TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR - Negros
ganham R$ 1,2 mil a menos que brancos em média no Brasil
De acordo com dados do IBGE obtidos pelo G1, os trabalhadores
negros ganham cerca de R$ 1,2 mil a menos que os brancos em média. Os dados são
do 4º trimestre de 2017 e fazem parte da Pnad Trimestral, que disponibiliza
informações desde 2012. Os números mostram que, entre 2012 e 2017, não houve
nenhuma mudança substancial na diferença de rendimento entre negros e brancos.
Especialistas apontam que desigualdades históricas estão por
trás das grandes disparidades enfrentadas pelos negros no mercado de trabalho.
O menor acesso à educação é um deles, bem como condições de vida mais
precárias.
O preconceito e o racismo são o outro lado dessa “herança”
centenária, que remete, ainda segundo especialistas, ao período de escravidão.
Há exatos 130 anos, a prática de comprar e vender outras
pessoas foi abolida do país com a Lei Áurea, assinada no dia 13 de maio de
1888. Os negros, porém, foram escravos no país durante mais de 300 anos, um
período marcado por diversas revoltas, mas também pela naturalização da
servidão, segundo Maria Helena Machado, professora da Universidade de São Paulo
especialista na história social da escravidão.
“No Brasil, a escravidão permeou a sociedade toda. As pessoas
viviam com a escravidão de maneira muito naturalizada. Quando uma sociedade é
construída sob uma base dessas, a mudança é bastante longa e difícil, é árdua”,
diz a professora.
TEXTO 2 – Entenda as referências de This is
America, clipe de Childish Gambino
Na América, o
horror se instalou como pano de fundo, mas a mídia nos mantém distraídos com
bobas tendências: essa é uma das mensagens de This is America, single e
videoclipe de Childish Gambino. O cantor, alterego do ator e roteirista Donald
Glover, denuncia o racismo e a violência policial em obra visual dirigida por
Hiro Murai, realizador que faz parcerias com o artista desde o seriado Atlanta.
Com o
lançamento do clipe, a internet está em polvorosa em torno das inúmeras
referências cuidadosamente escolhidas para cada detalhe dos quatro minutos de
vídeo. Bino, como é chamado pelos fãs, utiliza-se de imagens racistas e
referências à brutalidade com a qual a polícia – e muitos brancos – tratam a
população negra americana.
Em dois
momentos do vídeo, é possível ouvir (e no segundo, ver) um coral cantando uma
música alegre e tranquila quando Gambino puxa uma arma e mata os indivíduos em
cena. O clima imediatamente fica sombrio, e ele afirma: “Esta é a América”. Em
seguida, entrega o armamento a um homem bem-vestido, que cuidadosamente embala
o objeto em um tecido vermelho. Ao fundo, cadáveres esquecidos como coisas. A
mensagem é clara: nos Estados Unidos, onde cada estado regula o porte e a
comercialização de armas, é mais importante cuidar de um revólver do que de
pessoas.
O massacre do
coral, inclusive, é uma referência ao ataque sofrido pela população em
Charleston, nos EUA, em julho de 2015. Na ocasião, um supremacista branco abriu
fogo na Igreja Metodista Episcopal Africana Mãe Emanuel, comunidade histórica
que lutou contra a escravidão na região. O terrorista matou nove pessoas.
Bino não se
furta, no entanto, de criticar a juventude negra. No clipe, ele retrata a
moçada presa a distrações bobas, como gírias, passinhos de dança que estão na
moda, preocupações excessivas com a aparência e a compulsão por celulares.
Enquanto isso, um mundo de violência, assassinatos e suicídio se apresenta no
pano de fundo.
Talvez uma das
imagens mais fortes e emblemáticas do clipe seja uma figura de preto nas costas
de um cavalo enquanto o grupo de adolescentes reproduz coreografias-tendência.
Em um país majoritariamente cristão, esse pode muito bem ser o simbolismo do
primeiro cavaleiro do apocalipse, com o branco simbolizando as falsas ideias de
paz e religião.
No imagético
cristão, o segundo cavaleiro simboliza a morte e a destruição. Não por acaso, no
vídeo, quem segue o cavalo é… um carro de polícia.
No final do
videoclipe, o mesmo músico que Bino mata nos primeiros segundos aparece em meio
a carros dos anos 1980. A mensagem tem sido interpretada como a resiliência da
arte e da militância negra. Por fim, o único momento de silêncio na obra é
quando o cantor, sozinho, acende um baseado. A cena representa um escape, o
entorpecer-se para descansar a cabeça de todo racismo e violência institucional
sofridos pela população.
TEXTO 3 – Não
há comemoração após 130 anos de abolição
A escravidão foi abolida no Brasil há exatos 130 anos, com a
Lei Áurea de 13 de maio de 1888. Mas, diferente do que a história é contada, a
data não é motivo de orgulho, nem de comemoração para negros e negras que ainda
sentem na pele o racismo presente na sociedade. A afirmação é de ativistas do
movimento negro, que foram ouvidos pelo G1.
