TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - Le Pen reconhece derrota, mas
fala em 'resultado histórico' de seu partido
A candidata de extrema direita à eleição presidencial
francesa, Marine Le Pen, reconheceu sua derrota nas urnas para o candidato
centrista Emmanuel Macron, que venceu com ampla vantagem neste domingo (7) o
segundo turno da votação, apontaram pesquisas preliminares.
Em discurso para simpatizantes em Paris, ela parabenizou seu
adversário pela vitória no pleito, mas afirmou que seu partido, a Frente
Nacional, conquistou um resultado histórico nas urnas. Le Pen disse que é
preciso constituir uma nova força política e convocou "todos os
patriotas" a se unir a ela, acrescentando que o partido da Frente Nacional
precisa mudar para conseguir superar o desafio.
A candidata da Frente Nacional que, segundo as primeiras
projeções obteve 35% dos votos contra 65% do rival, agradeceu o apoio dos
"eleitores patriotas" e anunciou uma reformulação de seu partido para
desempenhar o papel de primeira força de oposição ao novo presidente.
Melhor resultado da Frente Nacional
Foi o melhor resultado da Frente Nacional na história. Por
isso, Le Pen, que após o primeiro turno firmou uma aliança com Nicolas
Dupont-Aignan, anunciou uma "profunda renovação" para "criar uma
nova força política". A candidata garantiu que liderará o
"combate" das eleições legislativas marcadas para o junho, tratando
de reunir todos aqueles que querem optar pela França em primeiro lugar.
Le Pen afirmou que as eleições presidenciais mostraram uma
"decomposição da vida política francesa", marcada especialmente pelo
"desaparecimento dos partidos tradicionais", em referência aos
socialistas e à centro-direita de François Fillon.
Nas eleições legislativas, Le Pen afirmou que voltará a
apresentar o dilema entre "globalistas e patriotas" e se mostrou
"inquieta" pelas perspectivas abertas no mandato de Macron.
Segundo pesquisa do Ipsos, o candidato centrista recebeu
65,1% dos votos, contra 34,9% de sua rival, Marine Le Pen. O Kantar divulgou
resultado semelhante nesta tarde. Macron teria vencido com 65,5% da
preferência, ante 34,5% de sua adversária. Já segundo pesquisa do Elabe/BFM TV,
o candidato recebeu 65,9%, contra 34,1% de Le Pen.
TEXTO 2 - Eleições na
França, novos sinais de alerta
A vitória de Marine Le Pen consolidaria o populismo de
direita no cenário internacional.
A conjuntura política internacional se deteriora velozmente:
a crise econômica mundial iniciada em 2008 assume um caráter de crise da
democracia e civilizatória. As elites políticas e econômicas do planeta
impuseram, por meio da captura da democracia pelo 1% mais rico, um
aprofundamento do neoliberalismo que teve como resultado o aumento dos lucros
de poucos e o aumento da pobreza e a perda de direitos para muitos.
A começar pela potência mais importante, com seu novo
presidente, Donald Trump, que derrotou o establishment dos partidos republicano
e democrata, ambos comprometidos até a medula com o neoliberalismo cada vez
mais impopular.
Os EUA mergulharam em uma agenda antiliberal e
ultraconservadora: muro na fronteira com o México, veto à entrada de cidadãos
nascidos em sete nações mulçumanas, programas de deportações em massa, proposta
de liberar que as igrejas interfiram na política, o que é proibido desde 1954,
investimentos em projetos energéticos nocivos ao meio ambiente, que antecipam
uma provável ruptura unilateral com os frágeis pactos ambientais da ONU.
Os impactos geopolíticos da nova situação política estadunidense
jogam mais gasolina no fogo da crise democrática e civilizatória. No Oriente
Médio, Trump apresenta uma carta branca para Israel. O povo palestino e o mundo
estão mais distantes de uma resolução positiva desse conflito fundamental para
a construção de uma paz duradoura na região.
Na Ásia, os sinais do presidente dos EUA apontam para um
aumento da beligerância no continente que apresentou os maiores níveis de
crescimento econômico do mundo nas duas últimas décadas, com ameaças à China e
alertas ao Japão para a necessidade de se armar. Em paralelo, a América Latina
vive um novo ciclo de esgotamento das experiências progressistas e de nova
ofensiva neoliberal e conservadora, marcado pela vitória de Maurício Macri na
Argentina, pela crise na Venezuela e pelo golpe no Brasil.
