terça-feira, 3 de abril de 2018

Aula 06/2016 - Transexualidade na midia







TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - TRANSEXUAL TIFANNY QUER SELEÇÃO BRASILEIRA, MAS MANTÉM CAUTELA
Destaque da Superliga feminina de vôlei, Tifanny Abreu falou sobre seleção brasileira. Em entrevista à TV Anhanguera, a ponteira do Bauru, que é a primeira atleta transexual a jogar a competição nacional, afirmou que ainda sonha em ser chamada pelo técnico José Roberto Guimarães.
"Todas as jogadoras têm esperanças de chegar um dia na seleção, eu não sou diferente, mas isso vai ficar a critério do técnico. Tenho muita coisa para aprender ainda no vôlei feminino", explicou a jogadora de 33 anos.
Tifanny se tornou alvo de polêmicas desde outubro de 2017, quando a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) autorizou a atleta a atuar por competições femininas após a mudança de sexo, iniciada em 2012.
Em sua primeira temporada no Bauru, a trans já possui a melhor média de pontos por set na competição. Alvo de discórdia inclusive entre outras jogadoras, Tifanny disse que não se importa com as críticas.
"Você tem que estar preparada a partir do momento em que você faz uma transição. Se as pessoas vão aceitar ou não, aí já não é comigo. Eu me aceitando, vou estar feliz sempre", disse.
O próprio José Roberto Guimarães já falou sobre as chances de Tifanny na seleção feminina. O técnico explicou que sendo permitida a convocação, a ponteira passa a estar no radar da equipe.
"A partir do momento que ela tiver permissão de jogar, não vejo problema nenhum. Parto do princípio que as chances devem ser dadas a todas", comentou José Roberto Guimarães.
"Se for elegível para a Superliga, ela também será elegível para uma possível convocação, assim como todas as atletas que jogam a Superliga. Não tenho nada contra", deixou claro. Com informações da Folhapress.

TEXTO 2 – AFINAL, ATLETAS TRANSEXUAIS TÊM MAIS FORÇA QUE AS JOGADORAS CISGÊNERO?
Para uma transexual entrar no mercado de trabalho é uma verdadeira via-crucis. Elas enfrentam preconceito, desconfiança e muita rejeição. Mas o desafio pode ser ainda pior para aquelas que sonham em seguir carreira como atleta.
O esporte ainda é muito fechado para a diversidade sexual. Na maioria das modalidades, dirigentes e torcedores ainda são machistas e homofóbicos. Aos poucos, entretanto, o debate vai aumentando e os clubes vão se abrindo ao diferente. Mas a polêmica ainda pulsa.
Atualmente, elas não precisam fazer cirurgia, mas quem se declara do sexo feminino necessita manter o nível de testosterona inferior a 10 nmol/L por um ano. Os exames são feitos antes dos jogos, regularmente durante a temporada.
Com o fim das Olimpíadas de inverno, o COI deve atualizar suas regras sobre a participação de transexuais em competições oficiais. Especialistas, entretanto, não acreditam que as diretrizes mudem muito.
Talvez os níveis de testosterona baixem mais um pouco e fiquem em torno de 5 nmol/L. De olho nos estudos e com consultoria de especialistas, o órgão acredita estar promovendo jogos justos, inclusivos e que respeitam os atletas.
Mas a decisão não é consenso. Poucas esportistas chegam ao nível de alto rendimento e, por isso, há dificuldade em estudar e comprovar se o corpo que cresceu masculino leva vantagem, mesmo após a terapia hormonal.
No Brasil, a atleta Tifanny Abreu está no olho do furacão. Ela nasceu Rodrigo, mas completou a transição em 2015. Foi a primeira atleta trans a ser aceita em uma competição nacional: a Superliga de Vôlei.
A jogadora tem carreira antiga na modalidade. Disputou competições masculinas e, durante a terapia hormonal, não mudou de liga. Só depois, na Itália, participou de jogos em equipes femininas. E, de volta ao Brasil, em 2017, foi aceita no Vôlei Bauru.
De acordo com a pesquisadora Joanna Harper, do Providence Portland Medical Center, nos Estados Unidos, a diminuição da testosterona é suficiente para igualar as competidoras transexuais às mulheres biológicas, chamadas de cis. Esse teste seria satisfatório para provar que as atletas podem competir juntas.
“Terapia hormonal para mulheres trans normalmente envolve um bloqueador de testosterona e um suplemento de estrógeno. Quando os níveis do ‘hormônio masculino’ se aproximam do esperado para a transição, a paciente percebe uma diminuição na massa muscular, densidade óssea e na proporção de células vermelhas que carregam o oxigênio no corpo”, diz Joanna.
Ainda conforme pontuou a especialista, enquanto isso, o estrógeno aumenta as reservas de gordura, principalmente nos quadris. Juntas, essas mudanças levam a uma perda de velocidade, força e resistência — todos componentes importantes de um atleta.
Durante a terapia hormonal, Tifanny perdeu toda a potência e explosão. Se saltava 3,50m quando homem, agora pula, no máximo, 3,25m. O número ainda é alto se comparado a outras jogadoras de altura parecida, informou a profissional.
Tifanny tem 1,94m, a central Thaísa, de 1,96m, salta 3,16m, o mais alto do país. Mas, fora daqui, a italiana Paola Egonu alcança os 3,36m, e a chinesa Ting Zhu, 3,27m. Wallace, oposto da seleção masculina, mesma posição de Tifanny, chega aos 3,44m.
Segundo Regis Rezende, professor de educação física, fisiologista, pós-graduado em voleibol e especialista do caso Tifanny, os estudos mostram que em alguns esportes a performance de atletas submetidas à terapia hormonal é inclusive abaixo de mulheres cisgênero.
Existe uma analogia para explicar: é como se fossem carros grandes com pequenas engrenagens. “Razoável afirmar que os estudos não têm apontado vantagens para atletas transexuais em comparação a atletas cisgênero em nenhum estágio de suas transições. Ainda assim notamos a resistência na aceitação dos estudos vigentes”, conta o professor.
Mas para as pesquisas evoluírem, será necessário perceber as individualidades de cada esporte. Na ginástica olímpica, por exemplo, é desvantagem para a atleta transexual ter peso e densidade óssea diferentes.
No voleibol, também não existe vantagem em ser alto, pois mulheres cisgênero também podem chegar perto dos 2m de altura. Além disso, devemos lembrar que nem todas as trans são grandes e fortes, assim como as pessoas que se identificam com seu gênero têm composições corporais diferentes.