“É uma data vergonhosa, é um marco que expõe uma fase
vergonhosa da história do Brasil Nós costumamos colocar como o dia da falsa
abolição, porque ainda somos cativos, ainda vivemos em cativeiros. O racismo
apenas se atualizou, se modificou”, afirmou o estudante de Ciências Sociais,
João Victor dos Santos.
“O racismo existe, é muito forte. As pessoas racistas estão
cada vez com menos vergonha de assumir esse lugar. Por isso, nós tentamos
refletir sobre as nossas ações de combate ao racismo, porque ele continua forte
na sociedade”.
João Victor era um dos alunos do professor Manoel Luiz
Malaguti Barcelos Pancinha, acusado de ter cometido preconceito racial durante
uma aula. Na ocasião, o Malaguti disse que “detestaria ser atendido por um
médico ou advogado negro”, entre outras frases consideradas racistas. As
alegações foram confirmadas em entrevista à imprensa, em novembro de 2014.
O professor chegou a ser demitido, mas quatro anos depois ele
continua dando aulas no curso de Economia da Universidade. Ele recorreu à
Justiça e conseguiu voltar a lecionar.
“Foi um marco para mim e para a universidade. Eu era calouro,
foi um divisor de águas. Transformei a negatividade em potência. Em vontade de
lutar. Trouxe danos psicológicos, foi difícil. Sentimos que nada valeu a pena,
porque denunciamos, o professor repetiu em entrevistas, fez vídeos reforçando o
posicionamento. Deu para ver que o racismo está liberado”, completou.
Alunos fazem imitações de macaco para aluna negra
Não foi preciso voltar muito no passado para ver exemplos de
racismo. Na quinta-feira, 3 de maio, a estudante de 22 anos Jhenefer Tolentino
foi vítima de racismo dentro da Ufes.
Ela estava no corredor de um dos prédios da instituição
conversando com os amigos, quando um grupo de estudantes do curso de Ciências
Biológicas começou a imitar pássaros, incomodando quem estava ao redor.
“Eles não pararam e não diminuíram a brincadeira. Fizeram
isso por 40 minutos. Fui até o grupo e pedi que parassem porque estavam nos
atrapalhando. Depois disso um casal voltou e começou a fazer gestos de macaco
para mim”, contou Jhenefer.
Jhenefer Tolentino, estudante do curso de Ciências Sociais da
Ufes que foi vítima de injúria racial, no corredor da universidade. (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta) Jhenefer
Tolentino, estudante do curso de Ciências Sociais da Ufes que foi vítima de
injúria racial, no corredor da universidade. (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)
Torturas diferentes
A tortura física da escravidão foi abolida, mas segundo a
assistente social Gleimer Lisboa, o que vemos hoje são torturas diferentes.
“Nós continuamos sofrendo com as mesmas distinções, torturas
diferentes. Não são tão físicas, mas a sociedade ainda é racista. Só que querem
mascarar isso”, afirmou Gleimer, que também é uma das representantes do
coletivo de mulheres negras Aqualtune, da Grande Vitória.
‘Não há comemoração’
A afirmação é unanimidade no movimento negro: “essa data para
nós enquanto pessoas negras não tem como comemorar. É um momento de discussão
sobre o racismo, uma data de luta, de discussão. Isso porque dizem que acabou a
escravidão, mas os negros continuam sofrendo”, disse Gleimer Lisboa.
“Eu acho que está longe de ser uma data para comemorar, a
princesa (Isabel) só assinou o papelzinho e agora o racismo está um pouco mais
mascarado na sociedade”, opinou Jhenefer Tolentino.
TEXTO 4 – A construção
histórica do racismo no Brasil
Racismo é
o preconceito e discriminação direcionados a quem possui uma raça ou etnia
diferente, define o dicionário. No Brasil, essa palavra ganhou forma e cor com a chegada de cerca de 5 milhões de
africanos, traficados pelos portugueses entre os séculos 16 e 19. Para entender
a atual configuração social brasileira, e principalmente, o racismo, sociólogos
e historiadores recorrem ao nosso passado.
Um período
muito importante nesse processo de desenvolvimento, segundo o professor de
história da África da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Alexandre
Almeida Marcussi, de 34 anos, foram as três décadas que sucederam a abolição da
escravidão. “Esse período é possível observar o que ocorreu com a população
ex-escrava da área urbana e rural. A falta de ações públicas para integrar
esses trabalhadores à sociedade foram determinantes na história de
marginalização que se segue”, conta.
O
historiador defende a tese de que o povo negro foi intencionalmente excluído da
sociedade dominada por brancos. “O incentivo às imigrações europeias, os
projetos de ‘branqueamento’ da população, a promoção do racismo como ideologia,
a exclusão das populações negras do acesso à terra e o baixo nível de
investimento em educação para essas pessoas agiram como fatores que continuaram
produzindo e reproduzindo a marginalidade das populações negras no Brasil”,
argumenta.
