segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Aula 14/2018 - Intolerância





TEXTO 1 – Fato motivador - Atentado a candidato presidencial é algo que América Latina não via há 20 anos
A facada de que foi alvo o candidato presidencial Jair Bolsonaro (PSL) durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG) é um incidente perturbador porque "em nível presidencial, a violência não era parte da história brasileira e latino-americana havia anos, e isso mudou hoje", diz à BBC News Brasil o brasilianista Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quarterly e vice-presidente da Americas Society-Council of the Americas.
"Não víamos isso com candidatos a presidentes. Mesmo na América Latina, tem havido ausência de violência em nível presidencial há mais ou menos 20 anos, pelo menos nos países de grande porte", diz ele, lembrando dois casos que tiveram magnitude e repercussão globais:
- O ataque a tiros que resultou na morte de Luis Donaldo Colosio, candidato do então partido governista PRI (Partido Revolucionário Institucional) à Presidência do México em 1994. Um jovem de 23 anos está detido até hoje pelo crime, mas pessoas próximas a Colosio defendem até hoje que houve um complô para matar o candidato.

TEXTO 2– Ataque à caravana de Lula é investigado como disparo de arma de fogo com dano
O delegado da Polícia Civil Hélder Lauria disse nesta quarta-feira (28) que investiga o ataque à caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Paraná como disparo de arma de fogo com dano provocado.
Na terça, o delegado adjunto de Laranjeiras do Sul Fabiano Oliveira chegou a dizer que o caso estava sendo investigado como tentativa de homicídio, e que pelo menos dois suspeitos estariam envolvidos.
Ao G1, Lauria, que é titular da delegacia, negou as declarações do adjunto. Ele disse que as informações foram dadas de maneira desencontrada. "As informações são superficiais e não condizem com a realidade da investigação."
"Nós estamos tratando como disparo de arma de fogo e dano. Então, não estamos tratando como tentativa de homicídio por enquanto" - delegado Helder Lauria
O procurador de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto disse que determinados atos contra a caravana podem vir a ser qualificados como "tentativa de homicídio".
Ele citou o termo ao ser questionado nesta manhã sobre a diferença entre os episódios de violência recentes (os tiros, o arremesso de ovos e os ataques nas redes sociais). O procurador destacou que há tipos penais específicos para cada crime.
“Há tipos penais específicos em relação à incitação do crime e há muito disso nas redes sociais. Por outro lado, há a apologia dos crimes que já foram praticados. Há as ações concretas, direcionadas à prática de lesões corporais, quando se quer estourar os pneus de um ônibus. Pode, enfim, lesionar até a tentativa de homicídio porque os atos podem culminar com a morte de alguém, assumindo-se o risco, portanto, de produzir a morte”, explicou Sotto Maior Neto.

É possível compreender que o mal pode ser tão impecavelmente racional quanto a bondade.
Zygmunt Bauman
TEXTO 3– A intolerância e os crimes contra homossexuais
Episódios de agressões contra homossexuais foram destaque nos noticiários dos grandes jornais do país nos últimos dias. E não foram agressões leves, dessas que passam despercebidas no cotidiano. Foram casos que chegaram à tentativa de homicídio, somente pelo fato de as vítimas não terem a mesma orientação sexual dos seus agressores. A intolerância está à flor da pele nas grandes capitais.
O caso mais grave aconteceu no Rio de Janeiro, onde um militar atirou em um jovem, após tê-lo humilhado e ofendido apenas em função de sua homossexualidade. O militar será indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificado.
Outro episódio de violência ocorreu em São Paulo, onde um grupo de jovens, quase todos adolescentes, menores de idade, agrediram outros jovens na Avenida Paulista, palco da Parada Gay, simplesmente por não serem heterossexuais. A Polícia Civil está investigando se o que motivou o crime foi a homofobia, já que uma das vítimas foi chamada de bicha","gay e de outros termos discriminatórios. Se neste caso houver punição, ela será por agressão. Mas para tais punições pouco importa se elas se deram em razão de atos homofóbicos ou não. No entanto, não houvesse agressão ou tentativa de homicídio, a punição seria muito mais difícil já que no Brasil não é crime discriminar em razão de orientação sexual.
A punição dos agressores nos casos citados, em São Paulo e Rio de Janeiro, acontecerá, mas não atingirá real valor e a motivação dos crimes. Sabe-se que agredir ou atentar contra a vida de alguém é crime, mas que fazê-lo apenas em razão da intolerância é algo ainda pior. Pouco deveria importar a orientação sexual de cada um de nós perante a sociedade. E não tolerar a homossexualidade é tão grave quanto não tolerar o fato de uma pessoa ser de outra raça, nacionalidade ou qualquer outra coisa que a torne diferente de uma dita "maioria.