TEXTO 3 – ALÉM DE TIFANNY, OUTROS CASOS DE DIVERSIDADE DE GÊNERO NO ESPORTE
O caso da jogadora Tifanny Abreu, do Vôlei Bauru, a primeira trans a atuar na elite do vôlei brasileiro, despertou  críticas das adversárias por causa da diferença de força física. A discussão é tão séria que o próprio COI (Comitê Olímpico Internacional) modificou há dois anos a resolução sobre transexuais em competições oficiais, determinando, entre outras coisas, o fim da obrigatoriedade de cirurgia de mudança de sexo e fixando para as mulheres trans uma quantidade de testosterona que não pode ultrapassar 10 nanomol por litro de sangue, nos doze meses anteriores à competição. Essa resolução, porém, será reavaliada após a Olimpíada de Inverno de PyeongChang, em fevereiro.
Mas a história do esporte mundial mostra outros episódios ruidosos envolvendo atletas com diversidade de gênero ou problemas de alteração hormonal que os impediam de competir. Relembre casos que provocaram acaloradas discussões envolvendo atletas trans, hermafroditas ou com disfunções hormonais:
A tenista americana Renée Richards fez cirurgia de mudança de sexo e chegou a 20ª do ranking  feminino
Renée Richards foi a primeira transexual a disputar um torneio profissional de tênis. Nascida Richard Raskind, integrou a equipe universitária de tênis na Universidade de Yale (EUA), nos anos 50, até abandonar o esporte e dedicar-se à carreira de médico oftalmologista. Em 1975, aos 40 anos, fez a cirurgia de adequação sexual e voltou a disputar torneios profissionais de tênis. Seu principal resultado foi a final do torneio de duplas do Aberto dos Estados Unidos em 1977, e sua melhor posição no ranking mundial, 20º lugar.
Edinanci Silva passou por uma cirurgia antes da Olimpíada de Atlanta, em 1996
Antes da Olimpíada de Atlanta, em 1996, foi revelado que a judoca brasileira Edinanci Silva era portadora de uma anomalia genética, em que apresentava características dos dois sexos (intersexualidade), com uma quantidade de hormônios acima do permitido. Fez uma cirurgia para a retirada dos testículos e reconstrução do clitóris, foi aprovada no teste de feminilidade e representou o judô brasileiro na Olimpíada. Foi duas vezes medalhista de bronze no Campeonato Mundial de judô, em 1997 e 2003.
A velocista indiana Dutee Chand: excesso de produção de testosterona
A indiana Dutee Chand, do atletismo, precisou enfrentar os dirigentes da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (Iaaf) pelo direito de competir. Em 2014, foi proibida de disputar os Jogos da Comunidade Britânica e os Jogos Asiáticos, por causa dos exames que apontavam altas taxas de testosterona. Após recorrer à Corte Arbitral do Esporte, foi autorizada a competir, pois não havia consenso sobre a relação da presença do hormônio com a melhora de sua performance . Chand participou da Olimpíada Rio-2016  – foi eliminada na qualificatória, ficando em penúltimo ligar em sua bateria.
Caster Semenya (atletismo)
Em 2009, a sul-africana Caster Semenya, que compete na prova dos 800 metros. causou espanto ao vencer com facilidade sua prova no Mundial de Berlim. Depois, descobriu-se que ela tem uma disfunção chamada hiperandrogenismo, distúrbio endócrino que a faz produzir mais testosterona que o normal nas mulheres. A Iaaf chegou a proibi-la de competir, mas após diversos exames (que nunca tiveram os resultados divulgados) foi liberada para competir normalmente. Semenya conquistou com facilidade a medalha de ouro nos 800m na Rio-2016.
Érika Coimbra (vôlei)
A ponteira Erika Coimbra, quando ainda era juvenil no vôlei, não passou no teste de feminilidade realizado pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei), antes do Mundial juvenil de 1997. Detectou-se excesso de testosterona, por causa de uma má-formação dos aparelhos reprodutores. Precisou passar por cirurgia e tratamento hormonal antes de ser liberada para jogar. Em 2000, integrou a seleção brasileira que foi medalha de bronze na Olimpíada de Sydney.
Fallon Fox (MMA)
A americana Fallon Fox causou grande confusão no MMA, por ser a primeira transexual a participar da modalidade. Após fazer a cirurgia de adequação sexual, estreou no octógono em 2012. Participou de seis combates na carreira e venceu cinco. Porém, encontrou resistência nas outras lutadoras, entre elas a estrela Ronda Rousey, que se recusou a enfrentá-la, assim como a brasileira Beth Correia. Sem rivais, Fox não disputa uma luta desde 2014.
Laurel Hubbard (levantamento de peso)
O levantamento de peso também quebrou barreiras em 2017, graças à medalha de prata obtida por Laurel Hubbard, de 39 anos, primeiro transgênero a subir no pódio de uma competição oficial da modalidade, no Campeonato Mundial em Anaheim, nos Estados Unidos. Ela ficou em segundo lugar na categoria 90 kg feminino, somando um total de 275 kg no arranque e arremesso.
Chris Mosier (duatlo)
O americano Chris Mosier foi o primeiro transgênero a se qualificar, em 2015, para a equipe dos Estados Unidos no Mundial de duatlo (ciclismo e corrida), no ano seguinte, na Espanha. Ele iniciou sua transição em 2010 e desde então tornou-se ativista para inclusão de atletas transgêneros em diversas ligas esportivas. Mosier tentou mas não conseguiu a qualificação para a Rio-2016 no triatlo (que incluí também a natação).

