domingo, 6 de março de 2016

Aula 02/2016 - Homofobia ou direito de opinião?



TEXTO 1 – FATO MOTIVADOR
Por homofobia, ex-secretário de Direitos Humanos do Rio pode pagar R$ 1 milhão
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro quer que o ex-secretário estadual Assistência Social e Direitos Humanos, Ezequiel Teixeira, pague uma indenização no valor de R$ 1 milhão, que será revertida em ações da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos para a promoção dos direitos da população de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis (LGBT).
Para isso, por meio do Núcleo Especializado de Defesa da Diversidade Sexual e dos Direitos Homoafetivos (Nudiversis), ingressou hoje (19) com uma ação de reparação de danos morais coletivos contra o ex-secretário.
De acordo com a Defensoria, a ação é resultado da “humilhação pública da comunidade LGBT, após declaração do ex-secretário em entrevista em que manifestou ser favorável à chamada ‘cura gay‘ e comparou a homossexualidade à AIDS e ao câncer”.
A Defensoria destacou na quarta-feira (17) que o Estado Democrático, fundado pela Constituição de 1988, é baseado no princípio da dignidade da pessoa humana, o que, na avaliação do órgão, “implica reconhecimento pleno de todas as formas de afeto e sexualidade, bem como das múltiplas configurações familiares possíveis, todas merecedoras de igual proteção”.

TEXTO 2 – COORDENADOR DO RIO SEM HOMOFOBIA CRITICA DECLARAÇÃO SOBRE 'CURA GAY'
Cláudio Nascimento elogiou exoneração de secretário após polêmica.
Coordenador do Rio Sem Homofobia, Cláudio Nascimento, elogiou, em entrevista ao Bom Dia Rio desta quinta-feira (18), a exoneração de Ezequiel Teixeira da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. Em entrevista ao jornal O Globo, Ezequiel tinha dito acreditar na "cura gay". Nascimento ainda opinou que tratar a homossexualidade como doença é "desonestidade intelectual".
"Tratar a homossexualidade como doença é de uma desonestidade intelectual no mínimo tremenda. Se a gente pensar que, ao longo das últimas décadas, cada vez mais, a sociedade tem construído conhecimento mostrando que a homossexualidade, a transexualidade e a travestilidade são expressões da personalidade humana tão saudáveis quanto a heterossexualidade, não pode colocar esse estatuto de que superioridade para uma e inferioridade para outra", disse Cláudio. Para ele, falar em "cura gay" mostra a existência de "mercadores da fé". "Gente que se aproveita de um dogma religioso para poder se aproveitar politicamente", afirmou.
Segundo Nascimento, a exoneração de Ezequiel mostra um esforço pela separação de política e religião. "A mensagem é que o estado, o poder público não pode se misturar com religião. Todos tem direito de ter sua religião nos seus espaços de fé, de igreja. Mas nos espaços públicos se precisa governar para toda a sociedade", opinou.