TEXTO 4– Intolerância que leva a linchamentos
Confundido com um ladrão em São Paulo, ele foi espancado e só conseguiu escapar depois de dar aula sobre Revolução Francesa a um dos bombeiros que o resgataram.
Da postagem no Facebook da foto de um adolescente negro acorrentado a um poste no Rio de Janeiro até a morte da dona-de-casa Fabiane Maria de Jesus no Guarujá, muitos são os casos de aprisionamentos, espancamentos coletivos e cenas bárbaras que já fizeram vítimas em quase todos os estados do país, contando apenas os noticiados – não há estatística criminal sobre linchamentos no Brasil.
Uma das vítimas foi o professor André, que dá aula de História para cerca de 230 alunos em uma escola pública na periferia da capital paulista.
Apontado como ladrão, acorrentado e brutalmente espancado por dezenas de pessoas, André relatou que o dono do bar assaltado já tinha mandado o filho buscar um facão quando os bombeiros chegaram.
Eu disse que era professor, que estava ali por acaso. Aí um dos bombeiros falou para dar uma aula sobre Revolução Francesa. Foi o que me salvou.” Só depois de explicar sobre a ascensão da burguesia é que o levaram ao hospital, diz. “Foi algo surreal. Só acreditamos quando chega próximo de nós. Aí você vê que é muito real mesmo, esse ódio das pessoas. Essa brutalidade do ser humano.”
Mesmo assim, foi preso e está em liberdade provisória, já que o dono do bar não retirou a queixa. “Eu estou bem melhor, mas a ferida na alma, a inocência, está perdida.
Fonte:     http://g1.globo.com/politica/dias-de-intolerancia/platb/#inicio – Adaptado
TEXTO 5 – Idosa é agredida por intolerância religiosa em Nova Iguaçu
A idosa Maria da Conceição Cerqueira da Silva, 65 anos, foi agredida a pedradas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na última sexta-feira. Segundo a família, ela foi vítima de intolerância religiosa por parte de uma vizinha que não aceita a regilião praticada por Maria, que é candomblecista.
Segundo a filha da idosa, Eliane Nascimento da Silva, de 42 anos, ao sair para ir no mercado, Maria ouviu sua vizinha gritar “lá vem essa velha macumbeira. Hoje eu acabo com ela”. Em seguida, ela foi acertada por uma pedra, que teria sido atirada pela vizinha, identificada apenas como Jéssica. A idosa teve ferimentos no rosto, na boca e no braço e foi levada para o Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI).
Ainda de acordo com Eliane, um grupo de vizinhos constantemente ofendem a ela, que é umbandista, e mãe por praticarem religiões de matriz africana.
“Engulo as ofensas calada. Mas, minha mãe não, ela enfrenta. Ela tem sangue nordestino, é uma idosa, semianalfabeta, e acaba revidando as agressões verbais. Só que o que fizeram com ela foi uma covardia”, disse Eliane.
A SEDHMI também colocou à disposição da vítima e de toda sua família, assistência jurídica psicológica e social, além de marcar um encontro elas nesta segunda-feira, às 13h30.
Casos de intolerância religiosa aumentaram
Segundo dados do Disque 100, as denúncias de casos de intolerância religiosa aumentaram em 119% em 2016 em relação a 2015. O número total de ocorrências chegam a 79.