TEXTO 4 – AFINAL, ATLETAS TRANSEXUAIS TÊM MAIS FORÇA QUE AS JOGADORAS CISGÊNERO?
Os transgêneros vivem em condições dramaticamente diferentes em distintas partes do mundo. Muitas vezes são vítimas de violenta repressão, mas também conseguiram conquistar direitos significativos, por exemplo, na Europa e nos Estados Unidos.
Existem poucos dados estatísticos confiáveis sobre as pessoas transgênero. Isto se deve, em parte, ao sigilo em que precisam viver. Esta falta de conhecimento ou de compreensão às vezes também se acentuam por uma terminologia que muda e é complexa sobre sua condição.
O termo “transgênero” ou “trans” se refere a uma pessoa cuja identidade de gênero – o sentimento psicologicamente arraigado de ser um homem, uma mulher, ou nenhuma das duas categorias – não corresponde à de seu sexo de nascimento.
Segundo um estudo importante nos Estados Unidos, de 2011, 0,3% da população deste país se define como transgênero. Na Índia, é meio milhão, segundo o censo de 2014.
Transgênero inclui as pessoas que foram operadas para redefinir seu sexo, assim como as que só receberam um tratamento hormonal. Mas ser “trans” não implica necessariamente ter recebido um tratamento de tipo algum.
Uma pessoa que nasceu com sexo feminino, mas se identifica e vive como um homem é um “homem transgênero”, ou homem trans.
Uma pessoa que nasceu com sexo masculino, mas se identifica como uma mulher, é uma “mulher transgênero”, ou mulher trans.
Cabe destacar que o termo “transsexual” é usado cada vez com menos frequência.
Orientação sexual
A identidade de gênero não deve ser confundida com a orientação sexual. Uma mulher ou homem transgênero pode ter qualquer orientação sexual: homossexual, heterossexual ou bissexual.
“Mudança” ou “redefinição” de sexo?
Grupos de direitos das pessoas transgênero se opõem ao uso da expressão “mudança de sexo” para designar as intervenções cirúrgicas. Segundo estas organizações, se trata de um termo obsoleto que não reconhece que as pessoas transgênero que buscam “adequar seus corpos ao que são” e não mudar quem são.
Por isso, recomendam usar o termo “cirurgia de redefinição de sexo” e se apoiam em uma quantidade crescente de estudos que mostram que a anatomia e a identidade de gênero proveem de processos hormonais e genéticos distintos, que nem sempre coincidem em uma mesma pessoa.
Da repressão à proteção legal
A situação das pessoas transgênero varia muito no mundo.
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) registrou 80 países em que as relações homossexuais ou a promoção dos direitos das pessoas LGBT são condenados, às vezes com flagelação ou até com a pena de morte.
Os Estados Unidos são um dos países com leis mais avançadas em matéria de proteção contra a discriminação das pessoas transgênero. Mas, estas leis também variam de estado para estado.
Na Europa, o Parlamento Europeu aprovou em 1989 uma resolução que proibia a discriminação com as pessoas transgênero. Mas, só 13 dos 28 países-membros da União Europeia proíbem explicitamente a violência contra este grupo, segundo a organização “Transgender Europe”.

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