra
a "doutrinação ideológica". "Neste governo, menina será princesa
e menino será príncipe. Ninguém vai nos impedir de chamar as meninas de
princesa e os meninos de príncipe. Vamos acabar com o abuso da doutrinação
ideológica", ressaltou.
As
declarações dos integrantes do novo governo têm causado polêmica, desde o
primeiro dia no poder, principalmente depois que Bolsonaro assinou uma Medida
Provisória (MP) retirando a população LGBT das diretrizes do Direitos
Humanos.
No novo
documento, dentre as políticas e diretrizes destinadas à promoção dos direitos
humanos estão incluídos explicitamente somente "mulheres, criança e
adolescente, juventude, idoso, pessoa com deficiência, população negra,
minorias étnicas e sociais e Índio". (ANSA).
TEXTO 2 – Rosa nem sempre foi 'cor de menina' -
nem o azul, 'de menino'
"A
regra geralmente aceita é que rosa é para os meninos, e azul para as meninas. O
motivo é que o rosa, sendo uma cor mais decidida e forte, é mais apropriado
para meninos. Enquanto o azul, que é mais delicado e gracioso, é mais bonito
para a menina."
O parágrafo acima foi publicado há cem
anos, em 1918, por uma revista de moda infantil americana, a Earnshaw, voltada
para profissionais da área. Foi encontrado por Jo Paoletti, professora emérita
de Estudos Americanos na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e autora
do livro Pink and Blue: Telling the Boys from the Girls in America (Rosa e
Azul: Distinguindo Meninos de Meninas nos Estados Unidos).
"(Encontrar essa frase) virou
minhas suposições de cabeça para baixo", lembra a pesquisadora, em
conversa com a BBC News Brasil. Afinal, o rosa nem sempre havia sido uma cor de
menina, nem o azul cor de menino.
"A ideia de que há algo natural e
permanente sobre o uso de rosa para as meninas e azul para garotos é
historicamente errada", diz Paoletti. "Assim, também é errada a ideia
de que se você não tratar as crianças segundo um estereótipo de gênero elas vão
crescer confusas, serão pervertidas, vão se tornar homossexuais, transgênero.
Não há nenhuma evidência disso. Não é dos estereótipos de gênero que nasce a
identidade homossexual ou trans."
O contexto da frase é a intenção do
novo governo de combater a chamada "ideologia de gênero". O termo,
que não é reconhecido por estudiosos, foi popularizado por segmentos contrários
à ideia de que gênero é uma construção social e, portanto, não está restrito ao
sexo biológico de uma pessoa.
"Fiz uma metáfora contra a
ideologia de gênero, mas meninos e meninas podem vestir azul, rosa, colorido,
enfim, da forma que se sentirem melhores", disse a ministra, após a reação
das redes sociais, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
Vestidos
brancos para bebês e azul feminino em alusão à Virgem Maria
A divisão de cores de meninos e de
meninas é uma construção social recente, explica Paoletti. "Cem anos
atrás, os bebês usavam vestidos brancos, independentemente do sexo da criança.
Essas roupas brancas eram mais fáceis de serem mantidas limpas, porque podiam
ser fervidas", diz ela. Além disso, era mais fácil trocar a fralda de um
bebê de vestido do que com calças.
"Quando as cores foram
introduzidas no vestuário infantil, tinham tons pasteis, mas não importava se
era rosa ou azul. Geralmente, eram escolhidas de acordo com o tipo físico da
criança. Era muito comum ver bebês de olhos azuis vestindo azul. E bebês de
olhos castanhos vestindo rosa. As pessoas achavam que combinava mais",
continua Paoletti.
O uso das cores também variava de
acordo com a região, explica a pesquisadora. "Em alguns países católicos,
era comum encontrar o uso de azul para meninas, porque o azul era associado à
Virgem Maria. Em outros locais católicos, como França e Bélgica, o primeiro
filho costumava ser dedicado à Virgem Maria e vestido de azul, fosse menino ou
menina."
Mais recentemente, o uso de rosa para
meninas e azul para meninos se tornou padronizado em todo o Ocidente. Como isso
ocorreu? Uma das explicações é que o
padrão teria sido criado pela indústria da moda americana e se espalhado para
outros países.