Tolerância é um termo que vem do latim tolerare que significa "suportar" ou "aceitar". A tolerância é o ato de agir com condescendência e aceitação perante algo que não se quer ou que não se pode impedir. A tolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade.

TEXTO 6 – Estão querendo transformar o Museu Nacional, de 2018, no Reichstag alemão de 1933
Uma pesquisa realizada pelo blog Comunica que muda mostra a intolerância do brasileiro nas redes sociais. A pesquisa foi realizada pelo segundo ano consecutivo e mostra que, mesmo com um pequeno aumento de menções positivas nas redes sociais, as postagens relacionadas a certos temas ainda são, majoritariamente, negativas, ou seja, expõem intolerância, preconceito e discriminação. Foram analisadas postagens referentes a aparência, classe social, deficiência, homofobia, misoginia, política, idade/geração, racismo, religião e xenofobia.
O levantamento foi realizado nos meses de julho a setembro de 2017, através da plataforma Torabit, capturando e analisando um total de 215.907 menções. A grande maioria das postagens captadas foi da rede social Twitter, que representa mais de 98% do levantamento. O Instagram é a rede que vem na sequência, com 1,5%. Os pesquisadores tiveram dificuldade em analisar postagens da rede social Facebook, porque a maioria dos comentários está visível apenas para amigos de seus autores na rede, o que impede que boa parte dos comentários seja captada.
Separados por tipo de intolerância, os comentários captados foram classificados como negativos, quando eram preconceituosos ou reforçavam discursos de ódio; positivos, quando combatiam a intolerância; e neutros, quando não apresentavam um posicionamento claro de quem postava.
O estado que teve a maior quantidade de menções, somando os dez tipos de intolerância analisados, foi o estado do Rio de Janeiro, com mais de 37% do total. Em seguida, vieram São Paulo, com 18,4%; Minas Gerais, com 8,1%; e Rio Grande do Sul, com 4,5%. Os dois únicos tipos de intolerância nos quais o Rio de Janeiro não foi líder de menções foram xenofobia e política, em que São Paulo ficou com a maior quantidade de comentários.
Na pesquisa anterior, foram analisadas 542.781 menções. Entre elas, 97,6% das relacionadas a racismo tinham um teor negativo. Em seguida, vieram as menções negativas relacionadas a deficiência (93,4%).
Outra categorização realizada foi em visíveis ou invisíveis e reais ou abstratas. Na primeira análise, os comentários foram classificados como visíveis, quando a discriminação era explícita e direta, ou invisíveis, quando esse preconceito era mais velado, muitas vezes sem a intenção de ofender, ainda que fossem intolerantes. Nesse quesito, a maior parte das menções foi visível, ou seja, explícita, com 78,4% do total, enquanto os comentários invisíveis, com um preconceito velado, registraram 21,6%.
Para ter uma ideia, na pesquisa anterior 76% das menções sobre deficiência eram visíveis, ou seja, aquela que discrimina direta e explicitamente uma pessoa ou grupo de pessoas. E 24%, invisíveis, que é quando a discriminação aparece velada em algum comentário ou comportamento.
O crescimento das redes sociais nos últimos anos tornou mais evidente o problema da intolerância. De acordo com dados da ONG Safernet, apenas entre os anos de 2010 e 2013, aumentou em mais de 200% o número de denúncias contra páginas que divulgaram conteúdos racistas, misóginos, homofóbicos, xenofóbicos, neonazistas, de intolerância religiosa, entre outras formas de discriminação contra minorias em geral.
O relatório mostra que o mundo virtual se transformou em mais um meio disponível e muito acessível para que os intolerantes se manifestem, às vezes até mesmo incentivando a expressão desses preconceitos. Isso porque se a internet não criou a intolerância, ela a reproduz, aumenta seu alcance e ajuda a naturalizar e a conservar discursos de ódio.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/inde27062011.htm

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