TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - Cresce o número de
jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham
Em 2017, o
Brasil tinha 48,5 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos, mas 11,1
milhões delas não trabalhavam e também não estavam matriculadas em uma escola,
faculdade, curso técnico de nível médio ou de qualificação profissional.
Conhecido
como 'nem-nem', esse grupo representava 23% do total de jovens brasileiros no
ano passado, e aumentou em relação ao ano anterior, segundo dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgados na manhã desta
sexta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo
com os números, a variação entre 2016 e 2017 foi de 619 mil jovens de 15 a 29
anos a mais nessa condição – em 2016, 21,8% das pessoas nessa faixa etária
estavam no grupo 'nem-nem'.
Diferenças de gênero
A Pnad
também oferece dados sobre os motivos dados pelas pessoas para não estarem
estudando. Do total de pessoas nessa situação, 7,4% afirmaram que já haviam
concluído o nível de ensino que desejavam. Mas os demais motivos tiveram
respostas variáveis de acordo com o sexo
Entre os
homens, 49,4% afirmaram que as razões eram ou porque trabalhavam, ou porque
estavam buscando emprego ou já conseguiram trabalho, que começariam em breve.
Entre as mulheres, essa justificativa foi usada em 28,9% dos casos.
O segundo
motivo mais comum para os homens não estudarem é a falta de dinheiro para pagar
a mensalidade, o transporte, o material escolar ou outras despesas
educacionais. Ele foi apontado por 24,2% dos homens e 15,6% das mulheres.
Cuidados com os filhos e a casa
Por outro
lado, entre as mulheres, o segundo motivo mais citado para estarem fora da sala
de aula é ter que cuidar dos afazeres domésticos ou de criança, adolescente,
idosos ou pessoa com necessidades especiais. Essa razão foi apontada apenas por
0,7% dos homens.
TEXTO 2 – O próximo NEM NEM pode ser você.
Juliana
Thaís Paes, de 19 anos, está sem trabalhar oficialmente desde outubro, quando
foi demitida do cargo de recepcionista de uma concessionária em sua cidade
natal, São José dos Campos, no interior de São Paulo. De lá para cá, já enviou
o currículo para mais de 100 lugares. “Ainda não apareceu nenhum trabalho que
valha a pena”, diz Juliana.
Enquanto
procura uma nova vaga, ela mora com os pais e sua rotina se resume a fazer
fisioterapia em decorrência de uma tendinite, ir à igreja e ajudar a família
nos afazeres domésticos. Juliana integra o grupo de 9,9 milhões de brasileiros
entre 15 e 29 anos que nem trabalham nem estudam — por isso, são chamados de
“nem-nem”.
A
proporção é ainda maior na faixa dos 18 aos 24 anos, em que um em cada quatro
jovens não está no mercado nem estuda (24%) — um aumento em relação ao censo de
2000, quando esse grupo representava 18,2% da população nessa idade. A
explicação para esse crescimento estaria basicamente no aumento de renda da
população brasileira, o que permitiu a esses jovens se dar ao luxo de adiar tanto
a saída da casa dos pais quanto a entrada no mercado de trabalho.
Observado
de perto, entretanto, o grupo dos “nem-nem” é bem mais heterogêneo do que se
imagina. Segundo o IBGE, 69% dos “nem-nem” são mulheres e 57% delas têm pelo
menos um filho — o que é, aliás, o principal motivo para a saída dessas
profissionais do mercado.
É essa
situação que dá origem ao chamado “desemprego por desalento”, caracterizado por
pessoas que estão sem trabalho e deixaram de procurar durante, pelo menos, um
mês, por desestímulo do mercado. Há ainda os que não buscam colocação porque
não querem ou têm outros planos.
“Nem-nem”
maduros
Uma faixa
da população em que o número de “nem-nem” mais cresce é dos 50 aos 69 anos. De
acordo com o levantamento O Que Estão Fazendo os Homens Maduros Que Não
Trabalham, Não Procuram Trabalho e Não São Aposentados?, de Ana Amélia
Camarano, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em
1992, 4,2% dos homens nessa faixa etária eram “nem-nem”. Vinte anos mais tarde,
esse número quase dobrou, chegando a 7,9%. No mesmo período, a proporção de
mulheres nessa situação, apesar de bem maior, diminuiu de 23,4% para 18,8%.
TEXTO 3
– Geração perdida?
Neném?
Não, não é neném. Bem que poderia ser, já que além da semelhança fonética
possuem algumas características em comum: não estudam, não trabalham e vivem à
custa dos pais. Viram como se parecem? Pois é, mas é estranho. Um neném fazer
isso, vá lá, está dentro da normalidade. Agora, para um jovem acima de dezoito,
vinte anos? É no mínimo contraditório. Contraditório com o próprio sentido de
juventude, pois juventude é energia, é reivindicação, é insatisfação, é querer
alçar altos voos. É querer mudar o mundo. É querer ser independente.
A geração
perdida: “nem-nem” que está aí, é aquela que cresceu longe do trabalho e da
escola. O termo é uma tradução livre do espanhol, pois na Espanha é conhecida
como a geração “Ni-Ni”, “ni estudian ni trabajan”; na Itália é chamada de
“mammone” porque não larga da saia da mama, e no Reino Unido de “Kidult”.