TEXTO 3 – ADELE LEVOU O FILHO À DISNEY VESTIDO DE PRINCESA DO "FROZEN"
A semana não foi nada fácil para quem não consegue conviver com as diferenças. Após uma reportagem no Jornal Nacional da TV Globo mostrando pais que aderiram aos pedidos do filho e conselhos de especialistas de psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e começaram a tratá-lo pelo gênero feminino, a cantora britânica Adele mostrou que não está pra brincadeira no mundo. Ela intérprete de 'Hello' e 'Someone like you' levou seu filho, o pequeno Angelo, em um carrinho de bebê para passear na Disneylândia vestido de princesa. Na foto, divulgada por uma agência de paparazzi, o menino usa além do vestido, uma sapatilha.
A cantora é famosa entre o mundo das fofocas e por defender a imagem de filho com todas as garras. Adele já chegou a processar um fotógrafo que distribuiu ilegalmente imagens de Angelo sem autorização dela. O valor da multa estabelecida pela justiça inglesa chega a cinco dígitos em libras.
Adele só quer aparecer?
A artista ainda não se pronunciou a respeito do ocorrido em suas redes sociais e nem oficialmente. Diferente de outros artistas, ela prefere manter sua vida privada distante dos tabloides. Contudo, inúmeros comentários negativos pipocaram no Facebook. Os críticos de plantão acreditam que Adele está criando mal seu filho a que isso é uma forma de "expô-lo ao ridículo".
Raí Monteiro pensa que Adele busca atenção na internet.
"Achei que foi uma atitude forçada pra pagar de "sem preconceito", falou o internauta.
"Mais uma criança que vai crescer com transtorno de identidade, triste...", escreveu Magdiel Silva.
Há quem defenda Adele e não veja problema em ela aderir ao pedido do seu filho.
"O filho é dela! Provavelmente ele pediu para se vestir assim! Quem gastou dinheiro com o vestido foi ela! E enquanto ficam revoltados e indignados eles estão la divando na Disney seus mimizentos!", postou Laurene Silva.
Alguns fãs aproveitaram para fazer piada com a situação, que consideram normal.
"Que absurdo!!! Como assim? Por que não colocou uma coroinha nele?Amei", disse Isadora Ribeiro.
               
TEXTO 4 – OPINIÃO: HOMOFOBIA REFLETE O TEMOR DO PRÓPRIO DESEJO HOMOSSEXUAL
Uma reportagem e uma entrevista sobre a questão homossexual tornaram esse mês de janeiro ainda mais quente aqui no UOL. O artigo anunciava que "Ser gay não é uma escolha e é tão natural quanto ser heterossexual" e a entrevista deu voz ao ex-pastor Sérgio Viula, que por uma década pregou a "cura gay" e hoje não só abandonou a missão religiosa como se assumiu ateu e gay. Os internautas "gritaram" divididos entre prós e contras às matérias publicadas.
Parece mentira, mas a homossexualidade provoca preconceito e ódio. Uma pesquisa sobre violência no estado de Nova York, EUA, concluiu que, entre todos os grupos minoritários, os homossexuais são objeto de maior hostilidade. Além dos insultos habituais, os ataques físicos são mais do que comuns. Mas o que poderia se esperar da mentalidade patriarcal, que oprime os homens com o ideal masculino de força, sucesso, poder e, além disso, associa masculinidade com heterossexualidade?
Na Grécia clássica (século 5 a.C.), a homossexualidade era uma instituição e os gregos não se preocupavam em julgá-la. Em algumas cidades gregas, a homossexualidade aparece como uma prática necessária dos ritos de passagem da juventude, num quadro regido pelas leis, mas se relacionando estreitamente com a masculinidade.

O amor por um jovem dotado de fascínio físico e intelectual aperfeiçoava o caráter tanto do amante como do amado. O Batalhão Sagrado de Tebas –quadro de tropas de choque– era composto inteiramente de casais homossexuais. Em Esparta, todo recruta de bom caráter possuía um amante de idade madura.
O tabu sobre a homossexualidade perdurou até a metade do século 20. O surgimento da pílula anticoncepcional na década de 1960, ao permitir a dissociação entre o ato sexual e a reprodução, revolucionou os valores relativos à sexualidade e melhorou muito a situação dos gays.

