Quando vamos ao mercado ou ao shopping e verificamos que os preços foram corrigidos, temos a tendência de reclamar sobre o aumento e achar um absurdo. Algumas pessoas até mesmo deixam de adquirir o produto em questão por se sentirem verdadeiramente ofendidas pela conduta do lojista em reajustar a mercadoria.
Tal atitude atual reflete uma profunda mudança de postura percebida a partir da década de 1990 relacionada a uma certa estabilidade econômica alcançada depois de décadas de descontrole e inflação altíssima. Nesse ano, a medida que permitiu esse maior equilíbrio nos preços dos produtos comemora 20 anos, foi o Plano Real, instituído em 1994.
Agora o material da aula!
Texto 1
No dia 1º de março
completa vinte anos desde que o então ministro da Fazenda do governo Itamar
Franco, Fernando Henrique Cardoso, implantou a Unidade Real de Valor (URV), o
primeiro passo do que viria a ser o Plano Real, que entrou em vigor em julho de
1994. A URV foi instituída pela Medida Provisória nº 482, logo após um ajuste
fiscal emergencial promovido por FHC para reduzir os gastos públicos. A
diferença entre o plano do então ministro e dos outros tantos já criados para
domar a inflação é que o Plano Real sacrificava os gastos públicos — enquanto
os demais penalizavam o setor privado.
A URV não era uma moeda.
Era um índice calculado diariamente pelo Banco Central e que oscilava como o
dólar. Servia para reajustar preços e salários para que ambos caminhassem no
mesmo compasso. À época, a inflação no Brasil estava em mais de 5 500% ao ano.
A intenção era fazer com que, após alguns meses em que a URV servisse como
referência de preços para a população, se tornasse moeda — o real. À época, o
ex-ministro Delfim Netto apelidou o plano de "dolarização
envergonhada". A moeda corrente naqueles tempos era o cruzeiro real. Todos
os cálculos eram feitos em URVs, mas pagos em cruzeiro real.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/ha-20-anos-surgia-a-urv-o-primeiro-passo-do-plano-real
Texto 2
O plano Real, lançado em
28 de fevereiro de 1994, foi um plano influenciado pelas ideias do economista
inglês John Maynard Keynes e pelas experiências hiperinflacionárias europeias
(da primeira metade do século XX), mas que contou com uma questionável
administração de economistas brasileiros e com as (des)orientações do Fundo
Monetário Internacional (FMI). Longe de ter sido “idealizado por Fernando
Henrique Cardoso”, como afirmam O Globo e outros veículos assemelhados, o plano
foi organizado e dirigido exclusivamente pelos economistas do PSDB. Antes do
lançamento da nova moeda, o real, a inflação era elevada. Mais do que isso:
existia um regime de alta inflação, isto é, havia uma dança de preços. Alguns
preços subiam porque outros tinham subido. E estes subiam porque aqueles haviam
subido. E assim os preços aumentavam de forma sucessiva. Havia uma corrida de
preços, mas de forma dessincronizada: aumentavam em momentos diferenciados e
com percentuais diferentes. Além disso, nenhum contrato era assinado com a
moeda corrente, o cruzeiro real. Os contratos usavam moedas fictícias
(referências) ou algum índice para indexar o seu valor à inflação e/ou aos
desejos dos contratantes.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/economia/20-anos-depois-quem-sao-os-donos-do-plano-real-407.html
Texto 3
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000000803/0000024311.jpg
Texto 4
Em vinte anos, desde o
Plano Real, o salário mínimo do trabalhador brasileiro subiu 1.019,2%. Porém,
se descontada a inflação do período, a alta se reduz a 146%, segundo pesquisa
do Instituto Assaf. Mesmo com a inflação corroendo boa parte dos reajustes,
houve aumento real do poder de compra dos salários. No período, o salário
mínimo passou de 64,79 reais em 1994 para 724 reais nos dias atuais. O Plano
Real completa vinte anos no dia 1º de julho.
"A pesquisa mostrou
que o plano trouxe aumento de poder aquisitivo da população como um todo. O
aumento médio efetivo foi de 12,18% por reajuste", calcula o pesquisador
do Instituto Assaf, Fabiano Guasti Lima. Apesar de o plano ter reduzido a
inflação para patamares menores, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
acumulou em vinte anos, até março, alta de 354,74%. "Ao analisar os
números concluímos que o aumento real do salário mínimo, aquele que ficou acima
da inflação, foi de 4,6% ao ano", avalia o professor e diretor do
instituto, Alexandre Assaf Neto.
Texto 5
A inflação é um velho
inimigo da economia brasileira. Depois de anos de hiperinflação, após a adoção
do Plano Real, em 1994, a taxa anual caiu de forma significativa.
Em junho daquele ano,
quando a nova moeda foi lançada, a taxa mensal foi de 47,43%. No mês seguinte,
caiu para 6,84%, posteriormente, em setembro, para 1,53%.
Hoje em dia, o Brasil
trabalha com um sistema de metas de inflação anual. O centro da meta para 2013,
estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4,5% , mas o BC admite,
ainda dentro da meta, uma variação de dois pontos percentuais para cima e para
baixo.
Nos últimos 12 meses
encerrados em março, segundo os dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira,
a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) acumulou alta de 6,59%, estourando o teto da meta.
Foi a primeira vez que
isso ocorreu desde novembro de 2011, quando o aumento em igual período foi de
6,64%.
Texto 6
Texto 7
Fonte: http://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/files/2013/02/infla%C3%A7%C3%A3o-1995-2012.png
Texto 8
Depois de 20 anos, a
adoção generalizada da URV ainda está cercada de uma aura de mistério e
fascinação, e entre os especialistas é lembrada como uma das experiências de
estabilização mais engenhosas e bem sucedidas que a humanidade já conheceu. O
fim da hiperinflação alemã em 1923, que fez uso de um expediente semelhante — o
rentenmark — é frequentemente descrito como um "milagre", e desafia
explicações, tal como a URV.
O fato é que a introdução
da moeda de conta indexada deu início a uma reação química em cadeia, uma
espécie de redescoberta do "valor das coisas", que estendia seus
efeitos para todo o espectro de simbolismos associados ao dinheiro, sugerindo,
inclusive, a identificação entre inflação e imoralidade. Havia muita coisa em
jogo no plano simbólico: a moeda, como a bandeira e o hino, está entre os mais
importantes símbolos nacionais de tal sorte que sua degradação, quando levada
ao extremo de uma hiperinflação, espalhava suas consequências para muito além
da órbita econômica.
Algumas Charges da época
Alguns Vídeos
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