TEXTO 1
– Fato motivador - Atentado a candidato presidencial é algo que América Latina
não via há 20 anos
A facada de que foi alvo o candidato
presidencial Jair Bolsonaro (PSL) durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG)
é um incidente perturbador porque "em nível presidencial, a violência não
era parte da história brasileira e latino-americana havia anos, e isso mudou
hoje", diz à BBC News Brasil o brasilianista Brian Winter, editor-chefe da
revista Americas Quarterly e vice-presidente da Americas Society-Council of the
Americas.
"Não víamos isso com candidatos a
presidentes. Mesmo na América Latina, tem havido ausência de violência em nível
presidencial há mais ou menos 20 anos, pelo menos nos países de grande
porte", diz ele, lembrando dois casos que tiveram magnitude e repercussão
globais:
- O ataque a tiros que resultou na
morte de Luis Donaldo Colosio, candidato do então partido governista PRI
(Partido Revolucionário Institucional) à Presidência do México em 1994. Um
jovem de 23 anos está detido até hoje pelo crime, mas pessoas próximas a
Colosio defendem até hoje que houve um complô para matar o candidato.
TEXTO 2–
Ataque à caravana de Lula é investigado como disparo de arma de fogo com dano
O delegado
da Polícia Civil Hélder Lauria disse nesta quarta-feira (28) que investiga o
ataque à caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Paraná
como disparo de arma de fogo com dano provocado.
Na terça,
o delegado adjunto de Laranjeiras do Sul Fabiano Oliveira chegou a dizer que o
caso estava sendo investigado como tentativa de homicídio, e que pelo menos
dois suspeitos estariam envolvidos.
Ao G1,
Lauria, que é titular da delegacia, negou as declarações do adjunto. Ele disse
que as informações foram dadas de maneira desencontrada. "As informações
são superficiais e não condizem com a realidade da investigação."
"Nós
estamos tratando como disparo de arma de fogo e dano. Então, não estamos
tratando como tentativa de homicídio por enquanto" - delegado Helder
Lauria
O
procurador de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto disse que determinados
atos contra a caravana podem vir a ser qualificados como "tentativa de
homicídio".
Ele citou
o termo ao ser questionado nesta manhã sobre a diferença entre os episódios de
violência recentes (os tiros, o arremesso de ovos e os ataques nas redes
sociais). O procurador destacou que há tipos penais específicos para cada
crime.
“Há tipos
penais específicos em relação à incitação do crime e há muito disso nas redes
sociais. Por outro lado, há a apologia dos crimes que já foram praticados. Há
as ações concretas, direcionadas à prática de lesões corporais, quando se quer
estourar os pneus de um ônibus. Pode, enfim, lesionar até a tentativa de
homicídio porque os atos podem culminar com a morte de alguém, assumindo-se o
risco, portanto, de produzir a morte”, explicou Sotto Maior Neto.
É possível compreender que o mal pode ser tão impecavelmente
racional quanto a bondade.
Zygmunt Bauman
TEXTO 3–
A intolerância e os crimes contra homossexuais
Episódios
de agressões contra homossexuais foram destaque nos noticiários dos grandes
jornais do país nos últimos dias. E não foram agressões leves, dessas que
passam despercebidas no cotidiano. Foram casos que chegaram à tentativa de
homicídio, somente pelo fato de as vítimas não terem a mesma orientação sexual
dos seus agressores. A intolerância está à flor da pele nas grandes capitais.
O caso mais
grave aconteceu no Rio de Janeiro, onde um militar atirou em um jovem, após
tê-lo humilhado e ofendido apenas em função de sua homossexualidade. O militar
será indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificado.
Outro
episódio de violência ocorreu em São Paulo, onde um grupo de jovens, quase
todos adolescentes, menores de idade, agrediram outros jovens na Avenida
Paulista, palco da Parada Gay, simplesmente por não serem heterossexuais. A
Polícia Civil está investigando se o que motivou o crime foi a homofobia, já
que uma das vítimas foi chamada de bicha","gay e de outros termos
discriminatórios. Se neste caso houver punição, ela será por agressão. Mas para
tais punições pouco importa se elas se deram em razão de atos homofóbicos ou não.