TEXTO 5 – SER GAY É PECADO?
Um grupo influente de religiosos católicos e protestantes opõe-se à onda conservadora e defende que a Bíblia não condena o homossexualismo
Em seu programa de tevê e nos cultos, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, um dos maiores porta-vozes do conservadorismo religioso no País, costuma repetir a ladainha: “Homossexualidade na Bíblia é pecado. Pode tentar, forçar, mas é pecado”. Mas será mesmo pecado ser gay? Não, contestam, baseados na interpretação da mesma Bíblia, sacerdotes cristãos, tanto católicos quanto evangélicos. Para eles, a mensagem de Jesus era de inclusão: se fosse hoje que viesse à Terra, o filho de Deus teria recebido os homossexuais de braços abertos.
“Orientação sexual não é o que vai definir a nossa salvação”, afirma o bispo primaz da Igreja Anglicana no Brasil, dom Maurício Andrade. “É muito provável que as pessoas homoafetivas fossem acolhidas por Jesus. O Evangelho que ele pregou foi de contracultura e inclusão dos marginalizados”, opina. Segundo o bispo, ao mesmo tempo que não há nenhuma menção à homossexualidade no Novo Testamento, há várias passagens que demonstram a pregação de Jesus pela inclusão. Não só o conhecido “quem nunca pecou que atire a primeira pedra” à adúltera Maria Madalena.
No Evangelho de João, capítulo 4, Jesus está a caminho da Galileia, partindo de Jerusalém. Cansado, decide descansar ao lado de um velho poço, em plena região da Samaria, cujos habitantes eram desprezados pelos judeus. E inicia conversação com uma mulher samaritana que vinha buscar água, e lhe oferece a salvação da alma, para espanto de seus próprios apóstolos, que a consideravam ímpia. Também quando Jesus vai à casa de Zaqueu, o coletor de impostos decidido a passar a noite lá, os discípulos murmuram entre si que se hospedaria “com homem pecador”. Mas Jesus não só o faz como também oferece a Zaqueu, homem rico tido como ladrão, a salvação. “Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão.”
“Jesus inaugura o momento da Graça, os Evangelhos atualizam vários trechos do Velho Testamento. Ou alguém pode imaginar apedrejar pessoas hoje em dia?”, questiona dom Maurício, para quem a interpretação da Bíblia deve se basear no tripé tradição, razão e experiência cotidiana. “Quem interpreta que a Bíblia condena a homoafetividade está sendo literalista. Cada texto bíblico está inserido num contexto político, histórico e cultural, não pode ser transportado automaticamente para os dias de hoje. Além disso, a Igreja tem de dar resposta aos anseios da sociedade, senão estaremos falando com nós mesmos.”

TEXTO 6 – ALGUMAS CHARGES
     



TEXTO 7 – PL122
“Pena – prisão de dois a sete anos, se o fato não se constitui em crime mais grave.”
O problema é que a pena de 2 a 7 anos se aplica com uma tipificação extremamente complexa. De modo, que fica muito difícil averiguar o que é e o que não viria a ser homofobia. Vamos explicar.
I – ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem;”
Quanto à “integridade corporal”, no nosso ordenamento legal a agressão com lesão corporal é definida de forma objetiva num exame de corpo delito.
Como podemos cabalmente provar uma “ofensa”? Isso pode dar margem uma litigância de má-fé em larga escala. O que é mais bem provável é que essa inconsistência torne perfeitamente inaplicável essa parte do texto da lei.
Mais adiante:
“II – ofender a honra das coletividades previstas no caput;e”
É justo punir com penas de prisão de 2 a 7 anos alguém por um delito de opinião? Existe algo mais relativo do que uma suposta ofensa “à honra”? A prisão por “ofensa” é algo que não condiz com uma democracia.
O projeto da PL 122 criminaliza um tipo de ofensa genérica, não personalizada, pois extensiva a “coletividades”. Ou seja: xingar um grupo de pessoas vira crime passível de prisão! Mesmo que um grupo cometa um ato horroroso, torna-se crime criticá-lo.
 “III – impedir ou obstar o acesso de pessoa, devidamente habilitada, a cargo ou emprego público, ou obstar sua promoção funcional;”
Como provar que uma não-escolha para determinado cargo foi motivada pela orientação sexual de uma pessoa?
IV – impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade, identidade de gênero ou orientação sexual em espaços públicos ou privados de uso coletivo, exceto em templos de qualquer culto, quando estas expressões e manifestações sejam permitidas às demais pessoas;
Ou seja, se numa igreja (ex: de evangélicos fanáticos) um casal de héteros se beijarem discretamente, dois homossexuais poderão se beijar da forma que bem entenderem. Logo, essa lei é imbecil, irresponsável, inaplicável, inconstitucional e etc.





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