O professor de psicologia da
Universidade do Novo México, Marco Del Giudice, analisou as ocorrências de rosa
e azul para meninos e meninas em uma base de dados de milhões de livros,
publicados a partir de 1880. Segundo ele, as referências a "rosa para
meninas" começaram a ser mais abundantes a partir do final da Segunda
Guerra Mundial, na década de 1940.
Além disso, outros simbolismos de
gênero entraram na moda infantil, como laços e corações para meninas, aviões e
bolas para meninos. "Antes, o que definia a moda infantil era a praticidade,
a conveniência. Agora, as pessoas estão mais interessadas em garantir que seu
filho pareça com o estereótipo de um menino", diz Paoletti.
Meninas
preferem rosa? Ciência diz que não.
Um estudo de 2011 publicado pela
Sociedade de Psicologia Britânica analisou a preferência de cor de bebês e
crianças com idades entre 7 meses e 5 anos. Cada criança recebeu um par de
objetos, um com a cor rosa e o outro com uma segunda cor. Os pesquisadores,
então, observaram qual era a preferência ou rejeição pelos objetos rosas.
O resultado foi que, com até um ano de
idade, meninas e meninos escolheram objetos cor-de-rosa de forma semelhante. Ou
seja, não havia uma preferência de gênero pela cor.
Já aos dois anos, as meninas passaram a
preferir o rosa um pouco mais frequentemente que os meninos. E, a partir de
dois anos e meio, a preferência por rosa despontou nas meninas, ao mesmo tempo
que a rejeição ao rosa prevaleceu entre meninos.
Segundo as pesquisadoras, a preferência
pelo rosa nessa idade pode ser explicada pela identificação de gênero que é
dada pelos adultos e acaba absorvida pelas crianças.
"As descobertas vão na contramão
da sugestão de que as preferências de cor podem ter uma base biológica. Alguns
pesquisadores propuseram que há mais vantagem evolutiva para mulheres que são
atraídas por cores de frutas, como o rosa. Mas, se as mulheres tivessem uma
predisposição biológica ao rosa, então isso seria evidente independentemente da
aquisição de conceitos de gênero".
TEXTO
3 – Porque os seres humanos criam
"Rótulos" uns para os outros?
Loira, negro, branco, pobre, índio, feio, crente, ateu, gay,
piriguete, deficiente, são todos rótulos para explicar, enquadrar, orientar, de
maneiras menos ou mais politicamente corretas, uma categoria geral de seres
vivos: Gente.
O ser humano parece ter a necessidade de criar rótulos para
si ou para os seus semelhantes, e isso parece ter algumas funcionalidades: Em
primeiro lugar, rótulos servem para economizar
energia nas relações humanas. Isso porque é fácil se relacionar com
categorias de pessoas, esperando comportamentos comuns à elas, ao invés de se
esmerar no conhecimento das qualidades individuais de cada pessoa, pois cada
uma é singular no mundo e o comportamento de cada varia... Pense que inferno
seria viver em mundo em que você teria que conviver pelo menos um dia inteiro
com cada pessoa para tirar conclusões a respeito dela?! Seria ideal? Talvez,
mas levaria muito mais tempo para desenvolvermos relações humanas e por isso,
viver em sociedade. Ou seja, não seria parcimonioso (econômico), e isso
impossibilitaria as relações. Por isso, o ser humano parece ser preparado pela
natureza para pensar a sociedade, e os indivíduos que a compõe através de
rótulos.
E isso nos leva ao segundo ponto, pensar o ser humano por
rótulos parece ajudar a formação de
grupos sociais. Eles são muito importantes, e sempre foram na história da
humanidade! Primeiramente, há milhares de anos, desenvolveram um papel crucial
na sobrevivência dos homens pré-históricos, e hoje, continuam desenvolvendo um
papel essencial, em tarefas não menos importantes para a formação e manutenção
da humanidade, como a sociabilidade, a criação de redes de informação e etc.
O terceiro ponto, pelo qual se pode entender os
relacionamentos baseados em rótulos pode ser entendido para a afirmação de uma identidade! Tal
identidade pode ser autoafirmada ou insuflada por outros para o indivíduo e tem
como objetivo demarcar a nossa singularidade no mundo. Tal identidade pode ser
individual ou grupal: Um grupo LGBT, um grupo de pesquisadores da teoria
psicanalítica, um grupo de religiosos, etc. E isso nos leva ao quarto ponto que
é...