O jovem
está adiando cada dia mais sua saída para desfrutar da casa da mamãe. Quem não
gosta de conforto? Cama, comida e roupa lavada. Nada contra desde que
estudassem, mas não. Isso quando não trazem para dentro de casa uma nora ou um
genro e em alguns casos, já trazem também um neném (que não tem nada a ver com
a história).
Neném e
“nem-nem”, o que dizer? Ironia do destino ou jogo de palavras? Quem seria o
responsável por tal situação? O próprio jovem, os pais, o Estado? O que fazer?
Tchan, tchaann, tchaaann. Deixo em suspense para que reflitam sobre, pois disso
dependerá a salvação dessa geração.
TEXTO 4 – Geração Nem-Nem+: uma bomba-relógio
Boa
parcela desses milhões de jovens que não estudam nem trabalham conta, no
entanto, com estrutura familiar (é o grupo Nem-Nem acolchoado). O restante é
desfamiliarizado (não tem uma constituição familiar sólida nem amparo social,
como é corrente nos países de capitalismo selvagem e/ou concentrador: Brasil,
EUA etc., que nada têm a ver com os países de capitalismo evoluído e
distributivo, civilizados, como Dinamarca, Noruega, Japão, Alemanha, Islândia
etc.).
Esse grupo
desfamiliarizado (Nem-Nem+), nos países de capitalismo selvagem e extrativista,
é uma verdadeira bomba-relógio, em termos sociais, de potencial criminalidade e
de violência. Por quê? Porque os fatores negativos começam a se somar (não
estuda, não trabalha, não procura emprego, não tem família, não tem projeto de
vida...). Se a isso se juntam más companhias, uso de drogas, convites do crime
organizado, intensa propaganda para o consumismo, famílias desestruturadas
etc., dificilmente esse jovem escapa da criminalidade (consoante a teoria
multifatorial da origem do delito). Milhões de jovens, teoricamente, estão na
fila da criminalidade (e nossa indiferença hermética não se altera um milímetro
com tudo isso).
Diferentemente
dos países civilizados de capitalismo evoluído e distributivo (que teriam todos
esses jovens dentro da escola), nosso capitalismo bárbaro não se distingue pela
educação de qualidade para todos, pelo ensino da ética, pelo império da lei e
do devido processo e pela alta renda per capita. O Brasil, aliás, ocupa a
vergonhosa 85ª posição no ranking mundial do IDH (índice de desenvolvimento
humano). Estamos vivendo uma grave crise intergeracional. A cada dia é
“roubado” o futuro de uma grande parcela das gerações mais jovens. Quando as
esperanças desaparecerem completamente, o risco é de eclosão de uma grande
explosão local e/ou mundial de violência.
TEXTO 5 –A geração "nem, nem" e os
profissionais “des, des”
Um em cada
cinco brasileiros entre 18 e 25 anos não trabalha nem estuda. É o que revelou a
pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no início deste
mês. Jovens que não encontram espaço no mercado de trabalho, não demonstram
interesse em procurar emprego e também não querem saber de continuar a estudar.
Um dado alarmante, que revela o tamanho da bomba-relógio que ameaça o futuro do
Brasil.
São 5,3 milhões de jovens desinteressados, os chamados "nem, nem", que nem estudam, nem trabalham, nem
procuram emprego. O que mais impressiona é pensar que, se fossem computados
aqueles que ainda procuram alguma ocupação, o número saltaria para 7,2 milhões.
Num cenário de baixo desemprego e de economia em expansão, esta é uma parcela
importante de brasileiros que não está participando do desenvolvimento
experimentado nos últimos anos.
Segundo a
pesquisa do Ipea, a maioria deles está inserida em domicílios de renda mais
baixa e depende fortemente do apoio familiar. Além disso, a escolaridade foi
vista como fator primordial para a participação nas atividades econômicas do
país, ou seja, quanto maior a escolaridade dos pais, maior a frequência do
jovem à escola. Isso explica a falta de interesse, pois o grupo que nem
trabalha nem estuda mora com os pais e acaba tendo como referência alguém que
não deu continuidade nos estudos.
O fato é:
os jovens precisam ser estimulados e orientados. Como não encontram estímulo em
casa, a escola passa a ter o papel crucial de ajudá-los nesta busca por um
caminho a seguir. Acontece que ainda não somos exemplo no quesito educação, e o
grande referencial da sala de aula é o professor.
O
professor tem um papel fundamental. É preciso qualificá-lo, dar-lhe condições
pedagógicas e melhorar substancialmente sua remuneração. Um professor bem
preparado e motivado é meio caminho andado para despertar no aluno o desejo por
aprender, participar da sociedade e exercer seu papel de cidadão. Além disso,
são necessários investimentos maciços em educação pública como um todo, desde a
primeira infância, passando pelo ensino fundamental e médio.
Temos uma
juventude sedenta por mudança, com enorme potencial para transformar o país,
fazer avançar a democracia e reduzir a desigualdade social. Não podemos
permitir que ela se imobilize, se sinta desmotivada por não conseguir
visualizar o caminho que deve seguir. Caso contrário, os 5,3 milhões de jovens
“nem, nem” de hoje serão certamente os profissionais desmotivados e
despreparados – “des, des” – de amanhã.
TEXTO 5 – Algumas imagens
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