No entanto, não houvesse agressão ou tentativa de homicídio, a punição seria
muito mais difícil já que no Brasil não é crime discriminar em razão de
orientação sexual.
A punição
dos agressores nos casos citados, em São Paulo e Rio de Janeiro, acontecerá,
mas não atingirá real valor e a motivação dos crimes. Sabe-se que agredir ou
atentar contra a vida de alguém é crime, mas que fazê-lo apenas em razão da
intolerância é algo ainda pior. Pouco deveria importar a orientação sexual de
cada um de nós perante a sociedade. E não tolerar a homossexualidade é tão
grave quanto não tolerar o fato de uma pessoa ser de outra raça, nacionalidade
ou qualquer outra coisa que a torne diferente de uma dita "maioria.
TEXTO 4–
Intolerância que leva a linchamentos
Confundido
com um ladrão em São Paulo, ele foi espancado e só conseguiu escapar depois de
dar aula sobre Revolução Francesa a um dos bombeiros que o resgataram.
Da
postagem no Facebook da foto de um adolescente negro acorrentado a um poste no
Rio de Janeiro até a morte da dona-de-casa Fabiane Maria de Jesus no Guarujá,
muitos são os casos de aprisionamentos, espancamentos coletivos e cenas
bárbaras que já fizeram vítimas em quase todos os estados do país, contando
apenas os noticiados – não há estatística criminal sobre linchamentos no
Brasil.
Uma das
vítimas foi o professor André, que dá aula de História para cerca de 230 alunos
em uma escola pública na periferia da capital paulista.
Apontado
como ladrão, acorrentado e brutalmente espancado por dezenas de pessoas, André
relatou que o dono do bar assaltado já tinha mandado o filho buscar um facão
quando os bombeiros chegaram.
Eu disse
que era professor, que estava ali por acaso. Aí um dos bombeiros falou para dar
uma aula sobre Revolução Francesa. Foi o que me salvou.” Só depois de explicar
sobre a ascensão da burguesia é que o levaram ao hospital, diz. “Foi algo
surreal. Só acreditamos quando chega próximo de nós. Aí você vê que é muito
real mesmo, esse ódio das pessoas. Essa brutalidade do ser humano.”
Mesmo
assim, foi preso e está em liberdade provisória, já que o dono do bar não
retirou a queixa. “Eu estou bem melhor, mas a ferida na alma, a inocência, está
perdida.
Fonte: http://g1.globo.com/politica/dias-de-intolerancia/platb/#inicio
– Adaptado
TEXTO 5 – Idosa é agredida por intolerância
religiosa em Nova Iguaçu
A idosa
Maria da Conceição Cerqueira da Silva, 65 anos, foi agredida a pedradas em Nova
Iguaçu, na Baixada Fluminense, na última sexta-feira. Segundo a família, ela
foi vítima de intolerância religiosa por parte de uma vizinha que não aceita a
regilião praticada por Maria, que é candomblecista.
Segundo a
filha da idosa, Eliane Nascimento da Silva, de 42 anos, ao sair para ir no
mercado, Maria ouviu sua vizinha gritar “lá vem essa velha macumbeira. Hoje eu
acabo com ela”. Em seguida, ela foi acertada por uma pedra, que teria sido
atirada pela vizinha, identificada apenas como Jéssica. A idosa teve ferimentos
no rosto, na boca e no braço e foi levada para o Hospital Geral de Nova Iguaçu
(HGNI).
Ainda de
acordo com Eliane, um grupo de vizinhos constantemente ofendem a ela, que é
umbandista, e mãe por praticarem religiões de matriz africana.
“Engulo as
ofensas calada. Mas, minha mãe não, ela enfrenta. Ela tem sangue nordestino, é
uma idosa, semianalfabeta, e acaba revidando as agressões verbais. Só que o que
fizeram com ela foi uma covardia”, disse Eliane.
A SEDHMI
também colocou à disposição da vítima e de toda sua família, assistência
jurídica psicológica e social, além de marcar um encontro elas nesta
segunda-feira, às 13h30.
Casos de intolerância religiosa aumentaram
Segundo
dados do Disque 100, as denúncias de casos de intolerância religiosa aumentaram
em 119% em 2016 em relação a 2015. O número total de ocorrências chegam a 79.