A afirmação política. Sim, a rotulação de pessoas e relações pode ser
usada para a afirmação política, se a entendermos como afirmação de uma posição
e de poder. Isso pode ser facilmente compreendido nos mecanismos de formação de
governos, ou de políticas públicas ou de Estado/Governo, por exemplo: Eu sou
brasileiro (um ser que vive em um território, com linguagem e costumes,
relativamente comuns à outros indivíduos) que entende ser necessária a política
de cotas para pobres (política de governo) para a diminuição das diferenças dos
excluídos sociais (política de Estado). Ou seja, em uma única frase, fui capaz
de usar três rótulos para me posicionar politicamente.
E por último, deixei a o mais "macabro" de todos
eles, mas que é real, e pode ser compreendido pela junção de um ou todos os
itens anteriores: A segregação! Sim,
esta que é uma das expressões políticas fruto do extremo da estigmatização
(Goffman, 1980). Dá se o nome para uma pessoa/grupo por conta de algum
"marcador social" com o objetivo de rebaixá-lo a algum nível de
subserviência e obter algum tipo de benefício político com isso.
Ou seja, o que se passa com o relacionamento com rótulos é
que, eles sempre ocorrem nas dinâmicas interpessoais, e eles são parte natural
do processo de "encontro" com outra pessoa no mundo. Na medida em que
nossas relações vão se aprofundando eles vão dando lugar à um conhecimento
verdadeira da pessoa/grupo. Não que os rótulos deixem de existir, na verdades
rótulos novos dão lugar à rótulos velhos, e isso não é necessariamente maligno.
Maligno é o fato de usar os rótulos para diminuir ou extrair vantagem de um
semelhante. Acredito que os rótulos foram impressos na natureza como forma de
nos dar atalhos para o estabelecimento das relações humanas, e que devem, por
isso, ser usados para tal finalidade benéfica para o ser humano, e não para os
efeitos colaterais que isso pode gerar.
TEXTO 4 – A ALMA DIFERENTE
O mundo ainda
não aprendeu a lidar com seres humanos diferentes da média.
Diferente é
quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errado.
Para os outros. Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não
aguentarem, caso um dia venham a ser. O diferente é um ser sempre mais próximo
da perfeição. Nunca é um chato. Mas é sempre confundido com ele por pessoas
menos sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está diferente,
talentos são rechaçados; vitórias são adiadas; esperanças são mortas. Um
diferente medroso, este sim acaba transformando-se num chato. Chato é um
diferente que não vingou.
O diferente
começa a sofrer cedo, desde o colégio, onde todos os demais de mãos dadas, e
até mesmo alguns professores por omissão (principalmente os mais grossos), se
unem para transformar o que é peculiaridade e potencial, em aleijão e
caricatura. O que é percepção aguçada em "- puxa, fulano, como você é
complicado". O que é o embrião de um estilo próprio em "- Você não
está vendo como é que todo mundo faz?"
O diferente
carrega desde cedo apelidos e carimbos nos quais acaba se transformando. Só os
diferentes mais fortes do que o mundo à sua volta se transformaram (e se
transformam) nos seus grandes modificadores.
Diferente é o
que: chora onde outros xingam; quer, onde outros cansam; espera, de onde já não
vem; sonha, entre realistas; concretiza, entre sonhadores; fala de leite em
reunião de bêbados; cria, onde o hábito rotiniza; perde horas em coisas que só
ele sabe importantes; diz sempre na hora de calar; cala sempre nas horas
erradas; fala de amor no meio da guerra; deixa o adversário fazer o gol porque
gosta mais de jogar que de ganhar; aprendeu a superar o riso, o deboche, o
escárnio e a consciência dolorosa de que a média é má porque é igual; vê mais
longe do que o consenso; sente antes dos demais começarem a perceber; se
emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham.
A alma dos
diferentes é feita de uma luz além. A estrela dos diferentes tem moradas
deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender.
Nessas moradas estão os maiores tesouros da ternura humana. De que só os
diferentes são capazes. Jamais mexam com o sentimento de um diferente. Ele é
sensível demais para ser conquistado sem que haja conseqüência com o ato de o
conquistar.
Algumas Imagens
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