Na Europa, o quadro não é distinto, com crise econômica
persistente e crescimento vertiginoso da extrema-direita diante da falência
neoliberal. Isso explica o resultado do plebiscito que decidiu pela saída do
Reino Unido da União Europeia.
A Rússia se consolida como um pilar geopolítico conservador e
autoritário, aumentando sua influência externa e com uma sociedade civil cada
vez mais controlada e reprimida através de leis contra dissidentes políticos,
leis antigay e até mesmo a despenalização da violência doméstica contra as
mulheres.
No centro do continente, a Alemanha se apresenta como polo de
resistência dos valores liberais, porém Merkel dá sinais de que vai ceder à
agenda extremista e xenófoba, ao menos no tema dos imigrantes e refugiados.
Outra manifestação dessa revolta das bases contra a adesão da
socialdemocracia ao neoliberalismo aparece na construção de alternativas
partidárias aos socialistas em Portugal, Espanha e na França a partir de uma
estratégia de fazer oposição aos governos neoliberais liderados pela direita e
pela socialdemocracia, apostando que, na falência desses governos, poderão se
tornar a força majoritária entre as esquerdas e na sociedade.
As mesmas questões e dilemas se apresentam na França. Em
pesquisa divulgada pelo jornal Paris Match no dia 1º de fevereiro, Melénchon
caiu de 14% para 9% das intenções de voto e Hamon saltou de 6% para 18% desde
sua confirmação como candidato, o que o coloca em empate técnico com os
candidatos da direita (Filon com 21% e Macron com 20%) na luta por um lugar no
2º turno contra Le Pen, que lidera com 24%.
O desafio é produzir uma unidade que supere os sentidos
burocráticos que atravessam os socialistas e que derrote o sentido sectário que
perpassa “a esquerda da esquerda”. Uma unidade que renove as esperanças na
construção de um outro mundo distinto do deserto neoliberal e do pesadelo
fascista. Uma unidade que se espraie por todo mundo, e que chegue ao nosso
Brasil golpeado, pois somente com a convergência das esquerdas poderemos
superar a crise democrática e civilizatória que ameaça o nosso futuro.
TEXTO 3 – O avanço da
extrema-direita na Europa
Alemanha
A Alternativa para a Alemanha (AfD) aumentou o número de
representantes no Parlamento alemão desde setembro de 2016. A legenda é contra
a construção de novas mesquitas no país e usa, com frequência, a frase “O Islã
não pertence à Alemanha” em suas campanhas. A AfD tem atraído votos daqueles
que pedem a saída da Alemanha da União Europeia.
Holanda
Com promessas anti-Islã e anti-União Europeia, o Partido da
Liberdade (PVV) tem crescido nas pesquisas das eleições holandesas. O líder da
legenda, Geert Wilders, considerado como o Trump da Holanda, foi considerado
culpado por ofensas islamofóbicas no ano passado.
França
A Frente Nacional, legenda francesa anti-imigração, tem ganhado
popularidade sob a liderança de Marine Le Pen. Ela é uma das principais
candidatas à corrida presidencial deste ano. Em 2015, o partido teve o maior
número de votos nas eleições regionais e europeias.
Grécia
Aurora Dourada é o partido de extrema-direita da Grécia.
Mesmo elogiando o governo de Adolf Hittler, o líder da legenda, Nikolaos
Michaloliakos, rejeita o título de neonazista. Em meio às crises de refugiados
e econômica, o Aurora Dourada ganhou espaço e chegou em terceiro na corrida
eleitoral de 2015.
Hungria
O nacionalista “Movimento para uma Hungria Melhor”, Jobbik, é
o principal partido de extrema-direita no país e tem a reputação de ser
anti-semita. Para muitos, o Fidesz também se aproxima cada vez mais da
extrema-direita. Liderado pelo premier Viktor Orban, é acusado de abandonar as
raízes conservadoras para defender políticas anti-imigração
Suécia
O líder do Partido dos Democratas Suecos, Jimmie Åkesson, já
expressou sua admiração pelo presidente americano, Donald Trump, e adota um
discurso contra imigrantes. A legenda é vista como uma forte candidata para
eleições no país em 2018, mesmo sem ter alianças com outros grupos políticos,
que recusam trabalhar em conjunto com a extrema-direita.
TEXTO 4 – INFOGRÁFICO
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