Tolerância é um termo que vem do latim tolerare que significa
"suportar" ou "aceitar". A tolerância é o ato de agir com
condescendência e aceitação perante algo que não se quer ou que não se pode
impedir. A tolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade.
TEXTO 6 – Estão querendo transformar o Museu
Nacional, de 2018, no Reichstag alemão de 1933
Uma
pesquisa realizada pelo blog Comunica que muda mostra a intolerância do
brasileiro nas redes sociais. A pesquisa foi realizada pelo segundo ano
consecutivo e mostra que, mesmo com um pequeno aumento de menções positivas nas
redes sociais, as postagens relacionadas a certos temas ainda são,
majoritariamente, negativas, ou seja, expõem intolerância, preconceito e
discriminação. Foram analisadas postagens referentes a aparência, classe
social, deficiência, homofobia, misoginia, política, idade/geração, racismo,
religião e xenofobia.
O
levantamento foi realizado nos meses de julho a setembro de 2017, através da
plataforma Torabit, capturando e analisando um total de 215.907 menções. A
grande maioria das postagens captadas foi da rede social Twitter, que
representa mais de 98% do levantamento. O Instagram é a rede que vem na
sequência, com 1,5%. Os pesquisadores tiveram dificuldade em analisar postagens
da rede social Facebook, porque a maioria dos comentários está visível apenas
para amigos de seus autores na rede, o que impede que boa parte dos comentários
seja captada.
Separados
por tipo de intolerância, os comentários captados foram classificados como negativos, quando eram preconceituosos
ou reforçavam discursos de ódio; positivos,
quando combatiam a intolerância; e neutros,
quando não apresentavam um posicionamento claro de quem postava.
O estado
que teve a maior quantidade de menções, somando os dez tipos de intolerância
analisados, foi o estado do Rio de Janeiro, com mais de 37% do total. Em
seguida, vieram São Paulo, com 18,4%; Minas Gerais, com 8,1%; e Rio Grande do
Sul, com 4,5%. Os dois únicos tipos de intolerância nos quais o Rio de Janeiro
não foi líder de menções foram xenofobia e política, em que São Paulo ficou com
a maior quantidade de comentários.
Na
pesquisa anterior, foram analisadas 542.781 menções. Entre elas, 97,6% das
relacionadas a racismo tinham um teor negativo. Em seguida, vieram as menções
negativas relacionadas a deficiência (93,4%).
Outra
categorização realizada foi em visíveis
ou invisíveis e reais ou abstratas. Na primeira análise, os comentários
foram classificados como visíveis, quando a discriminação era explícita e
direta, ou invisíveis, quando esse preconceito era mais velado, muitas vezes
sem a intenção de ofender, ainda que fossem intolerantes. Nesse quesito, a
maior parte das menções foi visível, ou seja, explícita, com 78,4% do total,
enquanto os comentários invisíveis, com um preconceito velado, registraram
21,6%.
Para ter
uma ideia, na pesquisa anterior 76% das menções sobre deficiência eram
visíveis, ou seja, aquela que discrimina direta e explicitamente uma pessoa ou
grupo de pessoas. E 24%, invisíveis, que é quando a discriminação aparece
velada em algum comentário ou comportamento.
O
crescimento das redes sociais nos últimos anos tornou mais evidente o problema
da intolerância. De acordo com dados da ONG Safernet, apenas entre os anos de
2010 e 2013, aumentou em mais de 200% o número de denúncias contra páginas que
divulgaram conteúdos racistas, misóginos, homofóbicos, xenofóbicos,
neonazistas, de intolerância religiosa, entre outras formas de discriminação
contra minorias em geral.
O
relatório mostra que o mundo virtual se transformou em mais um meio disponível
e muito acessível para que os intolerantes se manifestem, às vezes até mesmo
incentivando a expressão desses preconceitos. Isso porque se a internet não
criou a intolerância, ela a reproduz, aumenta seu alcance e ajuda a naturalizar
e a conservar discursos de ódio.
Fonte: https://observatorio3setor.org.br/carrossel/odio-na-rede-pesquisa-revela-a-intolerancia-dos-brasileiros-na-internet/
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