Diferenças históricas
A abolição
só trouxe a liberdade jurídica, socialmente, os ex-escravos e seus descendentes
permaneceram inferiorizados, segundo Marcussi. “Por mais que tenha havido a
conquista da liberdade jurídica e relativa mobilidade social ascendente para
alguns africanos e seus descendentes, é inegável que eles, como um todo, sempre
ocuparam os lugares mais baixos da hierarquia social brasileira, em relação aos
portugueses e seus descendentes radicados no Brasil”, afirma o historiador.
Saiba mais: Escravos deram contribuição essencial para a abolição no Brasil
Passados
130 anos da abolição, a população preta continua ocupando a base da pirâmide
social no Brasil. O número de negros entre a parcela mais pobre do país é de
76%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de
2014, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A
discriminação no mercado de trabalho também é escancarada. Enquanto a média de
rendimento mensal do profissional branco é de R$ 2.697, a do trabalhador preto
é de mensal R$ 1.526, aponta a PNAD.
TEXTO 5 – Qual a diferença
entre preconceito, racismo e discriminação?
O
preconceito é uma opinião preconcebida sobre determinado grupo ou pessoa, sem
qualquer informação ou razão. O racismo é a crença de que uma raça é superior a
outras, já a discriminação é a ação baseada no preconceito ou racismo, onde o
individuo recebe um tratamento injusto apenas por pertencer a um diferente
grupo, categoria ou classe.
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Preconceito |
Racismo
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Discriminação
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Significado
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O
preconceito é uma opinião preconcebida em relação a determinada pessoa
ou grupo, que não é baseada em uma experiência real ou na razão.
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O
racismo é a crença de que os membros de cada raça possuem características,
habilidades ou qualidades específicas dessa raça e, portanto, algumas raças
são superiores às outras.
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A
discriminação refere-se ao tratamento injusto ou negativo de uma pessoa ou
grupo, por ela pertencer a uma determinada classe, grupo ou categoria
(como raça, idade ou gênero). É o preconceito ou racismo em forma de
ação.
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Motivo
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Baseado na ignorância ou em
estereótipos.
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É
um resultado do preconceito, causado pelo antipatia e pelo ódio à
pessoas com diferente cor de pele, costumes, tradições, idioma,
local de nascimento, etc.
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Pode
ser causada pelo racismo ou preconceito para com pessoas
de diferente idade, gênero, raça, habilidades, orientação sexual,
educação, estado civil ou antecedentes familiares.
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Resultados
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Pode resultar em racismo ou
discriminação de um determinado grupo.
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Pode levar a discriminação ou
preconceito com base na raça, causando efeitos adversos como escravidão,
guerras e xenofobia.
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Conduz a rejeição e exclusão de
um certo grupo de pessoas, assim como causar o bullying, segregação racial e
outras práticas injustas.
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Manifestação
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Como crença.
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Como crença.
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Ação.
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Natureza
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Não consciente.
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Consciente e não consciente.
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Consciente e não consciente.
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Ação legal
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Não pode ser levado à justiça,
pois não representa uma ação.
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Pode ser levado à justiça, de
acordo com a Lei 7.716/89.
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Pode ser levado à justiça, de
acordo com a Lei 7.716/89.
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Exemplo
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Uma pessoa achar que alguém com
obesidade não emagrece apenas porque é preguiçosa.
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Uma pessoa ser considerada mais
violenta apenas pela cor da sua pele.
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O fato de homens e mulheres
receberem salários diferentes para realizar o mesmo trabalho.
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O que é
preconceito?
O termo preconceito se refere a uma opinião
preconcebida, um pensamento ou sentimento formado sobre uma pessoa ou um grupo,
sem que haja experiências ou fatos relevantes para comprovar tal ponto.
O termo é usado geralmente de forma negativa,
onde os membros pertencentes a um grupo particular são vistos como inferiores.
Geralmente ocorre com características que algum grupo considera incomum ou
indesejável, podendo ser baseadas na raça, gênero, nacionalidade, status
social, orientação sexual ou afiliação religiosa de alguém.
Além do racismo, as principais formas de
preconceito incluem:
Sexismo: A crença de que as mulheres são menos
capazes do que os homens;
Homofobia: Antipatia, desprezo, preconceito,
aversão ou ódio à homossexualidade ou pessoas identificadas ou percebidas como
lésbicas, homossexuais, bissexuais ou transgêneros (LGBT);
Discriminação religiosa: Valorização ou
menosprezo de uma pessoa ou grupo por causa de suas crenças.
O que é
racismo?
O racismo é a ideia de que os indivíduos de cada
raça possuem características, habilidades ou qualidades específicas dessa raça
e, portanto, algumas raças são superiores às outras.
Ele pode assumir a forma de ações, práticas,
crenças sociais ou sistemas políticos que consideram que diferentes raças devem
ser classificadas como superiores ou inferiores entre si. Também pode
considerar que membros de diferentes raças devem ser tratados de forma
diferente.
O que é
discriminação?
A discriminação é a ação baseada no preconceito,
e acontece quando tratamos os membros de um determinado grupo de forma
diferente, com base em fatores como seu status, grupo a qual pertence ou
categoria. Geralmente essa distinção acontece de um modo ruim, e o fato de
alguém ser tratado pior do que outros por algum motivo arbitrário já é
considerado discriminação.
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